alelos múltiplos - polialelia

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ALELOS MÚLTIPLOS - POLIALELIA
Os caracteres estudados nas Leis de Mendel são controlados por apenas dois alelos. No entanto, um
gene pode sofrer ao longo do tempo diversas mutações, originando vários alelos. Essa forma de herança,
determinada por uma série de alelos, é chamada polialelia, embora cada um dos indivíduos apresente apenas
um par desses alelos.
1. Alelos múltiplos em coelhos
A cor da pelagem em coelhos constitui um exemplo clássico de polialelia, sendo condicionada por
quatro alelos: C, que determina pelagem selvagem ou aguti, cch, que determina pelagem chinchila, ch, que
determina pelagem himalaia e c, que determina pelagem albina. Esses genes apresentam um padrão de
dominância: C > cch > ch > c.
Veja no quadro os genótipos possíveis para esses quatro fenótipos, logo a seguir representados:
Genótipos
CC, Ccch, Cch, Cc
cchcch, cchch, cchc
chch, chc
cc
Selvagem
Fenótipos
Selvagem
Chinchila
Himalaia
Albino
Chinchila
Himalaia
Albino
2. Sistema ABO de grupos sanguíneos
A herança do sistema ABO constitui um exemplo de polialelia na espécie humana, tendo sido
descoberta por volta de 1900 pelo médico austríaco Karl Landsteiner.
No sistema ABO existem quatro tipos de sangue: A, B, AB e O. Esses tipos são caracterizados pela
presença ou não de aglutinogênios (glicoproteínas) na membrana das hemácias, e pela presença ou ausência
de aglutininas (anticorpos) no plasma sanguíneo.
A formação das aglutininas começa logo após o nascimento, através da contaminação natural do
intestino do recém-nascido, por bactérias da microbiota intestinal. Entre os antígenos produzidos por essas
bactérias estão glicoproteínas semelhantes aos aglutinogênios A e B.
Existem dois tipos de aglutinogênios, tipo A e tipo B, e dois tipos de aglutininas, anti-A e anti-B. A
presença dos aglutinogênios nas hemácias é determinada por uma série de três genes alelos. O gene IA
determina a formação do aglutinogênio A, o gene IB determina a formação do aglutinogênio B e o gene i não
determina a produção dessas substâncias.
Veja no quadro a seguir como essas quatro substâncias estão distribuídas nos possíveis grupos
sanguíneos deste sistema, além dos genótipos possíveis:
Fenótipos
A
B
AB
O
Aglutinogênios (nas hemácias)
A
B
AeB
Nenhum
Aglutininas (no plasma)
Anti-B
Anti-A
Nenhuma
Anti-A e Anti-B
Genótipos
IAIA ou IAi
IBIB ou IBi
I AI B
ii
Entre IA e IB não existe dominância (dizemos que ocorre codominância) e ambos apresentam
dominância absoluta em relação ao gene i.
Acidentes nas transfusões
Se o sangue de um indivíduo do grupo A for doado a outro de sangue do grupo B, as hemácias do
doador serão aglutinadas pelas aglutininas do plasma do receptor, formando aglomerados de hemácias que
poderão obstruir a passagem do sangue nos capilares sanguíneos e levar o indivíduo à morte.
Nas pequenas transfusões (até uma bolsa de sangue), as aglutininas do doador se diluem muito no
volume total do sangue do receptor, resultando numa concentração que não causa aglutinação. Isso permite
fazer pequenas transfusões de acordo com o quadro a seguir:
Tipo sanguíneo
A
B
AB
O
Pode receber de
AeO
BeO
A, B, AB e O
O
Pode doar para
A e AB
B e AB
AB
A, B, AB e O
O sistema Rh
Na década de 1940, Landsteiner e colaboradores descobriram o sistema Rh, após experimentos com
sangue de macaco Rhesus. Este pesquisador testou o sangue de grande número de pessoas e verificou que
cerca de 85% delas mostrava reação positiva de aglutinação com o anticorpo anti-Rh, sendo classificadas
como Rh positivas (Rh+), para indicar que tinham o fator Rh em suas hemácias. As 15% restantes, cujo
sangue não reagia com esses anticorpos, foram denominadas Rh negativas (Rh−), por não apresentarem o
fator Rh nas hemácias.
