21/07/2013 Universidade Federal de Juiz de Fora Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia BGN de importância no TGI – Família Enterobacteriaceae e outros Família Enterobacteriaceae • Bacilos Gram negativos → 40 gêneros e + de 150 espécies → Colonizam o intestino delgado ou o grosso: microrganismos entéricos; Poucas espécies → infecções em humanos; • 30-35% de todos casos de sepse; • Mais 70% das ITU; • Muitas infecções intestinais. 1 21/07/2013 Morfologia e fisiologia • Ubiquitários e não formam esporos • Anaeróbios facultativos → Fermentadores da glicose • Reduzem nitrato → NO3 a NO2 ou diretamente a N2 • Oxidase negativos e catalase positivos • Flagelos => m.o móveis → Exceto: gêneros Yersinia, Shigella e Klebsiella • Podem apresentar cápsula , fimbrias comuns e fímbrias conjugativas Morfologia e fisiologia Estruturas antigênicas: importantes para classificação e estudos epidemiológicos de várias espécies: → Antígeno K: polissacarídeo capsular → Antígeno H: proteínas flagelares de espécies Móveis (ausentes em m.o imóveis) → Antígenos O: LPScadeia polissacarídica 2 21/07/2013 Principais enterobactérias de importância médica • Escherichia • Salmonella • Shigella • Proteus • Citrobacter • Morganella • Klebsiella • Enterobacter • Serratia A maior parte dos representantes da família são patógenos oportunistas ou estão associados com infecções secundárias em lesões no trato urinário, respiratório e sistema circulatório. •Yersinia Fatores de Virulência • Endotoxina: Lipídio A - importante fator de virulência; • Cápsula: proteção antifagocitária; • Variação antigênica: estas bactérias podem ou não expressar antígenos K ou H e portanto evitar o SI do hospedeiro; • Sequestro de fatores nutricionais: principalmente ferro, pela produção de sideróforos, que são quelantes de ferro extracelulares; • Fatores de virulência específicos: como adesinas (responsáveis pelas ITU’s) e exotoxinas (enterotoxinas, tais como a toxina Shiga); • Presença de elementos genéticos extracromossomais, que conferem resistência aos antimicrobianos. 3 21/07/2013 Manifestações clínicas Alguns representantes das enterobactérias são patógenos obrigatórios: • Salmonella spp. • Shigella spp. • Yersinia spp. • Algumas linhagens de Escherichia coli: → ETEC = enterotoxigênica → EIEC = enteroinvasiva → EPEC = enteropatogênica → EHEC = enterohemorágica → EAEC = enteroagregativa → UPEC = uropatogênica → DAEC =difusamente agregativa Manifestações clínicas • Sepse por Gram negativos: → Apresenta alto risco de vida para o hospedeiro; → Usualmente relacionado com infecção hospitalar; → Comumente causado por E. coli. • Infecções do trato urinário: → Maior incidência em indivíduos jovens e mulheres adultas, a incidência aumenta com a idade; → Mais comumente causada por E. coli; → Capacidade de produzir adesinas que se ligam a células de revestimento da bexiga e trato urinário superior (impedindo a eliminação das bactérias durante a micção). 4 21/07/2013 Manifestações clínicas • Pneumonia: → Associado a infecção hospitalar, disseminada por cuidadores e instrumentos médico-hospitalares; → Frequentemente causada por Klebsiella pneumoniae; • Endocardite: → Principalmente cocos Gram +, mas 1-3% causadas por bastonetes Gram - entéricos Manifestações clínicas • Meningite neonatal: → Associada a infecção hospitalar; → Frequentemente causada por E. coli e estreptococos do grupo B. • Peritonite bacteriana: → Comumente causada por E. coli, mas também pode ser causada por anaeróbios e CGP. • Infecções abdominais e do trato gastrintestinal: → Causada por microrganismos da microbiota gastrintestinal => gastrenterites, disenterias, diarréias. → Infecções polimicrobianas, com envolvimento de anaeróbios. 5 21/07/2013 Escherichia • Escherichia coli: habitante normal do intestino humano • Sepse • ITU’s tanto comunitárias quanto hospitalares. • Causa relevante de gastroenterite. • Maioria das infecções é endógena, exceção: MENINGITE e GASTROENTERITE. Presença de E. coli nos alimentos e água Indica contaminação microbiana de origem fecal Condições higiênicas insatisfatórias Grupos principais: • E. coli enterotoxigênica (ETEC): diarréia viajante em crianças e adultos em países em desenvolvimento (após 1-2 dias de incubação); enterotoxinas (LT – termolábil e ST termoestáveis) aumentam AMPc e GMPc. Raramente náuseas e vômitos • Adquirida pelo consumo de água e alimentos contaminados