Marketing da Saúde A utilização do marketing na área de saúde deveria ser algo comum, pois o público e, principalmente, as pessoas responsáveis por essa atividade já deveriam entender que “marketing” não é apenas um conjunto de ferramentas e técnicas para produzir efeito sobre o mercado através da utilização de propaganda e publicidade, com o objetivo de induzir o consumidor ou lhe empurrar qualquer produto ou serviço e, muito menos, enganá-lo. Isso representa apenas aquela faceta conhecida como consumismo, considerado por Peter Druker, notório expoente da administração, como sendo a vergonha do “marketing”. Não somente por princípio, mas também em função da própria caracterização do consumo dos serviços de saúde, essa parte do “marketing”, usada na promoção de algumas outras atividades, não se aplica a esses serviços, visto que, ninguém vai procurar um consultório médico ou um hospital a não ser que exista uma necessidade real. Jamais porque alguém tenha sido atingido pela “sedução” de uma propaganda ou publicidade bem elaborada e oportunista. A restrição ao “marketing” na área de saúde não é decorrente apenas da presença de uma cultura tradicionalista no campo da Medicina, mas também em fatores como: falta de informação do público a respeito do verdadeiro papel do marketing; forma, ainda, não muito inteligente de como está sendo utilizado na área etc. Tal resistência tenderá a desaparecer a partir do momento em que tanto os “especialistas” como o público em geral, passem a ver o marketing dentro da sua real concepção, tanto na essência como em termos de importância para o crescimento e desenvolvimento de cada organização e do setor de saúde como um todo. Visto e entendido segundo a perspectiva de Philip Kother, destacado estudioso do assunto, o “marketing” torna-se a atividade humana dirigida à satisfação das necessidades e desejos, através de um processo de troca de recursos e valores. Constitui-se também em uma das formas que as organizações têm de descobrir onde estão essas necessidades e desejos e de procurar colocar as soluções à disposição das pessoas, a fim de que possam, de livre arbítrio, escolher aqueles produtos ou serviços que melhor lhes convierem. Certamente, dentro dessa concepção, a resistência ao “marketing” de saúde desapareceria. Muito mais que isso, passaria a se constituir num poderoso meio de aprimoramento dos serviços, voltados à satisfação de necessidades e desejos da população. Acreditamos que o “marketing” de saúde não alcançou grande aceitação, nem ainda está respondendo aos objetivos esperados, não apenas porque existe uma pressão sobre a ótica do que é ético ou não, na promoção dos serviços do hospital, do consultório, do médico, do dentista, do psicólogo ou do laboratório; mas também, por não estar sendo concebido corretamente ou porque as suas ferramentas não estão sendo empregadas de forma adequada. Com o conhecimento do “marketing” sob essa abordagem moderna e com a aplicação correta das suas ferramentas, respaldados por uma assistência de qualidade, que venha transmitir segurança e elevar o nível de confiabilidade, teríamos como resultado não somente a aceitação do “marketing”, mas também, seu reconhecimento como uma atividade indispensável à “saúde” das organizações do setor. Considera-se como sendo assistência médico-hospitalar de qualidade, aquela inovativa, de alto padrão tecnológico, mas, ao mesmo, tempo humanizada, diferenciada ao nível de cliente-paciente, mas que no plano geral, apresenta-se como integral, a fim de garantir a tranqüilidade assistencial da população. Na realidade, a utilização do “marketing” dentro dessa nova ótica é a única maneira de se atingir objetivos mercadológicos relativos a qualquer atividade. Porém, no que diz respeito aos serviços de saúde, isso passa a ser uma questão de sobrevivência. Levando-se em conta que essa nova abordagem é ética em si mesma, não infringe o forte contexto ético e cultural existente na área de saúde. Isso deverá ser um fator de remoção da atual resistência. É importante também ressaltar que, por essa ótica, não só os serviços de saúde da iniciativa privada podem e devem ser beneficiados com o novo perfil administrativo imposto pelo uso do “marketing”, mas também, os sem fins lucrativos, sejam aqueles pertencentes aos governos federal, estadual ou municipal, sejam os filantrópicos, já que a principal finalidade do “marketing” de saúde, a exemplo do “marketing” para qualquer atividade, é estudar, analisar e aplicar conhecimentos e técnicas que visem a adaptar melhor os recursos e os objetivos organizacionais às potencialidades, desejos e necessidades do mercado. Severino Francisco da Silva Professor de da Universidade Federal de Alagoas – UFAL Departamento de Administração, Economia e Contabilidade Fone: (82)357-5107 Cel: (38) 9982-9064 Maceió - Alagoas