Patrícia Medeiros Cardoso • Renato Luiz Tavares de Oliveira A importância das Redes de Cooperação no Mix de Marketing Patrícia Medeiros Cardoso Renato Luiz Tavares de Oliveira RESUMO O presente trabalho tem por objetivo detectar quais são os impactos causados no mix de marketing das empresas que compõem a Rede A de Óticas após a sua adesão à referida Rede. O desenvolvimento deste estudo contemplou o desenvolvimento do referencial teórico, embasado na opinião dos principais autores que se dedicaram ao estudo do marketing, do varejo e das redes, seguido pela elaboração e consequente aplicação das pesquisas nas empresas integrantes da Rede, foco do estudo, o que possibilitou identificar a real influência da Rede sobre o mix de marketing de cada empresa que a integra. Conclui-se que o mix de marketing de cada empresa é fortemente influenciado pela Rede, e as ações desenvolvidas para aprimorar cada um de seus componentes são fundamentais para o progresso e o sucesso das empresas e, consequentemente, da Rede. PALAVRAS-CHAVE Marketing; Sistemas verticais de marketing; Cooperativas patrocinadas por varejistas; Pesquisa qualitativa. ABSTRACT This study aims at detecting the impacts caused in the marketing mix of companies which take part of the A Network of Optics after their adhesion to it. The development of the theoretical reference was based on the opinion of the main authors who dedicated themselves to the study of marketing, retail trade and networking, followed by the working up of researches and their subsequent application in the companies which integrate the aforesaid Network, procedure which has made possible to identify the real influence of the Network over the marketing mix of the associated companies. At the end of the study it was observed that the marketing mix of each company is strongly influenced by the Network and that the actions developed to improve each of the components are essential for the progress and success of the companies and consequently of the Network. KEY WORDS Marketing; Upright systems of marketing; Co-operatives sponsored by retailers; Qualitative research. Negócios e Talentos • número 6 • 2009 11 A importância das Redes de Cooperação no Mix de Marketing 1 INTRODUÇÃO Cada vez mais os consumidores, detentores de diferentes formas de informação e de uma imensa gama de opções de produtos e serviços à sua disposição, tornam seus critérios de seleção mais rigorosos. Esse cenário vem obrigando as organizações a buscar opções para conquistar a preferência dos consumidores. Uma das estratégias mais utilizadas atualmente é a formação de redes por empresas que atuam em um mesmo setor. Diante das constatações apresentadas, o presente trabalho tem como proposta a elaboração de uma análise acerca dos impactos causados no mix de marketing das empresas integrantes de uma rede em função da participação na referida rede. 2 O MARKETING E OS SISTEMAS VERTICAIS DE MARKETING O marketing é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento das organizações. Para KOTLER (1998, p. 24), “marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, oferta e troca de produtos de valor com os outros”. Vários aspectos influenciam o relacionamento entre organização e clientes. Assim sendo, Cobra (2009) dividiu o meio ambiente das empresas em macroambiente e microambiente. O macroambiente é composto por forças que afetam a sociedade de maneira geral, como: as forças demográficas e econômicas, tecnológicas e ecológicas, sociais e culturais, e políticas e legais. O microambiente refere-se a elementos intimamente ligados à empresa: a concorrência, os fornecedores, o público e os canais de distribuição. Objetivando eliminar, ou ao menos minimizar, as dificuldades encontradas pelas empresas para atingir seus consumidores, surge o chamado canal de marketing. Segundo KOTLER (2000, p. 510), “[...] os canais de marketing são conjuntos de organizações interdependentes envolvidas no processo de disponibilização de um produto ou serviço para uso ou consumo”. 12 Negócios e Talentos • número 6 • 2009 Patrícia Medeiros Cardoso • Renato Luiz Tavares de Oliveira Segundo Las Casas (2006), a quantidade de intermediários que existem entre o produtor e o consumidor final é o que determina cada um dos níveis do canal de marketing. A Figura 1 apresenta os quatro níveis que um canal de marketing pode possuir. Figura 1 – Canais de marketing de bens de consumo nível 0 fabricante um nível dois níveis fabricante três níveis fabricante fabricante atacadista atacadista especializado varejista varejista consumidor consumidor consumidor varejista consumidor Fonte: KOTLER (2000, p. 513) Sistemas verticais de marketing, na definição de CHURCHILL & PETER (2000, p. 375), “[...] são canais de distribuição administrados