A Psicomotricidade no Processo de Aprendizagem

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A Psicomotricidade no Processo de
Aprendizagem
Por: Micheline de Lima Tavares
Orientador
Prof. Celso Sanchez
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A Psicomotricidade no Processo de
Aprendizagem
Apresentação
de
Cândido
Mendes
obtenção
do
monografia
como
grau
à
requisito
de
Psicomotricidade.
Por: Micheline de Lima Tavares.
Universidade
parcial
para
especialista
em
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, ao orientador professor Celso Sanchez, à
professora Cristie Campello, aos colegas de turma e
aqueles pacientes que pensam que aprendem, mas me
ensinam muito.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a Deus, agradecendo por todas as
graças alcançadas em minha vida. Também a Ione,
minha mãe, a quem minha dívida é eterna; e meu marido
Cláudio, companheiro de todos os momentos.
Micheline de Lima Tavares
5
RESUMO
Os profissionais da área educacional demonstram um certo despreparo
para trabalhar com o desenvolvimento psicomotor da criança, quando esta
inicia sua vida escolar e também no decorrer da mesma. Na maioria das vezes,
encontramos os educadores dividindo os educandos; como por exemplo,
afirmando que uma criança é “estabanada” ou “desastrada” e por isso deve ser
encaminhada ao professor de Educação Física, pois o seu problema é físico ou
corporal; e quando uma criança apresenta distúrbios em seu comportamento
ou dificuldade de aprendizagem costuma-se dizer que o seu problema é
emocional, encaminhando-a ao psicólogo da escola. Mas, é possível separar
mente e corpo? Atualmente, é mais raro, mas ainda encontramos profissionais
com este pensamento e também que consideram que as aulas de Educação
Física são apenas para brincar, pois não percebem o lúdico e nem o trabalho
corporal como fundamentais para o processo de aprendizagem.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
07
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
09
A RELAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE COM O PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
18
A ESCOLA COMO ESPAÇO LÚDICO
26
CONCLUSÃO
39
BIBLIOGRAFIA
41
ANEXOS
42
7
INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta os benefícios da Psicomotricidade para
aprendizagem. O mesmo não pretende solucionar todos os problemas, mas
suscitar questionamentos, debates e discussões, visto que nenhum estudo por
mais profundo que seja, dá conta de um assunto tão amplo; pensar dessa
forma seria utópico demais, por se tratar de um tema extenso que abrange as
áreas clínica e educacional.
Esse estudo visa mostrar a importância de um especialista em
Psicomotricidade nas escolas, pois através de sua atuação percebemos que é
possível contribuir para que qualquer educando seja capaz de aprender,
mesmo com suas dificuldades psicomotoras. O psicomotricista, assim como
todo educador, deve respeitar as potencialidades e limitações do educando.
Embora pareça idealista, a autora dessa obra pretende experienciar um
trabalho interdisciplinar no sistema educacional brasileiro, podendo vivenciar o
que algumas escolas abordam apenas na teoria; com o objetivo de
proporcionar ao ser humano através do conhecimento de seu corpo, uma
facilitação no processo de ensino-aprendizagem, elevando sua auto-estima.
A mesma apresenta como hipótese dessa pesquisa: a capacitação dos
profissionais da educação, pois alunos mal-trabalhados ou não estimulados
adequadamente
nos
aspectos
do
desenvolvimento
motor
apresentam
dificuldades de aprendizagem.
O procedimento metodológico será desenvolvido através de referências
bibliográficas das áreas de Psicologia, Psicomotricidade, Pedagogia e
Educação Física; tendo como público alvo crianças de zero à doze anos, da
rede particular de ensino, sem que haja exposições das pessoas e dos
8
estabelecimentos de ensino, não havendo identificações se houver exemplo
citado. O trabalho foi realizado com os livros: “Psicomotricidade: Corpo, Ação e
Emoção”;
“Como
aplicar
a
Psicomotricidade”;
“Teoria
e
Prática
em
Psicomotricidade”; “A Alegria do Movimento na Pré-Escola”; “Psicomotricidade:
Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico”; entre outros. Pois
vale ressaltar que autores como: FÁTIMA ALVES, GERALDO PEÇANHA DE
ALMEIDA, SANDRA CURTSS, GISLENE DE CAMPOS OLIVEIRA, etc.,
abordam brilhantemente o assunto.
No capítulo I, falamos dos “Aspectos do Desenvolvimento Motor”,
explicando sucintamente o esquema corporal, a imagem corporal, o equilíbrio e
a lateralidade.
No segundo capítulo, abordamos “A Relação da Psicomotricidade com o
Processo de Aprendizagem”, enfocando a aprendizagem na leitura e na escrita.
O capítulo seguinte trata da “Escola como Espaço Lúdico”, mostrando a
capacidade da criança em fantasiar e criar através de suas brincadeiras, como
ações vitais e fundamentais para o processo de aprendizagem.
Com esses três capítulos, buscamos enfatizar as contribuições positivas
da Psicomotricidade para aprendizagem.
9
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
Um dos aspectos do desenvolvimento motor humano é o esquema
corporal, pois sua compreensão é de grande valia para o trabalho na área da
psicomotricidade. Existem inúmeras definições que retratam basicamente que
quando o individuo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o esquema
corporal é estruturado, através da discriminação do próprio corpo e da
capacidade de exercer um controle sobre as partes do mesmo, vivenciando
estímulos sensoriais implica: na percepção do corpo, no equilíbrio, na
lateralidade, na independência dos membros em relação ao tronco e entre si,
no controle muscular e no controle de respiração.
O corpo não pode ser visto apenas como biológico e orgânico, já que
expressa emoções e está repleto de significados que são adquiridos através da
relação da criança com o meio, de sentimentos e valores muito pessoais que
influenciarão na formação do esquema corporal e mais ainda da imagem
corporal, pois essa segunda é a impressão que temos de nós mesmos,
subjetivamente.
“O esquema corporal resulta das experiências que
possuímos provenientes do corpo e das sensações que
experimentamos. Por exemplo: andar, sentar-se, segurar
o lápis e a caneta de modo correto, com equilíbrio e com
movimentos coordenados depende de uma noção
adequada do esquema corporal. O esquema corporal,
portanto, regula a postura e o equilíbrio.” MORAIS (1998)
e SANTOS (1987).
O corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para conhecer
e interagir com o mundo. Ele servirá de base para o desenvolvimento cognitivo,
para a aquisição de conceitos referentes ao espaço e ao tempo, para um maior
domínio de seus gestos e harmonia de movimentos.
10
A
noção
de
esquema
corporal
é
de
âmbito
fisiológico
e
o
desenvolvimento do mesmo é a representação que cada pessoa tem de seu
corpo. Essa representação forma-se a partir de dados sensoriais múltiplos
proprioceptivos, exteroceptivos e interceptivos. O desenvolvimento do esquema
corporal pode ser dividido em três etapas: corpo vivido (até três anos de idade),
corpo percebido ou descoberto (três a sete anos) e corpo representado (sete a
doze anos). A primeira etapa corresponde à fase da inteligência sensóriomotora de PIAGET. É denominada pela experiência vivida pela criança através
da exploração do meio, as descobertas são intensas, seus primeiros
movimentos são através dos movimentos dos outros por imitação. Isso ocorre
porque o bebê até o seu primeiro ano de vida aprende a eliminar os
comportamentos que não lhe são proveitosos, estabelecendo ligações entre
seus movimentos e suas sensibilidades. Conforme a criança vai se
diferenciando do meio, fala-se em imagem do corpo, pois o eu torna-se
unificado e individualizado, partindo de um estado de indiferenciação para um
estado de diferenciação. Na etapa do corpo percebido ou descoberto fica
evidente a organização do esquema corporal devido à função de interiorização,
que é segundo LE BOULCH: “a possibilidade de deslocar sua atenção do meio
ambiente para seu corpo próprio a fim de levar à tomada de consciência”. Com
isso, a criança aperfeiçoa seus movimentos, adquirindo maior coordenação
dentro de um espaço e tempo determinado, obtendo a representação mental
dos elementos do espaço, descobre sua dominância e com ela seu eixo
corporal, vendo seu corpo como ponto de referência para se situar e situar os
objetos em seu espaço e tempo; assimila conceitos como embaixo, acima,
direita e esquerda, além de noções temporais, como o que vem antes, depois,
qual é o primeiro e o último. Essa etapa pode ser caracterizada como préoperatória, por estar submetida à percepção num espaço em parte
representado, mas ainda centralizado sobre o próprio corpo.
