celi dalbosco incidência de síndrome de impacto do

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Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
CELI DALBOSCO
INCIDÊNCIA DE SÍNDROME DE IMPACTO DO OMBRO EM
ATLETAS DE VOLEIBOL
CASCAVEL
2004
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265
CELI DALBOSCO
INCIDÊNCIA DE SÍNDROME DE IMPACTO DO OMBRO EM
ATLETAS DE VOLEIBOL
Trabalho de Conclusão de Curso do curso
de Fisioterapia do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – campus
Cascavel.
Orientadora: Carla Adriane Pires Ragasson
CASCAVEL
2004
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ii
TERMO DE APROVAÇÃO
CELI DALBOSCO
INCIDÊNCIA DE SÍNDROME DE IMPACTO DO OMBRO EM
ATLETAS DE VOLEIBOL
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do
título graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
.........................................................
Orientadora: Profª. Ms. Carla Adriane Pires Ragasson
Docente da UNIOESTE
.........................................................
Profª. Ms. Cristina Diamante
Docente da UNIOESTE
.........................................................
Prof. Rodrigo Daniel Genske
Docente da UNIOESTE
Cascavel, 11/02/2004
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iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, aos meus
pais e irmãos que me concederam a
oportunidade de estar aqui, aos
professores que demonstraram
compreensão ao longo do curso, os
verdadeiros amigos que tenho e a minha
filha Sabrina, que me trouxe muitas
alegrias.
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iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus tudo que sou e o que tenho; aos amigos pela nossa
verdadeira amizade, compreensão e incentivo durante todo o curso; ao meu irmão
Valdir pela confiança, apoio e oportunidade de estar aqui; aos professores que
compartilharam seus conhecimentos; a minha orientadora pela atenção e
compreensão quando a procurei, permanecendo ao meu lado até o término deste
trabalho; aos meus pais que sempre me apoiaram nos momentos difíceis da minha
vida e por cuidarem da minha filha com tanto carinho e a todos que de alguma forma
contribuíram para a realização deste trabalho.
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v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................vii
LISTA DE GRÁFICOS..........................................................................................................viii
RESUMO ..................................................................................................................................ix
ABSTRACT...............................................................................................................................x
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................1
2 ANATOMIA DO OMBRO....................................................................................................4
2.1 ARTICULAÇÕES DO OMBRO ......................................................................................4
2.1.1 ARTICULAÇÃO GLENOUMERAL .............................................................................4
2.1.1.1 Cabeça umeral...........................................................................................................5
2.1.1.2 Cavidade glenóide.....................................................................................................5
2.1.1.3 Estabilizadores ...........................................................................................................6
2.1.1.3.1 Músculos do manguito rotador.............................................................................7
2.1.1.3.2 Outros músculos envolvidos no movimento do ombro ....................................9
2.1.1.4 Mecanismo de estabilização.................................................................................. 14
2.1.2 ARTICULAÇÃO UMEROCORACOACROMIAL .................................................... 15
2.1.3 ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR ............................................................ 16
2.1.5 ARTICULAÇÃO ESCAPULOTORÁCICA .............................................................. 17
3 FISIOLOGIA DA ARTICULAÇÃO DO OMBRO........................................................... 19
3.1 MOVIMENTOS DA ARTICULAÇÃO DO OMBRO................................................... 19
4 BIOMECÂNICA DO OMBRO.......................................................................................... 23
4.1 RITMO ESCAPULOUMERAL ..................................................................................... 23
4.2 AÇÕES MUSCULARES............................................................................................... 24
5 FORÇA DOS MÚSCULOS DO OMBRO...................................................................... 28
6 CONDICIONAMENTO..................................................................................................... 31
7 CONTRIBUIÇÃO DA MUSCULATURA DO OMBRO PARA HABILIDADES
ESPORTIVAS OU MOVIMENTOS .................................................................................... 33
7.1 MECÂNICA E PATOMECÂNICA DOS ARREMESSOS ........................................ 33
8 POTENCIAL DE LESÃO NO COMPLEXO DO OMBRO ........................................... 38
8.1 LESÕES POR USO EXCESSIVO.............................................................................. 38
8.1.1 ETIOLOGIA ................................................................................................................. 39
8.1.2 FISIOPATOLOGIA ..................................................................................................... 40
8.1.3 AVALIAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO ......................................................................... 41
8.1.4 SINTOMAS ................................................................................................................. 41
8.1.5 EXAME FÍSICO.......................................................................................................... 42
8.1.6 TRATAMENTO........................................................................................................... 42
9 SÍNDROME DE IMPACTO DO OMBRO...................................................................... 43
9.1 ETIOLOGIA .................................................................................................................... 44
9.2 MECANISMO DA LESÃO............................................................................................ 48
9.3 EVOLUÇÃO ................................................................................................................... 50
9.4 APRESENTAÇÃO CLÍNICA........................................................................................ 52
9.5 SÍNDROME DO IMPACTO NOS ATLETAS............................................................. 53
9.5.1 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA ........................................................................ 55
9.5.1.1 Exame subjetivo ...................................................................................................... 55
9.5.1.2 Exame objetivo ........................................................................................................ 56
9.5.1.2.1 Postura .................................................................................................................. 56
9.5.1.2.2 Movimentos ativos .............................................................................................. 57
9.5.1.2.3 Movimentos isométricos resistidos................................................................... 58
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vi
9.5.1.2.4 Testes especiais para síndrome do impacto .................................................. 58
10 FORTALECIMENTO E CONDICIONAMENTO COMO MEDIDA DE
PREVENÇÃO........................................................................................................................ 62
10.1 Excesso de Treinamento ........................................................................................... 63
10.2 Treinamento de Flexibilidade.................................................................................... 64
10.2.1 Formas de Alongamento ........................................................................................ 65
10.3 Força ............................................................................................................................. 66
11 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................. 68
12 RESULTADOS................................................................................................................ 71
13 DISCUSSÃO................................................................................................................... 77
14 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 84
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vii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – ARTICULAÇÃO DO OMBRO..................................................................6
FIGURA 2 – MÚSCULOS DO OMBRO........................................................................7
FIGURA 3 – FASE DE LEVANTAMENTO.................................................................35
FIGURA 4 – FASE DE ACELERAÇÃO......................................................................36
FIGURA 5 – FASE DE DESACELERAÇÃO...............................................................37
FIGURA 6 – FASE DE EXECUÇÃO..........................................................................37
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viii
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – IDADE DOS ATLETAS .............................................................................. 71
GRÁFICO 2 – TEMPO DE PRÁTICA ESPORTIVA ........................................................ 71
GRÁFICO 3 – TREINOS SEMANAIS ................................................................................ 72
GRÁFICO 4 – DURAÇÃO DO TREINO............................................................................ 72
GRÁFICO 5 – LESÕES ANTERIORES NO OMBRO ..................................................... 73
GRÁFICO 6 – ADM DE FLEXÃO DO OMBRO................................................................ 74
GRÁFICO 7 –ADM DE RE DO OMBRO........................................................................... 74
GRÁFICO 8 – ADM DE ABDUÇÃO DO OMBRO............................................................ 75
GRÁFICO 9 – ADM DE RI DO OMBRO ........................................................................... 75
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ix
RESUMO
Lesões por uso excessivo do ombro representam má adaptação aos estresses
repetitivos de uma atividade, ou atividades. A lesão por uso excessivo mais
freqüente é a síndrome do impacto do ombro que, de modo geral, é o resultado do
efeito cumulativo de muitas passagens dos tendões do manguito rotador sob o arco
coracoacromial, durante o movimento de elevação do braço, levando a compressão
ou impacto dessas estruturas. Devido a alta incidência de comprometimento da
articulação do ombro nos atletas de voleibol, o objetivo do presente estudo é
verificar a incidência da síndrome do impacto do ombro em atletas de voleibol de
Cascavel, atentando-se para a importância da prevenção. A amostra apresentou
tempo médio de prática esportiva de 12,4 anos; 75% dos atletas apresentaram
história anterior de lesão dolorosa no ombro e 75% apresentaram, durante a
avaliação, movimentos álgicos do ombro. Associado ao levantamento de dados,
procede-se uma revisão do mecanismo de lesão do ombro relacionando-o com a
biomêcanica do gesto esportivo, com o tempo de prática esportiva. Ao término da
pesquisa, os resultados obtidos serão repassados para os atletas, bem como, será
realizado orientações quanto a prevenção de síndrome do impacto do ombro.
Palavras chave: síndrome de impacto, atletas, voleibol, prevenção
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x
ABSTRACT
Lesions for excessive use of the shoulder represent bad adaptation to the repetitive
stresses of an activity, or activities. The lesion for more frequent excessive use is to
syndrome of the impact of the shoulder that, in general, it is the result of the
cumulative effect of a lot of passages of the tendons of the cuff rotator under the arch
coracoacromial, during the movement of elevation of the arm, taking the compression
or impact of those structures. Due to high incidence of compromising of the
articulation of the shoulder in the volleyball athletes, the objective of the present
study is to verify the incidence of the syndrome of the impact of the shoulder in
athletes of volleyball of Rattlesnake, being looked at the importance of the
prevention. The sample presented medium time of sporting practice 12,4 years old;
75% of the athletes presented history previous of painful lesion in the shoulder and
75% presented, during the evaluation, movements painful of the shoulder.
Associated to the rising of data, a revision of the mechanism of lesion of the shoulder
is proceeded relating him/it with the biomecanic of the sporting gesture, with the time
of sporting practice. At the end of the research, the obtained results will be reviewed
for the athletes, as well as, it will be accomplished orientations as the prevention of
syndrome of the impact of the shoulder.
Key words: impingement syndrome, athletes, volleyball, prevention.
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1
1 INTRODUÇÃO
A maioria das lesões atléticas do ombro representa o resultado de uma
atividade repetitiva realizada acima da cabeça (microtraumatismo) ou de uma força
significativa (macrotraumatismo) na região do ombro. A ação violenta de movimentos
realizados acima da cabeça resulta na aplicação repetida de altos estresses para o
ombro. A maioria dessas lesões pode ser classificada como microtraumática ou
resultante
de
um
mecanismo
de
uso
excessivo
(overuse)
(ANDREWS;
HARRELSON; WILK, 2000).
A região do ombro é predisposta também às lesões atléticas devido a enorme
mobilidade proporcionada pela articulação que é conseguida a expensas da
estabilidade glenoumeral inerentemente precária (ANDREWS; HARRELSON; WILK,
2000). Esta mobilidade e a menor estabilidade podem ser atribuídas à rasa fossa
glenóide, à grande e redonda cabeça umeral e à frouxidão capsular (CUNHA et al,
1992; Santos et al, 1995).
Lesões por uso excessivo do ombro representam má adaptação aos
estresses repetitivos de uma atividade, ou atividades. Esta má adaptação pode ser
estrutural, funcional ou ambas. Qualquer osso ou articulação da cintura escapular,
as unidades neuromusculotendinosas dinâmicas que atuam nessas articulações e
os estabilizadores fibrocartilaginosos estáticos das articulações podem estar
implicados (GARRICK; WEBB, 2001).
Segundo VOLPON e MUNIZ (1997), ANDREWS, HARRELSON e WILK
(2000) e GARRICK e WEBB (2001), os estabilizadores dinâmicos, manguito rotador
e cabeça longa do bíceps, agem como uma dupla de força, com músculos maiores
que se inserem mais distalmente no úmero (deltóide, peitoral maior e grande dorsal),
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2
para manter o eixo do movimento do ombro centrado na articulação glenoumeral. Os
músculos do manguito rotador são suscetíveis ao esforço excessivo e dores
musculares associadas às atividades repetitivas ou prolongadas com a mão sobre a
cabeça, já que esses músculos, particularmente o músculo supra-espinhoso,
ocupam espaço relativamente pequeno na região subacromial que, em algumas
pessoas, pode ser ainda mais exíguo em decorrência do formato do acrômio que,
quando muito inclinado, leva ao atrito exagerado dos tendões contra estruturas
rígidas, principalmente contra a borda anterior do acrômio, durante o movimento de
elevação do braço, proporcionando a oportunidade para a compressão ou impacto.
Este mecanismo de lesão deixa o ombro susceptível a uma patologia muito
comum nas atividades atléticas que usam a mão acima da cabeça, conhecida como
síndrome do impacto do ombro. Essa síndrome é perpetuada pelo efeito cumulativo
de muitas passagens do manguito rotador por debaixo do arco coracoacromial. Isso
resulta em irritação do tendão supra-espinhoso e, possivelmente, infra-espinhoso,
assim como em hipertrofia da bursa subacromial, que pode tornar-se fibrótica,
reduzindo assim ainda mais um espaço já comprometido. Além disso com o passar
do tempo e a progressão do desgaste e atrito, podem resultar microlacerações e
lacerações de espessura parcial ou total do manguito rotador (ANDREWS;
HARRELSON; WILK, 2000)
Considerando a alta incidência de comprometimento da articulação do ombro
nos atletas de voleibol, a presente pesquisa, tem por objetivo verificar a incidência
da síndrome do impacto do ombro em atletas de voleibol de Cascavel, bem como,
relacionar a incidência de lesões do ombro com o tempo da prática esportiva;
relacionar a biomecânica do gesto esportivo com a lesão no ombro e orientar os
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3
atletas a respeito da importância da adoção de cuidados preventivos e treinamento
adequado para a prática esportiva.
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4
2 ANATOMIA DO OMBRO
A região do ombro é formada por 20 músculos, 3 articulações ósseas e 3
articulações funcionais que permitem a maior mobilidade do nosso corpo em relação
às demais regiões ocorrendo aproximadamente 180o de flexão, abdução e rotação e
60o de hiperextensão. As partes ósseas que participam destes movimentos são:
esterno, costelas, clavícula, escápula e úmero (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997,
p. 259).
KAPANDJI (2000, p. 30) descreve as cinco articulações do ombro como o
complexo
articular
umerocoroacromial
do
ombro,
a
(supra-umeral
saber:
ou
glenoumeral
subdeltóidea),
(escápulo-umeral)
acromioclavicular,
esternoclavicular e escapulotorácica.
2.1 ARTICULAÇÕES DO OMBRO
2.1.1 ARTICULAÇÃO GLENOUMERAL
A articulação glenoumeral é uma articulação sinovial multiaxial bola-e-soquete
(esférica). Esta articulação possui três graus de liberdade. Tem três eixos principais,
ou seja, um eixo transversal no plano frontal, um ântero-posterior no plano sagital e
outro vertical na intersecção dos planos sagital e frontal (GREVE; AMATUZZI, 1999,
p. 160).
A posição de repouso da articulação glenoumeral é 55o de abdução e de 30o
de adução horizontal. A posição de aproximação máxima da articulação é abdução
completa e rotação lateral. Em posição relaxada, o úmero acomoda-se na parte
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5
superior da cavidade glenóide. A glenóide na posição de repouso tem uma
inclinação superior de 5 o e uma leve rotação interna de 7 o. O ângulo entre o colo e a
diáfise umerais é cerca de 130o e a cabeça umeral é retrovertida 30 a 40o em
relação à linha que une os epicôndilos (MAGEE, 2002).
Para GOULD III (1993, p. 479), HAMILL e KNUTZEN (1999, p. 150) é a
articulação que oferece a maior amplitude e potencial de movimento entre todas as
articulações do corpo, porém é a menos estável. Esta mobilidade e menor
estabilidade pode ser atribuída à rasa fossa glenóide, à grande e redonda cabeça
umeral, à frouxidão capsular e suporte ligamentar limitado.
2.1.1.1 Cabeça umeral
A cabeça umeral é comparada com um terço de esfera de 30 mm de raio,
orientando-se para cima, para dentro e atrás. Esta esfera não é regular devido a seu
diâmetro vertical ser 3 a 4 mm maior do que o seu diâmetro ântero-posterior. Está
separada do resto da epífise superior do úmero pelo colo anatômico. Contém duas
proeminências nas quais se inserem os músculos periarticulares, a tuberosidade
menor (anterior) e a tuberosidade maior (externa) (KAPANDJI, 2000, p. 32).
2.1.1.2 Cavidade glenóide
A articulação é formada por um pequeno soquete raso, a cavidade glenóide,
localizada no ângulo superior-externo do corpo da escápula, orientando para fora,
para frente e levemente para cima. É côncava vertical e transversalmente, mas a
sua concavidade é irregular e menos acentuada do que a convexidade da cabeça.
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Está rodeada pela margem glenóide, interrompida pela incisura glenóide na sua
parte ântero-posterior (KAPANDJI, 2000, p. 32).
A sua superfície é um quarto do tamanho da cabeça umeral para esta
encaixar-se. A cavidade articular é aprofundada por uma margem de fibrocartilagem,
o lábio glenóide, que recebe reforço suplementar dos ligamentos e tendões ao redor.
(Fig. 01). Ocupa a incisura glenóide e aumenta ligeiramente a superfície da glenóide
embora, principalmente, acentua a sua concavidade restabelecendo a congruência
das superfícies articulares (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 151, KAPANDJI, 2000).
FIGURA 1– ARTICULAÇÃO DO OMBRO
Acrômio
Lig. Coracoclavicular
Lig. trapezóide
Lig. Córaco-acromial
M. supra-espinhoso
Lig. Coracoclavicular,
Lig. Conóide
Lig. Córaco-umeral
Lig. Transverso
Superior da escápula
Tubérculo maior
Processo coracóide
Bainha Tendínea
Cápsula articular
Tendão M. Subscapular
Tendão do M. bíceps Cabeça longa
Cápsula
articular
Tubérculo infraglenoidal
FONTE: SOBOTTA, J. Sobotta: Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1995, v. 1.
