terapia física complexa no tratamento de linfedema pós

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM FISIOTERAPIA
ESPECIALIZAÇÃO EM DERMATO FUNCIONAL
TERAPIA FÍSICA COMPLEXA NO TRATAMENTO DE LINFEDEMA
PÓS-MASTECTOMIA
Natalie Bertoldi Silva
GOIÂNIA
2009
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM FISIOTERAPIA
ESPECIALIZAÇÃO EM DERMATO FUNCIONAL
TERAPIA FÍSICA COMPLEXA NO TRATAMENTO DE LINFEDEMA
PÓS-MASTECTOMIA
Natalie Bertoldi Silva
Artigo apresentado como exigência
parcial para obtenção do título de
especialista em Fisioterapia Dermato
Funcional da UCG/CEAF.
Orientador: Prof. M.Sc. Renato Alves
Sandoval
GOIÂNIA
2009
TERAPIA FÍSICA COMPLEXA NO TRATAMENTO DE LINFEDEMA
PÓS-MASTECTOMIA
Natalie Bertoldi Silva
Artigo apresentado em ____/____/_____, e aprovado pela banca examinadora:
NOME
ASS.
NOTA
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GOIÂNIA
2009
TERAPIA FÍSICA COMPLEXA NO TRATAMENTO DE LINFEDEMA
PÓS MASTECTOMIA
COMPLEX PHYSICAL THERAPY IN THE TREATMENT OF LYMPHEDEMA
AFTER MASTECTOMY
NATALIE BERTOLDI SILVA, RENATO ALVES SANDOVAL
Resumo: O objetivo desse estudo foi revisar a literatura cientifica para uma melhor
abordagem do tratamento fisioterapêutico do linfedema em pacientes mastectomizadas e
demonstrar condutas que possam ser utilizadas no controle dessa possível complicação. O
câncer de mama é um importante problema de saúde publica no Brasil. È um dos maiores
problemas de neoplasias malignas, e acomete uma grande quantidade de mulheres em todo
mundo. O diagnóstico precoce deve ser preconizado, sendo necessário estabelecimento de
critérios adequados para sua mensuração. O tratamento dessa patologia, especificamente a
mastectomia, resulta em conseqüências emocionais e físicas para as mulheres, requerendo,
portanto, um cuidado multiprofissional, incluindo a fisioterapia. Conclui-se que o diagnostico
precoce e o tratamento bem orientado controlam a grande maioria dos casos, evitando
maiores complicações e recolocando essas pacientes ao convívio social normal.
Palavras-chave: Câncer de Mama, Linfedema, Mastectomia, Fisioterapia.
Abstract: The aim of this study was to review the scientific literature for a better approach to
physiotherapeutic treatment of lymphedema in patients mastectomized and demonstrate
behaviors that can be used to control this possible complication. The breast cancer is an
important health public problem in Brazil. It is one of the major problems of malignant cancer,
and affects a large number of women around the world. Early diagnosis should be
recommended, and required establishment of appropriate criteria for their measurement. The
treatment of this pathology, specifically the mastectomy, results in emotional and physical
consequences for women, requiring, therefore, a multiprofessional care, including
physiotherapy. We conclude that early diagnosis and oriented treatment control the vas
majority of cases, and avoidind major complication and replacing these patients to normal
social interaction.
Key-words: Breast cancer, Lymphedema, Mastectomy, Physiotherapy.
INTRODUÇÃO
O câncer de mama vem ocupando lugar de destaque, por apresentar incidência
crescente e elevado índice de mortalidade. Não é apenas o mais comum entre as mulheres, mas
também o que mais mata (DRINKWATER; SUGDEN, 1997).
Bergmann et al. (2004) relatam que o câncer de mama é um importante problema de
saúde pública no Brasil, sendo mais comum do que o câncer de colo de útero, e
correspondendo à principal causa de óbitos por câncer nesse grupo populacional,
principalmente nas classes de poder aquisitivo mais baixo.
É uma doença complexa e homogênea, que consiste na formação de um tumor
maligno a partir das células que sofreram modificações no seu material genético, onde
apresentam crescimento e multiplicação desordenada, sendo capaz de invadir estruturas
próximas e, ainda, espalhar-se para diversas regiões do organismo (INCA, 2006).