Na terceira etapa, a do corpo representado, o esquema corporal já está
estruturado, apresenta a noção do todo e das partes do corpo, conhece as
posições e mantém um domínio corporal, ampliando e organizando seu
esquema corporal. No início dessa fase, a imagem do corpo é estática e
11
reprodutora; por volta dos dez ou doze anos a criança dispõe de uma imagem
mental do corpo em movimento, pode ser considerada “imagem de corpo
operatório”, representando uma grande evolução das funções cognitivas,
ocorrendo a descentralização do corpo que deixa de ser visto como ponto de
referência.
A imagem corporal está relacionada aos sentimentos do indivíduo no
que tange à estrutura de seu corpo como a bilateralidade, lateralidade,
dinâmica e equilíbrio corporal.
“(...) a criança é o seu corpo, pois é através dele que a
criança elabora todas as suas experiências vitais e
organiza toda a sua personalidade. A imagem de si
mesmo se constrói igual à forma que as demais
estruturas mentais (pela associação dos elementos cada
vez mais coordenados e complexos)”. AJURIAGUERRA
(1972)
Paralelo a esse fato, a criança começa a delinear as primeiras noções
espaciais, pela distância percebida entre ela e os objetos; e partindo do seu
próprio corpo a criança esboça as primeiras noções de profundidade através
das flexões do seu tronco.
Por meio de sua imagem, a criança percebe-se como um eixo central
(que se volta para um lado e para o outro) com seus dois demídios laterais:
direito e esquerdo, sentindo o domínio de um desses demídios e o
estabelecimento correto da lateralidade. É partindo deles que a criança
estabelece a primeira noção de volume, quando realiza movimentos para
frente, para trás, para os lados. O nosso corpo não é um acúmulo de órgãos
justapostos, mas sim uma autoposse indivisível da nossa existência completa;
quer dizer, a autodescoberta não é mais que um sentir-se corporalmente no
espaço e no tempo.
12
A
comunicação
não
verbal
é
de
grande
importância
para
compreendermos a problemática da comunicação humana. A linguagem verbal
apóia-se numa linguagem corporal que é observada na criança ao comunicarse com gestos, gritos e sacudindo algumas partes do corpo antes de dominar o
vocabulário, como também nos povos primitivos. As emoções se expressam no
campo mínimo corporal, e o corpo é um emissor de sinais de significado
sociocultural, por esse motivo temos um livro denominado “O Corpo Fala”.
Após a imagem corporal da criança passar por várias fases ou períodos
de maturação, a mesma constrói-se como um ser que atua sozinha. A criança
descobre a manipulação do seu próprio corpo, que até então é apenas boca e
ânus, superfície cutânea de contatos, atividades interoceptivas e alguns
movimentos, após libertar-se da manipulação dos outros, na alimentação, no
banho e na higiene.
A ação da criança e a ação do outro são como atitudes que se
interpenetram e interjustificam simultaneamente estímulo e resposta. Na
criança, a imagem do corpo depende, compreende e completa-se na imagem
do corpo do outro e dos outros que a rodeiam e a envolvem. O outro é para a
criança o centro de suas atenções e motivações. É para ele que a criança
canaliza toda sua afetividade. O objeto está para a estruturação sensóriomotora assim como os outros estão para estruturação afetiva.
A criança aprende a conhecer e a nomear as diferentes partes do seu
corpo, através de diversas modalidades e levando em consideração: a
identificação da cabeça, das partes do rosto, do pescoço, do tronco, dos
membros inferiores e dos membros superiores em si, nos outros, em objetos e
em gravuras; representação mental e repetição verbal e mental, que seria a
introjeção; conhecimento e consciência dos órgãos dos sentidos, com suas
respectivas funções; conhecimento, consciência e educação da respiração; etc.
13
A capacidade de coordenação incorpora as atividades que incluem duas
ou mais capacidades e padrões motores. O desenvolvimento de todas as
capacidades perceptivas é essencial para a evolução das potencialidades do
indivíduo na aprendizagem cognitiva, psicomotora e afetiva. A coordenação
geral pode ser: estática ou dinâmica. Existem cinco tipos de coordenação
motora: coordenação motora-fina, coordenação motora-ampla, coordenação
visomotora, coordenação audiomotora e coordenação facial. Falhas na
coordenação motora podem ser causadas pela deficiência de movimentos na
primeira infância, por isso devemos oferecer o máximo de experiências de
movimentos coordenados à criança.
A contração voluntária da musculatura facial tem muita importância, pois
é o começo da expressão de estados abstratos como o medo, a negação e a
ansiedade. Com o enriquecimento da mímica, aparecem os primeiros
rudimentos de uma comunicação ao nível simbólico. Muitos autores,
conhecendo os pré-requisitos fisiológicos, têm assinalado a necessidade de
exercitar os movimentos primários pré-lingüísticos de sucção, mastigação e
deglutição como precursores da fala.
Todos os movimentos se apóiam num estado de tensão que é o meio
pelo qual se torna possível o equilíbrio mecânico indispensável para que possa
acontecer a coordenação entre os movimentos dos vários segmentos
corporais. Sendo assim, não pode haver movimento sem atitude, também não
pode haver coordenação de movimento sem um bom equilíbrio, permitindo o
ajustamento do homem ao meio. É um dos sentidos mais nobres do corpo
humano.
Quando a coordenação da criança aprimora-se e ela está pronta para
correr, saltar, girar, trepar e executar tantos outros movimentos sofisticados, o
equilíbrio passa a ser a base primordial de toda coordenação geral, assim
como de toda ação diferenciada dos membros superiores; é a sustentação do
corpo sobre uma base. Segundo o professor AURÉLIO, “equilíbrio é a
14
manutenção de um corpo na posição normal, sem oscilações ou desvios;
igualmente entre forças opostas. É a estabilidade mental e emocional”. Ele
pode ser classificado em estático ou dinâmico; o primeiro são os movimentos
não locomotores como: ficar em pé com a ponta dos pés tocando o solo com
os mesmos unidos e elevação dos calcanhares. Já o equilíbrio dinâmico são os
movimentos locomotores como: andar em marcha normal sobre uma linha prédelimitada.
