Texto de apoio ao Curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira DEFICIENTE AUDITIVO Definição: Perda da audição ou audição difícil. Conseqüências Em geral são pessoas tidas como com falta de motivação, desatentos ou retardo mental. A pessoa normal pode sentir como seria ser cego ou deficiente físico, mas não como surdo. A linguagem de sinais carece de alguns equivalentes do vocabulário comum (principalmente em questões legais). Compartilhar linguagem comum é pré-requisito para integração. E os que nascem surdos têm grande dificuldade. Sons (mesmo não verbais) são guias. A audição e fala contribuem para: aceitação social, sentimento de segurança pessoal, aprendizagem e manutenção de aptidões não verbais (DNPM) ® resulta em ambiente informativo pobre, restrição a incentivos para explorar o ambiente (¯ curiosidade). Classificação Baseia-se: a) no grau de prejuízo auditivo A perda quantitativa baseia-se no grau de perda de audição audiometricamente medido em decibéis (dB), na faixa de freqüência da fala. Classe 1.: Perda leve (20 a 30 dB). Aprendem a falar de ouvido. Classe 2.: Perda marginal (30 a 40 dB). Pode aprender a falar de ouvido, mas com dificuldade em ouvir a fala do outro a uma distância maior que poucos metros e em acompanhar conversação. Classe 3.: Perda moderada (40 a 60 dB). Podem aprender a falar de ouvido se houver amplificação do som e com auxílio da visão. Classe 4.: Perda grave (60 a 75 dB). Só adquirirão a fala com ajuda de técnicas especiais (educacionalmente surdos). 1 Classe 5.: Perdas profundas (> 75dB).Não aprendem de ouvido, mesmo com amplificação do som. Surdos. b) na causa do déficit SURDAS: 1. pessoas que nascem com perda auditiva suficiente para impedir a aquisição da fala. 2. pessoas que ficam surdas antes do desenvolvimento da linguagem e da fala. 3. pessoas que ficam surdas pouco tempo depois da aquisição da linguagem e da fala, a ponto dessas aquisições praticamente se perderem. AUDIÇÃO DIFÍCIL: . pessoas que adquiriram a fala útil e a capacidade de compreender a fala, antes de sofrer sua perda auditiva e que continuam a usar essas aptidões. . Isto confunde o conceito comum de surdo: uma perda congênita de 80dB = surdo; uma perda igual, com 10 anos, não é surdo!! .Comissão Americana: - Surdos são pessoas em que o sentido da audição não é funcional para as finalidades comuns da vida. -Audição difícil: aqueles em que o sentido da audição, embora deficiente, é funcional com ou sem auxílio de um aparelho auditivo. Portanto, surdos = · congenitamente surdos · surdos fortuitos: nasceram normais, mas audição se tornou não funcional em decorrência de acidentes ou doenças. c) na idade da instalação do déficit TIPOS 1. Surdez de condução (passível de ajuda com aparelho de amplificação sonora) 2. Surdez neurológica (por lesão das estruturas nervosas). QC: · bebês surdos choram e reagem a emoções = a crianças normais e, por isso, podem passar desapercebidos. · quando chegam aos 6 meses e começam a balbuciar, é que seus padrões sonoros se diferenciam e começam a chamar a atenção. O atraso na fala é que chama a atenção. · não se dão conta da ¯ do piscar, saltitar, etc.. Criança indiferente a ruídos normais podem ser tidas como "bebê bonzinho". 2 Fala tardia e falta de reatividade também são encontrados nos DM, crianças com distúrbios emocionais e com lesão cerebral. Lesão física (mal-formações ou infecção freqüente) fica mais evidente. Sintomas em crianças + velhas: pg. 519 do livro O Indivíduo Excepcional. Testes: 1- Testes auditivos não padronizados: . sinetas, castanholas para crianças bem pequenas ® · cessa momentaneamente os movimentos · estremecimento do corpo (reflexo de Moro) · piscar os olhos · voltar a cabeça para o lado do som . sussurro, relógio (tic-tac), diapasão (de timbres diferentes), instrumentos fabricados, colocados a distância máxima (+ 6m) e vai se aproximando até escutar. 2- Audiômetros de tom puro: · produzem tons de freqüência (timbre) e intensidade (altura) variáveis · pessoa ouve os tons através de fone de ouvido e responde dizendo "agora" ou apertando um botão sempre que ouve. · resultados marcados num audiograma ® representação gráfica. 3- Audiômetro fonográfico: · executam-se gravações calibradas de vozes masc. e fem. gradativamente menos nítidas. Os ouvidos são testados separadamente. · criança responde ou escrevendo num espaço apropriado, ou assinalando a palavra ou figura adequada. 