2.1.1.3 Estabilizadores
Como há mínimo contato entre a cavidade glenóide e a cabeça do úmero, a
articulação do ombro depende de estruturas ligamentares e musculares para ter
estabilidade (HAMILL e KNUTZEN, 1999).
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Segundo GREVE e AMATUZZI (1999, p. 160) a estabilidade da articulação
glenoumeral é representada pelos chamados estabilizadores estáticos (forças de
adesão/coesão, pressão negativa, superfície articular, cápsula articular, lábio
glenóide,
ligamentos
coracoacromial,
glenoumeral
ligamento
superior,
médio
acromioclavicular,
e
ligamento
inferior,
ligamento
coracoumeral
e
proprioceptores) e estabilizadores dinâmicos (Fig. 02).
FIGURA 2 – MÚSCULOS DO OMBRO
M. Supra
espinhoso
Bolsa
Subacromial
M. Del
tóide
M. Subscapular
Cápsula
Articular
FONTE: SOBOTTA, J. Sobotta: Atlas de Anatomia Humana. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1995, v. 1.
2.1.1.3.1 Músculos do manguito rotador
Músculo supra-espinhoso
Origina-se na fossa supra-espinhal da escápula e se insere no tubérculo
maior do úmero, sendo inervado pelo nervo supra-escapular (C4 – C6) (RASCH,
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8
BURKE, 1977; DÂNGELO; FATTINI, 1995; SOBOTTA, 1995; LIPPERT, 1996;
HEBERT; XAVIER, 1998).
É um músculo peniforme, onde as fibras partem diretamente do osso e vão,
obliquamente, até o tendão de inserção que atravessa o centro do músculo. É o
motor principal da abdução, comunicando a fossa supra-espinhoso com a região
subdeltóidea e limitando-se posteriormente, pela espinha da escápula e do acrômio;
anteriormente,
pelo
processo
coracóide
e,
superiormente
pelo
ligamento
coracoacromial. Durante a abdução, ele age tracionando a cabeça do úmero
diretamente no interior da cavidade glenóide protegendo a articulação de uma
luxação, de uma forma que não pode ser realizada pela porção média do deltóide
em muitos pontos de sua amplitude de movimento. Mesmo quando o deltóide está
paralisado, o supra-espinhoso realiza a amplitude completa de abdução do braço.
Quando o braço está colocado junto ao corpo, a tração do supra-espinhoso é muito
superior ao do deltóide para se iniciar a abdução. Com o supra-espinhoso
paralisado, quando o indivíduo move o braço através de toda sua amplitude na
articulação do ombro, a força e a resistência durante a abdução estarão reduzidas.
Como o deltóide, o bíceps e o tríceps são inativos para impedir a luxação do úmero
quando trações violentas são exercidas sobre este osso, o supra-espinhoso e a
porção superior da cápsula da articulação do ombro agem impedindo essa luxação.
Este mecanismo torna-se ineficiente com a abdução do ombro (RASCH; BURKE,
1977, p. 196).
Com o aumento de volume do tendão do supra-espinhoso, devido a uma
cicatriz ou um processo inflamatório, há um bloqueio para ele deslizar pelo espaço
subacromial. Se o espessamento conseguir vencer esse bloqueio, o movimento de
abdução pode continuar com um ressalto. Nas perfurações da bainha rotadora, o
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tendão do supra-espinhoso degenerado e roto já não se interpõe entre a cabeça
umeral e o arco coracoacromial. O contato direto da cabeça umeral e do arco
coracoacromial durante a abdução é considerado como causa de algias da síndrome
do impacto do ombro de grau III (KAPANDJI, 2000, p. 68).
Músculo subescapular
Este músculo tem esse nome devido a sua posição na superfície costal da
escápula, junto à parede torácica (RASCH; BURKE, 1977, p. 202). Origina-se na
fossa subescapular da axila e se insere no tubérculo menor do úmero. Realiza
principalmente rotação interna, adução, sendo inervado pelo nervo subescapular (C5
–C8) (RASCH, BURKE, 1977; DÂNGELO; FATTINI, 1995; SOBOTTA, 1995;
LIPPERT, 1996; HEBERT; XAVIER, 1998).
Músculo infra-espinhoso
Origina-se na fossa infra-espinhal da escápula e se insere no tubérculo maior
do úmero. Realiza principalmente rotação externa, sendo inervado pelo nervo supraescapular
(C4
–C6) (RASCH, BURKE, 1977; DÂNGELO; FATTINI, 1995;
SOBOTTA,1995; LIPPERT, 1996; HEBERT; XAVIER,1998).
Músculo redondo menor
Origina-se na borda axilar da escápula e se insere no tubérculo maior do
úmero. Realiza principalmente rotação externa, sendo inervado pelo nervo axilar (C5
– C6) (RASCH, BURKE, 1977; DÂNGELO; FATTINI, 1995; SOBOTTA,1995;
LIPPERT, 1996; HEBERT; XAVIER,1998).
2.1.1.3.2 Outros músculos envolvidos no movimento do ombro
Músculo deltóide
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É um músculo multipenado triangular que localiza-se sobre o ombro, um de
seus ângulos dirige-se para baixo do braço e os outros dois circundam anterior e
posteriormente o ombro. Divide-se nas porções anterior, média e posterior, onde as
porções anterior e posterior são peniformes simples, enquanto que a média é
multipenada. (RASCH; BURKE, 1977, p. 193)
A porção anterior origina-se no terço lateral da clavícula e se insere na
tuberosidade deltóidea, sendo inervada pelo nervo axilar (C4 – C6). O músculo
deltóide anterior é motor primário da flexão e da adução horizontal e motor acessório
da rotação interna e da abdução A porção média origina-se no processo do acrômio
e se insere na tuberosidade deltóidea, sendo inervada pelo nervo axilar (C4 – C6). O
músculo deltóide médio é motor primário da abdução e da abdução horizontal. A
porção posterior origina-se na espinha da escápula e se insere na tuberosidade
deltóidea, sendo inervada pelo nervo axilar (C4 – C6). O músculo deltóide posterior é
motor primário da abdução horizontal e motor acessório da extensão e da rotação
externa (RASCH, BURKE, 1977; DÂNGELO; FATTINI, 1995; SOBOTTA, 1995;
LIPPERT, 1996).
Este músculo é ineficiente quando o braço encontra-se abduzido a menos de
60o exercendo sua maior atividade entre 90 e 180o. Quando o braço pende junto ao
corpo, a contração do deltóide traciona o úmero superiormente na direção de seu
maior eixo. Isto é compensado pela tração inferior dos rotadores subescapular, infraespinhoso e redondo menor. Contudo, todas as porções do músculo participam
ativamente em todos os movimentos do ombro, indicando que o músculo age contra
si. Em contrapartida, os potenciais de ação registrados na porção que origina um
determinado movimento são de grande amplitude e freqüência. Tem-se sugerido que
o objetivo desta contração global é o de estabilizar a articulação e manter a cabeça
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do úmero dentro da cavidade glenóide durante o movimento. Caso ocorra a perda
de uma ou mais das três porções do deltóide, isso interferirá em todos os
movimentos que envolvem a elevação do braço. Com o deltóide paralisado, o supraespinhoso e outros elevadores mesmo hipertrofiados agindo no seu lugar como um
abdutor, a força do movimento estará muito reduzida. (RASCH; BURKE, 1977, p.
196).
Músculo peitoral maior
É um grande músculo multipenado localizado inferiormente à pele sobre a
parte anterior do tórax. As fibras partem diretamente do osso e convergem para
unirem-se ao tendão de inserção. (RASCH; BURKE, 1977, p. 196-197)
O músculo peitoral maior na sua porção esternal origina-se no esterno,
cartilagem costal das seis primeiras costelas e se insere no lábio lateral do sulco
bicipital do úmero. Realiza extensão do ombro em, aproximadamente, 90 graus,
sendo inervado pelos nervos peitorais (C5 - T1). Na sua porção clavicular origina-se
no terço medial da clavícula e se insere no lábio lateral do sulco bicipital do úmero.
Realiza flexão do ombro em, aproximadamente, 90 graus, sendo inervado pelos
nervos peitorais (C5 - T1). Na sua porção clavicular e esternal estas duas porções
atuam, energicamente, na adução horizontal e são motoras acessórias na rotação
interna (RASCH; BURKE, 1977; DÂNGELO e FATTINI, 1995; SOBOTTA, 1995;
LIPPERT, 1996).
Músculo coracobraquial
Origina-se no processo coracóide da escápula e se insere na superfície
medial do úmero, sendo inervado pelo nervo musculocutâneo (C6 – C7) (RASCH;
BURKE, 1977; DÂNGELO; FATTINI, 1995; SOBOTTA, 1995; LIPPERT, 1996).
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É um músculo peniforme pela união de suas fibras com o tendão, já que suas
fibras partem de um tendão curto e se inserem diretamente no úmero. É motor
primário da adução horizontal da articulação do ombro e um acessório da flexão.
Pelo seu tamanho pequeno, não substitui efetivamente os motores primários na
flexão se estes estiverem paralisados. Ele estabiliza a articulação do ombro
impedindo o deslocamento do úmero inferiormente. Quando o braço se encontra
numa posição de rotação externa, o coracobraquial gira o braço medialmente até a
posição neutra, quando está numa posição de rotação interna, este músculo o gira
lateralmente até a posição neutra. (RASCH; BURKE, 1977, p. 200)
Músculo bíceps braquial
Origina-se na escápula, sua porção longa no tubérculo supraglenóide e sua
porção curta no processo coracóide, se insere na tuberosidade radial do rádio.
Realiza flexão, rotação interna; auxilia na fixação da cabeça umeral à glenóide,
sendo inervado pelo nervo musculocutâneo (C5 – C6) (RASCH, BURKE, 1977;
DÂNGELO; FATTINI, 1995; SOBOTTA, 1995; LIPPERT, 1996).
Quando o bíceps se contrai para levantar um objeto pesado, as suas duas
porções tentam manter a coaptação simultânea do ombro: a porção curta eleva o
úmero com relação à escápula apoiando-se sobre o processo coracóide; juntamente
com os músculos longitudinais (porção longa do tríceps, coracobraquial, deltóide),
impedindo a luxação da cabeça umeral inferiormente. Simultaneamente, a porção
longa coapta a cabeça umeral na glenóide; exatamente na abdução do ombro,
quando a porção longa do bíceps sofre ruptura, a força de abdução diminui 29%
(KAPANDJI, 2000, p. 38)
Durante a rotação externa e na posição intermediária, a tensão inicial da
porção longa do bíceps é máxima. Contrariamente, em rotação interna o trajeto intra-
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articular é o mais curto e a eficácia da porção longa é mínima. (KAPANDJI, 2000, p.
38)
Músculo grande dorsal
Origina-se no processo espinhoso de T7 até L5, superfície posterior do sacro,
crista ilíaca e três costelas inferiores e se insere no lábio medial do sulco bicipital do
úmero, sendo inervado pelo nervo toracodorsal (C6 – C8) (RASCH, BURKE, 1977;
DÂNGELO; FATTINI, 1995; SOBOTTA, 1995; LIPPERT, 1996).
Suas fibras convergem desde a origem, como o peitoral maior e, como este,
as fibras superiores se inserem inferiormente e vice-versa. O músculo se une às
vértebras inferiores e ao sacro através da fáscia toracolombar que também dá
inserções a vários outros músculos. É o motor primário da adução, extensão e
hiperextensão da articulação do ombro, auxiliando, também, na abdução horizontal e
na rotação interna. A perda do grande dorsal desloca o ombro anteriormente devido
à tração dos músculos peitorais maior e menor, além de debilitar notavelmente todos
os movimentos descendentes do braço. Na perda do grande dorsal e peitoral maior,
há uma tendência de o ombro ficar muito alto, devido à ação elevadora do trapézio e
do rombóide (RASCH; BURKE, 1977, p. 201).
Músculo redondo maior
Origina-se na borda axilar da escápula e se insere na crista abaixo do
tubérculo menor, próximo à fixação do músculo grande dorsal, sendo inervado pelo
nervo toracodorsal (C6 – C7) (RASCH, BURKE, 1977; DÂNGELO; FATTINI, 1995;
SOBOTTA, 1995; LIPPERT, 1996).
Suas fibras partem diretamente da escápula e se inserem no tendão como
uma disposição peniforme. Suas ações sobre o braço parecem ser as mesmas que
as do grande dorsal (RASCH; BURKE, 1977, p. 201-202).
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2.1.1.4
Mecanismo de estabilização
Anteriormente, a articulação é suportada pela cápsula, o lábio da glenóide, os
ligamentos glenoumerais, o ligamento coracoumeral e fibras do subescapular,
peitoral maior e as três bolsas sinoviais anteriores do ombro que se unem à cápsula
articular. Os ligamentos coracoumeral e o glenoumeral medial sustentam e suportam
o braço quando está relaxado e durante os movimentos de abdução, rotação externa
e extensão (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 151). Os ligamentos glenoumeral superior,
inferior e médio descritos como pregas horizontais da cápsula anterior com uma
aparência de leque, são considerados espessamentos da cápsula anterior. O quarto
ligamento capsular anterior é o ligamento coracoumeral, formado por dois fascículos,
que nasce do bordo lateral do processo coracóide da escápula e se insere na
tuberosidade maior do úmero por trás e tuberosidade menor do úmero pela frente,
que durante a extensão do ombro, há tensão predominante sobre o fascículo da
tuberosidade menor do úmero e durante a flexão do ombro, há tensão predominante
sobre o fascículo da tuberosidade maior do úmero. No final da flexão, a rotação
interna do úmero distende os ligamentos coracoumeral e glenoumeral, possibilitando
uma maior amplitude de movimento (GOULD III, 1993, p. 481; KAPANDJI, 2000, p.
42).
Durante a abdução, os ligamentos glenoumeral médio e inferior estão tensos,
enquanto o superior e o ligamento coracoumeral se distendem. A abdução é
considerada a posição de bloqueio do ombro conseqüente a tensão máxima dos
ligamentos, associada a maior superfície de contato possível das cartilagens
articulares durante este movimento. Outro fator limitante é o impacto da
tuberosidade maior do úmero contra a parte superior da glenóide, que durante a
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abdução a tuberosidade do úmero se encontra por baixo do arco coracoacromial, e
com a rotação externa se desloca para trás no fim da abdução, e distende
ligeiramente o ilgamento glenoumeral inferior de maneira que consegue retardar o
impacto (KAPANDJI, 2000, p. 40).
Posteriormente, a articulação é reforçada pela cápsula, lábio da glenóide e
fibras do redondo menor e infra-espinhoso que se unem à cápsula. Superiormente, a
articulação do ombro denomina-se área de compressão. O suporte na porção
superior da articulação do ombro é feito pela cápsula, lábio da glenóide, ligamento
coracoumeral, supra-espinhoso e cabeça longa do bíceps braquial. A bolsa
subacromial e o ligamento coracoacromial situam-se acima do músculo supraespinhoso formando um arco sob articulação acromioclavicular. O recesso mais
superior é a bursa subescapular, que normalmente se comunica com a articulação
glenoumeral. As bursas média ou glenoidal superior podem se tornar contíguas
como conseqüência de luxações recorrentes, mas normalmente são entidades
distintas (GOULD III,1993; HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 151).
Inferiormente, a cápsula e cabeça longa do tríceps braquial oferecem mínimo
reforço à articulação do ombro. A bolsa axilar localiza-se inferiormente e está
separada da bursa superior pelo tendão do subescapular (GOULD III, 1993, p. 480481; HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 151).
2.1.2 ARTICULAÇÃO UMEROCORACOACROMIAL
É delimitada superiormente pelo arco ligamentar corocoacromial formado pelo
processo do acrômio, ligamento coracoacromial e o processo coracóide. Este arco
forma um teto sobre a tuberosidade maior do úmero, os tendões do manguito
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rotador, porções do tendão bicipital e bursa subdeltóidea. A bursa subacromial
encontra-se acima da tuberosidade maior e tendão do supra-espinhoso, e abaixo do
músculo deltóide e processo acromial, inserindo sua base na tuberosidade maior, na
porção distal do tendão do manguito rotador, e no sulco bicipital; e sua superfície no
bordo inferior do acrômio e no ligamento coracoacromial. Pode-se pensar que a
articulação umerocoracoacromial fornece proteção contra trauma direto às estruturas
subacromiais (GOULD III, 1993, p. 481).
A importância clínica desta área é a propensão a compressão e lesão dos
tendões do manguito rotador (especialmente o supra-espinhoso), o tendão da
cabeça longa do bíceps, a cápsula, os ligamentos capsulares e as bolsas
subdeltóidea e subacromial (SMITH; WEISS; DON LEHMKUHL, 1997, p. 270-271).
2.1.3 ARTICULAÇÃO ACROMIOCLAVICULAR
MAGEE (2002, p. 186) descreve a articulação acromioclavicular como “uma
articulação sinovial plana que aumenta a amplitude de movimento no úmero.” HALL
(2000, p. 135) descreve “como uma articulação diartrodial irregular” que está
localizada entre a faceta lateral convexa da clavícula e a porção ântero-medial
côncava do processo acromial (GOULD III, 1993, p. 482).