A lateralidade é vista por alguns autores como a dominância funcional de
um lado do corpo que é determinada não só pela educação, mas pela
predominância de um hemisfério cerebral sobre o outro, é a dominância
cerebral. Sabemos que a metade esquerda do corpo é controlada pelo
hemisfério direito, ao passo que a metade direita é controlada pelo hemisfério
esquerdo. Quando há dominância do hemisfério esquerdo, temos o indivíduo
destro; e quando ocorre a dominância do hemisfério direito, temos o indivíduo
canhoto. É legítimo admitir que haja colaboração dos dois hemisférios na
elaboração da inteligência. Assim, um dano ou lesão que afete a somestésica
direita provocará uma alteração ou perda da sensibilidade no lado esquerdo do
corpo ou vice-versa. Para QUIERÓS e SCHAGER, o termo lateralidade se
refere à prevalência motora de um lado do corpo. Esta lateralização motora
coincide com a predominância sensorial do mesmo lado e com as
possibilidades simbólicas do hemisfério cerebelar oposto. Desta maneira, é
possível aceitar a idéia de que a lateralidade não somente se manifesta por
meio das atividades motoras, mas também por meio de aferências sensoriais e
sensitivas e pela diferenciação funcional de ambas as metades do cérebro. Os
termos lateralidade e dominância cerebral se aplicam para designar as
condições de: destro, sinistro ou canhoto e ambidestro. A lateralização está
presente em todos os níveis de desenvolvimento da criança, mas somente será
definitiva à medida que esta criança atravessar todas as fases de seu
desenvolvimento. A coordenação visomotora, a organização das percepções
táteis e visuais, através de experiências que desenvolvam sua estruturação
espacial da qual dependerá a lateralização são de grande importância no
desenvolvimento infantil. O conhecimento frente-atrás adquirido nos primeiros
15
deslocamentos da criança, como rastejar e quadrupedismo, antecipa o de
direita e esquerda.
As crianças necessitam fazer experiências com a utilização de ambos os
lados do corpo; a partir dos sete anos, a criança será capaz de perceber que
direita e esquerda não dependem somente uma da outra, mas também da
posição de outras pessoas em relação a ela e de seus deslocamentos,
havendo uma descentralização de seus pontos de referência. As crianças a
partir desta idade que não apresentam uma lateralidade definida encontrarão
dificuldades na aprendizagem escolar. Podemos dizer que quando o indivíduo
apresenta transtornos na lateralidade e na estruturação do esquema corporal
ele terá grandes possibilidades de adquirir a dislexia. Quando as alterações
psicomotoras se manifestam, interferem nas tarefas escolares refletindo-se
mais diretamente na escrita; entre elas citaremos:
- Falta de maturidade motora: manifesta-se através de uma debilidade motora
na realização de movimentos gráficos e lentidão.
- Tonicidade alterada, por carência ou por excesso: nas crianças hipotônicas, o
traçado é débil e as letras mal acabadas ou incompletas. As crianças
hipertônicas realizam o traçado com demasiada pressão, sendo freqüentes as
sincinesias e os movimentos espasmódicos.
- Incoordenação psicomotora: sozinha ou junto com as alterações neurológicas
ou emocionais se manifesta através de dificuldades para segurar o lápis e
controlar os movimentos, tornando-se evidente a disgrafia.
Para adquirir um bom desenvolvimento das capacidades motoras,
devemos estar atentos a alguns indícios que podem revelar deficiências
perceptivo-motoras, tais como:
16
A.
Falta de habilidade para as atividades cotidianas;
B.
Falta de vontade de participar nos jogos;
C.
Falta de predominância lateral;
D.
Dificuldade em associar símbolos e formas;
E.
Constante desconcentração;
F.
Dificuldades em interpretar direções laterais;
G.
Incapacidade de citar nominalmente partes do corpo;
H.
Dificuldades em colorir símbolos grandes;
I.
Incapacidade de reproduzir corretamente letras, números e símbolos.
A lateralidade é examinada ao nível do olho, mão e pé, através de
gestos e atividades da vida diária, permitindo assim um diagnóstico confiável.
Não podemos confundir lateralidade, que é a dominância de um lado em
relação ao outro, ao nível da força e da precisão, como sendo apenas o
conhecimento de esquerda e direita, pois este significa o domínio dos termos
“esquerda” e “direita”, visto que o conhecimento das mesmas decorre da noção
de dominância lateral.
A lateralidade demonstra ser um fator necessário para a aquisição da
estabilidade e do equilíbrio, com relação à linha vertical que divide o corpo, e
também para a aquisição de uma boa postura. Quando chega à idade escolar,
a maioria das crianças já atingiu um estágio em que através de brincadeiras e
atividades envolvendo movimentos amplos, já têm noção de direita e esquerda
e dos dois lados do seu corpo. Entretanto, várias crianças possuem problemas
de aprendizado e precisam de assistência específica no treinamento da
lateralidade e da identificação dos lados direito e esquerdo, para que se possa
prevenir e eliminar sintomas tais como reversão, palavras fora de ordem e
17
escrita espelhada. Sem esta ajuda, elas terão problemas não só com a
formação do esquema corporal, mas também com as relações espaciais.
Na lateralidade homogênea, a criança é destra ou canhota dos olhos,
mãos, pés e ouvidos; na lateralidade cruzada a criança pode ser destra da mão
e do olho e canhota de pés e ouvidos, ou outra combinação; já que, na
ambidestria, a criança é tão forte e destra do lado direito quanto do esquerdo.
Aconselha-se a não empregar os termos esquerda e direita sem que a
lateralização esteja bem definida.
18
A RELAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE COM O PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
A psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar e indivíduo com toda sua
história de vida; social, política e econômica. Essa história se retrata no seu
corpo. Trabalha também o afeto e desafeto do corpo, desenvolve o seu
aspecto comunicativo, dando-lhe a possibilidade de dominá-lo, economizar sua
energia de pensar seus gestos, a fim de trabalhar a estética, de aperfeiçoar o
seu equilíbrio. Psicomotricidade é o corpo em movimento, considerando o ser
em sua totalidade. Engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e
da saúde, por ter o homem como objeto de estudo.
O desenvolvimento é crescente nos aspectos físico, intelectual e afetivo
e tudo depende de influências comuns. As fases do desenvolvimento são
habituais a todas as crianças, mas as diferenças de ambiente familiar e meio
social em que vivem, vão definir o seu comportamento. Por isso, observamos
crianças com a mesma idade e comportamentos diferentes, o que vem provar
que cada criança é única e deve ser respeitada. Os primeiros anos de vida são
fundamentais para o desenvolvimento psicomotor infantil. É preciso estar
atento para que nenhuma perturbação passe despercebida e seja tratada a
tempo, para que a capacidade futura da criança não seja afetada e prejudique
a aprendizagem da leitura e da escrita.
O trabalho psicomotor se iniciado desde cedo apresenta resultados
surpreendentes,
e
para
que
haja
intercâmbio
entre
professor-aluno-
aprendizagem, o trabalho da psicomotricidade é da mais valiosa função,
principalmente a partir do maternal como na pré-escola e alfabetização, por
haver um estreito paralelismo entre o desenvolvimento das funções psíquicas,
físicas e socioculturais.
