UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A Psicomotricidade no Processo de Aprendizagem Por: Micheline de Lima Tavares Orientador Prof. Celso Sanchez Rio de Janeiro 2007 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A Psicomotricidade no Processo de Aprendizagem Apresentação de Cândido Mendes obtenção do monografia como grau à requisito de Psicomotricidade. Por: Micheline de Lima Tavares. Universidade parcial para especialista em 3 AGRADECIMENTOS A Deus, ao orientador professor Celso Sanchez, à professora Cristie Campello, aos colegas de turma e aqueles pacientes que pensam que aprendem, mas me ensinam muito. 4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a Deus, agradecendo por todas as graças alcançadas em minha vida. Também a Ione, minha mãe, a quem minha dívida é eterna; e meu marido Cláudio, companheiro de todos os momentos. Micheline de Lima Tavares 5 RESUMO Os profissionais da área educacional demonstram um certo despreparo para trabalhar com o desenvolvimento psicomotor da criança, quando esta inicia sua vida escolar e também no decorrer da mesma. Na maioria das vezes, encontramos os educadores dividindo os educandos; como por exemplo, afirmando que uma criança é “estabanada” ou “desastrada” e por isso deve ser encaminhada ao professor de Educação Física, pois o seu problema é físico ou corporal; e quando uma criança apresenta distúrbios em seu comportamento ou dificuldade de aprendizagem costuma-se dizer que o seu problema é emocional, encaminhando-a ao psicólogo da escola. Mas, é possível separar mente e corpo? Atualmente, é mais raro, mas ainda encontramos profissionais com este pensamento e também que consideram que as aulas de Educação Física são apenas para brincar, pois não percebem o lúdico e nem o trabalho corporal como fundamentais para o processo de aprendizagem. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR 09 A RELAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE COM O PROCESSO DE APRENDIZAGEM 18 A ESCOLA COMO ESPAÇO LÚDICO 26 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA 41 ANEXOS 42 7 INTRODUÇÃO O presente trabalho apresenta os benefícios da Psicomotricidade para aprendizagem. O mesmo não pretende solucionar todos os problemas, mas suscitar questionamentos, debates e discussões, visto que nenhum estudo por mais profundo que seja, dá conta de um assunto tão amplo; pensar dessa forma seria utópico demais, por se tratar de um tema extenso que abrange as áreas clínica e educacional. Esse estudo visa mostrar a importância de um especialista em Psicomotricidade nas escolas, pois através de sua atuação percebemos que é possível contribuir para que qualquer educando seja capaz de aprender, mesmo com suas dificuldades psicomotoras. O psicomotricista, assim como todo educador, deve respeitar as potencialidades e limitações do educando. Embora pareça idealista, a autora dessa obra pretende experienciar um trabalho interdisciplinar no sistema educacional brasileiro, podendo vivenciar o que algumas escolas abordam apenas na teoria; com o objetivo de proporcionar ao ser humano através do conhecimento de seu corpo, uma facilitação no processo de ensino-aprendizagem, elevando sua auto-estima. A mesma apresenta como hipótese dessa pesquisa: a capacitação dos profissionais da educação, pois alunos mal-trabalhados ou não estimulados adequadamente nos aspectos do desenvolvimento motor apresentam dificuldades de aprendizagem. O procedimento metodológico será desenvolvido através de referências bibliográficas das áreas de Psicologia, Psicomotricidade, Pedagogia e Educação Física; tendo como público alvo crianças de zero à doze anos, da rede particular de ensino, sem que haja exposições das pessoas e dos 8 estabelecimentos de ensino, não havendo identificações se houver exemplo citado. O trabalho foi realizado com os livros: “Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção”; “Como aplicar a Psicomotricidade”; “Teoria e Prática em Psicomotricidade”; “A Alegria do Movimento na Pré-Escola”; “Psicomotricidade: Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico”; entre outros. Pois vale ressaltar que autores como: FÁTIMA ALVES, GERALDO PEÇANHA DE ALMEIDA, SANDRA CURTSS, GISLENE DE CAMPOS OLIVEIRA, etc., abordam brilhantemente o assunto. No capítulo I, falamos dos “Aspectos do Desenvolvimento Motor”, explicando sucintamente o esquema corporal, a imagem corporal, o equilíbrio e a lateralidade. No segundo capítulo, abordamos “A Relação da Psicomotricidade com o Processo de Aprendizagem”, enfocando a aprendizagem na leitura e na escrita. O capítulo seguinte trata da “Escola como Espaço Lúdico”, mostrando a capacidade da criança em fantasiar e criar através de suas brincadeiras, como ações vitais e fundamentais para o processo de aprendizagem. Com esses três capítulos, buscamos enfatizar as contribuições positivas da Psicomotricidade para aprendizagem. 9 ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR Um dos aspectos do desenvolvimento motor humano é o esquema corporal, pois sua compreensão é de grande valia para o trabalho na área da psicomotricidade. Existem inúmeras definições que retratam basicamente que quando o individuo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o esquema corporal é estruturado, através da discriminação do próprio corpo e da capacidade de exercer um controle sobre as partes do mesmo, vivenciando estímulos sensoriais implica: na percepção do corpo, no equilíbrio, na lateralidade, na independência dos membros em relação ao tronco e entre si, no controle muscular e no controle de respiração. O corpo não pode ser visto apenas como biológico e orgânico, já que expressa emoções e está repleto de significados que são adquiridos através da relação da criança com o meio, de sentimentos e valores muito pessoais que influenciarão na formação do esquema corporal e mais ainda da imagem corporal, pois essa segunda é a impressão que temos de nós mesmos, subjetivamente. “O esquema corporal resulta das experiências que possuímos provenientes do corpo e das sensações que experimentamos. Por exemplo: andar, sentar-se, segurar o lápis e a caneta de modo correto, com equilíbrio e com movimentos coordenados depende de uma noção adequada do esquema corporal. O esquema corporal, portanto, regula a postura e o equilíbrio.” MORAIS (1998) e SANTOS (1987). O corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para conhecer e interagir com o mundo. Ele servirá de base para o desenvolvimento cognitivo, para a aquisição de conceitos referentes ao espaço e ao tempo, para um maior domínio de seus gestos e harmonia de movimentos. 