Provavelmente é o mais temido pelas mulheres devido à sua alta freqüência e,
sobretudo pelos seus efeitos psicológicos e físicos, afetando a percepção da sexualidade e a
própria imagem pessoal (MEIRELLES et al., 2006)
Acomete mulheres entre 40 e 50 anos, o que não impede que ocorra em mulheres
mais novas. Esta patologia é considerada de auto-agressão e está relacionada com
predisposição genética, idade avançada, menarca precoce, menopausa tardia, contraceptivos,
ingestão de álcool, exposição e substâncias químicas comprovadamente cancerígenas, lesões e
traumas nas glândulas e exposição a radiações (PICARÓ; PERLOIRO, 2005).
O controle da doença abrange a prevenção (auto-exame), o diagnóstico médico
precoce e a mamografia. A detecção precoce propicia um tratamento conservador e não
mutilante. O encaminhamento de casos iniciais e ainda não tratados influencia numa resposta
satisfatória aos tratamentos estabelecidos. Setenta por cento dos casos de câncer de mama são
diagnosticados tardiamente, o que dificulta sua cura definitiva (BATISTON; SANTIAGO,
2005).
De acordo com Batiston; Santiago (2005), os tumores que são detectados e
localizados no início podem ser tratados com sucesso através da radioterapia, quimioterapia,
terapia hormonal e cirurgia. Embora existam outros tratamentos, a cirurgia ainda é o processo
mais comum para prevenir a disseminação do câncer de mama.
Nas cirurgias de mama (mastectomia) existe uma retirada dos linfonodos axilares, em
maior ou menor número, dependendo da técnica cirúrgica utilizada, e com isto, há uma
interrupção da circulação linfática do membro superior, podendo aparecer um linfedema desse
membro (BERGMANN, 2000).
Esse linfedema é decorrente ao acúmulo anormal de líquidos e proteínas nos tecidos,
resultante da falha no sistema linfático de drenagem associado à insuficiência de proteólise
extralinfática das proteínas do interstício celular (PEREZ, 2003).
Quando instalado, causa importantes alterações físicas, psicológicas e sociais, que
afetam a qualidade de vida das pacientes (ALBINO et al., 2006).
Ele acarreta inúmeras conseqüências, como a diminuição de força muscular e da
ADM, tensão muscular, dor e aumento do peso do membro superior acometido. Estas
alterações associadas à cronicidade do processo do linfedema pós mastectomia, faz com que
exista grande potencial para o desenvolvimento de assimetrias posturais (BARAÚNA et al.,
2004).
A sua prevenção pode ser conseguida através de uma série de cuidados que se iniciam
a partir do diagnóstico de câncer de mama. Após o tratamento cirúrgico, as pacientes devem
ser orientadas sobre os cuidados com a pele do membro superior homolateral ao câncer, a fim
de evitar possíveis traumas e ferimentos (BERGMANN et al., 2004).
Apesar das causas do câncer de mama ser incertas, certamente a mulher que sofreu
mastectomia necessita de um trabalho de apoio pós-cirúrgico. (GUIRRO; GUIRRO, 2002).
A fisioterapia, quando iniciada precocemente, desempenha um importante papel na
busca de prevenção das complicações advindas do tratamento do câncer de mama, favorecendo
o retorno ás atividades de vida diária e melhorando a qualidade de vida (JALES; FALCÃO,
2003).
Embora a necessidade do acompanhamento fisioterapêutico após a cirurgia da mama
seja amplamente conhecida, muitas mulheres são encaminhadas tardiamente, quando já
apresentam complicações instaladas, diminuindo as chances de uma completa recuperação
físico-funcional (BATISTON; SANTIAGO, 2005).
O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão bibliográfica e mostrar a atuação da
Fisioterapia na reabilitação pós-operatória, principalmente nos casos de formação de
linfedema, através da Terapia Física Complexa, favorecendo o rápido retorno às atividades de
vida diária e melhorando a qualidade de vida para a paciente.
