CUIDADOS COM O ASSOALHO PÉLVICO NA GESTAÇÃO E PARTO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA BARBOSA, JD¹; FRANCO, IGP¹; GEO, LS¹; GEO, LS¹; PIANCASTELLI, SG¹; LARANJEIRA, CS² ¹ Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais ² Ginecologista e Obstetra e Uroginecologista da Rede Mater Dei de Saúde INTRODUÇÃO: O assoalho pélvico é constituído por um conjunto de músculos, ligamentos e fáscias interligados que contêm e suportam os órgãos pélvicos. As disfunções do assoalho pélvico acometem cerca de 60% das mulheres em alguma fase da sua vida. Estas disfunções podem ser representadas por alterações anatômicas e/ou sintomas como incontinência urinária de esforço ou bexiga hiperativa, prolapsos dos órgãos pélvicos, dispareunia e incontinência fecal. O trauma perineal obstétrico é a maior causa de prolapsos uterovaginais, disfunções vesicais e intestinais e estima-se que 53 a 79% das mulheres têm algum trauma no parto vaginal. Dentre os fatores de risco obstétrico existentes podem ser citados a via de parto, multiparidade, peso de nascimento maior que 4kg, posições durante o parto e duração do 2º estágio do trabalho de parto, episiotomia, parto operatório, idade materna maior que 35 anos, raça materna1, 2. OBJETIVO: Revisar a literatura sobre os fatores de risco para o trauma perineal obstétrico e os cuidados com o assoalho pélvico durante a gestação e o parto com tentativa de predizer e prevenir disfunções urinárias, sexuais e fecais na mulher. MÉTODO: Revisão literária de cinco artigos retirados das bases de dados do PubMed e Clinical Key. DESENVOLVIMENTO: Os traumas perineais, lacerações de estruturas perineais, fasciais, ligamentares, musculares, epiteliais ou ósseas, podem ser espontâneos ou secundários à extensão da episiotomia, que não deve ser considerada protetora nem causadora de disfunção do assoalho pélvico5. As Lesões obstétricas perineais podem ser classificadas em primeiro a quarto grau, sendo as de terceiro e quarto aquelas que envolvem o esfíncter e mucosa anal e denominadas OASI - Obstetric anal sphincter injury1,2. Cerca de 30 a 40% das mulheres com OASI sofrem de incontinência anal, dispareunia, urgência fecal ou dor perineal3. Diante disso é importante ressaltar que o fator mais importante na manutenção da continência é um complexo esfincteriano íntegro e neurologicamente preservado. Para a proteção do períneo podem ser feitas algumas medidas durante a gestação, trabalho de parto e parto que podem reduzir trauma perineal como: retreinamento dos músculos do assoalho pélvico pré-natal, massagens perineais, compressas frias ou quentes e manobras de suporte perineal4. CONCLUSÃO: Vivemos uma epidemia de disfunções do assoalho pélvico que leva a milhares de mulheres, a cada ano, a um tratamento cirúrgico. Se 25% destas disfunções fossem prevenidas, seriam poupadas 90 a 120 mil cirurgias por ano e 30 a 40 mil reoperações. A prevenção pode ser realizada em todas as etapas da vida da mulher. No pré e pós-natal é importante identificar os fatores de risco e oferecer uma assistência obstétrica adequada. A fisioterapia dos músculos perineais, no pré-natal, para alongar e fortalecer a musculatura tem efeito protetor e reduz a incidência de incontinência urinaria pós-parto. Em relação ao parto deve-se avaliar a melhor via, tendo em mente que a cesariana isoladamente não é um fator protetor, já que as lesões são multifatoriais. Além disso, é importante proporcionar a melhor posição no parto, evitar a instrumentalização e se necessário, fazer a episiotomia com técnicas melhor padronizadas. PALAVRAS - CHAVE: disfunções assoalho pélvico, lesão de esfíncter anal, trauma perineal obstétrico REFERÊNCIAS: 1. RUWAN, JF. Risk factors and management of obstetric perineal injury. Obstetrics, Gynaecology and Reproductive Medicine 17:8. 2007 2. HARVEY, M; PIERCE, M. Obstetrical anal sphincter injuries (OASIS): prevention, recognition, and repair. J Obstet Gynaecol Can 2015;37(12):1131–1148. No. 330, December 2015 3. KAPAYA, H.; HASHIM, S., JHA, S. OASI: a preventable injury?. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology 185 (2015) 9–12, 2014 4. PRESTON, HL; FOWLER, GE. Risk factors for and management of obstetric anal sphincter injury. Obstetrics, Gynaecology and Reproductive Medicine (2016). Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.ogrm.2015.12.004>. Acesso em: abr 2017. 5. SULTAN, AH.; THAKAR R. Perineal and anal sphincter trauma. London: Springer-Verlag. 2007