10 A noção de esquema corporal é de âmbito fisiológico e o desenvolvimento do mesmo é a representação que cada pessoa tem de seu corpo. Essa representação forma-se a partir de dados sensoriais múltiplos proprioceptivos, exteroceptivos e interceptivos. O desenvolvimento do esquema corporal pode ser dividido em três etapas: corpo vivido (até três anos de idade), corpo percebido ou descoberto (três a sete anos) e corpo representado (sete a doze anos). A primeira etapa corresponde à fase da inteligência sensóriomotora de PIAGET. É denominada pela experiência vivida pela criança através da exploração do meio, as descobertas são intensas, seus primeiros movimentos são através dos movimentos dos outros por imitação. Isso ocorre porque o bebê até o seu primeiro ano de vida aprende a eliminar os comportamentos que não lhe são proveitosos, estabelecendo ligações entre seus movimentos e suas sensibilidades. Conforme a criança vai se diferenciando do meio, fala-se em imagem do corpo, pois o eu torna-se unificado e individualizado, partindo de um estado de indiferenciação para um estado de diferenciação. Na etapa do corpo percebido ou descoberto fica evidente a organização do esquema corporal devido à função de interiorização, que é segundo LE BOULCH: “a possibilidade de deslocar sua atenção do meio ambiente para seu corpo próprio a fim de levar à tomada de consciência”. Com isso, a criança aperfeiçoa seus movimentos, adquirindo maior coordenação dentro de um espaço e tempo determinado, obtendo a representação mental dos elementos do espaço, descobre sua dominância e com ela seu eixo corporal, vendo seu corpo como ponto de referência para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo; assimila conceitos como embaixo, acima, direita e esquerda, além de noções temporais, como o que vem antes, depois, qual é o primeiro e o último. Essa etapa pode ser caracterizada como préoperatória, por estar submetida à percepção num espaço em parte representado, mas ainda centralizado sobre o próprio corpo. Na terceira etapa, a do corpo representado, o esquema corporal já está estruturado, apresenta a noção do todo e das partes do corpo, conhece as posições e mantém um domínio corporal, ampliando e organizando seu esquema corporal. No início dessa fase, a imagem do corpo é estática e 11 reprodutora; por volta dos dez ou doze anos a criança dispõe de uma imagem mental do corpo em movimento, pode ser considerada “imagem de corpo operatório”, representando uma grande evolução das funções cognitivas, ocorrendo a descentralização do corpo que deixa de ser visto como ponto de referência. A imagem corporal está relacionada aos sentimentos do indivíduo no que tange à estrutura de seu corpo como a bilateralidade, lateralidade, dinâmica e equilíbrio corporal. “(...) a criança é o seu corpo, pois é através dele que a criança elabora todas as suas experiências vitais e organiza toda a sua personalidade. A imagem de si mesmo se constrói igual à forma que as demais estruturas mentais (pela associação dos elementos cada vez mais coordenados e complexos)”. AJURIAGUERRA (1972) Paralelo a esse fato, a criança começa a delinear as primeiras noções espaciais, pela distância percebida entre ela e os objetos; e partindo do seu próprio corpo a criança esboça as primeiras noções de profundidade através das flexões do seu tronco. Por meio de sua imagem, a criança percebe-se como um eixo central (que se volta para um lado e para o outro) com seus dois demídios laterais: direito e esquerdo, sentindo o domínio de um desses demídios e o estabelecimento correto da lateralidade. É partindo deles que a criança estabelece a primeira noção de volume, quando realiza movimentos para frente, para trás, para os lados. O nosso corpo não é um acúmulo de órgãos justapostos, mas sim uma autoposse indivisível da nossa existência completa; quer dizer, a autodescoberta não é mais que um sentir-se corporalmente no espaço e no tempo. 12 A comunicação não verbal é de grande importância para compreendermos a problemática da comunicação humana. A linguagem verbal apóia-se numa linguagem corporal que é observada na criança ao comunicarse com gestos, gritos e sacudindo algumas partes do corpo antes de dominar o vocabulário, como também nos povos primitivos. As emoções se expressam no campo mínimo corporal, e o corpo é um emissor de sinais de significado sociocultural, por esse motivo temos um livro denominado “O Corpo Fala”. Após a imagem corporal da criança passar por várias fases ou períodos de maturação, a mesma constrói-se como um ser que atua sozinha. A criança descobre a manipulação do seu próprio corpo, que até então é apenas boca e ânus, superfície cutânea de contatos, atividades interoceptivas e alguns movimentos, após libertar-se da manipulação dos outros, na alimentação, no banho e na higiene. A ação da criança e a ação do outro são como atitudes que se interpenetram e interjustificam simultaneamente estímulo e resposta. Na criança, a imagem do corpo depende, compreende e completa-se na imagem do corpo do outro e dos outros que a rodeiam e a envolvem. O outro é para a criança o centro de suas atenções e motivações. É para ele que a criança canaliza toda sua afetividade. O objeto está para a estruturação sensóriomotora assim como os outros estão para estruturação afetiva. A criança aprende a conhecer e a nomear as diferentes partes do seu corpo, através de diversas modalidades e levando em consideração: a identificação da cabeça, das partes do rosto, do pescoço, do tronco, dos membros inferiores e dos membros superiores em si, nos outros, em objetos e em gravuras; representação mental e repetição verbal e mental, que seria a introjeção; conhecimento e consciência dos órgãos dos sentidos, com suas respectivas funções; conhecimento, consciência e educação da respiração; etc. 13 A capacidade de coordenação incorpora as atividades que incluem duas ou mais capacidades e padrões motores. O desenvolvimento de todas as capacidades perceptivas é essencial para a evolução das potencialidades do indivíduo na aprendizagem cognitiva, psicomotora e afetiva. A coordenação geral pode ser: estática ou dinâmica. Existem cinco tipos de coordenação motora: coordenação motora-fina, coordenação motora-ampla, coordenação visomotora, coordenação audiomotora e coordenação facial. Falhas na coordenação motora podem ser causadas pela deficiência de movimentos na primeira infância, por isso devemos oferecer o máximo de experiências de movimentos coordenados à criança. A contração voluntária da musculatura facial tem muita importância, pois é o começo da expressão de estados abstratos como o medo, a negação e a ansiedade. Com o enriquecimento da mímica, aparecem os primeiros rudimentos de uma comunicação ao nível simbólico. Muitos autores, conhecendo os pré-requisitos fisiológicos, têm assinalado a necessidade de exercitar os movimentos primários pré-lingüísticos de sucção, mastigação e deglutição como precursores da fala. Todos os movimentos se apóiam num estado de tensão que é o meio pelo qual se torna possível o equilíbrio mecânico indispensável para que possa acontecer a coordenação entre os movimentos dos vários segmentos corporais. Sendo assim, não pode haver movimento sem atitude, também não pode haver coordenação de movimento sem um bom equilíbrio, permitindo o ajustamento do homem ao meio. É um dos sentidos mais nobres do corpo humano. Quando a coordenação da criança aprimora-se e ela está pronta para correr, saltar, girar, trepar e executar tantos outros movimentos sofisticados, o equilíbrio passa a ser a base primordial de toda coordenação geral, assim como de toda ação diferenciada dos membros superiores; é a sustentação do corpo sobre uma base. Segundo o professor AURÉLIO, “equilíbrio é a 14 manutenção de um corpo na posição normal, sem oscilações ou desvios; igualmente entre forças opostas. É a estabilidade mental e emocional”. Ele pode ser classificado em estático ou dinâmico; o primeiro são os movimentos não locomotores como: ficar em pé com a ponta dos pés tocando o solo com os mesmos unidos e elevação dos calcanhares. Já o equilíbrio dinâmico são os movimentos locomotores como: andar em marcha normal sobre uma linha prédelimitada. A lateralidade é vista por alguns autores como a dominância funcional de um lado do corpo que é determinada não só pela educação, mas pela predominância de um hemisfério cerebral sobre o outro, é a dominância cerebral. Sabemos que a metade esquerda do corpo é controlada pelo hemisfério direito, ao passo que a metade direita é controlada pelo hemisfério esquerdo. Quando há dominância do hemisfério esquerdo, temos o indivíduo