centralmente a fim de obter maior eficiência e impacto de marketing”. Esses sistemas podem ser de três tipos: administrados, empresariais e contratuais, conforme mostra a Figura 2. Figura 2 – Tipos de sistemas verticais de marketing Sistemas verticais de marketing (SVM) SVM administrados SVM empresariais SVM contratuais Cooperativas patrocinadas por atacadistas Cooperativas patrocinadas por varejistas Franquias Fonte: CHURCHILL e PETER (2000 p. 375) Negócios e Talentos • número 6 • 2009 13 A importância das Redes de Cooperação no Mix de Marketing De acordo com Churchill & Peter (2000), o sistema vertical de marketing administrado caracteriza-se pela adoção de um programa de distribuição dos produtos, utilizando, para isso, processos padronizados, objetivando facilitar a distribuição dos produtos ao longo do canal. Com relação ao sistema vertical de marketing empresarial, os autores, na referida obra, o definem como um método de distribuição em que uma única empresa controla a maior parte ou a totalidade do canal de distribuição. No entanto, para empresas cuja administração de todos os níveis do canal de marketing não é algo interessante, a alternativa é adotar um dos sistemas verticais de marketing contratuais. Churchill & Peter (2000) elencam três categorias para esse tipo de sistema: a. Cooperativas patrocinadas por atacadistas: em que os atacadistas, mediante um contrato com varejistas, coordenam atividades como compras, controle de estoque, e divulgação dos produtos; b. cooperativas patrocinadas por varejistas: consiste na união de um grupo de varejistas no intuito de fortalecê-los diante dos fornecedores e consumidores; c. franquias: uma empresa-mãe concede a outras empresas o direito de utilizar a marca e comercializar seus produtos mediante o pagamento de uma taxa. 3 A PESQUISA E SEUS RESULTADOS Após o estudo dos principais pontos que envolvem o marketing de varejo e dos motivos que levam à proliferação das redes, optou-se pela realização de uma pesquisa de levantamento de dados que tornasse possível constatar como o mix de marketing das empresas integrantes da rede A é afetado pelos impactos provocados pela adesão à rede. Para a execução do presente trabalho foi desenvolvido um estudo de caso pela análise das empresas integrantes da rede A, mediante a aplicação de uma pesquisa qualitativa, baseada em um questionário 14 Negócios e Talentos • número 6 • 2009 Patrícia Medeiros Cardoso • Renato Luiz Tavares de Oliveira com perguntas abertas. A análise das informações coletadas permitiu traçar um perfil dos impactos causados pela rede no mix de marketing das empresas. A coleta de dados foi realizada entre os meses de fevereiro e março de 2009, em cada uma das cinco empresas que compõem a Rede A de Óticas, aqui denominadas M, I, PV, C e L. Mesmo as empresas da rede que possuem filiais responderam apenas a um questionário, motivo pelo qual, no momento da análise, o texto fará referência apenas à matriz. A análise permite mostrar que, de maneira geral, a adesão à rede foi motivada pela oportunidade de trocar experiências com outras empresas atuantes no mesmo setor. Também foram observadas questões como o compartilhamento dos custos e das compras entre as empresas, bem como a possibilidade de fortalecer a marca no mercado. Com relação à situação financeira, as empresas foram unânimes ao afirmar que ela não sofreu nenhuma alteração considerável após a formação da Rede A. De acordo com as respostas ao questionário, a qualidade dos produtos oferecidos pelas óticas é um fator bastante debatido entre os responsáveis pelas empresas e considerado pelo proprietário da Ótica M como uma das grandes razões que impulsionaram a formação da rede. Para os responsáveis pela Ótica PV, a qualidade dos produtos no setor em que as empresas se enquadram é um fator primordial, pelo fato de que elas não vendem apenas um produto, principalmente no caso dos óculos, mas, também, bem-estar e segurança aos clientes. Para os gestores da Ótica C, a qualidade dos produtos é de extrema importância, pois além de ser um fator decisivo na construção da imagem da empresa no mercado é, sem dúvida, um forte aliado na manutenção dos clientes atuais, bem como na conquista de novos clientes. O gestor da Ótica I afirma ter percebido uma grande melhoria na qualidade dos produtos após a adesão à rede. No entanto, justamente este quesito – padrão de qualidade – faz com que surja um ponto de discordância entre as integrantes da rede, pois Negócios e Talentos • número 6 • 2009 15 A importância das Redes de Cooperação no Mix de Marketing os gestores da Ótica L acreditam que é necessário adequar a qualidade dos produtos e serviços às características de cada loja, ou melhor, da região onde cada empresa está sediada. Com relação à