com fezes. Aumenta secreção de íons e água. ETEC Diarréia aquosa 6 21/07/2013 • E. coli enteropatogênica (EPEC): diarréia do recém-nascido. Aderem à membrana citoplasmática do enterócito (intestino delgado) com destruição das microvilosidades. • E. coli enteroagregativa (EAEC): Diarréia crônica (14 dias). Aderência de EAEC à superfície do intestino, leva a secreção de muco e formação de um biofilme espesso. Liberação de toxinas que induz a secreção de fluidos. EPEC EAEC • E. coli entero-hemorrágica (EHEC): Dose infecciosa: < 100 bactérias. Diarréia leve a colite hemorrágica, com dor abdominal forte, sangue, sem febre (ou febre baixa). A maioria das infecções ocorre pelo consumo de carne mal cozida (e atualmente PEPINOS !!!). • 5-10% crianças > 10 anos → síndrome hemolítica-urémica: falha renal, anemia hemolítica, trombocitopenia • Produz toxinas Stx-1 (idêntica a Shiga toxina) e Stx-2; • Destruição de epitélio e microvilosidades • E. coli O157:H7/ O104:H4 EHEC 7 21/07/2013 • E. coli enteroinvasiva (EIEC): Rara nos países desenvolvidos. Invadem e destroem o epitélio do cólon. • Alguns pacientes desenvolvem diarréia aquosa, com sangue e leucócitos nas fezes (disenteria), similar à causada por espécies de Shigella. • Os mecanismos patogênicos incluem: invasão da mucosa do cólon, proliferação no interior das células epiteliais, resultando na morte celular. EIEC Salmonella • Classificação taxonômica complexa : mais de 2500 sorotipos • Na prática → Salmonella typhi e outras Salmonella não- typhi • Atualmente é o microrganismo mais envolvido em surtos de origem alimentar. • A dose infectante ~ 106-108 bactérias. • Sintomas variam com a virulência da linhagem e número de bactérias ingeridas 8 21/07/2013 Incidência e fontes de salmoneloses • Os humanos são os únicos reservatórios conhecidos de S. typhi. • Salmonelas não-tifóide → ocorrem por ingestão de água, leite e derivados (crus ou pasteurização inadequada), ovos crus, maionese caseira e alimentos contaminados por fezes humanas ou de animais (aves domésticas, mamíferos e répteis) → principais fontes de salmonelose em humanos. 9 21/07/2013 Patogenia da Salmonella: Ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas Penetração da mucosa intestinal Disseminação via vasos linfáticos e corrente sanguínea Gastroenterite Febre Entérica ou febre tifóide Tipos clínicos de infecções por Salmonella: Gastroenterite : • • Forma mais comum de salmonelose. Sintomas aparecem de 6 a 48 horas após o consumo do alimento ou água contaminados. Náusea, vômitos e diarréia sem sangue. Resolução espontânea de 2 dias a 1 semana, não necessitando de tratamento com antibióticos. Febre entérica ou tifóide • 14 dias após a ingestão das bactérias, manifesta-se em geral como febre crescente, dores de cabeça, mialgia, mal estar geral e sintomas de gastrenetrite, que persistem por 1 semana ou mais. Colonização assintomática • Estado de portador, em especial por Salmonella typhi. 10 21/07/2013 Shigella • • • • S. sonnei S. flexneri S. dysenteriae – infecções mais graves S. boydii – rara • Dores estomacais e diarréia. • Transmissão: água contaminada, alimentos, pessoa a pessoa - via orofecal • Inóculo para provocar doença 102: altamente infeccioso • Os humanos servem como reservatório natural. Infecções por Shigella: • Sintomas iniciais: febre, diarréia aquosa com cólicas e mialgia generalizada; perda de eletrólitos e líquidos, devido a ação da toxina Shiga sobre as células do epitélio intestinal. • Após 2 ou 3 dias, os movimentos intestinais se tornam menos frequentes, mas a presença de sangue, muco nas fezes e o estabelecimento de tenesmo (pressão ao evacuar) indicam a fase disentérica da doença, sugerindo que ocorreu penetração bacteriana no intestino. • Surtos comunitários: crianças pequenas. Podem ocorrer durante qualquer estação do ano (principalmente verão). 