COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS XXV SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS SALVADOR, 12 A 16 DE OUTUBRO DE 2003 T91 - A06 PREVISÃO DE DESLOCAMENTOS EM BARRAGENS DE ENROCAMENTO UTILIZANDO LÓGICA DIFUSA Wendell Dias Pinto Fernando Saboya Jr. LABORATÓRIO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE Darcy Ribeiro Carlos Eduardo Novo Gatts, LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS FÍSICAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE APRESENTAÇÃO Os Autores são gratos a CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo financiamento da bolsa de estudos do primeiro autor. RESUMO A lógica difusa foi desenvolvida para analise de dados de alto grau de imprecisão. Esta teoria tem se tornado atrativa na Engenharia Civil, principalmente em áreas aonde a informação é pouco precisa, tais como propriedades de materiais naturais de construção. O Artigo apresenta de maneira simplificada a aplicação desta ferramenta na determinação da compressibilidade de enrocamentos, propriedade esta que é fortemente relacionada com a quebra das partículas, rearranjo dos grãos e das suas características geométricas. Valores “defuzificados” dados pela classe de compressibilidade são relacionados aos parâmetros do enrocamento visando a predição de deslocamentos usando métodos empíricos apresentados por Clements (1984) e Charles e Penman (1988). Finalmente, os deslocamentos previstos e as deflexões da face são comparados com valores medidos em barragens de enrocamento com face de concreto construídas no Brasil. 1 ABSTRACT Diffusive logic has been developed as a powerful tool in order to analyse imprecise data in nature with vagueness in information. This approach has lately become very attractive in Civil Engineering where information is not precise. This paper depicts, in a simplified manner, the suitability of this methodology in assessing the compressibility of a rockfill. It is well known that rockfill compressibility is closely related to particle breakage, grain rearrangement and these, besides stress level, are function of physical and mechanical characteristics of grains. Diffusified results given by a compressibility class will be related to rockfill parameters in order to evaluate displacements using empirical methods presented by Clements (1984) and Charles and Penman (1988). Finally, the predicted settlements and face deflections are compared to the measured ones in high concrete face rockfill dams built in Brazil. 1 - INTRODUÇÃO A tomada de decisão baseada em informações pouco claras ou incompletas tem se tornado um grande desafio para o engenheiro geotécnico. Muitas vezes nem mesmo o mais sofisticado modelo de comportamento bem como modernas técnicas podem levar em conta todos os parâmetros que envolvem a decisão. Isto acontece nem sempre devido à falta de entendimento do problema, mas principalmente devido à limitação de informações disponíveis e sua inerente variabilidade (Chameau et al 1983) A Lógica Difusa foi desenvolvida primeiramente pela necessidade de se transportar para o campo matemático o conceito de dados imprecisos originados de informações vagas ou incompletas. Na Lógica Booleana a informação é tratada através de operadores “falso” e “verdadeiro”. Qualquer conceito diferente desta situação, tal como verdade parcial, não poderia ser modelada. Na Lógica Difusa o uso de termos lingüísticos na modelagem permite o uso de variáveis lingüísticas tais como “quente”, “baixo”, “velho”, “resistente” etc através de funções denominadas “funções de pertinência” que podem assumir valores entre zero e um. Essas funções desempenham um papel fundamental para descrever verdades parciais. Em geral, na Engenharia, as decisões são tomadas baseadas no conhecimento científico (objetivo) e no julgamento (subjetivo). Não raro, o engenheiro encontra-se obrigado a tomar decisões baseadas em informações imprecisas, vagas e subjetivas. Dessa maneira, para auxiliar na tomada de decisão a Lógica Difusa pode ser tornar uma útil ferramenta em virtude de sua capacidade em processar informações racionais e sistemáticas considerando seu grau de imprecisão. Em relação enrocamentos, estudos indicam que há um grande número de variáveis envolvidas que contribuem em diferentes graus (imprecisão) para a sua compressibilidade, sendo os mais importantes a forma do grão, as suas 2 dimensões, mineralogia, a geometria do vale e o processo construtivo, entre outros (Saboya Jr., 1993; Maia, 2001; Marachi et al, 1969). Porém, a importância relativa de cada um desses fatores, na compressibilidade do enrocamento, constitui-se em um exemplo típico de informações vagas e domínios mal-estabelecidos. Neste cenário, a Lógica Difusa torna-se uma importante ferramenta que permite considerar não somente aspectos teóricos mas principalmente o funcionamento do cérebro humano no julgamento e na tomada de decisão (subjetividade). 