19
Encontramos a seguir as 53 capacidades básicas de desenvolvimento
de programas educacionais, da obra de ROBERT E. VALETT (1997); são elas:
1. Rolar;
2. Sentar;
3. Engatinhar;
4. Andar;
5. Correr;
6. Arremessar;
7. Pular;
8. Saltitar;
9. Dançar;
10. Auto-identificação;
11. Localização do corpo;
12. Abstração do corpo;
13. Força muscular;
14. Saúde física geral;
15. Equilíbrio e ritmo;
16. Organização do corpo no espaço;
17. Habilidades para reações rápidas e destreza;
18. Discriminação tátil;
19. Sentido de direção;
20. Lateralidade;
21. Orientação no tempo;
22. Acuidade auditiva;
23. Decodificação auditiva;
20
24. Associação audioverbal;
25. Memória auditiva;
26. Seqüência auditiva;
27. Acuidade visual;
28. Coordenação e acompanhamento visuais;
29. Discriminação visual de formas;
30. Diferenciação visual figura-fundo;
31. Memória visual;
32. Memória visomotora;
33. Coordenação muscular visomotora fina;
34. Manipulação visomotora de forma-espaço;
35. Velocidade da aprendizagem visomotora;
36. Integração viso-motora;
37. Vocabulário;
38. Fluência e codificação;
39. Articulação;
40. Habilidade para lidar com palavras;
41. Compreensão de leitura;
42. Escrita;
43. Soletração;
44. Conceitos de números;
45. Processos aritméticos;
46. Raciocínio aritmético;
47. Informação geral;
48. Classificação;
49. Compreensão;
21
50. Aceitação social;
51. Resposta antecipatória;
52. Julgamento de valor;
53. Maturidade social.
De acordo com o diagnóstico apresentado, o psicomotricista, avaliará
em quais destas capacidades deverá trabalhar e utilizar as técnicas
apropriadas para facilitar o processo de aprendizagem e conseguir iluminar um
ser que tem o direito de “brilhar”.
Aprender a ler e escrever é como aprender um jogo: é preciso conhecer
as combinações, as regras, ter vontade e treinar bastante. Aprendendo o jogo
da escrita é possível conhecer e escrever histórias, poesias, cartas, bilhetes,
reportagens, pesquisas, e se deslocar para chegar a um ponto, portanto,
podemos conhecer o mundo e suas coisas. A escrita é constituída de uma
atividade psicomotora extremamente complexa, na qual participam os aspectos
da maturação do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de atividades
motoras; pelo desenvolvimento psicomotor geral, especialmente no que se
refere à tonicidade e coordenação dos movimentos e pelo desenvolvimento da
motricidade fina, ao nível dos dedos e da mão. Do ponto de vista da linguagem,
a escrita implica, para a criança, uma reformulação de sua linguagem falada,
com o propósito de ser lida. O aprendizado da escrita, como modalidade da
linguagem, pode ver-se afetado de forma específica, conservando intactas as
outras condutas verbais. Uma criança pode ter dificuldade para executar o
traçado de letras, números ou palavras, apesar de ter um bom nível de
linguagem oral e ser um bom leitor. O aprendizado da escrita, como
modalidade da linguagem expressiva, requer que a criança não só tenha
alcançado um determinado desenvolvimento da linguagem e do pensamento,
como também tenha desenvolvido sua afetividade.
A criança para escrever necessita de sua mão, de sua orientação
espacial (lateralidade), de um ritmo motor (relaxamento-contração), de sua
22
postura (eixo postural) e de seu reconhecimento no referido ato (função
imaginária). Uma graduação progressiva de atividades envolve desde a
coordenação motora global, o equilíbrio, a relaxação, a dissociação de
movimentos, o esquema corporal, lateralização, a estruturação espacial até a
motricidade fina. Na Educação Infantil, todos os aspectos da percepção devem
ser trabalhados: o visual, o auditivo, o tátil, o olfativo e o gustativo. A imagem
corporal, que é a impressão que a criança tem de seu corpo, pode ser medida
a partir de desenhos da figura humana que ela realiza.
Quando falamos em compreensão de tempo, podemos afirmar que a
criança irá adquirir condições de dominar determinados conceitos, como
ontem, hoje, amanhã, dias da semana, meses, anos, horas, estações do ano,
etc., ao perceber o tempo vivido.
A coordenação fina envolve habilidades manuais, como a preensão, que
são essenciais para o desenvolvimento do grafismo e da escrita. A falta de
habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e
entonação inadequadas. A escrita é uma linguagem e requer que a pessoa
seja capaz de conservar a idéia que tem a mente, ordenando, numa
determinada seqüência, a relação. Escrever significa relacionar o signo verbal
a um signo gráfico. Características comuns aparecem nas representações
gráficas de todas as crianças, dando origem a diversas classificações, por
diferentes autores, dos estágios de desenvolvimento gráfico. Destacamos a
classificação por AJURIAGUERRA, seguindo o quadro em anexo.
A princípio, a criança não possui maturidade para a leitura e a escrita,
apenas tendo uma rabiscação descontínua, ou seja, o puro prazer na
manipulação do instrumento (lápis, caneta ou pincel) e nenhuma intenção de
comunicação do pensamento; revela ausência de qualquer coordenação de
movimentos. Os lápis batem na superfície do papel e escorregam ao acaso.
Quando passa para a fase de rabiscação de linhas contínuas, a criança
desvela prazer na manipulação do material e nenhuma intenção de expressão
23
de pensamento. Contudo, o nível de coordenação de movimentos aperfeiçoouse um pouquinho. Há mais facilidade na manipulação do lápis.
A má coordenação motora, a rigidez ou crispação dos dedos, os
problemas psicológicos, a instabilidade da criança, o fato da mesma querer
terminar a atividade depressa, são causas das perturbações do grafismo.
Respeitando cada fase do desenvolvimento e a individualidade de cada ser,
fica mais fácil evitarmos problemas futuros.
Os movimentos de preensão ocorrem em forma de pinça, mas não há
ainda a dissociação manual. Esses movimentos são alcançados através de
tarefas onde os dedos são mais valorizados. Essas tarefas são bem
exercitadas na pré-escola, onde ocorre a maturação intelectual e motora, na
qual se apóiam as duas funções esboçadas nos três primeiros anos. Quando
as dissociações manuais e digitais já se afirmaram, a criança possui
flexibilidade dos músculos da mão juntamente com a dissociação manual,
permitindo o manejo simultâneo e correto do lápis e do caderno. Durante o
esforço muscular que é feito através da pressão excessiva do lápis, aparecem
as sincinesias, isto é, o comprometimento de alguns músculos, sem
necessidade, durante a execução de outros movimentos envolvidos em
determinada ação; é involuntária e inconsciente. Quando isso ocorre surgem
problemas no ato motor da escrita como a letra ilegível que não se aperfeiçoa,
apesar dos exercícios diários, visto que é aos seis anos que a escrita
representa um trabalho de atividade intensa, pois a criança percebe que
existem mecanismos psicomotores diversos, onde inclui novos movimentos de
manejar o lápis fazendo com que a reprodução de traçados seja diferente e
essas tarefas são do tipo visomotor, onde elas irão combinar com a fixação de
conhecimento do significado das sílabas, letras ou palavras que põem em jogo,
basicamente, as capacidades de atenção e de memória infantil. Esses
mecanismos são desenvolvidos com a integração da coordenação visomotora,
da dinâmica manual e da atenção estabilizada ao nível suficientemente para
poder fixar e sustentar a aprendizagem, permitindo à criança realizar
complicadas
aquisições,
naturalmente,
e
desenvolvendo
os
aspectos
24
intelectuais e motor. A capacidade social e a intelectual da criança estão
situadas entre nove e dezoito meses, acontecendo uma carência nesta fase
pode acarretar um déficit intelectual muito grande.
Devemos sinalizar e observar a importância do jogo, pois é através dele
que a criança também poderá se desenvolver, ele é um meio de exploração e
de aprendizagem, não é somente um brinquedo. Precisamos saber também,
que o desenvolvimento da criança é muito mais rápido no período do
nascimento aos seis anos de idade, tanto psicologicamente como fisicamente.
Por isso, é fundamental o profissional conhecer a história familiar da criança
neste período de vida, pois o compreenderá melhor quando ocorrer sua
entrada na escola.
