PRIMEIRA IMPRESSÃO | Março de 2017 29 Diagramação desta página: Diego Kassai Métodos alternativos no combate ao tabagismo O hábito de fumar está relacionado a cerca de 50 tipos de doenças como, por exemplo, o câncer Beatriz Pereira tentativa de atrair menos consumidores. Outra consequO cigarro já foi moda na ência do aumento de dependécada de 1920 e tema de di- dentes são os medicamentos versos comerciais. Hoje, po- e métodos alternativos para rém, há conhecimento sobre largar o vício. Adesivos de a relação do tabagismo com nicotina, pílulas com ou sem mais de 50 tipos de doenças. nicotina, cigarros elétricos Dados do INCA (Instituto Na- são alguns dos produtos encional de Câncer José Alencar contrados no mercado. A vaGomes da Silva) mostram que riedade é grande e a procura 30% das mortes por câncer de aumenta a cada dia. “Ações boca, 90% de câncer do pul- importantes, como a proibimão e 85% das mortes por ção da propaganda do cigarro bronquite e enfisema são cau- e o fumo em ambientes colesados pelo uso prolongado da tivos, além da oferta crescennicotina. te de tratamento para quem Mesmo com queda de quer deixar de fumar, ajudam 30,7% no percentual de fu- a esclarecer como também a mantes brasileiros, 10,8% da inibir o ato do tabagismo, pois população ainda fuma, o que se torna um hábito “antissoleva a criação de iniciativas cial”, relata o médico Ivo José governamentais para ajudar dos Reis Cameira. as pessoas a largarem o vício. A dificuldade mais séCom os últimos anos clínicas ria está na relação de prazer e programas de tratamen- compensatório que o cigarto foram criados e novas leis ro assume na vida. Cameira de propaganda colocadas em afirma que para superar esse votação. A mais recente é re- fator é contar com a ajuda de ferente à padronização das profissionais, além de lançar embalagens de cigarro, uma mão dos artifícios químicos, substitutos do tabaco, como as gomas de mascar e os adesivos, com orientação médica. “Muitas vezes o plano de tratamento precisa ser alterado e ai que entra o especialista médico para caminhar junto nessa empreitada dura que é parar de fumar”, diz o médico. Porém, há pessoas, que com muita força de vontade e dedicação, largam o vício sozinhos, como o caso de Alessandro Muri. Fumante desde os 17 anos resolveu, numa noite de Natal, largar o cigarro de vez. “Durante dois anos tentei parar. Consegui por seis meses, com adesivos de nicotina, mas voltei, pois aos finais de semana saía para beber e acabava fumando”, conta Alessandro. “No Natal decidi que seria o último dia. No dia 26 em diante não fumei mais.”, lembra. Desta vez, entretanto, ele relata que não usou medicamentos, nem qualquer outro método “revolucionário”. “Foi na raça. O segredo foi tomar muita água, quando dava vontade de fumar e muita determinação”, detalha Muri. Porém, ele afirma que o acompanhamento médico ajudaria mais na empreitada, apesar do ponto principal ainda ser a vontade e o querer da pessoa em parar com o vício. De acordo com Cameira, vários métodos podem ser utilizados para deixar de fumar, desde a parada abrupta, até o suporte de produtos à base de nicotina, as chamadas terapias de reposição. Motivação, medos sobre parar de fumar e sintomas de ansiedade são alguns dos tópicos, que influenciam na escolha do tratamento. “Um tratamento efetivo envolve a abordagem de três aspectos: físico, psicológico e comportamental. Além de contornar a abstinência (física), é preciso desvincular o cigarro de emoções como alegria ou tristeza (psicológico) e de hábitos como tomar café ou dirigir (comportamental)”, descreve Ivo, que complementa: “Só uma avaliação médica criteriosa é capaz de indicar qual o tratamento ideal para cada paciente”. Medicamentos Basicamente, há dois tipos de remédios para largar o tabagismo: os repositores de nicotina e os sem nicotina. Segundo o médico, os repositores de nicotina dão ao organismo essa substância sem os outros produtos químicos encontrados em cigarros, ajudando a livrar-se do fumo. Porém, devem ser usados por um período curto de tempo, apenas a fim de lidar com a síndrome de abstinência. Já os sem nicotina, o mais conhecido no mercado possui a substância “Bupropiona”. “Não tome junto com inibidores, remédios contra depressão. Converse com seu médico antes de usar Bupropiona se tem doença no rim, transtorno bipolar, doença no fígado, pressão alta ou qualquer desordem alimentar.”, ressalta Ivo.