A articulação tem três graus de liberdade. A cápsula fibrosa rodeia a
articulação e um disco articular pode ser encontrado no interior da articulação. Esta
articulação depende dos ligamentos acromioclavicular e coracoclavicular para sua
resistência
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2.1.4 ARTICULAÇÃO ESTERNOCLAVICULAR
Para GOULD III (1993, p. 482) e MAGEE (2002, p. 186) a articulação
esternoclavicular é uma articulação em forma de sela com três graus de liberdade.
Para HALL (2000, p. 135) é “uma articulação do tipo esferoidal modificada,
permitindo movimentos nos planos frontal e transversal e alguma rotação no plano
sagital.”
Para HALL (2000, p. 135) e MAGEE (2002, p. 186) esta articulação é formada
pela extremidade proximal da clavícula, o manúbrio esternal e a cartilagem da
primeira costela. Há um disco fibrocartilaginoso entre as duas superfícies articulares
ósseas, promovendo resistência à articulação por causa das fixações, impedindo
desse modo desvio medial da clavícula e do esterno. A cápsula anterior é mais
espessa que a posterior. Os movimentos possíveis nesta articulação e na articulação
acromioclavicular são elevação, depressão, protrusão, retração e rotação. A posição
de aproximação máxima da articulação esternoclavicular é a rotação completa ou
máxima da clavícula, que ocorre quando o braço está em elevação completa. A
posição de repouso é o mesmo da articulação acromioclavicular.
2.1.5 ARTICULAÇÃO ESCAPULOTORÁCICA
Como a escápula move-se tanto no plano sagital quanto no frontal em relação
ao tronco, a região entre a escápula anterior e a parede torácica posterior é
chamada de articulação escapulotorácica (HALL, 2000, p. 136).
Embora não seja uma articulação verdadeira, ela funciona como parte
integrante do complexo do ombro. Consiste no corpo da escápula e nos músculos
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que cobrem a parede torácica posterior. O bordo medial da escápula afasta-se 3º de
cima para baixo em relação aos processos espinhosos, e a escápula situa-se 20 a
30º anteriormente no plano sagital (MAGEE, 2002, p. 186).
Os músculos escapulares facilitam os movimentos da extremidade superior
posicionando apropriadamente a articulação glenoumeral. Durante um arremesso ou
saque, quando o úmero abduz horizontalmente e roda externamente durante a fase
preparatória, os rombóides se contraem movimentando o ombro posteriormente.
Quando o braço é projetado adiante, libera-se a tensão nos rombóides permitindo o
movimento anterior da articulação glenoumeral (HALL, 2000, p. 137).
Como não é uma articulação verdadeira, não tem uma posição de
aproximação máxima. A posição de repouso é a mesma que a da articulação
acromioclavicular (MAGEE, 2002, p. 186-187).
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3 FISIOLOGIA DA ARTICULAÇÃO DO OMBRO
“Um entendimento das demandas mecânicas-patológicas que ocorrem no
complexo do ombro pelo esporte é baseado na compreensão de considerações
biomecânicas e anatômicas específicas” (GOULD III, 1993, p. 479).
O ombro, é a mais móvel de todas as articulações do corpo humano. Possui
três graus de liberdade, o que permite orientar o membro superior em relação aos
três planos do espaço, graças a três eixos principais: eixo transverso, incluído no
plano frontal, permite movimentos de flexão-extensão realizados no plano sagital;
eixo ântero-posterior, incluído no plano sagital, permite os movimentos de abdução e
adução realizados no plano frontal; eixo vertical, determinado pela intersecção do
plano sagital e do plano frontal, corresponde à terceira dimensão do espaço; dirige
os movimentos de flexão e de extensão realizados no plano horizontal com o braço
em abdução de 90o e o eixo longitudinal do úmero que permite a rotação externa e
interna do membro superior. A posição de referência é definida quando o membro
superior fica junto ao corpo, verticalmente, de maneira que o eixo longitudinal do
úmero coincide com o eixo vertical. Na posição de abdução a 90o o eixo longitudinal
coincide com o eixo transversal. Na posição de flexão de 90o, coincide com o eixo
ântero-posterior (KAPANDJI, 2000, p. 12).
3.1 MOVIMENTOS DA ARTICULAÇÃO DO OMBRO
Por ser a articulação mais móvel do corpo humano, o ombro apresenta vários
movimentos que podem ser realizados isoladamente ou de forma conjugada.
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FLEXÃO, EXTENSÃO E HIPEREXTENSÃO
“Os movimentos de flexão, extensão e hiperextensão se realizam no plano
sagital, ao redor de um eixo frontal. A flexão é de aproximadamente 180 graus. A
extensão é o movimento inverso da flexão (LIPPERT, 1996).
Para SMITH, WEISS e LEHMKUHL (1997, p. 269) “quando o braço passa
atrás do corpo, o movimento é chamado hiperextensão. A amplitude de
hiperextensão é 40 a 60º”.
ADUÇÃO E ABDUÇÃO
A adução e abdução ocorrem no plano frontal em volta do eixo sagital com
180 graus de movimento possível (LIPPERT, 1996; KAPANDJI, 2000, p. 16).
De acordo com CALAIS -GERMAIN (1991, p. 107) e KAPANDJI (2000, p. 14),
a partir da posição anatômica (máxima adução), a adução no plano frontal é
mecanicamente impossível devido à presença do tronco. É possível se for associada
com uma extensão conseguindo uma adução muito leve ou uma flexão, nesse caso,
a adução alcança de 30 a 45º.
A abdução, movimento que afasta o membro superior do tronco, a partir dos
90o, aproxima o membro superior ao plano de simetria do corpo e a partir da posição
anatômica, passa por três fases: abdução de 0o a 60o, que se realiza na articulação
glenoumeral; abdução de 60o a 120o com a participação da articulação
escapulotorácica; abdução de 120o a 180o que utiliza, além das articulações
glenoumeral e escapulotorácica, a inclinação do lado oposto do tronco. A abdução
pura, descrita unicamente no plano frontal, não é um movimento comum. Pelo
contrário, a abdução associada com uma flexão determinada, isto é, a elevação do
braço no plano da escápula, formando um ângulo de 30o em sentido anterior com
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relação ao plano frontal, é o movimento mais utilizado, principalmente para levar a
mão até à cabeça (KAPANDJI, 2000, p. 16).
ROTAÇÃO
Segundo KAPANDJI (2000, p. 18), a rotação do braço sobre o seu eixo
longitudinal pode ser realizada em qualquer posição do ombro. Trata-se da rotação
voluntária das articulações com três eixos e três graus de liberdade. Em geral, esta
rotação se mede na posição anatômica do membro superior verticalmente ao longo
do corpo.
Para CALAIS -GERMAIN (1991, p. 107) e SMITH; WEISS; DON LEHMKUHL
(1997, p. 269) isola-se a rotação na articulação glenoumeral da supinação e
pronação do antebraço pela flexão do cotovelo a 90º. Com o braço ao lado do corpo,
a rotação externa (lateral) faz o epicôndilo medial do úmero mover-se anteriormente,
e a rotação interna (medial) faz o epicôndilo medial mover-se posteriormente. O grau
de rotação pode mudar com a elevação do braço, pois quando o braço está ao lado
pode ocorrer aproximadamente 180º de rotação total, que são reduzidos para cerca
de 90º em virtude da torção e retesamento dos ligamentos coracoumerais e
glenoumerais
quando
o
braço
está
completamente
elevado.
Na
posição
goniométrica padrão de 90º de abdução do ombro e 90º de flexão do cotovelo, a
amplitude normal de movimento para rotação externa é aproximadamente 90º e para
rotação interna aproximadamente 70º (SMITH; WEISS; DON LEHMKUHL, 1997, p.
269).
ADUÇÃO-ABDUÇÃO HORIZONTAL
Para SMITH, WEISS e DON LEHMKUHL (1997, p. 269) e KAPANDJI (2000,
p. 20) a adução e a abdução horizontais são os movimentos do membro superior no
plano horizontal ao redor do eixo vertical. Estes movimentos se realizam não só na
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articulação glenoumeral, mas também na escapulotorácica. Estes movimentos
ocorrem a partir de uma posição inicial de 90º de abdução. A adução horizontal é um
movimento anterior cruzando o corpo que associa a flexão e a adução de 140o de
amplitude, e a abdução horizontal é um movimento posterior a partir da posição
inicial que associa a extensão e a adução de menor amplitude, 30-40o.
CIRCUNDUÇÃO
Circundução é o termo usado para descrever o arco ou círculo de movimento
possível do ombro (LIPPERT, 1996).
A circundução combina os movimentos em torno de três eixos e percorre
diferentes setores do espaço determinados pelos planos sagital (flexão-extensão),
frontal (adução-abdução) e horizontal (adução horizontal ou abdução horizontal)
(KAPANDJI, 2000, p. 22).
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4 BIOMECÂNICA DO OMBRO
4.1 RITMO ESCAPULOUMERAL
Segundo GOULD III (1993, p. 483) “A importância da rotação escapular
superior
para
a
fossa
glenóide
torna-se
óbvia
para
investigar
o
ritmo
escapuloumeral.” CODMAN1, citado por GOULD III (1993), descreveu que durante a
abdução do úmero a 180o, a clavícula, a escápula e o úmero devem inteirar-se ao
longo de toda a amplitude de movimento e que para cada 15o de abdução, 10o de
abdução acontecem na articulação glenoumeral, e 5o de abdução acontecem como
conseqüência do movimento escapular lateral, anterior e superiormente.
Nos estágios iniciais de abdução ou flexão, os movimentos são primariamente
glenoumerais exceto pelos movimentos de estabilização da escápula, ou seja, nos
primeiros 30o de abdução ou nos primeiros 45o a 60o de flexão, a escápula move-se
em direção à coluna vertebral ou afasta-se dela, buscando uma posição para
estabilizar o tórax. Após alcançar a estabilização, a escápula move-se lateral,
anterior e superiormente e assim como a escápula também a clavícula fazem
movimentos de rotação para cima, protração ou abdução e elevação, enquanto o
braço move-se em flexão ou abdução (SODERBERG2, apud HAMILL; KNUTZEN,
1999).
Passando os 30o de abdução, ou 45 a 60o de flexão, a relação entre os
movimentos glenoumerais e os escapulares torna-se 5:4 de modo que ocorrem 5o de
1
2
Codman, E. A. The shoulder. Boston, 1934.
Soderberg, G.L. Kinesiology: Application to Pathological Motion. Baltimore, 1986.
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movimento umeral para cada 4o de movimento escapular no tórax (POPPEN3, apud
HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 153).
De acordo com GOULD III (1993, p. 483), o úmero pode abduzir sobre a
escápula até 90o de abdução, pois neste ponto a tuberosidade maior fica bloqueada
pelo acrômio. Com rotação externa antes dos 90o de abdução da glenoumeral, a
tuberosidade maior não entra em choque com o acrômio. Dessa forma ocorre uma
abdução adicional de 30o na glenoumeral. A rotação interna do braço, limita a
abdução a 60º, já que o tubérculo maior é mantido sob o arco. Dessa forma, quando
o úmero está em 180o de elevação, 120o graus ocorrem na articulação glenoumeral
e 60o de abdução é o resultado da elevação escapular (EINHORN4, apud HAMILL;
KNUTZEN, 1999)
4.2 AÇÕES MUSCULARES
A ação combinada dos músculos deltóide e do manguito rotador resulta em
elevação do úmero. O músculo deltóide dobra-se na sua origem tracionando o
úmero superiormente sobre o lábio glenóide a 0 graus de abdução. Com o progredir
da abdução, a tração do deltóide força o úmero mais diretamente para dentro da
cavidade glenóide e no final da abdução, o deltóide exerce uma força diretamente
anterior, rodando a cabeça do úmero inferiormente para fora da cavidade glenóide.
Para a mecânica normal, é necessário que esta força seja anulada pelos
músculos do manguito rotador que agem para fixar o úmero dentro da cavidade
glenóide. (GOULD III, 1993, p. 482)
3
Poppen, N. K. Normal and abnormal motion of the shoulder. The Journal of Bone and Joint Surgery.
V. 58-A, p. 195-200, 1976.
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O deltóide gera cerca de metade da força muscular para elevação do braço
em abdução ou flexão. A contribuição do deltóide aumenta na medida em que a
abdução aumenta, e o músculo fica mais ativo entre 90 a 180o. Contudo, o deltóide
parece ser mais resistente à fadiga na amplitude de movimento entre 45 a 90o de
abdução, tornando essa amplitude de movimento mais popular para exercícios de
elevação do braço (NORDIN 5, apud HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 153)
Na elevação do braço, os músculos da bainha rotadora (redondo menor,
subescapular, infra-espinhoso e supra-espinhoso) também desempenham um papel
importante já que o deltóide não pode abduzir ou fletir o braço sem a estabilização
da cabeça umeral. Durante o início da flexão ou abdução do braço, o redondo menor
trabalha com o deltóide para deprimir a cabeça do úmero e estabilizá-la de modo
que o braço possa ser levantado pelo deltóide. A força muscular do redondo menor
é igual e oposta a do deltóide, formando um par de forças. O subescapular e o infraespinhoso se unem um pouco mais tarde na flexão ou abdução para assistir com a
estabilização da cabeça do úmero. O grande dorsal também se contrai
excentricamente para assistir com a estabilização da cabeça e aumentar a atividade
na medida em que o ângulo aumenta (KRONBERG6, apud HAMILL; KNUTZEN,
1999, p. 153).
A bainha rotadora também é capaz de gerar movimento de flexão ou abdução
do braço, com cerca de 50% da força normalmente gerada nesses movimentos. A
abdução ativa completa também pode ser obtida, mesmo na presença da paralisia
do músculo supra-espinhoso. Neste caso, a abdução pode ser iniciada com 80% da
4
Einhorn, A. R. Shoulder rehabilitation: Equipment modifications. The Journal of Orthopaedic and
Sports Physical Therapy. n. 6, p. 247-253, 1985.
5
Nordin, M. Basic Biomechanics of the musculoskeletal System. Philadelphia, 1989.
6
Kronberg, M. Muscle activity and coordination in the normal shoulder. Clinical Orthopaedics and
Related Research. v. 257, p. 76-85, 1990.
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26
força normal. Entretanto, esta força é rapidamente perdida à medida que aumenta a
abdução, e em aproximadamente 90o de movimento combinado da escápula e
úmero, o braço pode apenas resistir à força da gravidade. A abdução na ausência
do músculo supra-espinhoso é possível, mas o deltóide necessita dos três músculos
restantes do manguito para ajudar a estabilizar a cabeça do úmero na cavidade
glenóide (GOULD III, 1993, p. 482, HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 153).
Acima de 90o de flexão ou abdução, a força da bainha rotadora diminui,
deixando a articulação do ombro mais vulnerável à lesão. Contudo, o supraespinhoso continua agindo acima dos 90o de flexão ou abdução. Na amplitude de
movimento superior, o deltóide começa a tracionar a cabeça do úmero para baixo e
para fora da cavidade articular, criando uma força de subluxação. Para mover-se
entre 90 e 180o de flexão ou abdução, é preciso rotação externa na articulação. Se o
úmero gira externamente 20o ou mais, o bíceps braquial pode também abduzir o
braço. Quando o braço é abduzido ou fletido, a cintura escapular precisa protrair-se
ou abduzir-se, elevar-se e girar para cima com rotação clavicular posteriormente
para manter a cavidade glenóide na posição ideal. O serrátil anterior e o trapézio
trabalham como uma dupla de força para criar os movimentos laterais, superiores e
de rotação da escápula (HALBACH7, apud HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 154).
As fibras inferiores do trapézio rodam inferiormente a espinha escapular e as
fibras médias mantêm o alinhamento contralateral. Entretanto, quando não auxiliado,
o trapézio não está apropriadamente alinhado para evitar que o peso do braço
provoque uma inclinação posterior do ângulo inferior da escápula, que resultaria em
uma escápula alada. Conseqüentemente, em flexão, o músculo serrátil anterior evita
esta instabilidade da escápula. O serrátil anterior também age como força associada,
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em conjunto com o músculo trapézio, durante a rotação superior da fossa glenóide,
ação que é necessária para a abdução completa (GOULD III, 1993, p. 483).
À medida que o braço é aduzido ou estendido, a cintura escapular se retrai,
deprime e roda para baixo com rotação da clavícula para frente. O rombóide gira a
escápula inferiormente e juntamente com o redondo maior e o grande dorsal agem
como uma dupla de força para controlar os movimentos de braço e escápula durante
o abaixamento (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 155).
A rotação interna e externa são outros dois movimentos do braço muito
importantes para muitas habilidades esportivas e para o movimento eficiente do
braço acima de 90o. A rotação externa é um componente importante da fase de
levantamento ou de posicionamento da mão, e a rotação interna é importante na
aplicação de força e fase de aceleração em uma ação de lançamento (HAMILL;
KNUTZEN, 1999, p. 155).
A rotação externa é necessária quando o braço está acima de 90o, sendo
produzida pelo infra-espinhoso e redondo menor. Como o infra-espinhoso é também
um músculo importante na estabilização da cabeça do úmero, ele fadiga-se
rapidamente em atividades acima da cabeça. A rotação interna é produzida
primariamente pelo subescapular, grande dorsal, redondo maior e porções do
peitoral maior. Os músculos que contribuem para o movimento articular de rotação
interna são capazes de gerar uma grande quantidade de força; contudo, esta nunca
é usada em demasia (SODERBERG 8, apud HAMILL; KNUTZEN, 1999).