influência da Rede A na variedade dos produtos, a direção da Ótica I afirma que a maior mudança decorreu em função da ampliação do número de fornecedores, o que possibilitou à empresa aumentar sua linha de produtos. Gestores das óticas M e C A compartilham a mesma opinião. A gerência da Ótica PV declara que a maior alteração relacionada à variedade dos produtos ocorreu em função da negociação com distribuidoras de marcas famosas. No entanto, para os gestores da Ótica L, a variedade dos produtos foi um aspecto que não sofreu, ainda, nenhuma alteração significativa. A marca dos produtos comercializados pelas empresas que compõem a Rede A é um fator que precisa receber atenção especial e requer atualização constante dos gestores das óticas, segundo a afirmação da maioria deles. Embora o aspecto da marca analisado no presente estudo esteja relacionado aos produtos comercializados, de acordo com o gestor da Ótica M, a qualidade, a credibilidade e o grau de satisfação que esta proporciona aos clientes refletem, diretamente, na qualidade associada pelos consumidores ao estabelecimento que as está comercializando. Em se tratando de uma rede, como é o caso, essa associação torna-se propensa a acentuar-se ainda mais, pois auxilia no processo de fixação da marca da rede na mente dos clientes. Além disso, para os gestores da Ótica PV, o acesso a marcas famosas, principalmente aquelas que focam o público jovem, possibilitou a empresa atingir essa fatia do mercado. Os preços e os prazos de pagamento dos produtos adquiridos em compras conjuntas pelos integrantes da rede, de acordo com o gestor da Ótica M, sofreram alterações após a formação da rede. Essas mudanças estão relacionadas tanto com a redução do preço de aquisição 16 Negócios e Talentos • número 6 • 2009 Patrícia Medeiros Cardoso • Renato Luiz Tavares de Oliveira das mercadorias, quanto com o aumento dos prazos para pagamento. A mesma opinião é expressa pelas óticas I e PV. Para os gestores da Ótica C, as vantagens da compra conjunta, que provocou a redução dos preços das mercadorias e/ou o aumento dos prazos de pagamento dos produtos adquiridos, tem sido um fator gerador de vantagem competitiva para empresa, pois dá margem para esta oferecer preços e condições de pagamento mais acessíveis a seus clientes. A Ótica L foi a única das empresas que, segundo sua administração, não considera perceptível nenhuma alteração relacionada aos custos de aquisição das mercadorias, prazos de pagamento e ao valor das mercadorias. Os preços, os prazos e as condições de pagamento oferecidos pelos integrantes da rede aos seus clientes sofreram alterações em quase todas as lojas que fazem parte da rede. Na Ótica PV, por exemplo, o consumidor pode optar em comprar com 10% de desconto nas compras à vista ou parcelar em até cinco vezes. A gestora da Ótica PV destaca que, antes da adesão à rede, se o cliente comprasse à vista não recebia desconto e, se parcelasse, poderia fazê-lo em, no máximo, três vezes. Na Ótica L, a maior alteração nos preços e condições de pagamento dos produtos, segundo sua direção, ocorreu em função do parcelamento oferecido pelo carnê da loja, passando para oito prestações e não mais seis como era anteriormente. O gestor da Ótica M ressalta que a redução de custos obtida por meio das compras conjuntas da rede é repassada para os consumidores, assim como as demais vantagens conquistadas no momento em que as mercadorias são adquiridas. Para a direção da Ótica C, os preços e condições de pagamento para os clientes estão diretamente relacionados aos benefícios que a empresa obtém ao adquirir suas mercadorias. Como a rede tem proporcionado muitas vantagens relacionadas às compras, estas são repassadas na mesma proporção para os clientes, que podem parcelar suas compras em até seis vezes pelo preço à vista. Entretanto, conforme declaração Negócios e Talentos • número 6 • 2009 17 A importância das Redes de Cooperação no Mix de Marketing da gerência da Ótica L, não foram registradas alterações nos preços, prazos e condições de pagamento das mercadorias em função do fato de que cada loja mantém sua individualidade no que diz respeito a essas questões. No que diz respeito ao relacionamento com os fornecedores, a gestora da Ótica L declara ter havido uma melhora considerável, pois eles se mostraram mais receptivos e dispostos a estabelecer parcerias. Também para a gestora da Ótica PV o relacionamento com os fornecedores melhorou muito, pois a rede abriu as portas para fornecedores com os quais, até então, a empresa, individualmente, não conseguia negociar, em função de uma série de exigências, como compra mínima ou pagamento à vista, por exemplo. Na opinião do gestor da Ótica M, o relacionamento com os fornecedores foi afetado, principalmente, no