A psicomotricidade tem uma enorme relação com o processo de
aprendizagem, podemos dizer que são intimamente ligadas, visto que, o
movimento influencia a maturação do sistema nervoso da criança que é, na sua
formação individual, função das relações e correlações entre a ação e a sua
representação. Por isso o papel do professor de pré-escola é ao mesmo tempo
difícil e importante, pois esse educador lida com a criança no processo inicial
do desenvolvimento, em uma etapa básica da formação de sua personalidade;
a existência de muitos educadores permite selecionar algumas recomendações
que podem favorecer o processo de aprendizagem dos pré-escolares. O
professor poderá enriquecer as sugestões oferecidas a partir da consideração
de sua realidade e da utilização de sua criatividade.
A psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades
que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao
domínio do seu próprio corpo. Por esta razão, dizemos que a mesma é um
fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da
criança. A estrutura da educação psicomotora é a base fundamental para o
processo intelectivo e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui
do geral para o específico; quando uma criança apresenta dificuldades de
25
aprendizagem, o fundo do problema geralmente está no nível das bases de
desenvolvimento psicomotor.
Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da
psicomotricidade são utilizados com freqüência. O desenvolvimento do
Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal
e Pré-Escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema em um destes
elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.
A criança, cujo desenvolvimento psicomotor é mal constituído, poderá
apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de
letras, na ordenação de sílabas, na abstração (matemática), na análise
gramatical, entre outras. Nesse sentido, torna-se necessário citar um trecho do
livro “Psicomotricidade: Educação e Reeducação”: “Para a maioria das crianças
que passam por dificuldades de escolaridade, a causa do problema não está
no nível da classe a que chegaram, mas bem antes, no nível das bases”.
26
A ESCOLA COMO ESPAÇO LÚDICO
A maioria das crianças convive com adultos, que pela vida atribulada
quase não têm tempo para elas. Geralmente vivem em apartamentos ou em
casas onde os quintais foram substituídos por áreas cimentadas, passam a
maior parte do tempo em frente à televisão ao invés de brincar, não com
brinquedos eletrônicos nem com outras brincadeiras estáticas, e sim correr,
subir em árvore, pular amarelinha, jogar bola, brincar de boneca; brincar se
movimentando e com outras crianças para desenvolver a sua capacidade
criadora; isto é, colocar em movimento o corpo e a mente. Mas geralmente, em
vez de ativas, são passivas, perdendo a oportunidade de explorar as próprias
capacidades, de crescer. Na visão de MONTAIGNE, “os brinquedos das
crianças não são brinquedos, é necessário considerá-los como ações sérias.”
Na realidade, o que acontece com as nossas crianças é que não foram
devidamente estimuladas em suas famílias, que são consideradas como sua
primeira escola. Devido à agitação da vida moderna, também muitas vezes por
falta de preparo, os pais deixam uma lacuna no desenvolvimento motor,
intelectual e afetivo dos filhos. Cabe ao professor suprir essa falha, observando
a criança em suas atividades, criando situações de descontração; na
brincadeira livre está uma excelente oportunidade para essa observação. O
professor organizará atividades individuais e coletivas para fazer uma avaliação
psicomotora com suas crianças, detectando as falhas, organizará atividades de
reeducação psicomotora com o objetivo de superá-las. O professor precisa ter
conhecimento para preparar os exercícios, já que é importante que haja
variedade, pois crianças que parecem ter adquirido uma noção, revelam-se
incapazes de refazer um mesmo exercício com material diferente. Devem ser
empregados quebra-cabeças, jogos, cantigas de roda, desenhos, exercícios
físicos e outros. A educação psicomotora deve ter dupla função, preventiva e
terapêutica e deve estimular a fantasia, tão importante nessa fase da vida da
criança, bom também é solicitar a participação da criança na organização dos
exercícios.
27
Questionamos porque há tanta dificuldade na aprendizagem da leitura e
da escrita, se a maioria das crianças cursa a Educação Infantil pelo período de
dois anos que é específico para favorecer o desenvolvimento global da criança
e o seu fortalecimento enquanto sujeito, facilitando a construção de sua
unidade corporal, a afirmação de sua identidade e a sua autonomia intelectual
e afetiva. Por isso, a “lei de Diretrizes e Bases 9394/96, art. 9, define como
finalidade da Educação Infantil, o desenvolvimento integral da criança até seis
anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social (...)”
(REVISTA MOSAICO, 1998).
A escola reconhece a necessidade do emprego das condutas
psicomotoras na Educação Infantil para a função de preparar a criança para
aprendizagens futuras. A forma, porém, de como realizam os exercícios, não
permite que os objetivos sejam alcançados. Os mesmos são aplicados para
aperfeiçoamento da mecânica motora e as relações entre a construção destes
domínios e as dimensões afetiva, relacional e histórica são esquecidas. É no
processo de autoconstrução que a criança chega à escola e a função do
professor é trabalhar no aluno cada uma das dimensões, para levá-lo à
construção da unidade corporal e à afirmação da identidade. O educador não
pode continuar investindo apenas em seu intelecto, e em seu corpo como
instrumento de aprendizagem; a psicomotricidade tem ação educativa e
preventiva.
Segundo LAPIERRE e AUCOUTURIER, para aprender a criança
necessita de:
- uma organização de si, do espaço e do tempo que lhe permita aprender;
- uma organização mental que lhe permita compreender;
- uma organização psicoafetiva que lhe permita desejar aprender.
28
A criança na Educação Infantil tem necessidade de brincar, correr, pular,
livremente ou dirigida, mas sempre sob o olhar educador e psicomotor do
professor, não devemos levá-la a brincar por brincar. A criança deve ser
avaliada através de exercícios que envolvam todos os elementos da
psicomotricidade; o ideal é que a cada dia seja observado um elemento básico
da psicomotricidade.
Através da observação do desenho da criança, o professor começa a
conhecer e entender a história de vida da criança, sua relação com o mundo, à
relação que ela tem dentro de casa com os pais, os irmãos, a afetividade, os
traumas, os problemas emocionais, o estágio de conhecimento de seu próprio
corpo, do corpo do outro, se ainda está formando ou já formou sua imagem
corporal, muito importante para o desenvolvimento do esquema corporal, o
conhecimento das partes do corpo, tudo isso com a ajuda da própria criança.
Os desenhos deverão ser guardados e pelo menos de dois em dois meses,
pedir à criança o para fazer novo desenho e comparar com o anterior para
verificar se houve progresso.
Observando o comportamento social, percebemos que ninguém vive
sozinho e que a criança precisa se desenvolver, aprender e crescer no meio de
outras crianças; por isso é tão importante freqüentar a Educação Infantil, para
partilhar a sua vivência. Brincadeiras livres são importantes, mas é hora de
introduzir os jogos com regras fáceis para serem obedecidas. Os jogos ajudam
a impor limites, respeitar o colega e ter cuidado com ele. É a base do convívio
social.
A Maratona Psicomotora é a proposta de aplicação de exercícios de
educação psicomotora educativa e preventiva, através de brincadeira, jogos,
brinquedos cantados, história e atividades em que os alunos e o professor
confeccionarão materiais a serem utilizados, com exercícios psicomotores, com
crianças de turma de Educação Infantil; tem o objetivo de despertar na criança
o interesse pelas atividades propostas, despertar a vontade de fazer
29
corretamente os exercícios, cooperar com os colegas nas atividades em grupo
e dar oportunidade ao professor de observar e anotar as dificuldades e
necessidades de cada criança; pois durante a maratona serão trabalhados
todos os elementos básicos da psicomotricidade, que são: esquema corporal,
orientação e estruturação espaço-temporal, lateralidade, pré-escrita, e também
demonstrar que é possível, aproveitando o ambiente escolar, a realidade da
criança, fazer as atividades e ainda promover interação. A maratona envolverá
o professor da turma, alunos, coordenador pedagógico e o professor de
Educação Física. Também é proposta que aconteça no máximo duas vezes por
semana. No último dia, haverá o fechamento da maratona com a atividade
especial. A cada dia a criança receberá um adesivo de participação na
maratona, que será colado em seu caderno. Ao final da maratona as crianças
receberão uma medalha, sem o enfoque competitivo.