A rotação produzida com o braço em posição neutra pode requerer mínima
assistência da cintura escapular. É também nessa posição que se consegue obter
7
Halbach, J. W. The shoulder. In Orthopaedic and Sports Physical Therapy. St Louis, C. V. Mosby p.
497-517, 1985.
8
Soderberg, G.L. Kinesiology: Application to Pathological Motion. Baltimore, 1986.
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amplitude de movimento completa por 180o, porque, à medida que o braço é
levantado, os músculos usados para girar o úmero também vão sendo usados para
estabilizar a cabeça do úmero, e esta fica restrita à rotação na amplitude e
movimento superior. A rotação interna é muito difícil em posições com o braço
elevado já que o acrômio fica muito comprimido contra o tubérculo maior (PEAT9,
apud HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 155)
Duas ações articulares finais que são combinações das posições elevadas do
braço são a flexão horizontal ou adução, e a extensão horizontal ou abdução. Os
músculos que contribuem mais significativamente para o movimento articular de
adução horizontal são o peitoral maior e a cabeça anterior do deltóide. Esse
movimento é importante em movimentos de potência de habilidades do membro
superior. O movimento de abdução horizontal no qual o braço é trazido de volta na
posição elevada é produzido primariamente pelo infra-espinhoso, redondo menor e
deltóide posterior. Esse movimento é comum em ações de levantamento em
habilidades de membros superiores. (NORDIN10, apud HAMILL; KNUTZEN, 1999, p.
156)
9
Peat, M. Eletromyografic analysis of soft tissue lesions affecting shoulder function. American Journal
of Physical of Phiysical Medicine. v. 56, p. 223-240, 1977.
10
Nordin, M. Basic Biomechanics of the musculoskeletal System. Philadelphia, 1989.
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29
5 FORÇA DOS MÚSCULOS DO OMBRO
Os músculos do ombro podem gerar a maior produção de força, em ordem
decrescente, nos movimentos de adução, extensão, flexão e abdução. Assim, as
ações articulares do ombro são capazes de gerar mais resposta na fase de
abaixamento usando os adutores e extensores em comparação com a fase de
levantamento, quando os flexores e abdutores são usados (HAMILL; KNUTZEN,
1999, p. 156).
As ações articulares mais fracas no ombro são os movimentos articulares de
rotação, sendo a rotação externa a mais fraca delas. A maior rotação interna pode
ser obtida com o braço na posição neutra, enquanto a maior força de rotação
externa pode ser obtida com o ombro em uma posição de 90o de flexão. Contudo,
com o braço elevado até 45o, a produção de força da rotação interna assim como
externa é maior em 45o de abdução que em 45o de flexão. O movimento articular de
rotação externa é importante nos 90o superiores de elevação dos braços, provendo
estabilidade à articulação, ao contrário, o movimento articular de rotação interna cria
instabilidade na articulação durante este movimento, na medida em que comprime
os tecidos moles articulares (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 156).
A bainha rotadora como um todo, capaz de gerar uma força 9,6 vezes o peso
do ombro, gera o máximo de força com 60o de abdução. Como o peso de cada
braço é aproximadamente 7% do peso corporal, a bainha rotadora gera uma força
na articulação do ombro de aproximadamente 70% do peso corporal. Com 90o de
abdução, o deltóide gera uma força que é em média oito a nove vezes o peso do
membro, criando uma força na articulação do ombro que varia de 40 a 50% do peso
corporal. De fato, as forças na articulação do ombro com 90o de abdução parecem
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estar próximas dos 90% do peso corporal. Essas forças podem ser reduzidas pela
metade se o antebraço for fletido 90o no cotovelo. (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p.
156)
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6 CONDICIONAMENTO
Os músculos do ombro são fáceis de alongar e de fortalecer devido à
mobilidade na articulação. Por agirem na articulação do ombro e cintura escapular
combinados, fazem com que seja difícil isolar um músculo específico em um
exercício. Um grupo muscular importante que deve ser enfatizado em uma rotina de
alongamento ou fortalecimento do complexo do ombro é a bainha rotadora, já que
esses músculos estabilizam a articulação do ombro e realizam uma ampla variedade
de movimentos do ombro (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 157).
Alguns exercícios de resistência podem causar irritação na articulação do
ombro e devem ser evitados por indivíduos com lesões específicas nessa área.
Qualquer levantamento de peso lateralmente usando o deltóide pode provocar
compressão na área coracoacromial, comprimindo ainda mais se o ombro estiver
girado internamente. O levantamento lateral deve ser feito com o braço girado
externamente para aqueles que querem evitar compressão ou que têm lesões nessa
área. Exercícios como supino na musculação e flexão de braços no solo devem ser
evitados por indivíduos com instabilidade na porção posterior da articulação do
ombro causada por adução e rotação interna (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 157).
Do mesmo modo, o estresse na porção anterior da cápsula é produzido por
exercícios que usam posições extremamente fletidas e abduzidas com rotação
externa. A posição de rotação externa produz distensão na porção anterior do
ombro. Outros exercícios a serem evitados por indivíduos com problemas na cápsula
anterior são puxadas com a resistência atrás da nuca, movimentos de
flexão/extensão horizontal e remada. Os riscos nesses três exercícios podem ser
minimizados se não ocorrer rotação externa ou mesmo se for mantido alguma
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rotação interna na articulação durante essas ações (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p.
157).
Finalmente, se um indivíduo está experimentando problemas com a
musculatura da bainha rotadora, o levantamento de peso excessivo no movimento
de abdução deverá ser minimizado ou evitado. Isso é pelo fato de os músculos da
bainha rotadora precisarem gerar a maior quantidade de força durante essa ação de
abdução para suportar a articulação do ombro e complementar a atividade do
deltóide. O levantamento de peso acima da cabeça deve ser evitado para reduzir a
distensão nos músculos da bainha rotadora (HAMILL; KNUTZEN, 1999, p. 157).
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7 CONTRIBUIÇÃO DA MUSCULATURA DO OMBRO PARA
HABILIDADES ESPORTIVAS OU MOVIMENTOS
Segundo HAMILL e KNUTZEN (1999, p. 157) para entender completamente a
contribuição de um músculo ou grupo muscular para uma atividade, essa precisa ser
avaliada e estudada. Desse modo se consegue uma compreensão do aspecto
funcional do movimento, idéias para treinamento e condicionamento da musculatura
apropriada, e uma melhor compreensão dos locais e mecanismos de lesão. Uma
atividade para avaliar em termos de musculatura do ombro é o lançamento, um
padrão acima da cabeça comum para muitos esportes diferentes como o voleibol. O
lançamento distende consideravelmente a articulação do ombro e requer bastante
ação muscular do membro superior para controlar e contribuir para o movimento.
7.1 MECÂNICA E PATOMECÂNICA DOS ARREMESSOS
Segundo GARRICK (2001), a mecânica e os correlatos clínicos dos
lançamentos no beisebol são bastante similares para saques e lances por cima da
cabeça, no tênis; saques e cortadas, no voleibol. A articulação glenoumeral do
ombro é, funcionalmente, apenas uma conexão biomecânica entre o esqueleto axial
e a mão. Na verdade, o movimento do ombro, nada mais é que, um complexo de
movimentos
esternoclaviculares,
acromioclaviculares,
escapulotorácicos
e
glenoumerais.
A “síndrome do ombro do arremessador” representa má adaptação aos
estresses repetitivos de lançar. Embora os sintomas com que o paciente se
apresenta sejam freqüentemente atribuíveis ao rompimento ou à tendinite do
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manguito rotador, há uma característica de insuficiência ou disfunção do manguito
rotador, mudanças no ligamento glenoumeral, cápsula e bordo que parece predispor
à falha no manguito rotador. Esta má adaptação característica pode ocorrer mesmo
com a mecânica “ideal” de lançamentos. Contudo, certos desvios do “ideal” parecem
aumentar o risco de lesão por uso excessivo. No arremesso, assim como no saque
ou cortada, a tarefa biomecânica fundamental é acelerar a bola. Isso se consegue
acelerando primeiro a massa do corpo e, então, transferindo ímpeto ao membro
superior elevado, acelerando a mão e a bola (GARRICK, 2001).
ANDREWS, HARRELSON e WILK (2000) descrevem cinco fases para o
lançamento: rotação, levantamento, aceleração, desaceleração e execução.
A fase de rotação é uma manobra lenta que prepara o levantador para uma
postura correta, enquanto o corpo é colocado na fase de levantamento (WALSH,
1989). Esta manobra é exclusiva do beisebol.
A fase do levantamento é dividida em fases de levantamento precoce e tardia.
Durante a fase de levantamento, a mão direita é movimentada o máximo possível
para trás do corpo. Isso se consegue com 90o de abdução do braço, rotação externa
do braço e abdução horizontal em cerca de 30º (Fig. 3). Na parte inicial da fase de
levantamento, o deltóide e o supra-espinhoso ficam ativos na produção da abdução
do braço. Durante a parte final do levantamento, a atividade do deltóide diminui, à
medida que a musculatura do manguito rotador torna-se mais dominante quando o
ombro está abduzido quase em rotação externa máxima. Devido aos extresses
exercidos sobre a cápsula anterior do ombro, essa cápsula poderá ser distendida
com os lançamentos contínuos levando ao deslocamento da cabeça do úmero
durante o levantamento tardio, manifestando-se clinicamente como colisão posterior
( PERRY; GLOUSMAN, 1990).
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FIGURA 3 – FASE
LEVANTAMENTO
DE
FONTE:http://www2.uol.com.
br/revistadovolei/imagens.shtm
A segunda fase do lançamento é denominada fase de aceleração e é uma
ação explosiva caracterizada pelo início da extensão do cotovelo, rotação interna de
braço com manutenção de 90o de abdução e alguma adução horizontal à medida
que o braço é trazido para frente (Fig. 4). Os músculos mais ativos na fase de
aceleração são aqueles que iniciaram sua atividade tardiamente na fase de
levantamento, incluindo: subescapular, grande dorsal, redondo maior e peitoral
maior, gerando os movimentos de adução horizontal e rotação interna; o serrátil
anterior, que traciona a escápula para frente em protração ou abdução; e o tríceps
braquial, que inicia e controla a extensão do antebraço. Locais de irritação e
distensão nessa fase de lançamento são encontrados nos pontos de inserção
muscular e na área subacromial. Essa área fica sujeita à compressão durante os
movimentos de abdução e rotação interna nessa fase (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
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FIGURA 4 – FASE DE
ACELERAÇÃO
FONTE:http://www2.uol.com.br/
revistadovolei/imagens.shtm
A fase de desaceleração, ocorre quando o braço passa pelo corpo. Essa fase
começa após a liberação da bola e, nas fases iniciais, após a rotação interna
máxima ter sido alcançada na articulação, há uma ação muscular muita rápida que
resulta em rotação externa e adução horizontal do braço (Fig. 5). Em seguida, nos
estágios finais da desaceleração, ocorre rotação do tronco, e a repetição dos
movimentos de ombro e escápula vistos na fase do levantamento. Isso inclui um
aumento na atividade do deltóide na medida em que tenta diminuir o movimento do
braço aduzido horizontalmente, do grande dorsal na medida em que cria ainda mais
rotação interna, do trapézio, que reduz a velocidade da escápula, e do supraespinhoso, para manter a abdução do braço e continuar a produzir rotação interna.
Nessa fase do lançamento, a cápsula posterior e músculos correspondentes correm
risco de lesão já que são rapidamente alongados (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
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FIGURA 5 – FASE DE DESACELERAÇÃO
FONTE:http://www2.uol.com.br/
revistadovolei/imagens.shtm
Durante a fase de execução o corpo movimenta-se para diante com o braço,
reduzindo efetivamente as forças de afastamento aplicadas ao ombro (Fig. 6). Isso
resulta em aumento da tensão sobre os músculos do manguito rotador
(ANDREWS;HARRELSON; WILK, 2000).
FIGURA 6 – FASE DE EXECUÇÃO
FONTE:http://www2.uol.com.
br/revistadovolei/imagens.shtm
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8 POTENCIAL DE LESÃO NO COMPLEXO DO OMBRO
O complexo do ombro é sujeito a uma variedade de lesões que podem ser
provocadas por algum trauma, geralmente na forma de contato com um objeto
externo tal como o solo ou outro indivíduo, ou pelas ações articulares repetitivas,
criando locais de inflamação dentro e ao redor das articulações ou inserções
musculares (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
8.1 LESÕES POR USO EXCESSIVO
Lesões por uso excessivo do ombro representam má adaptação aos
estresses repetitivos de uma atividade ou atividades. Está má adaptação pode ser
estrutural, funcional ou ambas. Qualquer osso ou articulação da cintura escapular,
as unidades neuromusculotendinosas dinâmicas que atuam nessas articulações e
os estabilizadores fibrocartilaginosos estáticos das articulações podem estar
implicados (GARRICK, 2001)
A típica lesão por uso excessivo do ombro, portanto, é uma composição de
várias coisas que não estão funcionando bem, inclusive uma ou mais lesões
estruturais, disfunções musculares e falhas em mecanismos compensatórios, cada
um dos quais complica o outro. Como acontece em geral nas lesões por uso
excessivo, o sucesso do tratamento e a prevenção de recorrências dependem tanto
de se determinar a causa do problema, quanto de se estabelecer um diagnóstico
preciso (GARRICK, 2001)
As duas causas mais comuns são: fisiológica – aumento abrupto na demanda
física do ombro que seria considerado um “erro de treinamento”; e anatômica –
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resíduos de uma lesão aguda anterior, que não tenha sido adequadamente tratada
ou que tenha sido reabilitada de forma incompleta. Conseqüentemente, pergunta-se
ao atleta sobre mudanças de tipo, freqüência, duração e intensidade do exercício,
assim como sobre quaisquer outras circunstâncias que pudessem ser alteradas
antes do início dos sintomas. Também se pergunta ao atleta sobre qualquer lesão
anterior e o seu mecanismo. Dor pelo uso da mão acima da cabeça, por exemplo,
sacando ou com jogadas altas no voleibol, é uma dor característica do que
chamamos de síndrome do uso excessivo do ombro (GARRICK; WEBB, 2001).
8.1.1 ETIOLOGIA
Lesões por uso excessivo são quase sempre conseqüência de mudança.
Essas mudanças podem ocorrer em qualquer uma de três áreas gerais: o atleta, o
ambiente ou as atividades. A identificação requer paciência, precisão no registro do
histórico e compreensão razoavelmente completa das exigências específicas de
cada atividade esportiva (GARRICK; WEBB, 2001).
A causa mais comum das lesões por uso excessivo surgidas de mudanças no
atleta é a participação atlética contínua, a despeito de sintomas associados a uma
outra lesão. Um exemplo é o sacador ou o cortador do voleibol que continua a sacar
ou cortar mesmo quando tem sintomas de tendinite do supra-espinhoso. Como o
saque ou a cortada normais é doloroso, o movimento é alterado e o ombro é
utilizado de maneira ligeiramente diferente. O sacador ou cortador pode, então,
procurar ajuda para as dores no ombro. O sucesso na administração do problema do
ombro será de curta duração, pois uma vez possível voltar ao método anterior
(habitual) de sacar ou cortar, os sintomas do ombro voltarão e o ciclo se repetirá. A
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40
contínua
participação
com
uma
lesão
preexistente
também
ocorre
como
conseqüência de reabilitação inadequada. Nesse caso, o atleta reconheceu a
existência da lesão original e passou por tratamento, embora insuficiente. É muito
freqüente o atleta receber alta prematura e permissão para retornar às atividades
atléticas porque o médico não está familiarizado com as exigências do esporte.
Alterações sutis no funcionamento dos músculos podem causar estresses novos e
inapropriados, resultando em nova lesão (GARRICK; WEBB, 2001).
8.1.2 FISIOPATOLOGIA
É importante ter uma boa compreensão da fisiopatologia das lesões por uso
excessivo para saber como aconteceu a lesão e tentar evitar nova ocorrência. A
prevenção da recorrência é o aspecto mais importante da administração de lesões
por uso excessivo. A maior parte das lesões por uso excessivo compromete
unidades musculotendinosas deixando o músculo lesionado contraído e dolorido
(GARRICK, 2001).
A fadiga muscular pode ocorrer devido a uma falta relativa de força ou
resistência. Uma vez fatigado, o músculo se retesa e, se a atividade for continuada,
provavelmente chegará a sofrer danos estruturais, talvez na forma de hemorragia
ou,
simplesmente,
de
edema
localizado.
Uma
vez
lesionada,
a
unidade
musculotendinosa deixa de atender às exigências que lhe são feitas. Após a lesão, o
músculo parece reagir com espasmos e encurtando-se. Incapaz de funcionar
normalmente, o músculo se torna fraco. Da próxima vez que for chamado para agir,
suas capacidades estarão diminuídas e a recorrência da lesão acontecerá com
facilidade muito maior. O ciclo excesso de uso, retesamento, dor, falta de uso,
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fraqueza, mais uso em excesso repete-se até que seja interrompido por intervenção
ativa. (GARRICK; WEBB, 2001)
8.1.3 AVALIAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
De acordo com GOULD III (1993), GARRICK e WEBB (2001) é necessário
uma avaliação cuidadosa para determinar o diagnóstico e adaptar as necessidades
do trabalho do fisioterapeuta às lesões ortopédicas e desportivas. O exame
proporciona informações críticas para estabelecer diagnóstico acurado, determinar a
causa do problema e avaliar a importância clínica do problema anatômico
diagnosticado no atleta individual. O exame físico e o diagnóstico por imagens são,
em essência, para confirmar ou não as hipóteses geradas com base no histórico. Ao
contrário das lesões agudas, as quais o médico diagnostica e trata, as lesões por
uso excessivo exigem diagnóstico e tratamento da causa.