que diz respeito ao tratamento dado às empresas. Segundo ele, isso se deve ao fato de os fornecedores saberem que, ao tratar de forma cordial uma das empresas integrantes da rede, esta atitude lhes renderá uma boa recomendação aos outros participantes da mesma. De acordo com o gestor da Ótica C, além de ter melhorado a credibilidade da empresa diante dos fornecedores com os quais a empresa já negociava, a criação da rede possibilitou o aumento do número de fornecedores com os quais a empresa negocia, além de diversas melhorias nas condições de compra. Porém, segundo a gestora da Ótica I, há um aspecto negativo. Segundo ela, alguns fornecedores mostram-se resistentes e não possuem uma visão positiva das redes, enxergando-as, apenas, como um grupo de empresas unidas com o objetivo de barganhar preço. Com relação à promoção, todos os integrantes da rede consideram que a inserção da rede na mídia não sofreu grandes alterações, tendo em vista a intensidade com que as campanhas são feitas e os custos ainda altos para a rede. A fachada da empresa e o material de expediente (sacolas, estojos, flanelas e cartões) estão entre os aspectos do ponto de venda que sofreram as alterações mais significativas na opinião da gestora da 18 Negócios e Talentos • número 6 • 2009 Patrícia Medeiros Cardoso • Renato Luiz Tavares de Oliveira Ótica L. Os gestores da Ótica I acrescentam a essas mudanças a padronização dos uniformes dos funcionários. De acordo com o gestor da Ótica M, houve mudanças também no interior das lojas, no intuito de padronizá-las, tanto com relação a cores quanto com relação ao layout, para que assim, ao passar pela frente ou entrar em uma das lojas, os clientes logo identifiquem que ela faz parte da Rede A. Nas Óticas PV e C, as mudanças percebidas foram as mesmas, já citadas pelas outras integrantes da rede. O aspecto relacionado à distribuição dos produtos não sofreu alterações segundo declaram os gestores da Óptica C e da Ótica I. Ratificando essa opinião a gestora da Ótica L alega que um dos motivos que justificam o fato está relacionado a ausência de uma central de compras para padronizar e agilizar o processo na rede. No entanto, o gestor da Ótica M salienta que a criação da central de compras está prestes a acontecer, aguardando apenas alguns ajustes para começar a operar. A gestora da Ótica PV declara acreditar que a criação dessa central será muito produtiva e trará muitos benefícios para a rede tornando-a mais sólida, com mais credibilidade diante dos fornecedores e, além disso, proporcionará ganhos de qualidade mediante a redução de custos e tempo de reposição das mercadorias, o que será fundamental para melhoria do atendimento prestado aos clientes. De acordo com a gestora da Ótica I, a grande mudança ocorrida após a adesão à rede, relacionada à estocagem, foi o fato de que, desde então, a empresa possui a maioria das lentes que comercializa para pronta entrega, fato que não ocorria anteriormente. Porém, a gestora da Óptica L não percebeu nenhuma alteração relacionada à estocagem dos produtos e atribui essa ausência de resultados também ao fato de não haver uma central de compras. Embora a gestora da Ótica PV também manifeste sua decepção por perceber que a estocagem das mercadorias ainda é um ponto fraco para a rede, ela se mostra otimista e acredita que, após o início das atividades da central de compras, o processo irá melhorar, facilitando, Negócios e Talentos • número 6 • 2009 19 A importância das Redes de Cooperação no Mix de Marketing principalmente, a reposição das mercadorias. Para a direção da Ótica M, a estocagem ainda é um ponto a ser trabalhado. O gestor da Ótica C também considera não ter havido nenhuma alteração no que tange à estocagem das mercadorias. Ele manifesta a expectativa de que a criação da central de compras, além de facilitar a reposição dos estoques, irá, também, evitar as perdas ocasionadas em função do fato de que o espaço para armazenagem nas empresas é pequeno, o que acaba, por vezes, danificando algumas mercadorias, tendo em vista que se trata de materiais frágeis que requerem muito cuidado para seu manuseio e acondicionamento. Ao analisar a rede de maneira geral, a gestora da Ótica L considera que o maior benefício para sua empresa foi o compartilhamento de custos de mídia e outras despesas. Para a gestora da Ótica I, a troca de informações e ideias foram os maiores benefícios obtidos com a adesão à Rede. Na opinião da gestora da Ótica PV, o maior benefício que a rede trouxe para a sua empresa foi a oportunidade de oferecer a seus clientes produtos de marcas famosas, por meio do acesso aos fornecedores. Segundo o gestor da Ótica C, o relacionamento com os fornecedores foi a grande vantagem obtida pela sua empresa com a adesão a rede. Segundo