MÉTODOS
Com a finalidade de propor um embasamento teórico para discussão do tema
“Terapia Física Complexa no Tratamento de Linfedema Pós-Mastectomia”, foi realizado um
artigo de revisão de literatura, dispondo os dados relativos à temática. O levantamento dos
dados expostos nesta pesquisa ocorreu no período situado de 2000 até 2009. A pesquisa
utilizou os bancos de dados na área da saúde como: Scielo, Medline, Pubmed e Lilacs,
apresentando os seguintes descritores: Câncer de Mama, Linfedema, Mastectomia,
Fisioterapia, pesquisados na língua portuguesa e inglesa. Foram utilizados também livros em
português.
DISCUSSÃO
O linfedema é uma condição crônica e pode aparecer a qualquer momento após a
dissecção axilar decorrente a mastectomia.
Mesmo com os avanços na compreensão da doença e com a padronização da
abordagem fisioterápica do linfedema, o tratamento continua sendo difícil e dependente de uma
abordagem multidisciplinar. É um tratamento custoso e que demanda tempo e empenho tanto
da paciente quanto da equipe responsável pelo tratamento (PITTA et al., 2003).
Geralmente a fisioterapia é o tratamento de escolha do linfedema, oferece orientações
e cuidados quanto à prevenção, e como forma de tratamento é uma intervenção não-invasiva e
isenta de riscos (CAMARGO; MARX, 2000).
O programa de Fisioterapia deve ser realizado em todas as fases do câncer de mama:
no pré-operatório (diagnóstico e avaliação), durante o tratamento e no pós-operatório
(prevenção e tratamento das complicações), na ocorrência da doença e nos cuidados paliativos
(MARCUCCI, 2005).
Diversos autores concordam que o tratamento fisioterapêutico pós-operatório é
decisivo na prevenção das complicações decorrentes da mastectomia e deve ser iniciado o mais
precocemente possível (BEVILACQUA et al., 1998).
O tratamento focaliza a redução e o controle do edema, a melhora funcional do
membro, a prevenção das infecções associadas, a independência nas atividades de vida diária e
a melhora nos aspectos psicológicos e sociais (KOBAYASHI; LOURENÇO, 2004).
Uma equipe multidisciplinar adaptada às exigências do tratamento é de fundamental
importância para o sucesso. Dentre as modalidades de intervenção, a drenagem linfática, os
exercícios linfocinéticos, as medidas farmacológicas, as orientações sobre as atividades de vida
diária, as medidas dietéticas e higiênicas e as bandagens constituem a base do tratamento
(GODOY; GODOY, 2004).
A forma de tratamento com os resultados mais consistentes para a maior parte das
pacientes com linfedema dos membros é a Terapia Física Complexa (TFC) ou suas variantes
(GUEDES NETO, 2003).
Rell; Lopes (2002), mostram em seu trabalho que o tratamento com a TFC tem sido
recomendado como tratamento de primeira escolha, e os resultados obtidos mostra uma
redução de 44% a 67,7%, mantendo-se por até 36 meses.
Foldi et al. (1989), observaram 95 % de melhora em 399 pacientes (redução de 50%
em 56% das pacientes, 24% a 49% em 31% das pacientes, 1% a 24% em 8% das pacientes).
Xavier (2008), descreve o resultado de uma série de casos constituídos de 16 braços
linfedematosos com a TFC. Obtiveram uma redução média de 73% na fase intensiva, depois de
1 ano, apresentaram uma redução de 80% sem nenhum outro tratamento e ainda descrevem
outra série de 56 pacientes que obtiveram uma redução média do edema de 63% na fase
intensiva e, 3 anos após a redução foi de 64%.
Esse tratamento consiste na combinação de várias técnicas que atuam conjuntamente,
dependendo da fase em que se encontra o linfedema, incluindo, a drenagem linfática manual,
enfaixamento compressivo, cinesioterapia e cuidados com a pele (GUEDES NETO et al.,
2004).
Os resultados da TFC dependem, fundamentalmente, do estágio em que se encontra a
doença quando se inicia o tratamento, independendo do fato do linfedema ser primário ou
secundário.
Os pré-requisitos de um tratamento bem sucedido dependem: da presença de um
médico com conhecimento de linfologia e da fisiopatologia das doenças ligadas com os
distúrbios da microcirculação e que seja capaz de lidar com as doenças associadas; de um
fisioterapeuta apto e treinado nas técnicas especificas para o tratamento destes pacientes,
supervisionado pelo médico responsável; da disponibilidade de material adequado para o
enfaixamento e compressão elástica e da aderência completa do paciente ao tratamento (PITTA
et al., 2003).