destro; e quando ocorre a dominância do hemisfério direito, temos o indivíduo canhoto. É legítimo admitir que haja colaboração dos dois hemisférios na elaboração da inteligência. Assim, um dano ou lesão que afete a somestésica direita provocará uma alteração ou perda da sensibilidade no lado esquerdo do corpo ou vice-versa. Para QUIERÓS e SCHAGER, o termo lateralidade se refere à prevalência motora de um lado do corpo. Esta lateralização motora coincide com a predominância sensorial do mesmo lado e com as possibilidades simbólicas do hemisfério cerebelar oposto. Desta maneira, é possível aceitar a idéia de que a lateralidade não somente se manifesta por meio das atividades motoras, mas também por meio de aferências sensoriais e sensitivas e pela diferenciação funcional de ambas as metades do cérebro. Os termos lateralidade e dominância cerebral se aplicam para designar as condições de: destro, sinistro ou canhoto e ambidestro. A lateralização está presente em todos os níveis de desenvolvimento da criança, mas somente será definitiva à medida que esta criança atravessar todas as fases de seu desenvolvimento. A coordenação visomotora, a organização das percepções táteis e visuais, através de experiências que desenvolvam sua estruturação espacial da qual dependerá a lateralização são de grande importância no desenvolvimento infantil. O conhecimento frente-atrás adquirido nos primeiros 15 deslocamentos da criança, como rastejar e quadrupedismo, antecipa o de direita e esquerda. As crianças necessitam fazer experiências com a utilização de ambos os lados do corpo; a partir dos sete anos, a criança será capaz de perceber que direita e esquerda não dependem somente uma da outra, mas também da posição de outras pessoas em relação a ela e de seus deslocamentos, havendo uma descentralização de seus pontos de referência. As crianças a partir desta idade que não apresentam uma lateralidade definida encontrarão dificuldades na aprendizagem escolar. Podemos dizer que quando o indivíduo apresenta transtornos na lateralidade e na estruturação do esquema corporal ele terá grandes possibilidades de adquirir a dislexia. Quando as alterações psicomotoras se manifestam, interferem nas tarefas escolares refletindo-se mais diretamente na escrita; entre elas citaremos: - Falta de maturidade motora: manifesta-se através de uma debilidade motora na realização de movimentos gráficos e lentidão. - Tonicidade alterada, por carência ou por excesso: nas crianças hipotônicas, o traçado é débil e as letras mal acabadas ou incompletas. As crianças hipertônicas realizam o traçado com demasiada pressão, sendo freqüentes as sincinesias e os movimentos espasmódicos. - Incoordenação psicomotora: sozinha ou junto com as alterações neurológicas ou emocionais se manifesta através de dificuldades para segurar o lápis e controlar os movimentos, tornando-se evidente a disgrafia. Para adquirir um bom desenvolvimento das capacidades motoras, devemos estar atentos a alguns indícios que podem revelar deficiências perceptivo-motoras, tais como: 16 A. Falta de habilidade para as atividades cotidianas; B. Falta de vontade de participar nos jogos; C. Falta de predominância lateral; D. Dificuldade em associar símbolos e formas; E. Constante desconcentração; F. Dificuldades em interpretar direções laterais; G. Incapacidade de citar nominalmente partes do corpo; H. Dificuldades em colorir símbolos grandes; I. Incapacidade de reproduzir corretamente letras, números e símbolos. A lateralidade é examinada ao nível do olho, mão e pé, através de gestos e atividades da vida diária, permitindo assim um diagnóstico confiável. Não podemos confundir lateralidade, que é a dominância de um lado em relação ao outro, ao nível da força e da precisão, como sendo apenas o conhecimento de esquerda e direita, pois este significa o domínio dos termos “esquerda” e “direita”, visto que o conhecimento das mesmas decorre da noção de dominância lateral. A lateralidade demonstra ser um fator necessário para a aquisição da estabilidade e do equilíbrio, com relação à linha vertical que divide o corpo, e também para a aquisição de uma boa postura. Quando chega à idade escolar, a maioria das crianças já atingiu um estágio em que através de brincadeiras e atividades envolvendo movimentos amplos, já têm noção de direita e esquerda e dos dois lados do seu corpo. Entretanto, várias crianças possuem problemas de aprendizado e precisam de assistência específica no treinamento da lateralidade e da identificação dos lados direito e esquerdo, para que se possa prevenir e eliminar sintomas tais como reversão, palavras fora de ordem e 17 escrita espelhada. Sem esta ajuda, elas terão problemas não só com a formação do esquema corporal, mas também com as relações espaciais. Na lateralidade homogênea, a criança é destra ou canhota dos olhos, mãos, pés e ouvidos; na lateralidade cruzada a criança pode ser destra da mão e do olho e canhota de pés e ouvidos, ou outra combinação; já que, na ambidestria, a criança é tão forte e destra do lado direito quanto do esquerdo. Aconselha-se a não empregar os termos esquerda e direita sem que a lateralização esteja bem definida. 18 A RELAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE COM O PROCESSO DE APRENDIZAGEM A psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar e indivíduo com toda sua história de vida; social, política e econômica. Essa história se retrata no seu corpo. Trabalha também o afeto e desafeto do corpo, desenvolve o seu aspecto comunicativo, dando-lhe a possibilidade de dominá-lo, economizar sua energia de pensar seus gestos, a fim de trabalhar a estética, de aperfeiçoar o seu equilíbrio. Psicomotricidade é o corpo em movimento, considerando o ser em sua totalidade. Engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e da saúde, por ter o homem como objeto de estudo. O desenvolvimento é crescente nos aspectos físico, intelectual e afetivo e tudo depende de influências comuns. As fases do desenvolvimento são habituais a todas as crianças, mas as diferenças de ambiente familiar e meio social em que vivem, vão definir o seu comportamento. Por isso, observamos crianças com a mesma idade e comportamentos diferentes, o que vem provar que cada criança é única e deve ser respeitada. Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento psicomotor infantil. É preciso estar atento para que nenhuma perturbação passe despercebida e seja tratada a tempo, para que a capacidade futura da criança não seja afetada e prejudique a aprendizagem da leitura e da escrita. O trabalho psicomotor se iniciado desde cedo apresenta resultados surpreendentes, e para que haja intercâmbio entre professor-aluno- aprendizagem, o trabalho da psicomotricidade é da mais valiosa função, principalmente a partir do maternal como na pré-escola e alfabetização, por haver um estreito paralelismo entre o desenvolvimento das funções psíquicas, físicas e socioculturais. 