EFEITO ADITIVO DA LASERTERAPIA COM UM PROTOCOLO DE CINESIOTERAPIA NA DOR E FUNÇÃO DE PACIENTES COM SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO Cindy Maximiano Faraco¹; Msc. Ralph Fernando Rosas² (orientador) INTRODUÇÃO A síndrome do impacto do ombro (SIO) é um processo inflamatório causado por um trauma ou pelo uso repetitivo dos braços acima de 90º, levando a uma degeneração do manguito rotador, composto pelos músculos supraespinhoso, infraespinhoso, redondo menor e subescapular, podendo lesar também a cabeça longa do bíceps braquial e a bursa subacromial É uma das afecções musculoesqueléticas mais frequentes dos membros superiores sendo responsável por 44 a 65% de todas as queixas do ombro. Pode acometer ambos os membros superiores, sem predileção por sexo ou raça, com prevalência maior em indivíduos com idade entre 40 a 50 anos. Outro aspecto relevante para a incidência dessa patologia é sua relação com algumas atividades de trabalho, sendo comum em trabalhadores que exercem funções com o membro superior em elevação por longos períodos. Um paciente portador dessa patologia ficará, na maioria dos casos, impossibilitado de realizar algumas atividades da vida diária (AVD), como pentear-se, vestir-se, comer, estender roupas, etc., devido à dor, à diminuição da amplitude de movimento e à perda de força e função do braço. Portanto, se estes pacientes não forem submetidos ao tratamento fisioterapêutico, poderá implicar, após alguns anos, em pessoas incapazes de realizar suas funções. Palavras-chave: Síndrome de Colisão do Ombro. Fisioterapia. Terapia a laser de baixa intensidade. _____________________ 1 2 Acadêmica de Fisioterapia da Unisul. Bolsista do PUIC. E-mail: [email protected] Coordenador do Curso de Fisioterapia da Unisul. E-mail: [email protected] OBJETIVOS O objetivo do presente estudo foi analisar eficácia da laserterapia de baixa potência na síndrome do impacto do ombro da Clínica Escola de Fisioterapia do Campus Tubarão. MÉTODOS Participaram do estudo cinco mulheres portadoras de síndrome do impacto do ombro, constantes na lista de espera da Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL – Campus Tubarão. Incluiu-se pacientes com idade entre 40 e 60 anos, que não possuíam patologia associada relevante para a pesquisa, que não eram tabagistas ou sedentárias e assinaram o termo de consentimento espontaneamente. Foram excluídas aquelas que faltaram alguma consulta, realizaram outro tratamento terapêutico simultaneamente com a fisioterapia ou terem realizado num intervalo menos que seis meses e utilizarem medicação analgésica e/ou anti-inflamatória em concomitância com o tratamento proposto. As pacientes foram sorteadas nos grupos controle e experimental, onde: - Grupo controle: realizou exercícios de alongamento em rotação externa em plano de escápula e em adução horizontal a 30º de flexão, exercícios de fortalecimento para os músculos do manguito rotador (RE e RI), exercícios de fortalecimento para o complexo do ombro com movimento de abdução a 45º do plano frontal. - Grupo experimental: realizou os mesmo procedimentos somados à laserterapia na região da tuberosidade maior do úmero, tuberosidade menor do úmero e sulco biciptal com o tempo calculado automaticamente pelo aparelho e intensidade de 6 J/cm². Foram submetidas a dez consultas fisioterapêuticas, com uma avaliação no início (avaliação 1) e uma avaliação no fim (avaliação 2) do tratamento. Nas avaliações foram realizados testes especiais para síndrome do impacto do ombro (teste de Hawkins, teste de Yocum e teste de Palm-up). Para medir a dor e a dificuldade na realização das AVDs (foi usado como padrão de AVD: tomar banho, trocar de roupa e levantar-se da cama após acordar) foi utilizado a EVA, onde o ponto inicial era representado por 0 cm, o qual identifica que o indivíduo não apresenta dor ou nenhuma dificuldade nas AVDs, e o ponto final por 10 cm, que quantifica a pior dor possível e a pior dificuldade possível. Foi pedido à paciente para que a mesma fizesse um traço nessa linha no valor que corresponda à sua dor/dificuldade no dia da avaliação. Foram realizados, também, testes para a força muscular para todos os músculos do manguito rotador (supraespinhoso, infraespinhoso, redondo menor e subescapular) e para o bíceps braquial, de acordo com Kendall, McCreary e Provance (1995). Todas as sessões foram realizadas nas dependências da Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL Tubarão – SC, no período matutino. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina sob protocolo nº 12.297.4.08.III. RESULTADOS E DISCUSSÃO A dor e dificuldade em realizar AVDs foram medidas com a Escala Visual Analógica de 10 cm e deram os seguintes resultados: Tabela 1: Resultados da Escala Visual Analógica do grupo controle Avaliação 1 Avaliação 2 Paciente 1 7,0 cm 1,0 cm Paciente 2 5,1 cm 0,6 cm Paciente 3 7,2 cm 2,5 cm Tabela 2: Resultados da Escala Visual Analógica do grupo experimental: Avaliação 1 Avaliação 2 Paciente 4 9,5 cm 1,6 cm Paciente 5 7,5 cm 2,0 cm Segundo os resultados, as pacientes dos dois grupos apresentaram melhoras em relação à dor e à dificuldade em realizar AVDs, não havendo diferença entre os tratamentos propostos. A força muscular foi testada para todos os músculos do manguito rotador (supraespinhoso, infraespinhoso, redondo menor e subescapular) e par o bíceps braquial, apresentando os seguintes resultados: Tabela 3: Resultados dos testes de força muscular do grupo controle: Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3 Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação 1 2 1 2 Avaliação Avaliação 1 2 Supraespinhoso Grau 4 Grau 5 Grau 5 Grau 5 Grau 4 Grau 5 Infraespinhoso Grau 4 Grau 5 Grau 4 Grau 5 Grau 3 Grau 4 Redondo Menor Grau 2 Grau 5 Grau 4 Grau 5 Grau 4 Grau 5 Subescapular Grau 3 Grau 4 Grau 4 Grau 5 Grau 4 Grau 5 Bíceps Braquial Grau 4 Grau 5 Grau 5 Grau 5 Grau 5 Grau 5 Tabela 4: Resultados dos testes de força muscular do grupo experimental: Paciente 4 Paciente 5 Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 1 Avaliação 2 Supraespinhoso Grau 4 Grau 5 Grau 4 Grau 5 Infraespinhoso Grau 3 Grau 4 Grau 4 Grau 5 Redondo Menor Grau 3 Grau 4 Grau 4 Grau 5 Subescapular Grau 5 Grau 5 Grau 4 Grau 5 Bíceps Braquial Grau 4 Grau4 Grau 5 Grau 5 Em relação à força muscular, observa-se nos resultados que os dois grupos apresentaram ganho de força, não havendo diferença entre os tratamentos propostos. Os testes para síndrome do impacto do ombro apresentaram os seguintes resultados: Tabela 5: Resultados dos testes especiais do grupo controle: Paciente 1 Paciente 2 Avaliação Avaliação 1 2 Paciente 3 Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação 1 2 1 2 Teste de Hawkins Positivo Negativo Negativo Negativo Positivo Negativo Teste de Yocum Positivo Positivo Positivo Negativo Positivo Negativo Teste de Palm-up Positivo Negativo Positivo Negativo Positivo Negativo Tabela 6: Resultados dos testes especiais do grupo experimental: Paciente 4 Paciente 5 Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 1 Avaliação 2 Teste de Hawkins Positivo Negativo Positivo Negativo Teste de Yocum Positivo Negativo Negativo Negativo Teste de Palm-up Positivo Positivo Positivo Negativo Em relação aos testes especiais para síndrome do impacto do ombro, os resultados mostram que os dois grupos apresentam melhoras, não havendo diferença entre os tratamentos propostos. CONCLUSÕES Este trabalho teve como objetivo analisar a eficácia da laserterapia de baixa potência no tratamento da síndrome do impacto do ombro. Após a análise e discussão dos dados observou-se que não houve diferença entre os dois grupos de tratamento, apesar de ter apresentado melhora do quadro clínico dos pacientes em relação à dor, dificuldade na realização das AVDs e força muscular. REFERÊNCIAS Boeck RL, Döhnert MB, Pavão TS. Cadeia cinética aberta versus cadeia cinética fechada na reabilitação avançada do manguito rotador. Fisioter. Mov. 2012; 25(2): 291-299. Gross J, Fetto J, Rosen E. Exame musculoesquelético. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2009. Kendall FP, Mccreary EK, Provance PG. Músculos: provas e funções com postura e dor. 4ª ed. São Paulo: Manole; 1995. Marcondes FB, Rosa SG, Vasconcelos RA, Basta A, Freitas DG, Fukuda TY. Força do manguito rotador em indivíduos com síndrome do impacto comparado ao lado assintomático. Acta Ortop Bras. 2011; 19(6): 333/337. Metzker CAB. Tratamento conservador na síndrome do impacto do ombro. Fisioter. Mov. 2010; 23(1): 141-151. Veçoso MC. Laser em fisioterapia. São Paulo: Lovise; 1993. Witte PB, Nagels J, Arkel ERV, Visser CPJ, Nelissen RGHH, Groot JH. Study protocol subacromial impingement syndrome: the identification of pathophysiologic mechanisms (SISTIM). BMC Musculoskeletal Disorders 2011; 12: 282. FOMENTO O trabalho teve a concessão de Bolsa pelo Programa Unisul de Iniciação Científica (PUIC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).