8.1.4 SINTOMAS
O maior sintoma nas lesões por uso excessivo é a dor. É particularmente
importante estabelecer qual o estímulo e a localização da dor, permitindo ao médico
se concentrar no comprometimento de estruturas anatômicas específicas. Dor que
aumenta de intensidade geralmente indica lesão em alguma região da unidade
musculotendinosa que se contrai em resposta a atividades além de sua capacidade.
Dor súbita e aguda pode sugerir lesão por impacto (GARRICK; WEBB, 2001).
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8.1.5 EXAME FÍSICO
O propósito primário do exame físico é definir precisamente que estruturas
anatômicas
estão
envolvidas
na
lesão
por
uso
excessivo.
Com
lesões
musculotendinosas, a maneira mais fácil de localizar a área de dor máxima e o ponto
de máxima sensibilidade é pedir que o atleta repita a posição que produz maior
desconforto a apontar a região que dói. Geralmente, esta é uma posição que alonga
o músculo comprometido, o que pode ajudar a elaborar um programa terapêutico de
alongamento. Inchaço, aumento da temperatura local e vermelhidão só se
encontram nos casos de tendinite em que os tendões atingidos são imediatamente
subcutâneos (GARRICK; WEBB, 2001).
8.1.6 TRATAMENTO
A primeira providência a ser tomada na administração imediata das lesões por
uso excessivo é o alívio dos sintomas. Isso se consegue com repouso relativo (ou
seja, repouso do membro lesionado e não necessariamente do corpo todo) e uso da
modalidade como aplicação de gelo, ultra-sonografias, estímulos galvânicos de alta
intensidade e medicamentos antiinflamatórios não esteróides. Virtualmente, todas as
lesões por uso excessivo podem ser tratadas com repouso, seguido de retorno
gradativo, sem dores, às atividades atléticas. A retomada das atividades somente
será possível se a força normal (e a flexibilidade, se apropriado) for primeiro
reconquistada. A elaboração do programa de reabilitação, portanto, requer a
identificação precisa da estrutura lesionada (GARRICK; WEBB, 2001).
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9 SÍNDROME DE IMPACTO DO OMBRO
A
síndrome
de
compressão
ou
impacto
do
ombro
(impingement)
primeiramente descrita por Charles Neer em 1972, caracteriza-se por um espectro
contínuo, iniciando-se com um processo inflamatório, progredindo para fibrose, e
terminando com a ruptura do manguito rotador. Há um consentimento geral que a
doença ou a deficiência orgânica do manguito rotador é uma quantidade contínua de
tensão que conduz finalmente à falha do manguito rotador em realizar seu papel
fisiológico. O impacto foi definido por alguns pesquisadores como uma invasão do
acrômio, do ligamento coracoacromial, do processo coracóide ou da articulação
acromioclavicular no mecanismo subjacente do manguito rotador, conforme
movimento da articulação glenoumeral. As estruturas comprometidas durante o
impacto mecânico compreendem o tendão supra-espinhoso, o tendão da cabeça
longa do bíceps, a bursa subacromial e, menos freqüentemente, o tendão do infraespinhoso (CANAVAN, 2001, PALMA; JOHNSON, 2003).
Para HEBERT e XAVIER (1998), ANDREWS, HARRELSON e WILK (2000),
WEINSTEIN e BUCKWALTER (2000), MICHENER, MCCLURE e KARDUNA (2003)
a síndrome de compressão é perpetuada pelo efeito cumulativo de muitas
passagens do manguito rotador por debaixo do arco coracoacromial. Isso resulta em
irritação do tendão supra-espinhal e, possivelmente, infra-espinhal assim como em
hipertrofia da bursa subacromial, que pode tornar-se fibrótica, reduzindo assim ainda
mais um espaço já comprometido. É, portanto, o atrito constante dessas partes
moles contra o arco coracoacromial que determina a degeneração. Além disso, com
o passar do tempo e a progressão do desgaste e atrito, podem resultar
microlacerações e lacerações de espessura parcial do manguito rotador com início
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na inserção do tendão do supra-espinhoso na tuberosidade maior. À medida que as
lacerações aumentam, estendem-se posteriormente até envolver o infra-espinhoso e
redondo menor, ou anteriormente até envolver o subescapular. Dessa forma,
propagando as lacerações de espessura total do manguito rotador.
Segundo KISNER e COLBY (1998), WEINSTEIN e BUCKWALTER (2000),
diversos pesquisadores referiram-se a essa região da inserção do supra-espinhal na
tuberosidade maior como área crítica, porque na maioria das vezes as lacerações do
manguito rotador começam nessa região.
GOULD III (1993), HAMILL e KNUTZEN (1999) descreveram que o tendão da
cabeça do bíceps braquial também pode ficar irritado quando o braço é
forçosamente abduzido e rodado tornando-se inflamado e edemaciado, deixando o
espaço subacromial cada vez mais restrito.
9.1 ETIOLOGIA
De acordo com MAXEY e MAGNUSSON (2002), ANDREWS; HARRELSON;
WILK, 2000), a etiologia da síndrome de compressão é, em geral, multifocal e o
tendão do supra-espinhoso é a estrutura com maior chance de ser acometida. Vários
fatores foram considerados provavelmente causadores da síndrome de compressão.
Esses fatores foram igualmente categorizados, descritos como extrínsecos ou
intrínsecos, primários ou secundários ou, talvez mais adequadamente, estruturais ou
funcionais.
As causas extrínsecas ocorrem a partir de uma estrutura externa provocando
o impacto mecânico por repetição nos tendões do manguito rotador. Podem ser
primárias, como as relacionadas com as alterações na superfície do acrômio e com
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as variações na forma do acrômio; ou secundárias como as resultantes da
instabilidade glenoumeral e da instabilidade escapulotorácica. O impacto primário é
uma obstrução mecânica dos tendões do manguito rotador sob o arco
coracoacromial; o secundário é uma diminuição relativa do espaço subacromial em
virtude de outra patologia ou distúrbio. As causas intrínsecas são comumente de
natureza degenerativa, em geral relacionadas com as alterações inflamatórias dentro
do manguito rotador causadas por estresse excessivo do impacto dos tendões e
pela diminuição do suprimento sangüíneo (ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000)
Além dessas, outras classificações de mecanismos da síndrome de impacto
no ombro diferenciam os fatores etiológicos estruturais dos funcionais. Os fatores
estruturais ocorrem na articulação acromioclavicular (anormalidade congênita e
esporões degenerativos), no acrômio (não fundido – acrômio bipartido; formato
anormal – achatado ou saliente; esporão degenerativo; não consolidação da fratura
e má consolidação da fratura), no processo coracóide (anormalidade congênita e
mudança pós-traumática ou pós-cirúrgica no formato ou na localização), na bursa
(bursite inflamatória primária como artrite reumatóide; espessamento crônico
causado por lesão/inflamação/injeção anteriores; pinos, fios, suturas e outros
materiais estranhos projetando-se para dentro do espaço bursal), no manguito
rotador (espessamento relacionado a depósitos crônicos de cálcio; espessamento
causado pela retração de rupturas parciais do tendão espessado; saliências ou
outras irregularidades da superfície superior em virtude da ruptura parcial ou total;
cicatrização pós-operatória ou pós-traumática), no úmero (anormalidades congênitas
ou fratura das más consolidações produzindo a proeminência relativa ou absoluta da
tuberosidade maior; posição inferior anormal da prótese da cabeça umeral
produzindo a proeminência relativa da tuberosidade maior) (CANAVAN, 2001)
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Os fatores funcionais ocorrem na escápula - posições anormais (cifose
torácica e separação acromioclavicular), movimento anormal (paralisia – ex.: do
trapézio distrofia muscular fascioescapuloumeral, restrição de movimento na
articulação escapulotorácica), perda do mecanismo normal de depressão da cabeça
(enfraquecimento do manguito rotador – ex.: paralisia do nervo supra-escapular ou
radiculopatia de C5 ou C6; ruptura do manguito rotador – espessamento parcial ou
total; frouxidão do manguito rotador constitucional ou pós-traumática; ruptura da
cabeça longa do bíceps), tensão da cápsula do ombro posterior forçando a cabeça
umeral a levantar-se contra o acrômio durante a flexão do ombro e frouxidão
capsular (CANAVAN 2001).
Segundo HEBERT e XAVIER (1998), ANDREWS, HARRELSON e WILK
(2000), WEINSTEIN e BUCKWALTER (2000) a avascularidade dos tendões vem
sendo considerada há muito tempo. Em 1939, foi relatado pela primeira vez a
avascularidade do manguito rotador na inserção do supra-espinhoso no tubérculo
maior, descrevendo essa área como a “zona crítica” na qual ocorrem muitas lesões.
Esta área é hipovascularizada, já que ela se encontra continuamente comprimida
entre o acrômio e a grande tuberosidade. Sabe-se igualmente que os vasos
sangüíneos são mais abundantes na porção bursal superiormente do que na porção
articular inferiormente. Talvez a hipovascularidade do tendão possa contribuir para
uma degeneração intrínseca do tendão, e eventual laceração. Essa condição
também pode contribuir para o baixo potencial de reparo, tão logo tenha início a
laceração do manguito rotador.
Em estudos posteriores, alguns autores concluíram que a zona crítica não é
mais avascular que o restante do manguito e que há fluxo sangüíneo substancial na
zona crítica do manguito rotador. Foi proposto dois mecanismos que podem
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comprometer o fluxo sangüíneo para o supra-espinhal: a abdução do ombro coloca o
supra-espinhal sob tensão e “torce” seus vasos, resultando em necrose tecidual e a
flexão anterógrada ativa eleva a pressão subacromial até um nível suficiente para
reduzir substancialmente a microcirculação para o tendão. No entanto, por ser o
ombro movimentado com freqüência, não ficou claro se algum desses mecanismos
poderia produzir isquemia de duração suficiente para causar dano do tendão. A
relação entre vascularidade do manguito, compressão e lesões do manguito rotador
ainda é especulativa, sendo necessário muito mais pesquisa. É possível que a zona
crítica seja uma área de hipovascularidade propensa à compressão e, portanto, ao
dano do tendão; isso é particularmente verdadeiro no paciente idoso com lesão do
ombro, já que o suprimento sangüíneo para a zona crítica diminui com a idade
(ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000).
Estudos em cadáveres demonstraram que a morfologia do acrômio pode
contribuir para o desenvolvimento da síndrome do impacto. Alguns acrômios podem
ser planos, curvos ou em forma de gancho. Um gancho na borda anterior do acrômio
tem grande correlação com lacerações em toda espessura do manguito rotador
(WEINSTEIN; BUCKWALTER, 2000). O tipo ganchoso não seria uma forma
anatômica, mas uma formação de osteófitos (calcificação) determinados pelas
trações exercidas pelo ligamento coracoacromial. Quanto mais curvo o acrômio,
maior será o impacto desenvolvido, e maior será a possibilidade de ocorrer uma
lesão do manguito rotador. Na verdade, os tipos curvos são responsáveis por 81%
das rupturas do manguito encontradas no estudo com cadáveres. Os achados
cirúrgicos sempre comprovam esse fator (HEBERT e XAVIER, 1998). É provável
que as lesões do manguito rotador ocorram com maior probabilidade se houver um
acrômio enganchado, porém não foi possível determinar se o formato do acrômio é
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causado ou resulta de uma laceração do manguito (ANDREWS; HARRELSON;
WILK, 2000).
Finalmente, um mecanismo enfraquecido do manguito pode predispor o atleta
a ter compressão do manguito rotador, o qual funciona estabilizando o ombro contra
as ações dos músculos deltóide e peitoral maior. Com um mecanismo enfraquecido
do manguito, a contração do deltóide acarreta um deslocamento para cima da
cabeça do úmero, que irá esmagar o restante do manguito contra o arco
coracoacromial (ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000).
Para
ANDREWS,
HARRELSON
e
WILK
(2000),
WEINSTEIN
e
BUCKWALTER (2000) e CANAVAN (2001) as alterações mecânicas no acrômio
anterior, por exemplo, a formação de esporão ósseo, um osteófito na articulação
acromioclavicular e um ângulo de inclinação acromial elevado ou mudanças na
rigidez do ligamento coracoacromial que possam resultar numa redução da
flexibilidade dessas estruturas, podem começar a comprimir o manguito rotador
enquanto o braço é erguido num movimento anterógrado. Assim, acredita-se que a
maioria das lacerações do manguito rotador seja de natureza mecânica, e decorram
de impingimento subacromial.
9.2 MECANISMO DA LESÃO
A síndrome do impacto do ombro é, de modo geral, o resultado do efeito
cumulativo das passagens múltiplas dos tendões do manguito rotador por baixo do
arco coracoacromial. O tamanho relativo do espaço subacromial é, quase sempre,
precursor do processo. A redução no espaço disponível abaixo do acrômio seja por
anormalidades
congênitas
seja
por
alterações
degenerativas,
aumenta
a
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probabilidade de que venham a ocorrer conseqüentes danos aos tendões do
manguito rotador, como o impacto causado por um acrômio “recurvado” que pode
provocar a fibrose dos tendões do manguito rotador e, por fim, a redução
pronunciada do espaço subacromial (CANAVAN, 2001).
Segundo CANAVAN (2001), GARRICK e WEBB (2001), a hipermobilidade
glenoumeral, quer ela tenha sido desenvolvida por rompimento dos estabilizadores
estáticos (ligamento, lábio, cápsula) quer por fadiga ou enfraquecimento dos
estabilizadores dinâmicos (músculo), pode predispor ao impacto secundário via
excursão excessiva da cabeça umeral. A sobreposição clínica da síndrome do
impacto e da instabilidade anterior do ombro, bem como o enfraquecimento relativo
dos rotadores internos do ombro são freqüentemente encontrados. A hipomobilidade
glenoumeral, mais comumente a rigidez na cápsula glenoumeral posterior, pode
também levar ao impacto do ombro. A rigidez na cápsula posterior pode agravar o
processo de impacto forçando a cabeça umeral para cima, contra o acrômio ânteroinferior, conforme o ombro seja flexionado. A cápsula posterior tensionada, de modo
geral, está mais relacionada ao enfraquecimento relativo dos rotadores externos do
ombro.
A posição e o movimento escapular anormais, que levam à má estabilização
escapular, podem provocar o impacto secundário diminuindo o ritmo umeral da
escápula e impedindo o relacionamento correto entre o acrômio e a cabeça umeral
na abertura subacromial. Fatores como a disfunção postural ou compressão da raiz
nervosa dos estabilizadores da escápula podem influenciar a função da escápula
(CANAVAN, 2001).
De acordo com CANAVAN (2001), GARRICK e WEBB (2001), o mecanismo
do manguito rotador fornece a depressão normal da cabeça umeral conjugada com
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a elevação do braço. O enfraquecimento do manguito rotador por desuso ou
insuficiência das fibras do manguito debilitará o mecanismo depressor da cabeça
umeral, fazendo, portanto, que o manguito rotador seja incapaz de estabilizar o
ombro contra as ações dos músculos deltóide e peitoral maior. A contração do
deltóide, na presença de um mecanismo do manguito rotador enfraquecido, causa o
deslocamento superior da cabeça umeral e, por fim, a compressão do manguito
rotador por baixo do arco coracoacromial.
Para ANDREWS, HARRELSON e WILK (2000) a compressão é um processo
autoperpetuante, pois a fraqueza dos músculos ou dos tendões do manguito causa
compressão por perda da função de estabilização da cabeça do úmero, que resulta
em dano do tendão, atrofia por desuso e, além disso, fraqueza do manguito; o
espessamento da bursa causa compressão por enchimento excessivo do espaço
subacromial, produzindo maior espessamento da bursa; e a tensão capsular
posterior pode resultar em compressão, desuso e rigidez, pois a cápsula densa força
a elevação da cabeça do úmero contra o acrômio. Além disso, se a cápsula estiver
particularmente frouxa, e se os estabilizadores dinâmicos não forem suficientes, a
cabeça do úmero pode sofrer um deslocamento ântero-superior, dando origem a
queixas de compressão.
9.3 EVOLUÇÃO
Segundo HEBERT e XAVIER (1998), GREVE e AMATUZZI (1999),
ANDREWS,
HARRELSON
e
WILK
(2000),
Neer
descreveu
três
estágios
progressivos da síndrome de compressão. O estágio I – Edema e hemorragia
reversíveis. Ocorre em pacientes preferencialmente jovens, geralmente a lesão é
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observada nos indivíduos com menos de 25 anos de idade devido a um excesso de
uso do MS no esporte ou trabalho. As lesões por esforços repetitivos (LER) incluemse nesta fase. Esses pacientes se apresentam com um tipo de desconforto em
queimação no ombro. Em geral, esse estágio consiste apenas de inflamação do
tendão do supra-espinhal e da cabeça longa do bíceps braquial. O tratamento
adequado é o conservador, tratando a sintomatologia dolorosa e posterior reforço
muscular com o objetivo de aliviar o fenômeno de impacto. O afastamento da causa
da lesão é fator essencial para evitar a recidiva (HEBERT; XAVIER, 1998).