19 Encontramos a seguir as 53 capacidades básicas de desenvolvimento de programas educacionais, da obra de ROBERT E. VALETT (1997); são elas: 1. Rolar; 2. Sentar; 3. Engatinhar; 4. Andar; 5. Correr; 6. Arremessar; 7. Pular; 8. Saltitar; 9. Dançar; 10. Auto-identificação; 11. Localização do corpo; 12. Abstração do corpo; 13. Força muscular; 14. Saúde física geral; 15. Equilíbrio e ritmo; 16. Organização do corpo no espaço; 17. Habilidades para reações rápidas e destreza; 18. Discriminação tátil; 19. Sentido de direção; 20. Lateralidade; 21. Orientação no tempo; 22. Acuidade auditiva; 23. Decodificação auditiva; 20 24. Associação audioverbal; 25. Memória auditiva; 26. Seqüência auditiva; 27. Acuidade visual; 28. Coordenação e acompanhamento visuais; 29. Discriminação visual de formas; 30. Diferenciação visual figura-fundo; 31. Memória visual; 32. Memória visomotora; 33. Coordenação muscular visomotora fina; 34. Manipulação visomotora de forma-espaço; 35. Velocidade da aprendizagem visomotora; 36. Integração viso-motora; 37. Vocabulário; 38. Fluência e codificação; 39. Articulação; 40. Habilidade para lidar com palavras; 41. Compreensão de leitura; 42. Escrita; 43. Soletração; 44. Conceitos de números; 45. Processos aritméticos; 46. Raciocínio aritmético; 47. Informação geral; 48. Classificação; 49. Compreensão; 21 50. Aceitação social; 51. Resposta antecipatória; 52. Julgamento de valor; 53. Maturidade social. De acordo com o diagnóstico apresentado, o psicomotricista, avaliará em quais destas capacidades deverá trabalhar e utilizar as técnicas apropriadas para facilitar o processo de aprendizagem e conseguir iluminar um ser que tem o direito de “brilhar”. Aprender a ler e escrever é como aprender um jogo: é preciso conhecer as combinações, as regras, ter vontade e treinar bastante. Aprendendo o jogo da escrita é possível conhecer e escrever histórias, poesias, cartas, bilhetes, reportagens, pesquisas, e se deslocar para chegar a um ponto, portanto, podemos conhecer o mundo e suas coisas. A escrita é constituída de uma atividade psicomotora extremamente complexa, na qual participam os aspectos da maturação do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de atividades motoras; pelo desenvolvimento psicomotor geral, especialmente no que se refere à tonicidade e coordenação dos movimentos e pelo desenvolvimento da motricidade fina, ao nível dos dedos e da mão. Do ponto de vista da linguagem, a escrita implica, para a criança, uma reformulação de sua linguagem falada, com o propósito de ser lida. O aprendizado da escrita, como modalidade da linguagem, pode ver-se afetado de forma específica, conservando intactas as outras condutas verbais. Uma criança pode ter dificuldade para executar o traçado de letras, números ou palavras, apesar de ter um bom nível de linguagem oral e ser um bom leitor. O aprendizado da escrita, como modalidade da linguagem expressiva, requer que a criança não só tenha alcançado um determinado desenvolvimento da linguagem e do pensamento, como também tenha desenvolvido sua afetividade. A criança para escrever necessita de sua mão, de sua orientação espacial (lateralidade), de um ritmo motor (relaxamento-contração), de sua 22 postura (eixo postural) e de seu reconhecimento no referido ato (função imaginária). Uma graduação progressiva de atividades envolve desde a coordenação motora global, o equilíbrio, a relaxação, a dissociação de movimentos, o esquema corporal, lateralização, a estruturação espacial até a motricidade fina. Na Educação Infantil, todos os aspectos da percepção devem ser trabalhados: o visual, o auditivo, o tátil, o olfativo e o gustativo. A imagem corporal, que é a impressão que a criança tem de seu corpo, pode ser medida a partir de desenhos da figura humana que ela realiza. Quando falamos em compreensão de tempo, podemos afirmar que a criança irá adquirir condições de dominar determinados conceitos, como ontem, hoje, amanhã, dias da semana, meses, anos, horas, estações do ano, etc., ao perceber o tempo vivido. A coordenação fina envolve habilidades manuais, como a preensão, que são essenciais para o desenvolvimento do grafismo e da escrita. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas. A escrita é uma linguagem e requer que a pessoa seja capaz de conservar a idéia que tem a mente, ordenando, numa determinada seqüência, a relação. Escrever significa relacionar o signo verbal a um signo gráfico. Características comuns aparecem nas representações gráficas de todas as crianças, dando origem a diversas classificações, por diferentes autores, dos estágios de desenvolvimento gráfico. Destacamos a classificação por AJURIAGUERRA, seguindo o quadro em anexo. A princípio, a criança não possui maturidade para a leitura e a escrita, apenas tendo uma rabiscação descontínua, ou seja, o puro prazer na manipulação do instrumento (lápis, caneta ou pincel) e nenhuma intenção de comunicação do pensamento; revela ausência de qualquer coordenação de movimentos. Os lápis batem na superfície do papel e escorregam ao acaso. Quando passa para a fase de rabiscação de linhas contínuas, a criança desvela prazer na manipulação do material e nenhuma intenção de expressão 23 de pensamento. Contudo, o nível de coordenação de movimentos aperfeiçoouse um pouquinho. Há mais facilidade na manipulação do lápis. A má coordenação motora, a rigidez ou crispação dos dedos, os problemas psicológicos, a instabilidade da criança, o fato da mesma querer terminar a atividade depressa, são causas das perturbações do grafismo. Respeitando cada fase do desenvolvimento e a individualidade de cada ser, fica mais fácil evitarmos problemas futuros. Os movimentos de preensão ocorrem em forma de pinça, mas não há ainda a dissociação manual. Esses movimentos são alcançados através de tarefas onde os dedos são mais valorizados. Essas tarefas são bem exercitadas na pré-escola, onde ocorre a maturação intelectual e motora, na qual se apóiam as duas funções esboçadas nos três primeiros anos. Quando as dissociações manuais e digitais já se afirmaram, a criança possui flexibilidade dos músculos da mão juntamente com a dissociação manual, permitindo o manejo simultâneo e correto do lápis e do caderno. Durante o esforço muscular que é feito através da pressão excessiva do lápis, aparecem as sincinesias, isto é, o comprometimento de alguns músculos, sem necessidade, durante a execução de outros movimentos envolvidos em determinada ação; é involuntária e inconsciente. Quando isso ocorre surgem problemas no ato motor da escrita como a letra ilegível que não se aperfeiçoa, apesar dos exercícios diários, visto que é aos seis anos que a escrita representa um trabalho de atividade intensa, pois a criança percebe que existem mecanismos psicomotores diversos, onde inclui novos movimentos de manejar o lápis fazendo com que a reprodução de traçados seja diferente e essas tarefas são do tipo visomotor, onde elas irão combinar com a fixação de conhecimento do significado das sílabas, letras ou palavras que põem em jogo, basicamente, as capacidades de atenção e de memória infantil. Esses mecanismos são desenvolvidos com a integração da coordenação visomotora, da dinâmica manual e da atenção estabilizada ao nível suficientemente para poder fixar e sustentar a aprendizagem, permitindo à criança realizar complicadas aquisições, naturalmente, e desenvolvendo os aspectos 24 intelectuais e motor. A capacidade social e a intelectual da criança estão situadas entre nove e dezoito meses, acontecendo uma carência nesta fase pode acarretar um déficit intelectual muito grande. Devemos sinalizar e observar a importância do jogo, pois é através dele que a criança também poderá se desenvolver, ele é um meio de exploração e de aprendizagem, não é somente um brinquedo. Precisamos saber também, que o desenvolvimento da criança é muito mais rápido no período do nascimento aos seis anos de idade, tanto psicologicamente como fisicamente. Por isso, é fundamental o profissional conhecer a história familiar da criança neste período de vida, pois o compreenderá melhor quando ocorrer sua entrada na escola. A psicomotricidade tem uma enorme relação com o processo de aprendizagem, podemos dizer que são intimamente ligadas, visto que, o movimento influencia a maturação do sistema nervoso da criança que é, na sua formação individual, função das relações e correlações entre a ação e a sua representação. Por isso o papel do professor de pré-escola é ao mesmo tempo difícil e importante, pois esse educador lida com a criança no processo inicial do desenvolvimento, em uma etapa básica da formação de sua personalidade; a existência de muitos educadores permite selecionar algumas recomendações que podem favorecer o processo de aprendizagem dos pré-escolares. O professor poderá enriquecer as sugestões oferecidas a partir da consideração de sua realidade e da utilização de sua criatividade. A psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo. Por esta razão, dizemos que a mesma é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança. A estrutura da educação psicomotora é a base fundamental para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui do geral para o específico; quando uma criança apresenta dificuldades de 25 aprendizagem, o fundo do problema geralmente está no nível das bases de desenvolvimento psicomotor. Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com freqüência. O desenvolvimento do Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal e Pré-Escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem. A criança, cujo desenvolvimento psicomotor é mal constituído, poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de letras, na ordenação de sílabas, na abstração (matemática), na análise gramatical, entre outras. Nesse sentido, torna-se necessário citar um trecho do livro “Psicomotricidade: Educação e Reeducação”: “Para a maioria das crianças que passam por dificuldades de escolaridade, a causa do problema não está no nível da classe a que chegaram, mas bem antes, no nível das bases”. 26 A ESCOLA COMO ESPAÇO LÚDICO A maioria das crianças convive com adultos, que pela vida atribulada quase não têm tempo para elas. Geralmente vivem em apartamentos ou em casas onde os quintais foram substituídos por áreas cimentadas, passam a maior parte do tempo em frente à televisão ao invés de brincar, não com brinquedos eletrônicos nem com outras brincadeiras estáticas, e sim correr, subir em árvore, pular amarelinha, jogar bola, brincar de boneca; brincar se movimentando e com outras crianças para desenvolver a sua capacidade criadora; isto é, colocar em movimento o corpo e a mente. Mas geralmente, em vez de ativas, são passivas, perdendo a oportunidade de explorar as próprias capacidades, de crescer. Na visão de MONTAIGNE, “os brinquedos das crianças não são brinquedos, é necessário considerá-los como ações sérias.” Na realidade, o que acontece com as nossas crianças é que não foram devidamente estimuladas em suas famílias, que são consideradas como sua primeira escola. Devido à agitação da vida moderna, também muitas vezes por falta de preparo, os pais deixam uma lacuna no desenvolvimento motor, intelectual e afetivo dos filhos. Cabe ao professor suprir essa falha, observando a criança em suas atividades, criando situações de descontração; na brincadeira livre está uma excelente oportunidade para essa observação. O professor organizará atividades individuais e coletivas para fazer uma avaliação psicomotora com suas crianças, detectando as falhas, organizará atividades de reeducação psicomotora com o objetivo de superá-las. O professor precisa ter conhecimento para preparar os exercícios, já que é importante que haja variedade, pois crianças que parecem ter adquirido uma noção, revelam-se incapazes de refazer um mesmo exercício com material diferente. Devem ser empregados quebra-cabeças, jogos, cantigas de roda, desenhos, exercícios físicos e outros. A educação psicomotora deve ter dupla função, preventiva e terapêutica e deve estimular a fantasia, tão importante nessa fase da vida da criança, bom também é solicitar a participação da criança na organização dos exercícios. 27 Questionamos porque há tanta dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita, se a maioria das crianças cursa a Educação Infantil pelo período de dois anos que é específico para favorecer o desenvolvimento global da criança e o seu fortalecimento enquanto sujeito, facilitando a construção de sua unidade corporal, a afirmação de sua identidade e a sua autonomia intelectual e afetiva. Por isso, a “lei de Diretrizes e Bases 9394/96, art. 9, define como finalidade da Educação Infantil, o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social (...)” (REVISTA MOSAICO, 1998). A escola reconhece a necessidade do emprego das condutas psicomotoras na Educação Infantil para a função de preparar a criança para aprendizagens futuras. A forma, porém, de como realizam os exercícios, não permite que os objetivos sejam alcançados. Os mesmos são aplicados para aperfeiçoamento da mecânica motora e as relações entre a construção destes domínios e as dimensões afetiva, relacional e histórica são esquecidas. É no processo de autoconstrução que a criança chega à escola e a função do professor é trabalhar no aluno cada uma das dimensões, para levá-lo à construção da unidade corporal e à afirmação da identidade. O educador não pode continuar investindo apenas em seu intelecto, e em seu corpo como instrumento de aprendizagem; a psicomotricidade tem ação educativa e preventiva. Segundo LAPIERRE e AUCOUTURIER, para aprender a criança necessita de: - uma organização de si, do espaço e do tempo que lhe permita aprender; - uma organização mental que lhe permita compreender; - uma organização psicoafetiva que lhe permita desejar aprender. 28 A criança na Educação Infantil tem necessidade de brincar, correr, pular, livremente ou dirigida, mas sempre sob o olhar educador e psicomotor do professor, não devemos levá-la a brincar por brincar. A criança deve ser avaliada através de exercícios que envolvam todos os elementos da psicomotricidade; o ideal é que a cada dia seja observado um elemento básico da psicomotricidade. Através da observação do desenho da criança, o professor começa a conhecer e entender a história de vida da criança, sua relação com o mundo, à relação que ela tem dentro de casa com os pais, os irmãos, a afetividade, os traumas, os problemas emocionais, o estágio de conhecimento de seu próprio corpo, do corpo do outro, se ainda está formando ou já formou sua imagem corporal, muito importante para o desenvolvimento do esquema corporal, o conhecimento das partes do corpo, tudo isso com a ajuda da própria criança. Os desenhos deverão ser guardados e pelo menos de dois em dois meses, pedir à criança o para fazer novo desenho e comparar com o anterior para verificar se houve progresso. Observando o comportamento social, percebemos que ninguém vive sozinho e que a criança precisa se desenvolver, aprender e crescer no meio de outras crianças; por isso é tão importante freqüentar a Educação Infantil, para partilhar a sua vivência. Brincadeiras livres são importantes, mas é hora de introduzir os jogos com regras fáceis para serem obedecidas. Os jogos ajudam a impor limites, respeitar o colega e ter cuidado com ele. É a base do convívio social. A Maratona Psicomotora é a proposta de aplicação de exercícios de educação psicomotora educativa e preventiva, através de brincadeira, jogos, brinquedos cantados, história e atividades em que os alunos e o professor confeccionarão materiais a serem utilizados, com exercícios psicomotores, com crianças de turma de Educação Infantil; tem o objetivo de despertar na criança o interesse pelas atividades propostas, despertar a vontade de fazer 29 corretamente os exercícios, cooperar com os colegas nas atividades em grupo e dar oportunidade ao professor de observar e anotar as dificuldades e necessidades