Detectadas as dificuldades ou falhas nas etapas da educação
psicomotora, entra-se com exercícios para reeducação, em caso de
perturbações, a criança deve ser encaminhada pela escola para tratamento. A
atuação do professor com a noção de psicomotricidade gera melhores
condições de aprendizagem e de autoconhecimento, formando na criança a
base para uma boa aprendizagem da leitura e da escrita.
Olhar, tocar, mexer, encontrar, imaginar e conviver são palavras de
ordem em psicomotricidade. Partindo de sua sensibilidade e de técnicas, o
profissional psicomotricista poderá “ouvir” a necessidade de um corpo, de um
ser, que grita por desenvolver-se, por comunicar-se com o mundo externo, com
tudo ao seu redor. Conteúdos emocionais como amor, admiração, respeito e
credibilidade no indivíduo com potencialidades de desenvolver-se nas áreas
esportiva, educacional e social sem discriminação, faz parte do perfil do
trabalho psicomotor.
As escolas, juntamente com os professores, tentam transformar este
contato com o novo mundo o menos doloroso possível. Investem num mundo
30
de cores e atividades lúdicas para que se torne mais atrativo. Ao ingressar as
crianças no mundo, que inicialmente parece de faz de contas, os profissionais
da área da educação têm como objetivo principal adequar as crianças ao
universo escolar, vislumbrando um apropriado processo de alfabetização para
garantir posteriormente uma brilhante carreira estudantil. Trabalhar com a
Psicomotricidade nesta fase inicial torna esses processos mais ricos de
possibilidades, de experimentações, de vivências, de experiências vivificantes.
As atividades lúdicas passam a ter mais funções, deixam de ser
somente recreativas e socializadoras para permitir um trabalho entre o
pensamento destas crianças e o seu corpo. Os pensamentos, os sentimentos e
os desejos destes pequenos seres tomam outra dimensão, passam a
comandar e a direcionar seus corpos de forma mais harmônica e equilibrada.
Não devemos limitar atividades ou jogos de acordo com as idades, mas sim dar
à criança ou qualquer outro indivíduo a possibilidade de nos dizer de onde
devemos partir. Tendo esta resposta fica mais confortável para a criança, pois
ela não será cobrada a fazer algo que supostamente não daria conta; começar
as atividades do mais fácil para o mais difícil possibilita que ela desenvolva
uma segurança emocional, abre uma brecha para que o profissional da
Psicomotricidade elogie, exalte a resposta dada. Este indivíduo se sentirá mais
seguro para fazer as atividades propostas e passa a perceber que também é
capaz de acertar. Estes momentos são importantíssimos para se trabalhar a
auto-estima, reforçando movimentos corporais, ações e respostas emocionais
positivas. Devemos estar atentos para não permitir que as atividades, jogos,
dinâmicas sejam utilizadas como objeto de exclusão. Valer-se das atividades
para propiciar a competição é uma forma de excluir aquela criança que não
vence sempre. As dificuldades psicomotoras podem ser vistas como erro, algo
que impede que ela acumule vitórias/acertos. Esta sem dúvida é uma forma de
promover a exclusão, a criança fica com baixa estima e quando não é excluída
de um grupo pelas outras pessoas, ela mesma pode se excluir. Por isso
devemos promover e enfatizar as possibilidades de acerto, deixando que a
criança perceba que também é capaz e que também consegue, basta tentar!
31
A Educação Física enfatiza junto com a psicomotricidade, jogos e
atividades que proporcione a construção de uma ação cidadã. Cada esporte,
cada modalidade, cada brincadeira e aspecto cultural abordado e aplicado na
prática,
estarão
sempre
levando
em
conta
o
aspecto
social
e
o
desenvolvimento corporal da criança. O ato de aprender a educação física não
se limita apenas à execução mecânica do exercício motor, mas constitui-se em
atividade relacionada ao cotidiano da criança, à ludicidade e ao lazer.
A escola é uma instituição social onde a criança passa a maior parte do
seu dia e ela deve proporcionar para seus alunos a integração de todo
conhecimento: em nível corporal, mental, emocional e social, ou seja,
trabalhando o aluno como um ser multidimensional, onde a sua motricidade
interage de forma complexa com as capacidades cognitivas, sociais e afetivas,
e é justamente nas aulas de educação física, onde o lúdico prevalece que são
criadas oportunidades para a criança se aperfeiçoar e desenvolver os
movimentos naturais e aprendidos. O lúdico vem sendo negado, exatamente
pelas suas características, em nome da produtividade da sociedade moderna
como um todo; restrito à criança, até mesmo no âmbito infantil começa a ser
negado, cada vez mais precocemente, em nome da necessidade de
preparação para o futuro, e o mesmo acontece nas salas de aula.
“Viver o lúdico é viver o momento, o presente, o agora. E
esse não representa o passado ou a preparação para o
futuro”.
(HUIZINGA, 1971,p.110)
Para WINNICOTT, a relação entre a manifestação lúdica e o potencial
criativo, se vê sob o brincar como uma experiência criativa indispensável ao
desenvolvimento integral do ser humano. A criança manifesta a sua criatividade
através do brincar e busca descobrir o seu eu, usando a imaginação, a
criatividade.
32
“(...) é no brincar que a criança ou adulto, pode ser
criativo e utilizar sua personalidade integral e, é somente
sendo criativo, que o indivíduo descobre o seu eu”.
(WINNICOTT, 1975 ,p.80).
É importante que o ambiente favoreça a manifestação lúdica na criança,
no sentido de não limitar, não castrar, não dominá-la evitando-se que se torne
um adulto frustrado e infeliz, sem garra para romper a mesmice, com padrões
preestabelecidos. A criatividade, assim como a brincadeira e o jogo, é a
manifestação lúdica, justamente pelo compromisso direto com o novo, com a
ruptura de padrões e posturas reacionárias ultrapassadas e cristalizadas de
mentes fechadas às mudanças, às transformações que poderiam levar o ser
humano a atingir seu grau máximo de educação. É através da percepção
criativa, mais do que qualquer outra coisa, que o indivíduo sente que a vida é
digna de ser vivida. Em contraste, existe um relacionamento de submissão com
a realidade externa, onde o mundo em todos seus pormenores é reconhecido
apenas como algo a se ajustar ou a exigir a adaptação.
O nosso sistema educacional está voltado ainda para a reprodução de
movimentos e conhecimentos. Ao invés de preparar o aluno para a produção
de novas idéias e de conhecimentos. Mesmo sabendo que a prioridade deve
ser dada ao espaço para a fantasia, para a imaginação e criatividade, isso não
vem ocorrendo. Diante das pressões sociais, as crianças vêm sendo
trabalhadas e orientadas a aprender e repetir conteúdos tradicionais embora
tenhamos comprovação científica de que situações de aprendizagem
desafiadoras geram no indivíduo a necessidade interna básica de romper com
seus próprios limites, enquanto movimentam-se em busca do novo.