O estágio II – Fibrose e tendinite do manguito rotador. É observado
constantemente em indivíduos com 25 a 40 anos de idade e consiste de alterações
fibróticas do tendão do supra-espinhal e da bursa subacromial. Apresenta dor em
queimação, que pode aumentar causando incapacidade de realizar o movimento
que resulta na síndrome de compressão. Nesses casos, o tratamento conservador
costuma ser suficiente nos primeiros episódios dolorosos apenas; a acromioplastia
clássica por via aberta ou artroscópica tem sua grande indicação nesta fase, já que
alivia definitivamente os sintomas dolorosos e previne a ruptura do manguito, que
certamente ocorreria na evolução natural da doença. É considerada por alguns
autores
como
cirurgia
“profilática”
(HEBERT;
XAVIER,
1998,
ANDREWS,
HARRELSON; WILK, 2000).
O estágio III – Ruptura completa do manguito com desgaste evidente dos
músculos supra-espinhal e infra-espinhal, com alterações ósseas típicas ao raio-X
simples (esclerose óssea, cistos subcondrais, osteófitos na porção anterior e na
articulação acromioclavicular e contato da cabeça do úmero com o acrômio, nos
casos de ruptura maciça do manguito). Ocorre geralmente em pacientes acima de
40 a 50 anos, só raramente ocorre nos indivíduos com menos de 40 anos de idade.
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Nesse estágio, o indivíduo conta uma longa história de dor no ombro. O diagnóstico
é sempre clínico, mas a confirmação por imagem pode ser obtida através de
artrografia, ecografia ou ressonância nuclear magnética. Esse estágio não costuma
responder bem ao tratamento conservador. A indicação cirúrgica é formal e tem
como objetivo a acromioplastia (para descomprimir), e a reconstrução do manguito
rotador (para melhorar a função do MS) (HEBERT; XAVIER, 1998, ANDREWS,
HARRELSON; WILK, 2000).
9.4 APRESENTAÇÃO CLÍNICA
MAXEY e MAGNUSSON (2002), CANAVAN (2001) descrevem que pacientes
com síndrome de impacto do ombro geralmente não procuram o médico no estágio
agudo da síndrome. De modo geral, consultam um médico quando não conseguem
mais acalmar os sintomas com um período de repouso ou com exercícios
autoprescritos. As principais queixas dos pacientes normalmente são dor, rigidez,
enfraquecimento e, quase sempre, “fisgadas”, quando o braço é usado na posição
flexão-rotação interna. Os sintomas associados podem incluir dificuldade em
adormecer, especialmente sobre o lado afetado, dificuldade no desempenho de
atividades diárias rotineiras e de atividades acima da cabeça. A dor é
freqüentemente sentida abaixo do aspecto lateral do braço próxima da inserção
deltóide, sobre o úmero ântero-proximal ou na região periacromial.
De acordo com CANAVAN (2001), o exame físico e a inspeção do ombro
podem revelar a atrofia dos músculos deltóide ou do manguito rotador,
especialmente se o distúrbio for crônico. Pode revelar pouca ou nenhuma dor
localizada à palpação. Déficits de amplitude de movimento são observados, com
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mais freqüência limitados na rotação interna e na adução horizontal cruzando à
frente do corpo, indicando o tensionamento da cápsula posterior. O arco doloroso,
observado através de dor e de crepitação, localiza-se entre 60 e 90o do arco, tanto
na flexão passiva como na ativa, e é, de modo geral, relatado como mais doloroso
quando realizado ativamente. Do mesmo modo, a dor, com freqüência, é observada
durante a flexão máxima para frente.
Enfraquecimento muscular pode ser observado na flexão, na rotação externa
e, com menor freqüência, na rotação interna, como resultado de desuso ou de dano
ao tendão. O comprometimento da integridade dos tendões do manguito rotador
pode ser indicado pela dor ou pela abdução, flexão e rotação externa resistidas e,
mais uma vez com menor freqüência, pela rotação interna. O diagnóstico diferencial
é imperativo para a distinção dos sinais de impacto subacromial (crepitação
subacromial na flexão e rotação), sinais de tensão (amplitude de movimento
limitada) e sinais de comprometimento do tendão (atrofia, enfraquecimento e dor ao
movimento resistido) (CANAVAN, 2001).
9.5 SÍNDROME DO IMPACTO NOS ATLETAS
A compressão (impingement) do manguito rotador pode ocorrer em alguns
atletas, como jogadores de beisebol, zagueiros de futebol americano, nadadores e
outros cujas atividades envolvem o uso repetitivo do braço no mesmo nível e acima
de 90o de abdução do ombro como os jogadores de voleibol. A compressão pode ser
definida como a invasão (colisão ou impacto) do acrômio, do ligamento
coracoacromial, do processo coracóide ou da articulação acromioclavicular sobre o
mecanismo do manguito rotador que passa por debaixo deles quando a articulação
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glenoumeral é movimentada, particularmente em flexão e rotação interna. A
compressão geralmente envolve o tendão supra-espinhoso. Quando o músculo
supra-espinhoso ajuda a estabilizar a cabeça do úmero dentro da glenóide, o
tubérculo maior não pode colidir contra o arco coracoacromial. Ainda não foi
determinado se a compressão representa o evento primário responsável pela
tendinite do manguito rotador ou se a compressão desse manguito ocorre devido a
uma doença intrínseca a esse músculo. Com toda a probabilidade, podem ocorrer
ambos os mecanismos de lesão (ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000).
Existe um espaço de aproximadamente 5 a 10 mm entre a cabeça do úmero e
a superfície inferior do arco acromial com 90o de abdução do ombro (dependendo da
anatomia). Assim sendo, sempre que o braço estiver elevado, pode ocorrer certo
grau de compressão do manguito rotador. O ombro é extremamente vulnerável à
compressão quando o braço se encontra em 90o de abdução e a escápula não
rodou para cima o suficiente, a ponto de liberar o manguito rotador da saliência
produzida pelo acrômio e pelo ligamento coracoacromial. A compressão da
articulação glenoumeral pode ocorrer com a adução horizontal do braço, que causa
colisão contra o processo coracóide. A flexão anterógrada com rotação interna do
úmero também esmaga o tubérculo maior debaixo do acrômio, do ligamento
coracoacromial e, às vezes, do processo coracóide. Entretanto, se o braço for
erguido em rotação externa, o tubérculo maior será afastado do arco acromial e o
braço pode ser elevado sem compressão (ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000).
De acordo com WALCH et al. (1992), a compressão posterior que ocorre nas
atividades acima da cabeça, como no voleibol, lesando o manguito rotador surge
quando o braço é abduzido e rodado externamente, como na fase de levantamento
do saque ou cortada. Durante esse movimento, a cabeça do úmero tende a deslizar
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anteriormente, comprimindo o supra-espinhoso contra a borda póstero-superior da
cavidade glenóide, resultando em laceração do manguito rotador.
9.5.1 AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA
É necessária uma abordagem sistemática para adaptar as necessidades do
trabalho do fisioterapeuta às lesões ortopédicas e desportivas, e para iniciar um
amplo programa de reabilitação dirigido para o alívio dos sintomas e prevenção de
novas lesões. A fase preventiva da reabilitação é geralmente negligenciada. Muitas
lesões de ombro em atletas podem ser classificadas como problemas de uso
excessivo que resultam de estresses repetitivos, e lesões dos jogadores de voleibol
podem ser incluídas nesta categoria. Estas anormalidades, quando apresentam
déficit na resistência, flexibilidade ou técnica, geralmente são facilmente remediadas
através da apropriada intervenção de um terapeuta experiente, treinado em
anatomia, biomecânica, fisiologia e exercícios terapêuticos. A chave para a
reabilitação repousa na eficiente avaliação da lesão, da pessoa e do esporte. A
avaliação deve ser um processo contínuo. A obtenção dos dados iniciais pode ser
útil no fornecimento de dados de referência para a evolução da terapia (GOULD III,
1993).
9.5.1.1 Exame subjetivo
No exame subjetivo é importante pesquisar a história da doença e relacionar
com os sintomas e com os dados encontrados no exame físico.
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GOULD III (1993), GARRICK e WEBB (2001) descrevem que a história atual
é parte da avaliação importante para o estabelecimento do início e comportamento
seqüencial dos sintomas. Ela fornece informações que podem auxiliar o clínico no
direcionamento da reabilitação do cliente, na avaliação dos tecidos envolvidos,
avaliação da gravidade da lesão e na instituição de medidas preventivas. A história
da lesão indica se o início foi abrupto (geralmente associado com um incidente
específico) ou gradual (sugerindo uma síndrome de uso excessivo ou acometimento
sistêmico). Se o início foi gradual, o cliente deve ser questionado sobre quaisquer
alterações (antes dos sintomas iniciais) a seguir: atividade (tipo, técnica, freqüência,
duração ou intensidade), condições do meio ambiente, equipamentos, medicação,
peso corporal ou sintomas em qualquer local do corpo. Já a história pregressa do
atleta, fornece informações que podem demonstrar a integridade do sistema
músculo-esquelético. Desse modo, também pode ser considerado quando do
estabelecimento do adequado regime terapêutico para os objetivos individuais.
9.5.1.2 Exame objetivo
9.5.1.2.1 Postura
O exame na posição de pé deve ser realizado para as superfícies anterior,
lateral e posterior da extremidade superior do corpo. Isto irá indicar qualquer
anormalidade articular grosseira. A luxação glenoumeral está indicada por uma
proeminência lateral do acrômio, escápula caída, e leve abdução do úmero, ao
passo que a separação dos ligamentos acromioclavicular, coracoacromial e
coracoclavicular é óbvia em função da presença de um degrau abrupto da clavícula
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distal. O exame irá também revelar qualquer atrofia muscular significativa resultante
de problema neurológico ou desuso. Algumas vezes é observada uma concavidade
anormal da fossa supra-espinhosa e/ou infra-espinhosa. Geralmente, estas fossas
devem ser de natureza convexa, mas ocasionalmente, na presença de um músculo
pouco desenvolvido ou uma alteração no nervo supra-escapular, podem ser
côncavas (GOULD,1993).
9.5.1.2.2 Movimentos ativos
Os movimentos ativos fornecem informações úteis quando avaliam a
gravidade da lesão do ombro, além de fornecer um meio de tensionar os tecidos
contráteis e não-contráteis. A mensuração goniométrica deve ser registrada
incluindo a posição do corpo para os três graus de liberdade do ombro, para
estabelecer os dados básicos para a reabilitação, bem como fornecer informações a
respeito da patologia específica. Durante a abdução ativa, o paciente pode sentir dor
aguda entre 60 a 120º e, em seguida, referir alívio num ponto além desta amplitude.
Este comportamento sugere a presença de alteração subacromial (bursa ou inserção
do manguito rotador). Esta amplitude de movimento anatomicamente representa a
seqüência em que a tuberosidade maior e suas bursas suprajacentes e os tendões
estão muito proximamente articulados abaixo do acrômio e do ligamento
coracoacromial. É importante salientar que este arco doloroso pode passar
despercebido se os pacientes estiverem relutantes em abduzir com dor. Caso o
propósito do teste seja explicado, geralmente vão referir que perceberam uma
parada da dor, uma vez passada a amplitude crítica de 120º (GOULD III, 1993).
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9.5.1.2.3 Movimentos isométricos resistidos
Tendo completado os movimentos ativos, passa-se aos movimentos
isométricos resistidos. Durante os movimentos ativos, o examinador deve ter
observado quais movimentos causaram desconforto ou dor para que esta
informação possa ser correlacionada com a obtida dos movimentos isométricos
resistidos. Observando cuidadosamente quais movimentos causam dor na testagem
isométrica, o examinador deve ser capaz de determinar que músculo ou músculos
estão falhando. Por exemplo, se o paciente sentir dor principalmente à rotação
interna, mas também à abdução e adução, haveria suspeita de um problema no
músculo subescapular, porque os outros músculos envolvidos nestas ações foram
constatados livres de dor em outros movimentos. Durante o teste, o examinador
encontrará diferenças nas forças relativas dos vários grupos musculares em torno do
ombro (MAGEE, 2002).
9.5.1.2.4 Testes especiais para síndrome do impacto
No exame do ombro, testes especiais são feitos muitas vezes para confirmar
achados ou um diagnóstico presumido. O examinador deve ser proficiente nos testes
que decidir usar. A proficiência aumenta a confiabilidade dos achados. Dependendo
do histórico, alguns testes são obrigatórios, e outros podem ser usados como testes
de confirmação ou exclusão (MAGEE, 2002).
Neer refere que as estruturas mais comumente envolvidas são o tendão do
supra-espinhoso (com atividade acima da cabeça), a superfície anterior do tendão
do infra-espinhoso e o tendão bicipital. Ele enfatiza que o possível envolvimento dos
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tecidos
moles
adjacentes
(bursa
subacromial),
ligamento
coracoacromial
e
articulação coracoacromial, torna difícil permitir uma avaliação específica de cada
estrutura anatômica envolvida. Ele também refere que o impacto está mais
intimamente relacionado à flexão do que à extensão do ombro. Esta flexão irá
causar o ancoramento dos tecidos do manguito rotador no terço anterior do acrômio,
se o braço estiver em posição anatômica; e contra o ligamento coracoacromial se o
úmero estiver rodado internamente. Baseado nestes achados, Neer e Welsh
descreveram o teste do impacto (DELACERDA,1982).
Teste do Impacto de Neer
MAGEE (2002) descreve que o braço do paciente é levantado com força por
meio do movimento de elevação para frente pelo examinador causando um
“emperramento” do tubérculo maior contra o bordo ântero-inferior do acrômio. O
paciente demonstra dor, refletindo um resultado positivo do teste. O teste é indicador
de uma lesão por excesso de uso do músculo supra-espinhoso e às vezes do
tendão do bíceps.
GREVE e AMATUZZI (1999), SNIDER (2000) descrevem este teste com o
examinador estabilizando a escápula com uma mão e com a outra mão elevando
passivamente o braço. Já HEBERT e XAVIER (1998), também descrevem o
movimento anterior, porém elevação rápida do MS em rotação interna. Para este
autor, o teste irritativo de Neer ou do impacto é também positivo em capsulite
adesiva, instabilidade multidirecional, lesões da articulação acromioclavicular.
Portanto, não é específico.
GREVE e AMATUZZI (1999) referem-se a esse teste como Sinal do Impacto
de Neer e Teste de Neer quando é realizada infiltração de 5 a 10 ml de xilocaína a
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1% no espaço subacromial, que é positivo quando alivia a dor provocada pelo sinal
do impacto.
Teste do Impacto de Hawkins-Kennedy
HAWKINS e KENNEDY (1980) descreveram uma manobra em que o úmero é
fletido a 90º e em seguida forçado em rotação interna para direcionar a tuberosidade
maior mais inferiormente ao ligamento coracoacromial. Este movimento empurra o
tendão
supra-espinhoso
de
encontro
à
superfície
anterior
do
ligamento
coracoacromial e processo coracóide. Dor indica um teste positivo para tendinite do
supra-espinhoso.
LECH (1995), HEBERT e XAVIER (1998), denominam teste irritativo de
Hawkins e descrevem o teste onde o paciente com MS abduzido em 90º e o
cotovelo fletido em 90º realiza movimento em rotação externa, enquanto o
examinador faz a contra-resistência.
De acordo com LOUDON, BELL e JOHNSTON (1999), este teste avalia
limitação do tendão supra-espinhoso e é realizado com abdução e rotação interna
do braço no plano escapular e em seguida o examinador fixa o cotovelo e empurra
para baixo o punho numa rotação mais interna.
Teste irritativo de Patte
LECH (1995), HEBERT e XAVIER (1998), descrevem o teste irritativo de
Patte para avaliar a força de rotação externa (do infra-espinhoso) e do supraespinhoso, da seguinte maneira: com o MS abduzido em 90º, o paciente força em
rotação externa, enquanto o examinador faz a contra-resistência.
Drop Arm Test (Teste do Braço Caído)
Segundo HEBERT e XAVIER (1998), no caso de síndrome do impacto do
ombro grau III, ou seja, ruptura do manguito rotador, o teste usado é o Sinal do
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“braço caído”, quando o MS é elevado passivamente até 120 a 150º e o paciente
não consegue mantê-lo. Haverá queda pela força da gravidade. Essa é uma
característica das lesões maciças apenas e ocorre em menos de 10% dos casos.
Sob o ponto de vista biomecânico, sabe-se que o MS pode ser elevado sem
qualquer dificuldade mesmo que o supra-espinhoso esteja lesado, desde que ocorra
um balanço perfeito de forças entre os músculos subescapular (na frente), infraespinhoso (atrás) e deltóide.
Para MAGEE (2002), no Teste da Queda do Braço, o examinador abduz o
ombro do paciente a 90º e a seguir pede ao paciente para baixar lentamente o braço
ao lado no mesmo arco de movimento. Um teste positivo é indicado se o paciente for
incapaz de retornar o braço ao lado lentamente ou se sentir dor intensa ao tentar
fazê-lo.