O tratamento da TFC é dividido em duas fases, sendo que na primeira fase o objetivo
é mobilizar edema e iniciar a regressão das alterações teciduais fibroescleróticas. Durante essa
fase, o tratamento é aplicado diariamente e, na maior parte dos casos, realizado
ambulatoriamente. Na segunda fase, mantém-se o membro sem edema e se obtém a regressão
do tecido cicatricial. Neste período, é fundamental a utilização da contenção elástica adequada
e a paciente é orientada quanto aos cuidados de pele e exercícios específicos (BERGMANN et
al., 2004).
A drenagem linfática manual (DLM) é um dos pilares no tratamento do linfedema.
Ela consiste em manobras delicadas, rítmicas e de orientações, levando a linfa de locais
bloqueados para outros onde não há bloqueio linfático, facilitando a entrada do fluido
intersticial por meio do desenvolvimento de diferentes pressões. Deve obedecer ao sentido do
fluxo linfático, controlando a velocidade e pressão exercida, auxiliando o retorno venoso e
linfático, conseqüentemente, diminuindo o edema (BARBALHO et al., 2006).
Ela inicia-se na região proximal do lado contralateral ao membro afetado, para
estimular o fluxo linfático normal, preparando-o para receber o fluido do lado envolvido
(CASSALI, 2004).
No lado comprometido, inicia-se pelas porções mais proximais, ate chegar as mais
distais, drenando cada segmento, suavemente, com pressões menores que 40 mmHg, do
sentido distal para proximal (PEREZ, 2003).
Pitta et al. (2003), mostra em seu trabalho que a drenagem linfática manual (DLM) é
feita com baixa pressão em áreas normais próximas à região de linfostase com o objetivo de
estimular a atividade motora dos linfângions; na região afetada, os movimentos são aplicados
com maior pressão para tratar os tecidos fobróticos.
As manobras são repetidas várias vezes, por período de até 1 hora de duração. Com
isto, hipertofia-se os linfáticos existentes que não participavam da circulação linfática principal
(NETO et al., 2004).
Segundo Winter (1973) apud Cunha; Bordinhonn (2004), as manobras de drenagem
linfática exercem influência sobre algumas estruturas e funções biológicas, direta e
indiretamente, tais como:
“Estimula a contração da musculatura lisa dos vasos linfáticos, aumenta a velocidade
de transporte da linfa, aumenta a capacidade de processamento da linfa no interior
dos gânglios linfáticos, melhora as condições de absorção intestinal, melhora a
atuação do sistema nervoso vegetativo, aumenta a captação de oxigênio pelos
tecidos, fornece a nutrição celular pelo maior aporte sanguíneo, fornece a eliminação
dos produtos finais resultantes do metabolismo tecidual, aumenta a absorção dos
nutrientes e princípios ativos através do trato digestivo, aumenta a quantidade de
líquidos a serem eliminados” (WINTER, 1973 apud CUNHA; BORDINHONN
2004, p.07).
Feliciano; Braz (2002), avaliou uma paciente mastectomizada, submetendo-a a 10
sessões de drenagem linfática manual, com duração de 45 minutos e freqüência de duas vezes
por semana na Clínica escola de Fisioterapia de Unisul, no período de outubro a dezembro de
2002. Ela apresentava edema grau I no membro superior direito e região posterior do
hemitórax. Observaram durante as sessões de drenagem linfática manual uma redução do
edema entre 0,5 e 3 cm. Na avaliação e reavaliação observou-se uma redução do edema entre 2
e 6,5 cm, onde constataram que a drenagem mostrou ser um método eficiente na redução do
edema, além de proporcionar melhora na sensação de peso do membro, melhora na
sensibilidade e relaxamento, sentindo-se mais disposta.
Outra técnica utilizada é o enfaixamento compressivo sendo de extrema importância
durante a primeira fase do tratamento do linfedema, pois ao promover um suporte externo na
pele, leva a um aumento da pressão intersticial com redução da ultrafiltração, melhora a
eficácia do bombeamento muscular levando a um aumento do fluxo venoso e linfático e não
permite o refluxo causado pela insuficiência valvular. São contra-indicados na existência de
infecções, arteriopatia, alterações de sensibilidade e na hipertensão arterial grave
(O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2004).