11 21/07/2013 Yersinia Y. enterocolitica • Causa comum de infecção associada à alimentação, sobretudo em lactentes, particularmente nas partes mais frias do mundo. Sobrevive em temperatura de geladeira e está associada a surtos de infecção por leite contaminado. • Encontrada amplamente distribuída em lagos e reservatórios de água e hospedeiros animais como coelho, porco, cavalo, carneiro e cachorro. Patógenos oportunistas hospitalares da família Enterobacteriaceae Microrganismo Klebsiella pneumoniae Características Apresenta cápsula Plasmídeos que conferem resistência múltipla a drogas Enterobacter Fatores de virulência: adesinas e fimbrias Síndromes Pneumonia. Pode causar uma variedade de infecções extrapulmonares, incluindo enterite e meningite (em lactentes), infecções urinárias (em crianças e adultos) e septicemia. Infecções urinárias, septicemia e bacteremias. Resistência aos antimicrobianos Serratia -- Citrobacter Pode produzir enterotoxinas Providencia -- Morganella -- Proteus mirabilis Produz grande quantidade de urease → aumento do pH da urina, o que pode resultar em cálculos nos rins pela precipitação de cristais de Mg e Ca. Infecções oportunistas, em particular pneumonia e septicemia. Infecções do trato urinário, meningite neonatal e abscessos cerebrais. Infecção do trato urinário, principalmente em pacientes com sondas ou queimaduras extensas. Infecção oportunistas no trato respiratório, trato urinário e pode infectar feridas em humanos. infecções urinárias e infecções em feridas 12 21/07/2013 Víbrios • Família Vibrionaceae • Bastonetes G-, em forma de vírgula • Anaeróbios facultativos • V. cholerae e V. parahaemolyticus V. cholerae • • • • Agente etiológico do cólera Transmitido por contaminação fecal (água e alimentos) Reservatórios: Frutos do mar (camarão, ostra) Dose infecciosa: 106 → bactérias são sensíveis aos ácidos do estômago 13 21/07/2013 V. cholerae • 140 tipos com sorotipos O diferentes: O1 e O139 são os mais tóxicos. • Produção da toxina colérica → a toxina é produzida a partir de um gene cromossomal Patogenia Vibrio cholerae Duodeno - adesão aos enterócitos Proliferação Sorotipos O1 e O139 desidratação (perda de eletrólitos) → falha cardíaca e renal toxina colérica Diarréia secretora Diarréia “água de arroz” não hemorrágica 14 21/07/2013 V. cholerae • Período de incubação: horas → 5 dias • Maioria dos casos: diarréia leve ou moderada → vômitos, porém dor abdominal e febre são incomuns. • Em algumas pessoas (< 10%): forma mais grave, com início súbito de uma diarréia aquosa profusa (sem muco ou sangue) e vômitos. Campylobacter • Bastonetes G- curvos, microaerófilos. • C. jejuni e C. coli • Transmissão: via fecal-oral; consumo de água e alimentos contaminados 15 21/07/2013 Campylobacter • Causa frequente de gastrenterites, especialmente crianças e lactentes → AUTOLIMITADA • Inicialmente diarréia aquosa, seguida pela presença de sangue e fortes dores abdominais. • Prevenção: preparo adequado de alimentos (aves, produtos lácteos), higiene pessoal e descarte adequado das fezes. Helicobacter • H. pylori • 85% das úlceras gástricas e 95% das úlceras duodenais. • Habitat natural: Estômago humano: microrganismo é adquirido provavelmente por ingestão • Transmissão: em geral na infância, membros da mesma família 16 21/07/2013 H. pylori • Bactéria se acopla às células secretoras de muco da mucosa gástrica • Produz amônia (neutraliza acidez estomacal), induz resposta inflamatória – dano da mucosa. H. pylori • Perda da capa mucosa protetora provoca gastrite e úlceras gástricas – dores abdominais recorrentes podendo ser acompanhadas por sangramentos. • Sem bacteremia ou disseminação da doença. • Diagnóstico: esfregaços de biópsia da mucosa corada pelo Gram, cultura, pesquisa de antígeno e sorologia – PROVA DA UREASE (Endoscopia). • Prevenção: não existe vacina ou outras medidas preventivas específicas. 17 21/07/2013 Pseudomonas • Família Pseudomonadaceae • Bastonetes G-, aeróbios estritos, não fermentadores • Ubíquos – exigência nutricional simples • Capazes de crescer em água contendo apenas traços de nutrientes – favorece a persistência em ambientes hospitalares. BGN pequenos, dispostos aos pares P. aeruginosa • Patógeno oportunista - Septicemia, pneumonia, infecções do TGU e infecções de ferimentos – queimados) – Causa de 10 a 20% das infecções hospitalares. Resistência natural a um grande número antibióticos e anti-sépticos. Diagnóstico: Crescimento rápido em meios comuns. Identificação pelas características da colônia (beta-hemólise, pioverdina, aroma de uva e milho) Pioverdina Resistência 18 21/07/2013 Acinetobacter • • • • • • Família Moraxellaceae Cocobacilos Gram – Aeróbios estritos não fermentadores de glicose Imóveis e produtores de catalase A. baumannii – importante patógeno hospitalar/oportunista • Pneumonia associada à ventilação mecânica, queimaduras, bacteremias, ITU, dentre outras • Resistência múltipla aos antimicrobianos. 19