Para
LOUDON,
BELL
e
JOHNSTON
(1999),
o
examinador
move
passivamente o braço a uma abdução de 90º e o paciente deve segurar o braço
enquanto o examinador aplica uma pressão discreta. Um achado positivo é a
incapacidade de manter o braço na posição do teste.
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10
FORTALECIMENTO
MEDIDA DE PREVENÇÃO
E CONDICIONAMENTO COMO
Um dos principais objetivos da criação de um programa anual de
fortalecimento e condicionamento é ajudar o atleta a aumentar a força, a potência e
a resistência muscular e a diminuir as chances de lesão. A lesão ou dano
musculoesquelético é um fenômeno experimentado pela maioria das pessoas em
algum momento de suas vidas. Independentemente de sua causa, é muito
importante empregar métodos de tratamento que estimulem sua recuperação no
nível mais próximo possível daquele de pré-lesão, desde que seja funcionalmente
viável, protegendo a região de danos futuros. Diversos métodos de tratamento têm
esse objetivo; entretanto, uma modalidade freqüentemente dispensada, mas de
potencial importante para prevenir e reabilitar a lesão musculoesquelética, é o
treinamento de resistência ou de força (BEAULIEU11, apud CANAVAN, 2001).
O treinamento dos exercícios de resistência aumenta o tamanho e a
resistência do músculo esquelético e do tecido conjuntivo, aumenta a amplitude de
movimento, melhora a postura, atenua a sarcopenia relacionada com a idade e
protege órgãos vitais. Essas adaptações positivas ajudam a minimizar a incidência
de lesões musculoesqueléticas, agilizam a reabilitação da lesão e reduzem a
possibilidade de futuras lesões (CHANDLER, 1989).
Um treinamento constante, com as variações adequadas dentro do princípio
básico de treinamento de resistência prescrito, permitirá ganhos ideais de força, de
acordo com o potencial genético de cada indivíduo. Quando um indivíduo começa a
treinar, os ganhos iniciais de força são grandes em virtude, principalmente, do
11
BEAULIEU, J. E. Stretching for All Sports. Athletic Press;1980.
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potencial não aproveitado que está disponível. À medida que o treinamento
prossegue, o corpo “aprende” as tarefas do exercício e torna-se mais eficiente em
seus movimentos. Passada essa etapa de ganhos iniciais de força, os ganhos
futuros serão baseados em diferentes fatores, como hipertrofia muscular (aumento
da área da seção transversa muscular). Nesse ponto, é importante que o profissional
aprimore o programa para otimizar o esforço produzido pelo atleta (CANAVAN,
2001).
10.1 EXCESSO DE TREINAMENTO
O desenvolvimento do desempenho atlético máximo depende de um
programa de treinamento minuciosamente projetado e totalmente implementado. A
arte de desenvolver esse programa baseia-se na quantidade de estresse necessária
para melhorar uma adaptação positiva, comparado a uma aplicação excessiva de
estresse que, por sua vez, vai associar-se a uma diminuição na adaptação ao
treinamento e, desse modo, ao mau desempenho atlético. É o processo de treinar
em quantidades e intensidades demasiadamente extremas para a atual condição,
física e mental, do atleta (CANAVAN, 2001).
O excesso de treinamento caracteriza-se por sintomas fisiológicos e
psicológicos, além da diminuição do desempenho do atleta. Atletas cujo
desempenho esportivo inclui grandes quantidades de exercício anaeróbico intenso,
podem
apresentar
os
seguintes
sintomas:
freqüência
cardíaca
aumentada,
diminuição da massa corporal magra, diminuição do apetite, distúrbio do sono,
diminuição do desempenho, diminuição da recuperação após o exercício, aumento
da irritabilidade e da responsabilidade emocional, ausências no treinamento e perda
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do desejo de competir, aumento da pressão sangüínea em repouso, aumento da
incidência de lesões e de infecções e diminuição do nível de plasma lactato máximo
durante o exercício. O atleta que realiza grandes quantidades de treinamento
aeróbico pode apresentar os seguintes sintomas: baixa freqüência cardíaca em
repouso, fadiga prematura, diminuição do desempenho, rápida recuperação da
freqüência cardíaca após os exercícios, sono maior que o normal, demência da
capacidade contra-reguladora da hipoglicemia e da depressão Felizmente, com um
tempo mínimo de restabelecimento imediato, o atleta poderá competir e treinar nos
níveis ideais (LEHMANN12, apud CANAVAN, 2001).
10.2 TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE
A flexibilidade é um elemento importante no desempenho atlético e também
pode auxiliar na prevenção de lesões. Flexibilidade é a amplitude do movimento
possível de uma articulação e de seus músculos circunvizinhos. Uma vez alcançada
a flexibilidade ideal, o atleta deve mantê-la por meio de técnicas apropriadas de
aquecimento, flexibilidade e treinamento com peso. A dor também pode limitar o
movimento (CANAVAN, 2001).
O alongamento deve ser feito antes da prática de esportes ou das
competições. Ele pode ajudar na prevenção de lesões, aumentando a temperatura
central e facilitando o movimento. O alongamento também permite que o atleta tenha
tempo de se preparar mentalmente para a competição. A intensidade de
alongamento deve atender à necessidade total de flexibilidade no esporte, de
12
LEHMANN, M. Training-overtraining. A prospective, experimental study with experienced middle
and long-distance runners. Int J Sports Med. n. 12, p. 444-452, 1991.
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flexibilidade do atleta e de possibilidade de exposição a temperaturas em ambientes
abertos. O alongamento após a prática de esportes ou após a competição também
pode contribuir para a diminuição das dores pós-exercício. Para pessoas que não
apresentam flexibilidade apropriada para o esporte que praticam, os exercícios de
alongamento podem ser realizados ao longo do dia, nas horas vagas, e podem ser
benéficos do ponto de vista atlético, além de serem relaxantes (ALLERHEILIGEN,
1994).
10.2.1 FORMAS DE ALONGAMENTO
Antes do alongamento, são necessários mais de cinco minutos de exercícios
de aquecimento como uma corrida moderada leve ou na bicicleta fixa, por exemplo.
O alongamento ativo ocorre quando o atleta produz força para o alongamento. O
alongamento passivo ocorre quando um parceiro ou um dispositivo produz força em
direção à área-alvo. O alongamento estático é um exercício constante no qual a
posição extrema da amplitude de movimento (ADM) é mantida por um intervalo de
tempo (de 10 a 30 segundos). O alongamento balístico compreende os mesmos
movimentos do alongamento estático, mas incorpora uma ação vigorosa no extremo
da ADM. O uso excessivo de força ou de vigor pode produzir um forte reflexo de
estiramento, que por sua vez pode causar lesões. O alongamento dinâmico envolve
a flexibilidade dos movimentos do esporte específico em uma ADM maior do que a
de um “alongamento” normal (CANAVAN, 2001).
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10.3 FORÇA
Durante o treinamento ocorrem alterações fisiológicas agudas e crônicas.
Uma resposta aguda ao exercício ocorre sob a forma de resposta quase imediata ao
estresse imposto ao sistema. Um exemplo é o aumento da freqüência cardíaca
durante a realização de um levantamento submáximo de 20 repetições no máximo
(20-RM). Uma alteração crônica ocorre quando o corpo responde a um estímulo do
exercício durante um período de tempo. Um exemplo é o aumento na área da seção
transversa do músculo específico que ocorre no treinamento de resistência. Essa
alteração crônica deve-se ao esforço do exercício e é chamada de adaptação ao
treinamento. Uma das adaptações mais básicas que ocorrem com o treinamento de
resistência é o aumento da massa muscular. Esse aumento da área da seção
transversa é chamado de hipertrofia. O aumento da área da seção transversa
fornece ao atleta o potencial para gerar mais força. A hipertrofia muscular não ocorre
de maneira uniforme entre as fibras musculares de contração rápida e as de
contração lenta. Demonstrou-se que as fibras musculares de contração rápida
respondem mais à hipertrofia do que as fibras musculares de contração lenta
(HATHER13, apud CANAVAN, 2001).
Os ganhos iniciais, que acompanham o treinamento de resistência durante as
primeiras semanas, com o aumento muito pequeno de massa muscular, sugerem
que outros fatores, que não estejam ligados unicamente à área da seção transversa,
também
determinam
a
força
muscular.
Acredita-se
que
fatores
neurais
desempenham um papel importante no aumento de força durante as primeiras três
13
HATHER, B. M. Influence of eccentric actions on skeletal muscle adaptions to resistance training.
Acta Physiol Scand. n. 143, p. 177-185, 1991.
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ou cinco semanas. Essa fase de aprendizado neuromotor ensina ao sistema
esquelético “como realizar” o exercício. Após esse curto período de tempo, a
hipertrofia muscular torna-se um dos fatores principais para o aumento de força que
venha a ocorrer (MORITANI14, apud CANAVAN, 2001).
O treinamento pode reduzir ou cancelar gradativamente os impulsos
inibitórios (mecanismos de reflexos de proteção, como os órgãos do tendão de
Golgi) permitindo que o músculo atinja níveis mais elevados de força. O programa de
treinamento de resistência, no qual os músculos antagonistas são contraídos
imediatamente antes da realização de um exercício, é mais eficiente do que um
programa no qual a pré-contração dos antagonistas não é realizada (CANAVAN,
2001).
Essa pré-contração, de algum modo, inibe parcialmente os mecanismos de
autoproteção neural, permitindo uma contração mais potente. Isso pode ser
importante na criação de um programa de exercícios. Por exemplo, o programa de
exercícios pode ser criado para combinar os grupos musculares antagonistas com
os grupos musculares agonistas. A combinação de exercícios pode beneficiar a
criação da produção de força máxima se comparada com a realização de exercícios
feitos isoladamente (CAIOZZO15, apud CANAVAN, 2001).
14
MORITANI, T. Neural factors versus hypertrophy in the time course of muscle strengh gain. Am J
Phys Med Rehabil. n. 82, p. 521-524,1979.
15
CAIOZZO, V. J. The use of precontractions to enhance the in vivo force velocity relationship. Med
Sci Sports Exerc. n. 14, p. 162, 1983.
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11 MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo qualitativo/quantitativo, através de uma pesquisa
aplicada para a solução de um problema específico, analisando e comparando a
relação entre a dor no ombro, alterações músculo-tendíneas do ombro e a síndrome
do impacto do ombro em atletas de voleibol.
A amostra foi composta por 12 atletas do time de voleibol da Associação
Atlética Ciro Nardi de Cascavel, categoria adulto. Destes, 11 eram destros e 1 sinistro,
todos do sexo masculino, idade entre 19 e 33 anos, tempo de prática esportiva entre 9
e 18 anos, treino regular mínimo 3 vezes por semana e máximo 5 vezes por semana
durante 2 a 3 horas por treino, a maioria dos atletas apresentava história anterior de
lesão dolorosa no ombro. Estes dados foram obtidos através da aplicação de um
questionário semi-estruturado (anexo 1), visando caracterizar a amostra e proceder ao
levantamento de possíveis lesões, algias ou limitação de movimento na articulação
escápulo-umeral. Para tanto, foram elaboradas questões relacionadas ao tempo de
prática esportiva, o número de vezes por semana e o tempo de treino, o lado
dominante relacionado com lesão dolorosa do ombro (se o atleta já teve alguma
lesão), movimentos no ombro que causam dor, se a prática esportiva aumenta a dor,
os movimentos desportivos que causam desconforto no ombro, posições que aliviam
a dor, presença de fraqueza no membro superior depois da atividade esportiva e
edema ou diminuição da amplitude de movimento (ADM) quando sente desconforto.
Através do levantamento bibliográfico aprofundado, foi criado um formulário de
avaliação fisioterápica (anexo 2) direcionada a cada atleta participante para analisar
as alterações músculo-tendíneas por meio de uma escala de dor, medidas
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goniométricas (na intenção de se verificar as amplitudes articulares), testes de força e
função muscular e testes específicos para avaliação do manguito rotador.
A dor foi graduada em uma escala de 0 a 5 (5 = nenhuma, 4 = leve, 3 = após
atividade incomum, 2 = moderada, 1 = acentuada, 0 = incapacidade completa). A
amplitude de movimento foi realizada na posição ortostática através de um
goniômetro para avaliar a flexão e a abdução totais ativas do ombro, a partir da
posição neutra do membro superior e as rotações interna e externa, a partir da
posição de 90o de abdução do ombro. A força também foi graduada em escala de 0
a 5 (5 = normal, 4 = boa, 3 = regular, 2 = fraca, 1 = mínima, 0 = paralisia) nos
movimentos isométricos resistidos de flexão, abdução, rotação interna e rotação
externa do ombro. Os testes utilizados para avaliar a integridade do manguito
rotador, segundo Lech (1995) também chamados de testes “irritativos” para o
manguito, foi o Teste de Neer, o Teste de Patte, o Teste de Hawkins e o Drop Arm
Teste (Teste do “braço caído”).
No Teste de Neer ou do impacto, o avaliador estabilizou a escápula do atleta
com a mão esquerda e elevou rapidamente o membro superior para frente com a
mão direita causando um “choque” do tubérculo maior contra o bordo ântero-inferior
do acrômio. De acordo com Magee (2002), o paciente demonstra dor, refletindo um
resultado positivo do teste. O teste é indicador de uma lesão por excesso de uso do
músculo supra-espinhal e às vezes do tendão do bíceps. Xavier (1998), descreve
que esse teste é também positivo em capsulite adesiva, instabilidade multidirecional,
lesões da articulação acromioclavicular. Portanto, não é específico.
No Teste de Patte, o atleta posicionou o membro superior em 90o de abdução
e rotação externa, forçando em rotação externa enquanto o avaliador fez a contra-
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resistência. Segundo Xavier (1998), este teste avalia a força de rotação externa e do
supra-espinhal.
No Teste de Hawkins-Kennedy, o avaliador flexionou para frente o membro
superior a 90o e a seguir rodou medialmente o ombro com força. Magee (2002),
descreve que este movimento empurra o tendão supra-espinhal de encontro à
superfície anterior do ligamento coracoacromial e processo coracóide. Dor indica um
teste positivo para tendinite do supra-espinhal.
Como o teste do “braço caído” é positivo para ruptura do manguito rotador,
durante a avaliação, verificou-se não haver grande déficit de movimento ou força
que justificasse o uso deste teste, portanto não foi utilizado na avaliação do ombro.
Todos os atletas foram informados quanto ao objetivo do estudo em verificar a
incidência de Síndrome de Impacto do Ombro e cada participante assinou o termo
de compromisso livre esclarecido (anexo 3), sendo informados quanto aos
resultados das avaliações a que foram submetidos.
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12 RESULTADOS
Dados Gerais
A amostra composta por 12 atletas de voleibol, da Associação Atlética Ciro
Nardi de Cascavel, da categoria adulto, apresentava idade entre 19 e 33 anos com
uma idade média de 26,6 anos. O tempo de prática no voleibol encontrada foi de 9 a
18 anos com tempo médio de prática esportiva de 12,4 anos.
GRÁFICO 1 – IDADE DOS ATLETAS
IDADE DOS ATLETAS
19 anos
20 anos
23 anos
24 anos
27 anos
28 anos
29 anos
32 anos
33 anos
FONTE: A autora
GRÁFICO 2 – TEMPO DE PRÁTICA
ESPORTIVA
TEMPO DE PRÁTICA ESPORTIVA
9 anos
10 anos
11 anos
12 anos
13 anos
14 anos
15 anos
17 anos
18 anos
FONTE: A autora
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Com relação à freqüência dos treinos, evidenciou-se a prática de no mínimo 3
e no máximo 5 vezes por semana com um treinamento médio de 4,3 vezes por
semana com duração de 2 a 3 horas por treino com tempo médio de treino de 2,2
horas (2 horas e 12 minutos). Em relação ao lado dominante, a maioria destra
(91,7%, 11 atletas) e um sinistro (8,3%).
GRÁFICO 3 – TREINOS SEMANAIS
TREINOS SEMANAIS
3 vezes
4 vezes
5 vezes
FONTE: A autora
GRÁFICO 4 – DURAÇÃO DO TREINO
DURAÇÃO DO TREINO
2,0 horas
2,5 horas
3,0 horas
FONTE: A autora
Entre os 12 atletas avaliados, 9 atletas (75%) apresentaram história anterior
de lesão dolorosa no ombro. As lesões encontram-se ilustradas na próxima figura.
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GRÁFICO 5 – LESÕES ANTERIORES NO OMBRO
LESÕES ANTERIORES NO OMBRO
luxação
9%
subluxação
9%
tendinite supraespinhoso
46%
tendinite cabeça
longa do bíceps
18%
9%
9%
bursite subacromial
lesões sem
diagnóstico
FONTE: A autora
Em relação aos movimentos que causavam dor no ombro, 9 atletas (75%),
apresentaram movimentos álgicos de rotação externa em 90o de abdução (100%, 9
atletas), rotação interna em 90o de abdução (44,4%, 4 atletas), flexão com rotação
interna e supinação do antebraço (33,3%, 3 atletas), abdução horizontal (11,1%, 1
atleta). A posição de alívio do quadro álgico referida por 88,9% da amostra foi a
posição de repouso do membro superior ao longo do tronco, 11,1% referiu que a
posição de adução com rotação interna do ombro e flexão do cotovelo
proporcionava alívio da dor.