2 - LÓGICA DIFUSA A Lógica Difusa foi primeiramente proposta por Zadeh (1965) para permitir a modelagem de informações pouco claras ou nebulosas. Na Lógica Booleana Clássica um elemento pertence ou não a um determinado conjunto, isto é, não há possibilidade de se modelar um grau de pertinência. Por outro lado, a Lógica Difusa modela a pertinência através de operadores que variam de zero a um, onde os extremos representam a Lógica Booleana, como mostra a Figura 1. O grau de pertinência é o ponto chave na modelagem de sistemas que incorporam informações imprecisas e fronteiras mal definidas e simulam matematicamente o papel do cérebro em processar essas informações. Adjetivos como velho, quente, alto etc, constituem informações vagas com domínios e fronteiras nebulosos. Em se tratando de enrocamento, as fronteiras entre fatores que são relacionados à compressibilidade são sobremaneira difusas. Por exemplo: pode-se afirmar se um bloco de enrocamento de 30 centímetros é pequeno ou grande? Essa dúvida se reduziria muito caso o bloco tivesse 5 centímetros ou 2 metros. Fica claro quão vaga é esta informação. O mesmo pode ser dito dos outros fatores como coeficiente de uniformidade, forma dos grãos etc. x2 X1 f(x2) 0 x1 x 1 0 µ(x) f(x1) 1 µ Lógica Difusa Lógica Booleana FIGURA 1 - Lógica Booleana e Lógica Difusa (apud Bueno et al, 2000) 2.1 FUNÇÕES DE PERTINÊNCIA As funções de pertinência constituem-se no ponto crítico da modelagem através da Lógica Difusa. Elas representam um conjunto difuso de ambigüidades que podem ser traduzidas em linguagem natural e relacionam, 3 através de pares ordenados, a variável lingüística com ambigüidade de informação (Eq. 1). µ A (x i ) xi i =1 n C=∑ (1) Onde µA(xi) é a função de pertinência da variável A cujo valor é xi.e n é o número de variáveis lingüísticas daquela função de pertinência particular. A função de pertinência define, como o próprio nome indica, o grau de pertinência de uma determinada variável a um determinado conjunto que representa uma certa propriedade. Esta função pode assumir qualquer forma convexa, sendo as mais comuns as formas triangulares, de sino ou trapezoidal (Fig. 2). µ(x) µ(x) x x µ(x) x FIGURA 2 - Exemplo de Funções de Pertinência 2.2 - OPERAÇÕES COM LÓGICA DIFUSA As operações matemáticas mais comuns envolvendo Lógica Difusa são intersecção e união, definidas como: • Intersecção: Se A e B são dois conjuntos difusos, a intersecção C é também um conjunto difuso e definido como C = A ∩ B . Essa operação corresponde ao operador mínimo, tal como: µ C ( x ) = min [µ A ( x ), µ B ( x )] ou (2) µ C ( x ) = µ A (x ) ∧ µ B ( x ) 4 • União: Se A e B são dois conjuntos difusos, a união C é também um conjunto difuso e definido como C = A ∪ B . Essa operação corresponde ao operador máximo , como segue: µ C ( x ) = max[µ A ( x ), µ B ( x )] ou (3) µ C ( x ) = µ A (x ) ∨ µ B ( x ) 3 - MODELAGEM COM LÓGICA DIFUSA A construção de um modelo baseado em Lógica Difusa deve levar em consideração três passos principais: • Seleção das variáveis de entrada e de saída. Nesse estágio as variáveis envolvidas são selecionadas baseadas, não somente no conhecimento científico, mas principalmente no julgamento do analista. • Estabelecimento de uma relação entre as variáveis de entrada e saída através de regras de base. Cada regra estabelecida consiste em duas partes principais: a parte denominada de premissa representada pelo operador se e a parte denominada de conseqüente representada pelo operador então, generalizada pelo seguinte algoritmo: se x1 é Ai,1 e x 2 é Ai,2 e,........, x p é Ai,p entãoy é Bi , i = 1,......,k Aonde x1, x2,.......,xp são as variáveis de