Meirelles et al. (2006), montaram um grupo de 36 mulheres atendidas em um serviço
especializado em reabilitação de mulheres com câncer de mama, onde foram atendidas na fase
intensiva que constou de técnicas como a drenagem linfática manual e o enfaixamento
compressivo, sendo realizada três vezes por semana, com o objetivo de descongestionar e criar
novos caminhos entre os capilares linfáticos, aumentar a pressão e diminuir a filtração para o
interstício, favorecendo a absorção do linfedema. Além disso, o enfaixamento evita o retorno
do liquido deslocado pela drenagem, devendo ser funcional para que a contração muscular seja
possível, permitindo o efeito bomba muscular. Este tratamento teve duração, em média, 4,41
semanas. A diferença de volume entre o braço sadio e o edemaciado, no inicio do tratamento,
variou de 0,12 a 1,23 litros, com uma diferença media de 0,28 litros. Ao final da fase intensiva
do tratamento, o grupo estudado apresentou uma redução média de 30,5% entre os volumes
dos braços sadios e edemaciados. Foram reavaliadas no período de 6, 12, 18 e 24 meses após a
fase intensiva, onde observaram que o tratamento mantém sua eficiência no transcorrer dos 24
meses seguintes.
Para Pitta et al. (2003), a compressão pelo enfaixamento é realizada com múltiplas
camadas, com os objetivos distintos: proteção de pele, proteção das saliências ósseas,
configuração de uma forma cilíndrica do membro e compressão propriamente dita.
Na segunda fase de tratamento, o enfaixamento é substituído pelo uso de contenção
elástica, preferencialmente feita sob medida, devendo seu uso ser constante (BERGMANN,
2000).
A contenção por bandagens e realizada através de faixas inelásticas ou meias de alta
compressão que tem como objetivo manter o ganho obtido na drenagem linfática manual e/ou
na compressão pneumática intermitente. A contenção é elástica e atua de maneira a manter o
resultado obtido. Esta prática tem por objetivo a contenção do edema, sendo utilizado dia e
noite, e serve para aumentar a pressão tissular (LEDUC; LEDUC, 2000).
Ela é feita manualmente de distal para proximal, com auxílio de faixas elásticas
medidas e ajustadas individualmente. Os procedimentos são realizados com os membros
elevados para facilitar o retorno linfático e venoso. Sendo que entre uma seção e outra o
paciente deve ser mantido com o uso da contenção inelástica ou uso de meias elásticas de alta
compressão, com o propósito de manter o ganho da redução volumétrica do membro na
drenagem linfática manual (MACHADO; PINTO JR, 2003).
O fisioterapeuta deve ainda realizar a cinesioterapia, que corresponde a um programa
de exercícios que pode se iniciar no pós-operatório imediato, durante a fase de internação
hospitalar, com ênfase para os exercícios respiratórios e de relaxamento (GUIRRO; GUIRRO,
2002).
Guirro; Guirro (2002) relatam ainda que o membro superior comprometido deva ser
posicionado sobre uma cunha de espuma ou almofada em abdução e flexão de
aproximadamente 30 graus. Ainda nesta fase, deve-se dar inicio aos exercícios isométricos,
visando à manutenção da massa muscular, bem como o auxílio na drenagem venosa e linfática.
São realizados exercícios ativos livres, que envolvam o membro superior afetado.
Durante a primeira fase, os exercícios devem ser preferencialmente realizados com
enfaixamento compressivo, pois as somas das pressões das contrações musculares com o
enfaixamento estimulam o funcionamento linfático, a atividade motora do linfangion,
aumentando a absorção da linfa e reabsorção de proteínas do interstício (KISNER; COLBY,
2005).
Os exercícios devem ser de fácil compreensão, iniciando pela raiz do membro até
regiões mais distais como se quisesse fazer uma mini-massagem. Os movimentos da cintura
escapular e ombro atuam na variação de pressão dos músculos nesta região, fazendo com que
estímulos mecânicos acionem o bombeamento linfático na parede torácica e da cavidade axilar
(CAMARGO; MARX, 2000).
Além do efeito no sistema linfático e na circulação sanguínea, eles melhoram a
mobilidade, tônus muscular e estimulam a restauração da força (LEDUC; LEDUC, 2000).