4- Teste de percepção da fala: · utiliza material padronizado de fala · apresentado em gravações comerciais ou voz ao vivo · monitorado em sua intensidade 5- Testes auditivos de diagnóstico diferencial: · Testes de condução óssea: . diapasão ou vibrador colocado na testa, preso com atadura ® condução óssea diretamente aos líquidos do ouvido interno. Portanto, componentes da condução aérea ficam de fora. Se o defeito for no aparelho condutivo, ouve melhor. Se o defeito for neuro-sensorial (cóclea ou nervo auditivo), não melhora. 3 · Pronuncia-se uma palavra num microfone, que é transmitida ao vibrador. Paciente repete a palavra dita e levanta ou mão D ou E para dizer de que lado ouviu. · Lateralização: ouve no ouvido mais surdo quando a perda é condutiva, ou no ouvido melhor quando a perda é neuro-sensorial. 6- Outros tipos: · em crianças com déficit de atenção: melhor tons puros modulados que tons puros únicos repetitivos · Música, produtores de ruídos, sons de animais. · Palavra-chave no meio de uma frase ® 1 movimento motor · Métodos de resposta condicionada: Ex.= uma casa escura ® ouve um tom ® pressiona um botão ® casa ascende e bonecos se movimentam, ou oferece-se balas e bugigangas. Causas hereditárias congênitas pós-natais desconhecidas Principalmente as seguintes infecções: escarlatina, caxumba, sarampo, coqueluche, infecção crônica do ouvido médio. Incidência e Prevalência . Dados imprecisos, mas sem dúvida estão aumentando muito. . A idade também pesa. . A maioria dos indivíduos de meia idade tem pouca audição acima de 10.000 ciclos/seg. Características pessoais . Em geral, com outras doenças associadas. . Inteligência: há necessidade de adaptação dos testes de QI, testes não verbais. Encontra-se de diferentes níveis (normal, abaixo ou acima). . Teste de QI sozinho não é útil. Aproveitamento educacional . A maioria fica atrasada . Parece que as crianças que desde cedo usam técnicas como "soletrar com os dedos" (leitura digital) e a linguagem de sinais, se saem melhor que crianças limitadas à comunicação oral. 4 Adaptação social . Grau mais elevado de instabilidade emocional, neuroses e desajustamento social variado. Risco de maior frustração e solidão. . Tendem a limitar seus níveis de aspiração. Aspectos médicos 1- Cirurgia 2- Aparelhos auditivos (associados a (1) ou independentes). · para surdez de condução · amplificador sonoro · deve haver audição residual · nem todos aceitam · os que têm amplificação igual para todas as freqüências, provocam sons insuportáveis · verificar se há audição seletiva (separar sons que não interessam) · bom começar usar antes que perca os hábitos de escuta seletiva · criança que nasce com hipoacusia, deve ser estimulada a ouvir e valorizar o som; e a sair da percepção só visual e cutânea. 3- Família deve falar, com cuidado, claramente, lentamente, repetindo sons do bebê, com o rosto do interlocutor em plena luz, quando há som residual. Medição · Freqüência e Intensidade · Mede-se com audiômetro de puro-som ® audição registrada num audiograma. Nível de 30 dB = perda leve. Nível de 95dB = perda profunda. Ver Tabela pg. 233 (livro Educação do Excepcional) · Perda condutiva, raramente > 60 ou 70 dB. Não chega a surdez. Inclui condução óssea e aérea. Obstrução do ouvido bloqueia a aérea e não a óssea. · Perda da condução reflete mais na intensidade do som. · Perda neuro-sensorial reflete mais na freqüência. Educação Como detectar: · Parece haver alguns problemas físicos associados aos ouvidos? (dores de ouvido, zumbidos, secreção ou cera, amigdalites freqüentes). · Há pouca articulação dos sons, principalmente omissão de sons consonantais? (Criança não tem feedback de sua fala). 5 · Quando ouve rádio, TV, som, aumenta muito o volume? (quando ouve discos educativos ou filmes sonoros). · Encosta o ouvido no auto-falante ou se vira para ele com esforço para ouvir melhor? · Há pedidos freqüentes para se repetir o que foi dito? · É aluno desatento ou não responde às solicitações com voz normal? · É aluno que reluta em participar de atividades orais? Diferenciar: surdos de alunos com audição residual. Métodos: · comunicação por sinal (Escola francesa) = manual · Comunicação oral (Escola alemã) · Método combinado (Rochester) · Leitura labial = interpretação visual da comunicação falada. Problemas com sons homofônicos. Treinamento auditivo: ouvir pistas, discriminar som 6