ele, foi por intermédio da rede que conquistou a credibilidade de muitos fornecedores e teve acesso a vários outros de extrema importância para o progresso de seu negócio. Para o gestor da Ótica M, o conhecimento adquirido com a adesão à rede é infinito. Porém a redução de custos, tanto no momento da compra dos produtos para a revenda quanto na aquisição de itens acessórios como brindes, sacolas entre outros, é sem dúvida o benefício mais acentuado proporcionado pela rede. 20 Negócios e Talentos • número 6 • 2009 Patrícia Medeiros Cardoso • Renato Luiz Tavares de Oliveira 4 CONCLUSÃO A elaboração do presente trabalho, desde o seu princípio, tratou da questão das redes. No entanto, isso foi feito dando um enfoque especial à questão relacionada aos impactos da rede sobre o mix de marketing das organizações que a compõem. Inicialmente, verificou-se que todas as empresas que compõem a Rede A possuem uma situação financeira sólida, situação esta que se manteve inalterada após a adesão a rede. Focando a análise para o mix de marketing, percebe-se que, relacionado aos produtos comercializados pelos componentes da rede, estes obtiveram uma melhora considerável em seus padrões de qualidade, na variedade das marcas e modelos oferecidos após a adesão à rede. No que diz respeito ao preço, este se mostrou bastante influenciado pela rede, pois para a maioria dos componentes, a compra conjunta resultou em redução de custos do produto e maiores prazos de pagamento. Entretanto, observou-se que a rede ainda transmite uma imagem um pouco antipática para alguns fornecedores que a enxergam como uma parceria para barganhar preço. Porém, o esforço dos gestores da rede por melhores condições de compra tem possibilitado às empresas da Rede A oferecer vantagens a seus consumidores como descontos nas compras à vista e prazos de pagamento maiores do que os praticados. Relacionado à promoção, esta se mostrou ainda deficitária em relação a inserções na mídia, tendo em vista seus custos e a falta de uma frequência constante delas. A praça mostrou-se bastante influenciada pela rede. Recebeu diversos investimentos para padronização das lojas, confecção dos uniformes dos funcionários e treinamentos. No entanto, na distribuição dos produtos não houve alterações. Com relação à estocagem dos produtos no ponto de venda em geral os integrantes da rede mostraram-se insatisfeitos com o desempenho desse quesito e concordam que é preciso trabalhar para aprimorá-lo. Negócios e Talentos • número 6 • 2009 21 A importância das Redes de Cooperação no Mix de Marketing Não obstante, pela avaliação de cada um dos componentes da Rede A acerca dos grandes benefícios proporcionados aos seus integrantes, observa-se que, aliado ao aprendizado adquirido pela troca de experiências, eles citam a redução de custos, a ampliação da linha de produtos e a melhoria no relacionamento com os fornecedores como os elos de sustentação da rede. Assim sendo, conclui-se que as redes de empresas exercem, sim, forte influência sobre o mix de marketing das organizações que a compõem, encontrando em cada um deles fortes aliados para promover o sucesso, tanto da rede quando dos seus integrantes. Contudo, torna-se oportuno sugerir que os integrantes da Rede A analisem as observações feitas neste estudo e, por meio de um diálogo sério e comprometido, estabeleçam um plano de ação para aprimorar o seu desempenho, no intuito de promover um grau de satisfação mais uniforme para todos os seus integrantes. REFERÊNCIAS CHURCHILLL, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. COBRA, Marcos. Administração de Marketing no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro. Campus Elsever, 2009. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. ______. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2000. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de varejo. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. PATRÍCIA MEDEIROS CARDOSO Administradora. Graduada pelo Curso de Administração da Universidade Católica de Pelotas. Especialista em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Pelotas. 22 Negócios e Talentos • número 6 • 2009 Patrícia Medeiros Cardoso • Renato Luiz Tavares de Oliveira RENATO LUIZ TAVARES DE OLIVEIRA Administrador. Mestre em Desenvolvimento Social. Professor dos Cursos de Especialização em Gestão de Pessoas, MBA em Gestão de Marketing, MBA em Gestão Empresarial e do Curso de Graduação em Administração da Universidade Católica de Pelotas. Recebido em 20/11/2009 Aceito em 17/04/2010 CARDOSO, Patrícia Medeiros; OLIVEIRA, Renato Luiz Tavares de. A importância das Redes de Cooperação no Mix de Marketing. Revista Negócios e Talentos. Porto Alegre, ano 6, n.6, p 11-23, 2009. Negócios e Talentos • número 6 • 2009 23