O grande desafio da psicomotricidade é propiciar ao educando o
conhecimento do seu corpo, usando-o como instrumento de expressão e
satisfação de suas necessidades, respeitando suas experiências anteriores e
dando-lhe condições de adquirir e criar novas formas de movimento. Fazer um
33
elo da Educação Física com a psicomotricidade no cotidiano escolar atenderá
às exigências de um corpo que pertence a uma cultura, a um momento
histórico, político e socioeconômico, que está em constante desenvolvimento.
Quanto mais numerosas e mais ricas forem às situações vividas pela criança,
maior será o número de esquemas por ela adquirida. A educação tem como
objetivo
estimular
o
desenvolvimento
psicomotor
e,
como
princípio
fundamental, despertar a criatividade, além de contribuir para a formação
integral do educando. Desse modo, a Educação Física junto com a
psicomotricidade e todo o sistema educacional no cotidiano escolar, visa
melhorar e oportunizar o sujeito ao movimento conscientizando-o do seu
próprio corpo, da consciência do esquema corporal, domínio do equilíbrio,
construção e controle das coordenações global e parcial, organização das
estruturas espaço-temporal, melhoria das possibilidades de adaptação ao
mundo externo e estruturação das percepções. Os benefícios serão notados ao
longo da vida desse sujeito, pois seja na dança, na ginástica, nos jogos, nos
esportes, na família ou na escola, um ser bem resolvido em suas questões
internas, podendo a cada dia se libertar para as questões externas. A relação
da educação Física com a psicomotricidade desponta como prática
enriquecedora e que dever ser reconhecida e valorizada por todos os
profissionais da instituição escolar. Em outras palavras, é necessário que todos
participem conscientemente do processo de desenvolvimento da criança,
sabendo como agir para garantir a ela, um lugar com liberdade de expressão,
escolha e criação, tendo segurança e acolhimento necessários para vivenciar
todas as possibilidades e experiências oferecidas no dia-a-dia.
Procuramos mostrar aos profissionais envolvidos diretamente com a
criança, que as atividades corporais oferecidas nas aulas de Educação Física
são de extrema importância para o seu crescimento e desenvolvimento, logo,
para que isso aconteça, devemos dar-lhe a possibilidade de existir, de tornarse uma pessoa única, diferente dos outros em sua maneira de pensar, se
comunicar, agir e sentir. Assim, cada criança é única, com seus limites, desejos
e experiências, onde a consciência e a cultura corporal são influenciadas pela
sociedade e pelo momento histórico, que é inerente a cada sujeito.
34
A psicomotricidade deixou de ser usada isoladamente e foi enriquecida
com os estudos de outras áreas numa rede interdisciplinar, incluindo os
profissionais da educação. Existem escolas que ainda mantêm o caráter
mecanicista instalado na Educação Infantil, ignorando a psicomotricidade nas
séries inicias do ensino Fundamental. Os professores, preocupados com a
leitura e a escrita, muitas vezes não sabem como resolver as dificuldades
apresentadas por alguns alunos, rotulando-os como portadores de distúrbios
de aprendizagem. Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser
resolvidas na própria escola.
O período de três a oito anos é considerado de aprendizagens
essenciais e de integração progressiva no plano social. Trata-se do período
escolar, onde a psicomotricidade deve ser desenvolvida em atividades
enriquecidas e onde a criança de aprendizagem lenta terá que ter ao seu lado,
adultos que interpretem o significado de seus movimentos e expressões,
auxiliando-a na satisfação de suas necessidades, pois a criança precisa se
sentir segura para que possa ter a possibilidade de se arriscar.
O movimento e sua aprendizagem abrem um espaço para:
- Facilitar a comunicação e a expressão das idéias;
- Possibilitar a exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço;
- Apropriação da imagem corporal;
- Percepção rítmica, através de jogos corporais e danças;
- Habilidades motoras finas, através de diversas atividades que facilitem a
escrita, etc.
Os materiais que colaboram para as experiências motoras podem incluir:
- Túneis para as crianças percorrerem;
- Caixas de madeira;
35
- Móbiles;
- Materiais que rolem e onde as crianças possam entrar;
- Instrumentos musicais ou geradores de som (bandinhas de diversos objetos,
etc.);
- Cordas;
- Bancos, sacos de diversos tamanhos, pneus, tijolos;
- Espelhos;
- Bastões, varinhas;
- Papéis de todos os formatos;
- Giz, lápis, canetas hidrográficas (de diversos tamanhos);
- Elásticos e outros.
O educador deve contribuir trazendo atividades corporais, para além da
sala de aula, propiciando experiências que favorecerão a motricidade fina,
auxiliando os alunos de ritmo normal e os de aprendizagem lenta a vencer
melhor os desafios da leitura e da escrita.
A educação psicomotora nas escolas visa desenvolver corretamente
frente à aprendizagem de caráter preventivo o desenvolvimento integral do
indivíduo nas várias etapas de crescimento; ajuda a criança a adquirir o estágio
de perfeição motora até o final da infância (por volta de sete a onze anos), nos
seus aspectos neurológicos de maturação, nos planos rítmico e espacial, no
plano da palavra e no plano corporal, pois através da psicomotricidade e dos
órgãos dos sentidos a criança descobre o mundo e se autodescobre.
Segundo LURIA e COSTALLAT, os fatores psicomotores e as atividades
a serem trabalhadas na educação psicomotora são:
1. Atividade Tônica: Tonicidade; Equilíbrio.
36
2. Atividade Psicofuncional: Lateralidade; Noção do Corpo; Estruturação
espaço-corporal.
3. Atividade de relação: Memória corporal.
É comum, nas escolas, as crianças com distúrbios psicomotores;
embora aparentemente normais, muitas das vezes são incapazes de ler ou
escrever , apresentando vários outros problemas que interferem no processo
escolar. Através de jogos e brincadeiras, que parecem passatempos, iremos
preparar a criança para um aprendizado posterior, mostrando-lhes os limites. O
ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo para as suas
atividades a psicomotricidade, pois fariam com que nossas crianças
realizassem
experiências
com
o
corpo,
sendo
indispensável
no
desenvolvimento das funções mentais e sociais. É interessante levar a criança
a expor fatos vivenciados, fazendo uma ligação entre o imaginário e o real, Na
escola, é importante que se leve em consideração os aspectos: sócio-afetivo,
cognitivo e psicomotor. A educação psicomotora vem atuando na escola de
forma a levar a criança a adquirir melhores condições de aprendizagem e de
autoconhecimento, formando a base para uma boa aprendizagem da leitura e
da escrita.
O papel do professor no trabalho da psicomotricidade não é apenas
ensinar, mas transmitir conhecimentos já estabelecidos, assumir o papel de
facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender, dando à criança
tempo para as suas próprias descobertas, oferecendo situações e estímulos
cada vez mais variados, proporcionando experiências concretas e plenamente
vividos com o corpo inteiro; não deixar que sejam transmitidas apenas
verbalmente, para que ela própria possa construir seu desenvolvimento global.
O professor não deverá esquecer que o seu material de trabalho é o seu aluno.
Portanto, não deverá preocupar-se apenas em preparar o ambiente escolar
com cartazes, painéis, faixas, mas sim a si mesmo. É necessário que ele
conheça seu aluno, torne-se seu amigo. O educador com visão de
psicomotrista trabalha no ser humano cada uma das etapas, possibilitando-o
37
alcançar a consciência corporal, a consciência do mundo que o cerca, o
relacionamento deste com o seu corpo e com o que está ao seu redor,
proporcionando ao indivíduo a capacidade de ser, ter, aprender a fazer e a
fazer, na medida em que se reconhece por inteiro, alcançando a organização e
o equilíbrio das relações com os diferentes meios e a sua distinção,
relacionando-se com o mundo de forma equilibrada. Devemos trabalhar no
sentido de permitir que a psicomotricidade mostre o seu valor, conscientizando
responsáveis, pais, coordenadores, e mostrar o objetivo do trabalho que
estamos realizando.