Dos nove atletas que apresentaram movimentos álgicos, quatro atletas
(44,4%) classificaram a dor com grau 4 (leve), dois atletas (22,2%) a classificaram
com grau 3 (que aumenta após a prática esportiva) e três atletas (33,3%) a
classificaram com grau 2 (moderada, durante a prática esportiva).
Com relação a amplitude de movimento articular, a avaliação fisioterapêutica
evidenciou 5 amplitudes diferentes de flexão descritos na figura a seguir. A
amplitude média do movimento de flexão do ombro foi de 140,1 o.
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GRÁFICO 6 – ADM DE FLEXÃO DO OMBRO
ADM DE FLEXÃO DO OMBRO
8%
25%
17%
145º
142º
140º
135º
25%
25%
130º
FONTE: A autora
O movimento de rotação externa também apresentou variação nos resultados
e evidenciou 5 diferentes amplitudes; sendo que a amplitude média do movimento
de rotação externa do ombro foi de 100,8 o.
GRÁFICO 7 –ADM DE RE DO OMBRO
ADM DE RE DO OMBRO
8%
17%
120º
17%
8%
8%
42%
110º
105º
100º
90º
75º
FONTE: A autora
O movimento de abdução apresentou 4 diferentes amplitudes, sendo que a
amplitude média do movimento de abdução do ombro foi de 165,4 o.
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O movimento de rotação interna apresentou 3 diferentes amplitudes e a
amplitude média do movimento de rotação interna do ombro foi de 66,7 o.
GRÁFICO 8 – ADM DE ABDUÇÃO DO OMBRO
ADM DE ABDUÇÃO DO OMBRO
8%
175º
42%
33%
170º
165º
160º
17%
FONTE: A autora
GRÁFICO 9 – ADM DE RI DO OMBRO
ADM DE RI DO OMBRO
25%
70º
65º
17%
58%
60º
FONTE: A autora
O movimento isométrico resistido de flexão do ombro apresentou duas
graduações: 5 (58,3%, 7 atletas) e 4 (41,7%, 5 atletas); abdução do ombro 3
graduações: 5 (41,7%, 5 atletas), 4 (41,7%, 5 atletas) e 3 (16,7%, 2 atletas); rotação
interna 3 graduações: 5 (66,7%, 8 atletas), 4 (25,0%, 3 atletas) e 3 (8,3%, 1 atleta) e
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rotação externa 3 graduações: 5 (41,7%, 5 atletas), 4 (41,7%, 5 atletas) e 3 (16,7%,
2 atletas).
As forças médias dos movimentos acima foram as seguintes: flexão 4,6;
rotação interna 4,4; abdução 4,3 e rotação externa 4,3.
Os 12 atletas (100%) apresentaram resultado negativo para o teste de Neer,
um atleta (8,3%) apresentou resultado positivo para o teste de Hawkins Kennedy e 6
atletas (50%) apresentaram resultado positivo para o teste de Patte.
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13 DISCUSSÃO
Baseando-se em Andrews (2000), a compressão do manguito rotador pode
ocorrer em atletas, como jogadores de beisebol, nadadores e outros cujas atividades
envolvem o uso repetitivo do braço no mesmo nível e acima de 90o de abdução do
ombro. Os atletas do voleibol se encaixam nestas últimas atividades, pois as ações
biomecânicas usadas por eles exigem posições acima de 90o de abdução como
saques e cortadas.
De acordo com Xavier (1998), Amatuzzi (1999) e Andrews (2000), Neer
(1983) classificou a Síndrome do Impacto do Ombro, segundo critério clínico, em
três fases: fase I (menor de 25 anos); fase II (entre 25 e 40 anos) e fase III (maior de
40 anos). A idade média dos nossos atletas é de 26,6 anos, neste caso, a maioria se
enquadraria na fase II, caso os atletas apresentassem a Síndrome do Impacto.
Gould III (1993) descreve que a balística e a natureza repetitiva de esportes
que exigem posições acima da cabeça podem levar a microtraumas de uso
excessivo, o que caracteriza nossos atletas que apresentaram um treinamento
médio de 4,3 vezes por semana, com tempo médio de 2,2 horas por treino, em um
tempo médio de prática esportiva de 12,4 anos, tornando o atleta susceptível a
lesões por uso repetitivo ou sobrecarga.
É importante ressaltar que 75% da amostra apresentou história de lesão
dolorosa no ombro; evidenciando a alta incidência de Síndrome de impacto do
Ombro nos atletas do voleibol, devido a sobrecarga que o gesto esportivo provoca
na articulação estudada.
Para Andrews (2000) a função normal dos tendões do ombro depende da
função normal dos depressores da cabeça do úmero, da frouxidão capsular normal e
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de um espaço subacromial adequado. Alguns efeitos como a fraqueza dos músculos
ou dos tendões do manguito rotador causa compressão por perda da função de
estabilização da cabeça do úmero que resulta em dano do tendão (tendinite). Dos 9
atletas com história anterior de lesão dolorosa no ombro, encontramos dois casos
anteriores de tendinite do supra-espinhoso (22,2%) e um caso anterior de tendinite
da cabeça longa do bíceps (11,1%) Outro efeito é o espessamento da bursa que
causa compressão por enchimento excessivo do espaço subacromial, produzindo
maior espessamento da bursa (bursite), onde um atleta relatou história anterior de
bursite subacromial (11,1%). O terceiro efeito, se a cápsula estiver particularmente
frouxa, e se os estabilizadores dinâmicos não forem suficientes, a cabeça do úmero
pode sofrer um deslocamento ântero-superior (subluxação) e todos estes efeitos
podem intensificar ainda mais o impacto, produzindo um processo autoperpetuante.
Um dos atletas do voleibol já apresentou subluxação por fraqueza do manguito
rotador (11,1%).
Segundo ANDREWS, HARRELSON e WILK (2000), a mecânica e os
correlatos clínicos dos lançamentos (arremessos) no beisebol são bastante similares
para saques e cortadas no voleibol. O mecanismo do arremesso pode ser dividido
em cinco fases: rotação, levantamento, aceleração, desaceleração, e execução.
Durante a fase de levantamento, o ombro é abduzido em aproximadamente 90º,
rodado externamente em 90º ou mais, e abduzido horizontalmente em cerca de 30º.
Essa posição coloca a cápsula articular anterior e os rotadores internos, que são
usados para acelerar a bola, sob tensão máxima. A cápsula poderá ser “distendida”
com os saques e cortadas contínuos, ocorrer maior deslocamento da cabeça do
úmero durante o levantamento tardio, e isso pode manifestar-se clinicamente como
“colisão (impacto) posterior. Alguns autores identificaram originalmente a lesão do
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sacador e cortador, cuja atividade é realizada acima da cabeça, surge quando o
braço é abduzido e rodado externamente, principalmente na fase de levantamento
do saque e cortada, fazendo com que a cabeça do úmero tenda a deslizar
anteriormente levando o supra e o infra-espinhoso a colidirem (ou produzirem atrito)
com a borda póstero-superior da reborda glenóide. É importante ressaltar que entre
os atletas do voleibol (12 atletas), tanto os que apresentaram movimentos álgicos (9
atletas, 75%) como os que tiveram história anterior de lesão dolorosa no ombro (9
atletas, 75%), apresentaram dor durante a rotação externa em 90º de abdução. Isso
torna condizente com a lesão do sacador e cortador, já que esses atletas usam a
abdução e rotação externa repetidamente durante os treinos e competições.
A fase de aceleração começa no ponto de rotação externa máxima. A energia
do corpo é transferida para o braço e essa energia é aumentada pela contração dos
rotadores internos. Durante essa fase, aumenta a velocidade da rotação interna
máxima. No momento de soltar a bola, o ombro deve ser abduzido em cerca de 90º
ou 100º. Devido às enormes forças que agem ao nível da articulação glenoumeral,
numerosas lesões podem resultar durante o saque ou cortada “acima da cabeça”,
como instabilidade, lacerações do lábio (labrum), tendinite por uso excessivo e
rupturas tendinosas. Dois atletas do voleibol relataram já terem apresentado
tendinite do supra-espinhoso (22,2%), um atleta relatou ter apresentado tendinite da
cabeça longa do bíceps (11,1%), um atleta já apresentou subluxação do úmero por
fraqueza do manguito rotador (11,1%) e outro, luxação do ombro (11,1%).
A dor em atividades com a mão sobre a cabeça são mais atribuíveis à lesão
por uso excessivo do manguito rotador, tendinite ou lesão secundária por impacto,
ou
ambos.
Dor
associada
a
rompimento
ou
separação
do
bordo
é
caracteristicamente intermitente e relacionada à posição. Por exemplo, em saques e
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cortadas no vôlei, é mais provável que a dor seja notada no final do levantamento e
início da aceleração, quando há abdução horizontal e rotação externa máximas do
ombro. Durante a avaliação, 9 atletas do voleibol (75%) apresentaram movimentos
álgicos, sendo que todos estes apresentaram durante a rotação externa em 90º de
abdução, 3 atletas (33,3%) apresentaram na flexão com supinação do antebraço e
apenas um durante a abdução horizontal (11,1%).
O sintoma mais evidente de tendinite do manguito rotador é a dor durante
e/ou após atividades diárias, ocupacionais e esportivas com a mão acima da cabeça.
Cinco atletas (55,5%) apresentaram dor nas atividades acima da cabeça durante e
após as atividades esportivas, dois atletas (22,2%) apresentaram após atividade e
três atletas (33,3%) apresentaram durante as atividades esportivas.
Os atletas do voleibol apresentaram uma diminuição da amplitude de
movimento (ADM) média para os movimentos de flexão 140,1 o e de abdução 165,4 o,
a ADM média de rotação interna e rotação externa normais. Porém, dois atletas
apresentaram rotação externa de 120º, acima dos valores considerados normais e
rotação interna de 60º, abaixo do valor normal. Para GARRICK (2001), aumento da
rotação externa, significa frouxidão glenoumeral anormal e, diminuição da rotação
interna, significa contratura posterior. O autor descreve que rotação externa de até
120o do ombro em abdução de 90o provavelmente esteja dentro dos limites normais
para esses atletas, mas qualquer limitação de rotação interna ou qualquer dor no
extremo da rotação externa é claramente anormal. Dois atletas do voleibol
apresentaram além da limitação da rotação interna, dor no ombro no final da rotação
externa.
Os atletas do voleibol apresentaram diminuição das forças de flexão, rotação
interna e principalmente de abdução e rotação externa do lado dominante. Este fato
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torna-se importante, pois a perda da força muscular é uma característica importante
nas lesões do ombro.
Dos resultados dos testes específicos para Síndrome de Impacto do Ombro,
50% da amostra apresentou resultado positivo para o teste de Patte; evidenciando
lesão irritativa no ombro e 8,3% apresentou resultado positiva ao teste de Hawkins,
indicando tendinite do músculo supra-espinhoso.
O atleta de 20 anos, com menor tempo de prática esportiva (9 anos),
treinando 3 vezes por semana durante 2 horas, não tem história anterior de lesão
dolorosa no ombro e não há movimentos no ombro que lhe causam dor. Na
avaliação fisioterapêutica não apresentou nenhum sintoma ou resposta positiva para
lesão no ombro. É importante ressaltar que este atleta apresenta o menor tempo de
prática esportiva, justificando a ausência de sintomatologia para Síndrome de
Impacto do Ombro.
O atleta de 29 anos, com maior tempo de prática esportiva (18 anos),
treinando 3 vezes por semana durante 2 horas, teve história anterior de lesão
dolorosa
no
ombro
(tendinite
do
supra-espinhoso),
realizando
tratamento
fisioterapêutico, com melhora considerável do quadro álgico. O atleta em questão
também desenvolve a função de treinador, o que vêm a exigir mais do gesto
esportivo.
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14 CONCLUSÃO
Demandas especiais do ombro expõe-no a um risco elevado de uso
excessivo e de sobrecarga dos tecidos moles da cintura escapular como aqueles
que fazem uso constante e repetitivo do membro superior nas atividades acima da
cabeça como os atletas do voleibol. A incidência da síndrome do impacto realmente
foi elevada, já que 75% dos atletas que apresentaram dor nos movimentos do
ombro, 100% apresentaram com o braço abduzido e rodado externamente, pois
durante esse movimento, a cabeça do úmero tende a deslizar anteriormente
comprimindo o manguito rotador, principalmente o supra-espinhoso, contra o
acrômio, que pelo uso repetitivo pode resultar em edema, fibrose e com o passar do
tempo, podem ocorrer lacerações do manguito rotador. Este movimento de abdução
com rotação externa, responsável pela lesão do manguito, é o movimento mais
usado na fase de levantamento do voleibol. Desse modo foi possível relacionar a
lesão com o gesto esportivo.
Os atletas com maior tempo de prática esportiva, foram os que apresentaram
movimentos álgicos e lesões anteriores no ombro, demonstrando que o uso
repetitivo dessa articulação ao longo da carreira esportiva pode levar a síndrome do
impacto. Seria interessante realizar pesquisas com uma amostra maior, incluindo
desde atletas mais velhos com maior tempo de prática esportiva até atletas mais
jovens, com menor tempo de prática no vôlei e assim confrontar os resultados
verificando se os mais velhos, pelo maior tempo de uso da musculatura, são os mais
lesados.
Pelo levantamento bibliográfico, os atletas têm conhecimento de medidas
preventivas que devem ser incorporadas ao treinamento, durante o ano todo, como
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exercícios progressivos de resistência do manguito rotador, bem como freqüência,
duração e intensidade do exercício que devem ser mantidas dentro dos limites do
repouso relativo, reservando um tempo para preparação e adaptação e assim
evitando problemas de erros de treinamento.
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1
ANEXOS
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO
1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
NomeSexoIdadeANAMNESE:
Tempo de pratica esportiva:
Número de vezes por semana e tempo de treino:
Qual é seu lado dominante:
Já teve alguma lesão/ problema doloroso no ombro:
( ) sim. Qual?
MS Direito/Esquerda
( ) não
Há movimentos no ombro que causam dor:
( ) sim
( ) não
Se a resposta anterior foi afirmativa, responda se a prática esportiva aumenta a
dor:
Quais movimentos desportivos geram desconforto:
( ) extensão do MS
( ) abdução do MS
( ) flexão do MS
( ) RI do MS
( ) RE do MS
( ) Outros. Descreva:
Alguma posição alivia a dor:
( ) sim. Qual?
( ) não
Ocorre sensação de fraqueza no membro superior depois da atividade:
( ) sim
( ) não
Ocorre edema ou diminuição da ADM quando sente desconforto:
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2
( ) sim. Qual? ( ) não
ANEXO 2 - AVALIAÇÃO DO OMBRO
Nome:
Idade:
Endereço:
Ocupação:
Telefone:
Mão Dominante: Direita/Esquerda
Ombro Avaliado: Direito/Esquerdo
I. Dor (5 = nenhuma, 4 = leve, 3 = após atividade incomum, 2 = moderada, 1 =
acentuada, 0 = incapacidade completa).
II.
Amplitude de Movimento:
A) Posição Ortostática
1. Flexão total ativa do ombro:
2. Rotação interna ativa com o braço a 90 º de abdução:
3. Rotação externa ativa a 90 º de abdução:
4. Abdução total ativa do ombro:
III.
Força: (5 = normal, 4 = boa, 3 = regular, 2 = fraca, 1 = mínima, 0 =
paralisia)
A) Deltóide anterior:
B) Deltóide médio:
C) Rotação externa:
D) Rotação interna:
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ANEXO 3 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome da Pesquisa: Incidência de Síndrome de Impacto do Ombro em Atletas de
Voleibol.
Coordenador da Pesquisa: Prof.ª Carla Adriane Pires Ragasson
Este é um estudo aplicado, junto aos atletas do time de voleibol da
comunidade do município de Cascavel, na região oeste do Paraná, que tem como
objetivo estudar a incidência da síndrome de impacto de ombro em atletas de
voleibol. A amostragem será de um time de voleibol composto de 15 atletas da
categoria adulto masculina. A coleta de dados para esta pesquisa será realizada por
meio de um questionário, testes clínicos realizados pelo pesquisador e colaborador
para verificar a presença de dor e alterações biomecânicas relacionadas à síndrome
de impacto do ombro, após os entrevistados estarem cientes deste documento.
Tendo o atleta participante da pesquisa recebido as informações anteriores e,
esclarecido dos seus direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente do exposto
e desejar participar da pesquisa.
1. A garantia de receber respostas a qualquer pergunta ou esclarecimentos a
dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a
pesquisa;
2. A liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo;
3. A segurança de não ser identificado e que será mantido o caráter
confidencial das informações relacionadas com a privacidade;
Em seguida assino o consentimento.
Cascavel,
Nome:
Assinatura:
de
de 2003.
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4
ANEXO 4 FOTOGRAFIAS DA AVALIAÇÃO DOS ATLETAS
FIGURA 1 GONIOMETRIA DE ROTAÇÃO EXTERNA, ROTAÇÃO
INTERNA e FLEXÃO
FIGURA 2 MOVIMENTO ISOMÉTRICO RESISTIDO DE ROTAÇÃO
INTERNA E ROTAÇÃO EXTERNA DO OMBRO
FIGURA 3 MOVIMENTO ISOMÉTRICO RESISTICO DE
ABDUÇÃO E FLEXÃO DO OMBRO
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FIGURA 4 TESTE DE IMPACTO DE NEER E
TESTE DE HAWKINS-KENNEDY
FIGURA 5 TESTE DE PATTE
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