de cada criança; pois durante a maratona serão trabalhados todos os elementos básicos da psicomotricidade, que são: esquema corporal, orientação e estruturação espaço-temporal, lateralidade, pré-escrita, e também demonstrar que é possível, aproveitando o ambiente escolar, a realidade da criança, fazer as atividades e ainda promover interação. A maratona envolverá o professor da turma, alunos, coordenador pedagógico e o professor de Educação Física. Também é proposta que aconteça no máximo duas vezes por semana. No último dia, haverá o fechamento da maratona com a atividade especial. A cada dia a criança receberá um adesivo de participação na maratona, que será colado em seu caderno. Ao final da maratona as crianças receberão uma medalha, sem o enfoque competitivo. Detectadas as dificuldades ou falhas nas etapas da educação psicomotora, entra-se com exercícios para reeducação, em caso de perturbações, a criança deve ser encaminhada pela escola para tratamento. A atuação do professor com a noção de psicomotricidade gera melhores condições de aprendizagem e de autoconhecimento, formando na criança a base para uma boa aprendizagem da leitura e da escrita. Olhar, tocar, mexer, encontrar, imaginar e conviver são palavras de ordem em psicomotricidade. Partindo de sua sensibilidade e de técnicas, o profissional psicomotricista poderá “ouvir” a necessidade de um corpo, de um ser, que grita por desenvolver-se, por comunicar-se com o mundo externo, com tudo ao seu redor. Conteúdos emocionais como amor, admiração, respeito e credibilidade no indivíduo com potencialidades de desenvolver-se nas áreas esportiva, educacional e social sem discriminação, faz parte do perfil do trabalho psicomotor. As escolas, juntamente com os professores, tentam transformar este contato com o novo mundo o menos doloroso possível. Investem num mundo 30 de cores e atividades lúdicas para que se torne mais atrativo. Ao ingressar as crianças no mundo, que inicialmente parece de faz de contas, os profissionais da área da educação têm como objetivo principal adequar as crianças ao universo escolar, vislumbrando um apropriado processo de alfabetização para garantir posteriormente uma brilhante carreira estudantil. Trabalhar com a Psicomotricidade nesta fase inicial torna esses processos mais ricos de possibilidades, de experimentações, de vivências, de experiências vivificantes. As atividades lúdicas passam a ter mais funções, deixam de ser somente recreativas e socializadoras para permitir um trabalho entre o pensamento destas crianças e o seu corpo. Os pensamentos, os sentimentos e os desejos destes pequenos seres tomam outra dimensão, passam a comandar e a direcionar seus corpos de forma mais harmônica e equilibrada. Não devemos limitar atividades ou jogos de acordo com as idades, mas sim dar à criança ou qualquer outro indivíduo a possibilidade de nos dizer de onde devemos partir. Tendo esta resposta fica mais confortável para a criança, pois ela não será cobrada a fazer algo que supostamente não daria conta; começar as atividades do mais fácil para o mais difícil possibilita que ela desenvolva uma segurança emocional, abre uma brecha para que o profissional da Psicomotricidade elogie, exalte a resposta dada. Este indivíduo se sentirá mais seguro para fazer as atividades propostas e passa a perceber que também é capaz de acertar. Estes momentos são importantíssimos para se trabalhar a auto-estima, reforçando movimentos corporais, ações e respostas emocionais positivas. Devemos estar atentos para não permitir que as atividades, jogos, dinâmicas sejam utilizadas como objeto de exclusão. Valer-se das atividades para propiciar a competição é uma forma de excluir aquela criança que não vence sempre. As dificuldades psicomotoras podem ser vistas como erro, algo que impede que ela acumule vitórias/acertos. Esta sem dúvida é uma forma de promover a exclusão, a criança fica com baixa estima e quando não é excluída de um grupo pelas outras pessoas, ela mesma pode se excluir. Por isso devemos promover e enfatizar as possibilidades de acerto, deixando que a criança perceba que também é capaz e que também consegue, basta tentar! 31 A Educação Física enfatiza junto com a psicomotricidade, jogos e atividades que proporcione a construção de uma ação cidadã. Cada esporte, cada modalidade, cada brincadeira e aspecto cultural abordado e aplicado na prática, estarão sempre levando em conta o aspecto social e o desenvolvimento corporal da criança. O ato de aprender a educação física não se limita apenas à execução mecânica do exercício motor, mas constitui-se em atividade relacionada ao cotidiano da criança, à ludicidade e ao lazer. A escola é uma instituição social onde a criança passa a maior parte do seu dia e ela deve proporcionar para seus alunos a integração de todo conhecimento: em nível corporal, mental, emocional e social, ou seja, trabalhando o aluno como um ser multidimensional, onde a sua motricidade interage de forma complexa com as capacidades cognitivas, sociais e afetivas, e é justamente nas aulas de educação física, onde o lúdico prevalece que são criadas oportunidades para a criança se aperfeiçoar e desenvolver os movimentos naturais e aprendidos. O lúdico vem sendo negado, exatamente pelas suas características, em nome da produtividade da sociedade moderna como um todo; restrito à criança, até mesmo no âmbito infantil começa a ser negado, cada vez mais precocemente, em nome da necessidade de preparação para o futuro, e o mesmo acontece nas salas de aula. “Viver o lúdico é viver o momento, o presente, o agora. E esse não representa o passado ou a preparação para o futuro”. (HUIZINGA, 1971,p.110) Para WINNICOTT, a relação entre a manifestação lúdica e o potencial criativo, se vê sob o brincar como uma experiência criativa indispensável ao desenvolvimento integral do ser humano. A criança manifesta a sua criatividade através do brincar e busca descobrir o seu eu, usando a imaginação, a criatividade. 32 “(...) é no brincar que a criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e, é somente sendo criativo, que o indivíduo descobre o seu eu”. (WINNICOTT, 1975 ,p.80). É importante que o ambiente favoreça a manifestação lúdica na criança, no sentido de não limitar, não castrar, não dominá-la evitando-se que se torne um adulto frustrado e infeliz, sem garra para romper a mesmice, com padrões preestabelecidos. A criatividade, assim como a brincadeira e o jogo, é a manifestação lúdica, justamente pelo compromisso direto com o novo, com a ruptura de padrões e posturas reacionárias ultrapassadas e cristalizadas de mentes fechadas às mudanças, às transformações que poderiam levar o ser humano a atingir seu grau máximo de educação. É através da percepção criativa, mais do que qualquer outra coisa, que o indivíduo sente que a vida é digna de ser vivida. Em contraste, existe um relacionamento de submissão com a realidade externa, onde o mundo em todos seus pormenores é reconhecido apenas como algo a se ajustar ou a exigir a adaptação. O nosso sistema educacional está voltado ainda para a reprodução de movimentos e conhecimentos. Ao invés de preparar o aluno para a produção de novas idéias e de conhecimentos. Mesmo sabendo que a prioridade deve ser dada ao espaço para a fantasia, para a imaginação e criatividade, isso não vem ocorrendo. Diante das pressões sociais, as crianças vêm sendo trabalhadas e orientadas a aprender e repetir conteúdos tradicionais embora tenhamos comprovação científica de que situações de aprendizagem desafiadoras geram no indivíduo a necessidade interna básica de romper com seus próprios limites, enquanto