A respeito do dia mundial do não fumador, pareceu-nos interessante falar um pouco e de uma forma sucinta sobre: alguns números do tabagismo, doenças relacionadas com o consumo de tabaco, mecanismo de dependência e por último, mas muito importante os benefícios da cessação tabágica. É fundamental reflectir que toda a pessoa que decide ser um não fumador, permite-se ser mais saudável, pois não podemos esquecer que o consumo de tabaco é, nos dias de hoje, a principal causa de doença e de mortes evitáveis. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), anualmente morrem cerca de 4,9 milhões de pessoas, em todo o mundo, em resultado do tabagismo. O fumo produzido pelo consumo do tabaco contém mais de quatro mil compostos químicos com efeitos tóxicos e irritantes, dos quais mais de 40 são reconhecidos como cancerígenos. O tabagismo não é factor de risco apenas para o próprio fumador, mas também para aqueles que, não sendo fumadores, se encontram frequentemente expostos ao fumo passivo. Estudos epidemiológicos confirmam a associação entre o tabagismo e... Um terço de todos os casos de cancro; 90 % dos casos de cancro do pulmão; Cancro do aparelho respiratório superior (lábio, língua, boca, faringe e laringe); Cancro da bexiga, rim, colo do útero, esófago, estômago e pâncreas; Doenças do aparelho circulatório, dos quais a doença isquémica cardíaca (25 %); Bronquite crónica (75-80%), enfisema e agravamento da asma; Irritação ocular e das vias áreas superiores. Importa reflectir que uma vez iniciado o consumo do tabaco, rapidamente se transforma em dependência (física e psíquica), provocada por uma droga psicoactiva - a nicotina – presente na folha do tabaco. O truque da nicotina reside no facto de interferir directamente na produção de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar e prazer. Ou seja sempre que fuma um cigarro, o cérebro produz uma substancia que dá a sensação de prazer, mas há outras formas de o cérebro humano produzir essa substancia e consequentemente sensação de bem-estar e prazer, uma delas é a prática de exercício físico, mas para isso é necessário reeducar o cérebro para que em vez de ele exigir um cigarro possa exigir uma boa caminhada… A sensação de prazer dada pela nicotina fica gravada na memória das células do cérebro, por isso, quem decide deixar de fumar, trava uma batalha com o seu próprio cérebro, não pode voltar a pegar num cigarro, pois se o fizer as memórias de prazer chegam rapidamente e a pessoa está novamente enredada nos circuitos da nicotina. Esta é a razão para tantas recaídas… Gostaria de salientar que quem decide deixar de fumar, sim porque é a pessoa que decide deixar, este hábito, e quem melhor que a própria pessoa para o fazer? poderá a nicotina ter mais força do que a decisão do individuo? Caro leitor não hesite… decida-se…deixe de fumar. Se necessário solicite ajuda junto da sua equipa de saúde. Aproveito ainda para informar que o Agrupamento dos Centros de Saúde Oeste Norte (ACES- Oeste Norte), tem consulta de cessação tabágica em Caldas da Rainha. É importante salientar que deixar de fumar, não é um luto, não é uma perda é sim um ajuste de contas com o próprio organismo, pois o prazer do cigarro é fictício comparado com os processos de alivio fisiológico. Pois permite respirar melhor, ter menos tosse e menos constipações, sentir mais energia, eliminar o cheiro do tabaco, ter um sabor mais agradável, deixar de ter cor amarela nos dedos e nos dentes, evitar problemas de saúde graves, dar um bom exemplo aos filhos, e prevenir-lhes doença e poupar muito dinheiro. Estamos em época de crise económica já pensou quanto poderia poupar se deixasse de fumar? Considere este facto e faça a conta de quanto poderia poupar por mês, que deixava de queimar e passaria a usá-lo em algo que realmente lhe pudesse proporcionar um prazer real. Fernanda Viola, enfermeira especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Peniche ACES Oeste Norte