O sistema Rh é condicionado por três pares de alelos, denominados: C > c, D > d, E > e. O gene D é
o maior responsável por determinar a produção do aglutinogênio Rh e, portanto, quem apresentar este gene
será considerado RH+. Na ausência do gene D no genótipo, o indivíduo será considerado como Rh−.
Os anticorpos anti-Rh não existem naturalmente no sangue, sendo produzidos apenas por indivíduos
Rh−, quando recebem transfusão de sangue Rh+.
Eritroblastose fetal ou DHRN (doença hemolítica do recém-nascido)
Mulheres Rh− podem produzir anticorpos anti-Rh se gerarem filhos Rh+. A explicação para isso é
que podem ocorrer pequenas hemorragias na placenta, com passagem de hemácias do feto para a mãe. Essas
pequenas hemorragias durante a gravidez são geralmente insuficientes para produzir algum problema,
entretanto, logo após o parto, o deslocamento da placenta provoca grande área de sangramento, com grandes
quantidades de hemácias fetais passando para o corpo da mãe. Nesse caso, ocorrerá a sensibilização da mãe
pelas hemácias (Rh+) positivas do recém-nascido. Na próxima gravidez, se o feto for novamente Rh+, as
eventuais rupturas da placenta, com pequena passagem de sangue Rh+ do feto para a mãe, são o bastante para
que a mãe, sensibilizada na primeira gestação, desencadeie a resposta secundária da produção de anticorpos
anti-Rh. Uma vez que esses anticorpos são de tamanho relativamente pequeno, eles atravessam a placenta,
vindo a atingir a circulação fetal.
No feto, os anticorpos se aglutinam e destroem as hemácias fetais. Um dos nomes dados à doença se
refere diretamente à ocorrência da hemólise (hemo = sangue e lise = destruição): doença hemolítica do
recém-nascido.
A destruição das hemácias acarreta anemia, isto é, insuficiência do transporte de oxigênio pelo
sangue, e icterícia (pele amarelada) por causa da obstrução de capilares do fígado com grandes derrames de
bilirrubina (pigmento amarelo-esverdeado) no sangue. Além disso, como resposta à anemia, são produzidas e
lançadas no sangue hemácias imaturas, chamadas eritroblastos; daí deriva um outro nome pelo qual a doença
é conhecida: eritroblastose fetal. Costuma ocorrer também hepatoesplenomegalia, pela intensa atividade de
baço e fígado na filtragem do sangue para retirada dos restos de hemácias destruídas.
Atualmente, nos casos de mulher Rh− com filho Rh+ aplica-se na mãe, dentro das primeiras 72 horas
após o parto, uma dose única de aglutinina anti-Rh humana (Rhogam ou Parthogam). Esta vai determinar a
destruição das hemácias Rh+ do feto que invadiram o organismo materno por ocasião do deslocamento da
placenta. Destruídas essas hemácias invasoras, o organismo da mulher não mais sentirá necessidade de
produzir as aglutininas anti-Rh. Como as aglutininas que ela recebeu por via injetável são fabricadas por
outro organismo que não o seu, elas serão metabolizadas e destruídas ao fim de certo tempo. Assim, a
paciente não conterá no seu sangue nenhuma aglutinina anti-Rh que possa provocar problemas em futuras
gestações.