movimentam-se em busca do novo. O grande desafio da psicomotricidade é propiciar ao educando o conhecimento do seu corpo, usando-o como instrumento de expressão e satisfação de suas necessidades, respeitando suas experiências anteriores e dando-lhe condições de adquirir e criar novas formas de movimento. Fazer um 33 elo da Educação Física com a psicomotricidade no cotidiano escolar atenderá às exigências de um corpo que pertence a uma cultura, a um momento histórico, político e socioeconômico, que está em constante desenvolvimento. Quanto mais numerosas e mais ricas forem às situações vividas pela criança, maior será o número de esquemas por ela adquirida. A educação tem como objetivo estimular o desenvolvimento psicomotor e, como princípio fundamental, despertar a criatividade, além de contribuir para a formação integral do educando. Desse modo, a Educação Física junto com a psicomotricidade e todo o sistema educacional no cotidiano escolar, visa melhorar e oportunizar o sujeito ao movimento conscientizando-o do seu próprio corpo, da consciência do esquema corporal, domínio do equilíbrio, construção e controle das coordenações global e parcial, organização das estruturas espaço-temporal, melhoria das possibilidades de adaptação ao mundo externo e estruturação das percepções. Os benefícios serão notados ao longo da vida desse sujeito, pois seja na dança, na ginástica, nos jogos, nos esportes, na família ou na escola, um ser bem resolvido em suas questões internas, podendo a cada dia se libertar para as questões externas. A relação da educação Física com a psicomotricidade desponta como prática enriquecedora e que dever ser reconhecida e valorizada por todos os profissionais da instituição escolar. Em outras palavras, é necessário que todos participem conscientemente do processo de desenvolvimento da criança, sabendo como agir para garantir a ela, um lugar com liberdade de expressão, escolha e criação, tendo segurança e acolhimento necessários para vivenciar todas as possibilidades e experiências oferecidas no dia-a-dia. Procuramos mostrar aos profissionais envolvidos diretamente com a criança, que as atividades corporais oferecidas nas aulas de Educação Física são de extrema importância para o seu crescimento e desenvolvimento, logo, para que isso aconteça, devemos dar-lhe a possibilidade de existir, de tornarse uma pessoa única, diferente dos outros em sua maneira de pensar, se comunicar, agir e sentir. Assim, cada criança é única, com seus limites, desejos e experiências, onde a consciência e a cultura corporal são influenciadas pela sociedade e pelo momento histórico, que é inerente a cada sujeito. 34 A psicomotricidade deixou de ser usada isoladamente e foi enriquecida com os estudos de outras áreas numa rede interdisciplinar, incluindo os profissionais da educação. Existem escolas que ainda mantêm o caráter mecanicista instalado na Educação Infantil, ignorando a psicomotricidade nas séries inicias do ensino Fundamental. Os professores, preocupados com a leitura e a escrita, muitas vezes não sabem como resolver as dificuldades apresentadas por alguns alunos, rotulando-os como portadores de distúrbios de aprendizagem. Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas na própria escola. O período de três a oito anos é considerado de aprendizagens essenciais e de integração progressiva no plano social. Trata-se do período escolar, onde a psicomotricidade deve ser desenvolvida em atividades enriquecidas e onde a criança de aprendizagem lenta terá que ter ao seu lado, adultos que interpretem o significado de seus movimentos e expressões, auxiliando-a na satisfação de suas necessidades, pois a criança precisa se sentir segura para que possa ter a possibilidade de se arriscar. O movimento e sua aprendizagem abrem um espaço para: - Facilitar a comunicação e a expressão das idéias; - Possibilitar a exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço; - Apropriação da imagem corporal; - Percepção rítmica, através de jogos corporais e danças; - Habilidades motoras finas, através de diversas atividades que facilitem a escrita, etc. Os materiais que colaboram para as experiências motoras podem incluir: - Túneis para as crianças percorrerem; - Caixas de madeira; 35 - Móbiles; - Materiais que rolem e onde as crianças possam entrar; - Instrumentos musicais ou geradores de som (bandinhas de diversos objetos, etc.); - Cordas; - Bancos, sacos de diversos tamanhos, pneus, tijolos; - Espelhos; - Bastões, varinhas; - Papéis de todos os formatos; - Giz, lápis, canetas hidrográficas (de diversos tamanhos); - Elásticos e outros. O educador deve contribuir trazendo atividades corporais, para além da sala de aula, propiciando experiências que favorecerão a motricidade fina, auxiliando os alunos de ritmo normal e os de aprendizagem lenta a vencer melhor os desafios da leitura e da escrita. A educação psicomotora nas escolas visa desenvolver corretamente frente à aprendizagem de caráter preventivo o desenvolvimento integral do indivíduo nas várias etapas de crescimento; ajuda a criança a adquirir o estágio de perfeição motora até o final da infância (por volta de sete a onze anos), nos seus aspectos neurológicos de maturação, nos planos rítmico e espacial, no plano da palavra e no plano corporal, pois através da psicomotricidade e dos órgãos dos sentidos a criança descobre o mundo e se autodescobre. Segundo LURIA e COSTALLAT, os fatores psicomotores e as atividades a serem trabalhadas na educação psicomotora são: 1. Atividade Tônica: Tonicidade; Equilíbrio. 36 2. Atividade Psicofuncional: Lateralidade; Noção do Corpo; Estruturação espaço-corporal. 3. Atividade de relação: Memória corporal. É comum, nas escolas, as crianças com distúrbios psicomotores; embora aparentemente normais, muitas das vezes são incapazes de ler ou escrever , apresentando vários outros problemas que interferem no processo escolar. Através de jogos e brincadeiras, que parecem passatempos, iremos preparar a criança para um aprendizado posterior, mostrando-lhes os limites. O ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo para as suas atividades a psicomotricidade, pois fariam com que nossas crianças realizassem experiências com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais. É interessante levar a criança a expor fatos vivenciados, fazendo uma ligação entre o imaginário e o real, Na escola, é importante que se leve em consideração os aspectos: sócio-afetivo, cognitivo e psicomotor. A educação psicomotora vem atuando na escola de forma a levar a criança a adquirir melhores condições de aprendizagem e de autoconhecimento, formando a base para uma boa aprendizagem da leitura e da escrita. O papel do professor no trabalho da psicomotricidade não é apenas ensinar, mas transmitir conhecimentos já estabelecidos, assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender, dando à criança tempo para as suas próprias descobertas, oferecendo situações e estímulos cada vez mais variados, proporcionando experiências concretas e plenamente vividos com o corpo inteiro; não deixar que sejam transmitidas apenas verbalmente, para que ela própria possa construir seu desenvolvimento global. O professor não deverá esquecer que o seu material de trabalho é o seu aluno. Portanto, não deverá preocupar-se apenas em preparar o ambiente escolar com cartazes, painéis, faixas, mas sim a si mesmo. É necessário que ele conheça seu aluno, torne-se seu amigo. O educador com visão de psicomotrista trabalha no ser humano cada uma das etapas, possibilitando-o 37 alcançar a consciência corporal, a consciência do mundo que o cerca, o relacionamento deste