entrada e y é a variável de saída para a inferência desejada. Ai,j são os termos que as variáveis lingüísticas podem assumir e i é o número de termos. Bi é o termo assumindo para a variável lingüística de saída. Esse estágio define a dependência da variável de saída às relações entre as variáveis de entrada dadas pelos operadores se-então hierarquicamente organizadas. • Defuzzyficação: Neste passo as variáveis lingüísticas são transformadas em valores numéricos. O método mais usual de “defuzzyficação” é o “centro de gravidade” (Jager, 1995, Babuska, 1996) dado por: CoG(B' ) = ∫y µ B ' ( y) ydy (4) ∫y µ 'B ' ( y)dy Onde: 5 B’ = Conjunto difuso de Saída µB’ = Função de Pertinência 4 - MODELO DIFUSO PROPOSTO Como mencionado previamente, vários fatores estão de alguma forma relacionados com a compressibilidade de um enrocamento. Alguns são inerentes ao material como forma do grão, granulometria, resistência do grão etc., outros são relacionados ao processo construtivo, à geometria do vale, topografia etc. A título de evitar grande complexidade, somente os principais fatores relacionados à compressibilidade serão considerados na modelagem difusa. Esses fatores são forma e resistência do grão e distribuição granulométrica. Para as funções de pertinência, optou-se por utilizar distribuições triangulares e trapezoidais 4.1 - VARIÁVEIS DE ENTRADA • Distribuição Granulométrica (Coeficiente de Uniformidade) Vários estudos envolvendo enrocamento mostram a forte influência da distribuição granulométrica na compressibilidade do material (Saboya Jr, 1993 e Maia, 2001). Um enrocamento bem graduado tenderá a ser menos compressível do que um enrocamento mal graduado devido a maiores forças de contato e conseqüentemente maior quebra dos grãos. Dessa maneira a função de pertinência do Coeficiente de Uniformidade proposta é mostrada na Figura 3. µ(x) Baixo Alto Médio 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 5 10 15 20 25 30 Coeficiente de Uniformidade (CU) FIGURA 3 - Função de Pertinência do Coeficiente de Uniformidade 6 • Forma dos Grãos A forma dos grãos é um dos mais importantes fatores que influenciam na compressibilidade de um enrocamento. Grãos angulares e sub-angulares são mais susceptíveis ao fraturamento que grãos arredondados aumentando assim a compressibilidade do enrocamento. Para representar a forma dos grãos, uma escala variando de zero a dez é proposta aonde o máximo valor (10) corresponde a uma esfera perfeita. A função de pertinência para a forma dos grãos é proposta na Figura 4. µ(x) Angular Esférica Sub-Angular 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 2 4 6 8 10 Forma dos Grãos FIGURA 4 - Função de Pertinência para Forma dos Grãos • Dimensão dos Grãos e Espessura da Camada Compactada Esta variável foi selecionada para se levar em conta a susceptibilidade dos grãos à quebra por esmagamento em função da camada de enrocamento lançada. Dessa forma dois efeitos combinados são considerados em apenas uma variável lingüística: Dimensão do grão (DGmax) e espessura da camada (LT), indicando que quanto maior for a dimensão do grão em relação à espessura da camada maior será o índice de quebra e portanto maior será a compressibilidade. A função de pertinência para a relação (DGmáx/LT) é mostrada na Figura 5. µ(x) Baixa Média Alta 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 20 40 60 80 100 Relação DGmax/LT FIGURA 5 - Função de Pertinência para a relação DGmax /LT 7 4.2 - VARIÁVEL DE SAÍDA Para a variável de saída, a compressibilidade foi dividida em três categorias: Baixa, Média e Alta através de uma escala denominada de grau de Compressibilidade (C) variando de 0 (incompressível) a 10 (altamente compressível) como mostra a Figura 6. Para sistemas mais complexos esta variável pode ser divida em um número maior de categorias. µ(x) Baixo Médio Alto 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 2 4 6 8 10 Grau de Compressibilidade FIGURA 6 - Função de Pertinência para Grau de Compressibilidade, C (saída) 4.3 REGRAS DE BASE Estando definidas as funções de pertinência das variáveis escolhidas, o próximo passo é relacionar essas variáveis de entrada com a variável de saída através de regras de base cujo estabelecimento é fundamentado no conhecimento e na experiência. Para o caso mostrado