Os exercícios de fortalecimento muscular podem ser realizados com o auxilio de
elásticos, respeitando os padrões de movimento. A atividade muscular é importante por
favorecer a drenagem linfática, contudo devem ser evitadas cargas excessivas, pois esta induz a
vasodilatação dos membros e conseqüentemente a produção da linfa. A realização de
exercícios precoce pós-mastectomia proporciona ganhos de amplitude de movimento e previne
as deformidades (MARCUCCI, 2005).
E ainda podem ser utilizadas diferentes técnicas de alongamento na prática
fisioterapêutica. A ênfase, na maioria das vezes, é voltada ao tecido muscular, esquecendo-se
da ação de remodelamento das fibras colágenas que pode ocorrer durante o período de
cicatrização dos diferentes tecidos (GUIRRO; GUIRRO, 2002).
A restrição de movimentos não é necessariamente decorrente das alterações dos
tecidos contráteis, o tecido cicatricial pode desencadear respostas que levem a limitação
importante (FERREIRA; ALMEIDA, 2000).
A paciente ainda deve ter alguns cuidados com a pele, onde as medidas higiênicas e
dietéticas melhoram o trofismo cutâneo prevenindo infecções bacterianas e micóticas. As
lesões que rompem a integridade da pele, como retirada de cutícula, depilação com lâminas,
queimaduras, devem ser evitadas para não gerar portas de entrada a microorganismos
patogênicos. A psicoterapia e o apoio nutricional podem auxiliar no controle da obesidade,
freqüentemente associada ao linfedema (ACIOLY, 2003).
De acordo com Peres; Fontanari (2005), a paciente ainda deve evitar qualquer tipo de
trauma; exposição ao sol devido à elevação da temperatura; e uso de roupas apertadas e que
atrapalhem a transpiração também devem ser evitadas.
Cabe lembrar que estas técnicas devem ser feitas por profissionais capacitados, onde
devem conhecer bem a anatomia, fisiologia e patologias linfáticas para poderem aplicar com
segurança as técnicas da Terapia Física Complexa, pois ela é fácil quando feita com os
conhecimentos adequados. Além disso, promove melhora na estética da paciente, e em suas
atividades de vida diária, capacitando-a a ser uma pessoa independente e mais feliz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabendo que o linfedema é a principal complicação pós-mastectomia, decorrente da
dissecção axilar, e que ainda desafia os especialistas quanto a sua cura, torna-se necessário
realizar um tratamento fisioterapêutico.
A implantação dessa rotina para as pacientes submetidas a tratamento para câncer de
mama tem como objetivo principal a prevenção de complicações através de condutas e
orientações domiciliares, e o diagnóstico e intervenção precoce, visando melhorar a qualidade
de vida.
A qualidade de vida das pacientes é de fundamental importância, pois a maioria das
mulheres que desenvolvem linfedema apresenta alterações psicológicas, sociais e sexuais.
Assim, é de extrema importância buscar alternativas para o controle e minimização do mesmo.
É neste contexto que a fisioterapia se faz necessário, tanto na reabilitação das
incapacidades já instaladas, que afetam a funcionalidade, a atividade das pacientes e sua
participação social, quanto na prevenção de futuras complicações e seus efeitos.
Das medidas clínicas utilizadas para tratar o linfedema, o tratamento fisioterapêutico,
também chamado de Terapia Física Complexa (TFC), é sem duvida o de melhor resultado.
Esse tratamento consiste da combinação de várias técnicas que atuam conjuntamente,
dependendo da fase em que se encontra o linfedema, incluindo, cuidados com a pele, drenagem
linfática manual, enfaixamento compressivo e a cinesioterapia.
Utilizando essa técnica observaram bons resultados, sendo mais rápido do que outros
métodos não invasivos para o tratamento do linfedema. É de extrema importância enfatizar que
os bons resultados dependem de um bom treinamento e cuidado do terapeuta e também da
colaboração do paciente após a fase intensiva de tratamento.
Diante do estudo, acredita-se que ainda há muito a se fazer para melhorar os
resultados no tratamento do linfedema. Um diagnóstico precoce e um tratamento bem
orientado controlam a grande maioria dos casos evitando maiores complicações e recolocando
essas pacientes ao convívio social normal.
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