com o seu corpo e com o que está ao seu redor, proporcionando ao indivíduo a capacidade de ser, ter, aprender a fazer e a fazer, na medida em que se reconhece por inteiro, alcançando a organização e o equilíbrio das relações com os diferentes meios e a sua distinção, relacionando-se com o mundo de forma equilibrada. Devemos trabalhar no sentido de permitir que a psicomotricidade mostre o seu valor, conscientizando responsáveis, pais, coordenadores, e mostrar o objetivo do trabalho que estamos realizando. A psicomotricidade serve como ferramenta para todas as áreas de estudo voltadas para a organização afetiva, motora, social e intelectual do indivíduo acreditando que o homem é um ser ativo capaz de se conhecer cada vez mais e de se adaptar às diferentes situações e ambientes; não negando uma visão neurológica do indivíduo por ser a base do estudo. Valoriza a questão do toque, como forma de aproximação das pessoas como, por exemplo, no relacionamento mãe e bebê, e auxilia no desenvolvimento motor da criança que passa a perceber o seu corpo em diferentes situações ou sensações, buscando desafios de forma mais segura. É inegável que o exercício físico é muito necessário para o desenvolvimento mental, corporal e emocional do ser humano e em especial da criança. O exercício físico estimula a respiração, a circulação, o aparelho excretor, além de fortalecer os ossos, músculos e aumentar a capacidade física geral, dando ao corpo um pleno desenvolvimento. Quanto à parte mental, se a criança possuir um bom controle motor, poderá explorar o mundo exterior, fazer experiências concretas, adquirir várias noções básicas para o próprio desenvolvimento da mente, o que permitirá também tomar conhecimento do mundo que a rodeia. Emocionalmente, a criança conseguirá todas as possibilidades para movimentar-se e “descobrir” o mundo, tornar-se feliz, adaptada, livre, socialmente independente. Para poder educar o homem, é preciso que os ensinemos a dominar sua própria consciência e corpo com senso de equilíbrio. 38 O trabalho do pedagogo, consciente da importância e utilidade da psicomotricidade na escola, é de orientar o professor, motivando-o através de uma conscientização da validade de aplicação da mesma e despertando o seu interesse, para que possam ajudar aos que estão envolvidos no processo ensino-aprendizagem, chegando ao sucesso almejado. Essa conscientização não deve servir apenas ao pedagogo e sim ao próprio sistema de que ele participa, pois não adianta o pedagogo desejar e o sistema não deixar. Quando as partes estão de acordo, o educador tem total liberdade para utilizar sua criatividade, promovendo jogos e exercícios psicomotores que podem parecer simples brincadeiras, mas tem uma importância fundamental para facilitar o processo de aprendizagem e tornar a escola um espaço mais agradável para seus alunos, isto é, um espaço lúdico. 39 CONCLUSÃO A Psicomotricidade tem como objetivo primordial trabalhar para educar e reeducar o indivíduo que apresenta distúrbios que exprimem através de perturbações psicomotoras, as debilidades motoras, a inabilidade, os atrasos psicomotores, a instabilidade psicomotora, a inibição psicomotora, diminuição, hipercontrole e retenção. Por isso, é necessário que os profissionais de diversas áreas entendam a importância da Psicomotricidade em sua atividade, pois é preciso ter conhecimento de que a pessoa que não tem a sua lateralidade bem desenvolvida é incapaz de aprender a ler e a escrever, visto que a alfabetização realiza-se da esquerda para a direita, ou até mesmo de efetuar um cálculo em matemática, este é um dos exemplos da importância da Psicomotricidade em nossas vidas, dentre outros. A Psicomotricidade é um dos elementos sociais na educação por ser ação e expressão ligando o indivíduo ao meio em que vive. O desenvolvimento psicomotor proporciona no interior da criança o descobrimento das coisas, do tempo, do espaço e do mundo externo. A empatia se faz presente no profissional ao traçar as trajetórias iniciais do trabalho psicomotor. Normalmente nos colocamos no lugar daquele ser, com a dificuldade que apresenta e começamos a tratá-lo como se fosse nosso aquele corpo. Todo progresso mínimo que aconteça vibramos e fazemos questão de que essa vibração seja transmitida, de forma que ambos sintam-se vencedores. A Psicomotricidade torna-se cúmplice íntima de todas as conquistas do corpo e da mente. Para WALLON, a relação tônico-emocional atua no desenvolvimento da criança. Por isso antes de qualquer intervenção especializada, o profissional deve empenhar-se para que as crianças sintam-se em segurança, desejem agir 40 e possam conquistar autonomia de forma prazerosa, pois qualquer pessoa tem muito a nos dizer, a estimular, a transformar, etc. Mas é preciso tocar a alma para acreditar, sentir e saber lidar com esses recursos que não perpassam por uma linguagem racional. É preciso acreditar na pessoa, pois mesmo quando a criança apresenta um quadro de total inércia motora, é importante trabalhar a imaginação, como por exemplo, contar histórias. Através da emoção que é passada numa história, a mente do ser é capaz de trabalhar como se todo o seu corpo estivesse participando de cada ação, portanto, agindo e pensando em sua consciência. É preciso que alguém se interesse pela criança e tente resgatá-la, pois o dever de todo cidadão é querer o bem estar das pessoas, já que dessa forma exercemos nossa cidadania e conquistamos uma sociedade digna. E, lutando pela Educação teremos um país mais justo, visto que ela é fundamental para melhorarmos e crescermos enquanto pessoas e profissionais. Embora nem todas as crianças desfrutem das mesmas oportunidades, podemos ajudá-las dando o nosso melhor; atuando com profissionalismo, comprometimento, dedicação e ética para obtenção de um ensino de qualidade. Transformando a escola num lugar de reflexão e troca, o aprendizado acontece de maneira gratificante e os alunos conseguem se sentir motivados. O educador deve levar o educando a ter um olhar crítico sobre as informações que lhe são oferecidas, tendo o direito de pensar, questionar e se expressar. Exercemos a nossa cidadania quando nos tornamos responsáveis por tudo aquilo que conquistamos como nos ensina divinamente o livro “O Pequeno Príncipe”, que pode ser lido em diversos momentos de nossas vidas. 41 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e Prática em Psicomotricidade. Rio de Janeiro: Wak, 2002. ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção. 3ª.ed. Rio de Janeiro: Wak, 2007. _____________. Como aplicar a Psicomotricidade: Uma Atividade Multidisciplinar com Amor e União. Rio de Janeiro: Wak, 2004. CURTSS, Sandra. A Alegria do Movimento na Pré-Escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico. Rio de Janeiro: Vozes, 1988. 42 ANEXO Desenvolvimento do grafismo por AJURIAGUERRA Estágio Faixa etária Características - A criança não possui domínio motor para os traçados gráficos, com perfeição; Caligráfico De 5-6 a - Não tem controle na inclinação 8-9 anos e dimensão de letras; - Tem postura errada do tronco, cabeça e braços ao escrever; - Copia as palavras letra por letra - A criança já domina as dificuldades em pegar e manejar os instrumentos gráficos; - Apresenta escrita mais rápida e Pré-caligráfico De 10 a 12 anos regular; - Distribui corretamente as margens; - Sua escrita imita o modelo: é ainda pouco pessoal; - Tem melhor postura de cabeça e do tronco (mais longe do papel). - Modifica a escrita, dada a necessidade de maior rapidez Pós-Caligráfico De 11 anos em diante para acompanhar o pensamento e as atividades escolares; - Tem postura correta. 43