A psicomotricidade serve como ferramenta para todas as áreas de
estudo voltadas para a organização afetiva, motora, social e intelectual do
indivíduo acreditando que o homem é um ser ativo capaz de se conhecer cada
vez mais e de se adaptar às diferentes situações e ambientes; não negando
uma visão neurológica do indivíduo por ser a base do estudo. Valoriza a
questão do toque, como forma de aproximação das pessoas como, por
exemplo, no relacionamento mãe e bebê, e auxilia no desenvolvimento motor
da criança que passa a perceber o seu corpo em diferentes situações ou
sensações, buscando desafios de forma mais segura.
É inegável que o exercício físico é muito necessário para o
desenvolvimento mental, corporal e emocional do ser humano e em especial da
criança. O exercício físico estimula a respiração, a circulação, o aparelho
excretor, além de fortalecer os ossos, músculos e aumentar a capacidade física
geral, dando ao corpo um pleno desenvolvimento. Quanto à parte mental, se a
criança possuir um bom controle motor, poderá explorar o mundo exterior, fazer
experiências concretas, adquirir várias noções básicas para o próprio
desenvolvimento da mente, o que permitirá também tomar conhecimento do
mundo que a rodeia. Emocionalmente, a criança conseguirá todas as
possibilidades para movimentar-se e “descobrir” o mundo, tornar-se feliz,
adaptada, livre, socialmente independente. Para poder educar o homem, é
preciso que os ensinemos a dominar sua própria consciência e corpo com
senso de equilíbrio.
38
O trabalho do pedagogo, consciente da importância e utilidade da
psicomotricidade na escola, é de orientar o professor, motivando-o através de
uma conscientização da validade de aplicação da mesma e despertando o seu
interesse, para que possam ajudar aos que estão envolvidos no processo
ensino-aprendizagem, chegando ao sucesso almejado. Essa conscientização
não deve servir apenas ao pedagogo e sim ao próprio sistema de que ele
participa, pois não adianta o pedagogo desejar e o sistema não deixar. Quando
as partes estão de acordo, o educador tem total liberdade para utilizar sua
criatividade, promovendo jogos e exercícios psicomotores que podem parecer
simples brincadeiras, mas tem uma importância fundamental para facilitar o
processo de aprendizagem e tornar a escola um espaço mais agradável para
seus alunos, isto é, um espaço lúdico.
39
CONCLUSÃO
A Psicomotricidade tem como objetivo primordial trabalhar para educar e
reeducar o indivíduo que apresenta distúrbios que exprimem através de
perturbações psicomotoras, as debilidades motoras, a inabilidade, os atrasos
psicomotores, a instabilidade psicomotora, a inibição psicomotora, diminuição,
hipercontrole e retenção. Por isso, é necessário que os profissionais de
diversas áreas entendam a importância da Psicomotricidade em sua atividade,
pois é preciso ter conhecimento de que a pessoa que não tem a sua
lateralidade bem desenvolvida é incapaz de aprender a ler e a escrever, visto
que a alfabetização realiza-se da esquerda para a direita, ou até mesmo de
efetuar um cálculo em matemática, este é um dos exemplos da importância da
Psicomotricidade em nossas vidas, dentre outros.
A Psicomotricidade é um dos elementos sociais na educação por ser
ação e expressão ligando o indivíduo ao meio em que vive. O desenvolvimento
psicomotor proporciona no interior da criança o descobrimento das coisas, do
tempo, do espaço e do mundo externo.
A empatia se faz presente no profissional ao traçar as trajetórias iniciais
do trabalho psicomotor. Normalmente nos colocamos no lugar daquele ser,
com a dificuldade que apresenta e começamos a tratá-lo como se fosse nosso
aquele corpo. Todo progresso mínimo que aconteça vibramos e fazemos
questão de que essa vibração seja transmitida, de forma que ambos sintam-se
vencedores. A Psicomotricidade torna-se cúmplice íntima de todas as
conquistas do corpo e da mente.
Para WALLON, a relação tônico-emocional atua no desenvolvimento da
criança. Por isso antes de qualquer intervenção especializada, o profissional
deve empenhar-se para que as crianças sintam-se em segurança, desejem agir
40
e possam conquistar autonomia de forma prazerosa, pois qualquer pessoa tem
muito a nos dizer, a estimular, a transformar, etc. Mas é preciso tocar a alma
para acreditar, sentir e saber lidar com esses recursos que não perpassam por
uma linguagem racional. É preciso acreditar na pessoa, pois mesmo quando a
criança apresenta um quadro de total inércia motora, é importante trabalhar a
imaginação, como por exemplo, contar histórias. Através da emoção que é
passada numa história, a mente do ser é capaz de trabalhar como se todo o
seu corpo estivesse participando de cada ação, portanto, agindo e pensando
em sua consciência.
É preciso que alguém se interesse pela criança e tente resgatá-la, pois o
dever de todo cidadão é querer o bem estar das pessoas, já que dessa forma
exercemos nossa cidadania e conquistamos uma sociedade digna. E, lutando
pela Educação teremos um país mais justo, visto que ela é fundamental para
melhorarmos e crescermos enquanto pessoas e profissionais. Embora nem
todas as crianças desfrutem das mesmas oportunidades, podemos ajudá-las
dando o nosso melhor; atuando com profissionalismo, comprometimento,
dedicação e ética para obtenção de um ensino de qualidade.
Transformando a escola num lugar de reflexão e troca, o aprendizado
acontece de maneira gratificante e os alunos conseguem se sentir motivados.
O educador deve levar o educando a ter um olhar crítico sobre as informações
que lhe são oferecidas, tendo o direito de pensar, questionar e se expressar.
Exercemos a nossa cidadania quando nos tornamos responsáveis por
tudo aquilo que conquistamos como nos ensina divinamente o livro “O Pequeno
Príncipe”, que pode ser lido em diversos momentos de nossas vidas.
41
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e Prática em Psicomotricidade. Rio de
Janeiro: Wak, 2002.
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção. 3ª.ed. Rio de
Janeiro: Wak, 2007.
_____________.
Como
aplicar
a
Psicomotricidade:
Uma
Atividade
Multidisciplinar com Amor e União. Rio de Janeiro: Wak, 2004.
CURTSS, Sandra. A Alegria do Movimento na Pré-Escola. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1988.
OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: Educação e Reeducação
num Enfoque Psicopedagógico. Rio de Janeiro: Vozes, 1988.
42
ANEXO
Desenvolvimento do grafismo por AJURIAGUERRA
Estágio
Faixa etária
Características
- A criança não possui domínio
motor para os traçados gráficos,
com perfeição;
Caligráfico
De 5-6 a
- Não tem controle na inclinação
8-9 anos
e dimensão de letras;
- Tem postura errada do tronco,
cabeça e braços ao escrever;
- Copia as palavras letra por letra
- A criança já domina as
dificuldades em pegar e manejar
os instrumentos gráficos;
- Apresenta escrita mais rápida e
Pré-caligráfico
De 10 a 12 anos
regular;
- Distribui corretamente as
margens;
- Sua escrita imita o modelo: é
ainda pouco pessoal;
- Tem melhor postura de cabeça
e do tronco (mais longe do
papel).
- Modifica a escrita, dada a
necessidade de maior rapidez
Pós-Caligráfico
De 11 anos em diante
para acompanhar o pensamento
e as atividades escolares;
- Tem postura correta.
43
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