Resumindo, a DHRN pode ocorrer quando:
A eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido ocorre somente quando a mãe é Rh− e
o pai Rh+, ou quando essa mãe Rh− recebeu uma transfusão de sangue Rh+. Se na primeira gestação houver a
formação de um feto Rh+, portanto diferente da mãe, poderá haver passagem de sangue fetal para a mãe
através da ruptura de vasos da placenta. A mãe, ao receber o Rh+ do filho, formará anticorpos anti-Rh que,
no entanto, não atacarão esse primeiro filho, pois são formados muito vagarosamente e em quantidade
insuficiente. Agora, se essa mulher, em uma segunda gravidez, tiver novamente um feto Rh+, e ocorrer outra
vez passagem de sangue do feto pela placenta, aumentará a quantidade de anticorpos anti-Rh da mãe o
suficiente para destruir as suas hemácias. Os anticorpos maternos, através da placenta, podem alcançar a
circulação fetal, resultando na destruição dos glóbulos vermelhos do filho, que se torna anêmico e poderá
abortar. Se nascer com vida, é preciso fazer, imediatamente, uma transfusão total de sangue por um Rh−
(exosangüíneo-transfusão). O Rh− se presta por não reagir com o anticorpo anti-Rh formado pela mãe. O
sangue Rh− recebido pelo filho Rh+ é, pouco a pouco, substituído pelo seu próprio sangue, que já ficou livre
dos anticorpos maternos.
Exercícios extras
1. A cor da pelagem em coelhos é controlada por uma série de alelos múltiplos, sendo cch responsável pelo
tipo chinchila, ch pelo tipo himalaia e c pelo tipo albino. Nessa série alélica, cch domina ch e c, enquanto ch
domina c. A partir dessas informações, que tipo de descendência produzirá o cruzamento cchc x chc.
2. Três pessoas apresentam tipos sangüíneos diferentes, como segue: Domingos, sangue tipo O; Pietra,
sangue tipo AB; e Lucas, sangue tipo A. Com base nesses dados, responda.
• Por que o tipo sangüíneo de Domingos é considerado doador universal?
• Pietra poderia receber sangue de Lucas? Justifique.
3. Um casal, cujo homem pertence ao grupo sangüíneo B e cuja mulher ao grupo A, tem um filho do grupo
O. A que grupos poderão pertencer os próximos filhos?
4. Ao ser analisado o sangue dos pais de uma criança, constatou-se serem dos grupos sangüíneos O e AB
(Sistema ABO). É possível nascer uma criança do grupo O? Justifique o cruzamento.
5. Uma pessoa com sangue BRh−, que já tenha recebido sangue do tipo BRh+, necessita com urgência de
uma nova transfusão sangüínea. Que tipo de sangue poderia receber essa pessoa?
6. Uma mulher deu à luz uma criança que apresentou a doença hemolítica do recém-nascido, devido à
incompatibilidade do fator Rh. Nesse caso, quais os fenótipos do pai, da mãe e da criança respectivamente?
7. Lúcia e João são do tipo sangüíneo Rh positivo e seus irmãos, Pedro e Marina, são do tipo Rh negativo.
Quais dos quatro irmãos podem vir a ter filhos com eritroblastose fetal?
8. A herança dos grupos sangüíneos do sistema ABO caracteriza um típico caso de alelos múltiplos
(polialelia) na espécie humana. Com relação ao sistema ABO é CORRETO afirmar que:
01. o grupo O é muito freqüente e, por esse motivo, o alelo responsável por sua expressão é
dominante sobre os demais grupos sangüíneos.
02. os indivíduos classificam-se em um dos quatro genótipos possíveis: grupo A, grupo B,
grupo AB e grupo O.
04. são possíveis três alelos: o IA, IB e o i.
08. não existe dominância entre os alelos A (IA) e B (IB).
16. se um indivíduo do grupo A for heterozigoto, ele produzirá gametas portadores do alelo
IB ou de i.
32. os indivíduos de tipo sangüíneo O possuem aglutinogênios em suas hemácias, porém não
possuem aglutininas no plasma.
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