neste trabalho foi desenvolvida uma regra de bases bastante simples, porém estas podem ser reformuladas aumentando a complexidade e a “inteligência” do modelo. Regras de Base: • Se Coeficiente de Uniformidade é baixo e forma do grão é angular ou subangular então a compressibilidade é alta. • Se Coeficiente de Uniformidade é médio e forma do sub-angular e DGmax/LT é médio então a compressibilidade é alta. • Se Coeficiente de Uniformidade é médio e DGmax/LT é baixo ou médio então a compressibilidade é baixa. • Se a forma do grão é esférica ou sub-angular e DGmax/LT é médio ou alto então a compressibilidade é média. As regras de base podem ser as mais abrangentes possíveis e arranjadas hierarquicamente no sentido de fornecer maior consistência e complexidade à modelagem, incluindo por exemplo: forma do vale, energia de compactação, 8 molhagem etc. no entanto, o esforço computacional aumenta de forma considerável com o aumento do número de regras. 5 - RELAÇÕES EXISTENTES NA LITERATURA Na presente secção, algumas relações empíricas de previsão de recalques e deflexão em barragens de enrocamento são apresentadas. No entanto, seus autores enfatizam que essas relações empíricas devem ser usadas com cautela e que podem levar a grandes erros devido ao alto grau de incerteza envolvida em sua definição. Charles e Penman (1988) propuseram uma relação empírica simples para se estimar o recalque máximo que ocorria durante a construção do enrocamento (Smáx) e a máxima deflexão da membrana de montante (nmáx) durante o primeiro enchimento do reservatório. Essas relações são baseadas no módulo equivalente de deformação unidimensional do enrocamento (D*) obtido de ensaios oedométricos de grandes dimensões. A compressibilidade equivalente é definida como o valor requerido para apresentar deslocamentos finais a meia altura da camada, iguais aos obtidos através do módulo não linear. Os autores mostraram que os deslocamentos podem ser estimados através das seguintes relações: smax = 0.3 γH2/D*; nmax = 0.25 smax; (5) (6) Onde H é altura da barragem (ou da camada em consideração). Considerando que essas simples relações mostram boa concordância entre valores previstos e observados, elas poderiam ser utilizadas em estágios preliminares de projetos evitando assim análises mais complexas. Porém o valor de D* pode ser estimado utilizando princípios da Lógica Difusa e uma regra de bases tal como proposta neste trabalho, objetivando levar em consideração as incertezas que cercam a definição deste parâmetro (D*). Como exemplo, a variável de saída mostrada na Figura 7 pode ser considerada: 9 µ(x) Baixo Alto Médio 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 20 40 60 80 100 Módulo de Deformabilidade Unidimensional Equivalente (MPa) FIGURA 7 - Função de Pertinência para o Módulo de Deformabilidade Unidimensional Equivalente D* Clements (1984) apresentou um banco de dados para deformações pósconstrução, basicamente recalques e deflexões, de 68 barragens de enrocamento (face à montante, núcleo central e núcleo inclinado) objetivando a previsão de deslocamentos através de relações empíricas. Este abrangente banco de dados apresenta valores consideravelmente dispersos que levaram o autor ao estabelecimento de envoltórias com limite superior e inferior. Para barragens que pertençam ao mesmo grupo esses limites podem ser entendidos como “incertezas”. Para minimizar ou levar em conta os erros envolvidos na previsão de deslocamentos, usando o método de Clements (1984), a Lógica Difusa pode ser usada para modelar as incertezas traduzidas na dispersão dos dados. Clements (1984), através de comparações entre valores previstos e observados, destaca que o uso dessas relações empíricas pode levar a erros grosseiros na previsão devido a grande variabilidade dos fatores que influenciam os deslocamentos e o comportamento da barragem. Dessa maneira, Clements (op.cit.) propôs uma alternativa para se usar as curvas correspondentes a barragens semelhantes já construídas e monitoradas. O autor menciona que devido ao largo espectro de valores (limites inferior e superior) deslocamentos específicos não podem ser calculados e os resultados obtidos dessas curvas devem ser encarados como uma primeira aproximação apenas. No entanto, caso a “classe de compressibilidade” C da barragem analisada pudesse ser definida a envoltória mais apropriada poderia ser escolhida diminuindo assim as incertezas associadas. De acordo com o exposto. Parece claro que para o uso de abordagens empíricas, um método que leve em consideração as incertezas, na definição dos parâmetros deve ser considerado. Portanto, para minimizar esta fonte de erro na previsão de deslocamentos usando o método proposto por Clements, propõe-se “fuzzyficar” o parâmetro A apresentado na Eq.7 adaptada por Sowers et al (1965). Esta Equação representa as envoltórias de recalque e deflexão por altura unitária contra o tempo. 10 Os valores limites de “A” são obtidos a partir das curvas apresentadas por Clements (op.cit.) para enrocamentos compactados (Tabela 1) e os valores dentro desses limites correspondem a variação difusa do parâmetro. m= AH (log t 2 − log t 1 ) 100 (7) Onde m=recalque ou deflexão, em metros; t1 e t2 = tempo, em meses; H= altura da barragem em metros. TABELA 1 - Variação de “A” para inclinação da envoltória para barragens de enrocamento compactado m Variação de A Recalque 0 – 0.207 Deflexão 0 – 0.063 O parâmetro “A” está diretamente relacionado à compressibilidade do enrocamento, dado por “C” como mostrado nas Figuras 8 e 9. O procedimento proposto permite, desta forma, o projetista levar em consideração o julgamento e a experiência no estabelecimento do valor de “A”. Dessa maneira, a seguinte expressão para “A” é definida como: A = 0.0207.C, Para recalque (8) A = 0.0063.C, Para deflexão (9) µ(x) Baixo Médio Alto 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0414 0.0828 0.1242 0.1656 0.207 Parâmetro A para Recalque FIGURA 8 - Função de Pertinência para Recalque (variação de A) 11 µ(x) Baixo Médio Alto 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0126 0.0252 0.0378 0.0504 0.063 Parâmetro A para Deflexão FIGURA 9 - Função de Pertinência para Deflexão (variação de A) Para aplicação do método a Barragem de Segredo, localizada no Estado do Paraná, será utilizada como exemplo. Esta barragem, do tipo enrocamento compactado com face de concreto, é construída com enrocamentos uniformes (CU=12) de peso específico de 21kN/m2, com blocos predominantemente angulares (forma do grão~2) e DGmax/LT igual a 0.8 aproximadamente (Saboya Jr. and Byrne, P., 1998). Considerando que a barragem tem sua secção transversal do tipo zonada, esses valores devem ser considerados como valores médios. Após a “defuzificação” o grau de compressibilidade apresenta um valor de 4, o que corresponde a um enrocamento de média compressibilidade. Para este valor a Figura 7 mostra D*=50MPa que fornece um recalque previsto ao fim da construção da ordem de 2,65m (Eq.2) a meia altura da barragem abaixo da crista. Os valores máximos medidos foram da ordem de 2.5cm (Saboya Jr e Byrne P., op. Cit.). O parâmetro “A” dado pelas Eqs. 8 e 9 correspondem a 0.0828 e 0.0252 para recalque e deflexão, respectivamente. 6 - CONCLUSÕES A Lógica Difusa tem se constituída em uma importante ferramenta, especialmente em casos onde as informações são vagas ou incompletas. Situações como essas são bastante comuns na engenharia aonde as definições de parâmetros são geralmente baseadas na combinação de conhecimento científico e no julgamento. A Lógica Difusa fornece um embasamento sólido às formulações matemáticas que podem ser usadas para modelagem de limites pouco claros dos papéis a ser desempenhados pelas variáveis envolvidas no problema. Considerando o caso apresentado neste trabalho, o principal alvo foi melhorar a resposta obtida por esses métodos empíricos que usam abordagens comparativas e requerem parâmetros de entrada com alto grau de incerteza. Observando os exemplos deste trabalho é importante mencionar que esses casos têm natureza demonstrativa e para uma previsão mais acurada é mister 12 o estabelecimento de uma regra de base mais abrangente e de funções de pertinência mais discretizadas. O uso da Lógica Difusa na Engenharia Civil tem se tornado bastante promissor. No entanto, o grau de complexidade aumenta consideravelmente com o aumento do número de variáveis que compõe a regra de bases. 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BUENO, M. L., STEMMER, M. R. e BORGES, P. S. S. 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