INFORMATIVO APOIAR Número 01 . Grupos de auto-ajuda, ajudam? Esta uma pergunta comum para quem nunca participou. Em minha experiência são pontos de apoio essenciais para quem está em processo de recuperação. Convivi com grupos nos EUA por quatro anos, e por influência de meu livro foi fundado um em Franca – SP, agora outro em Juiz de Fora. Eu tenho de confessar, não pensei que o grupo Franca fosse para frente quando começamos, mesmo eu enviando minha colaboração através de material que traduzia daqui. Para minha surpresa o grupo persistiu e pude ver quando cheguei ao Brasil pessoas transformadas, cheias de esperança, usando técnicas de distração, respiração e vencendo o medo. A coordenadora do grupo Ivânia, tem a característica que é a essencial para um grupo de auto-ajuda sobreviver: desejo de ajudar os outros, não autopromoção. Apesar de muitas noites o grupo contar só com 2 pessoas ela ficou firme e hoje outros membros com disposição e vontade de mudar juntaram-se ao grupo. Os comentários do jornal são sobre o que os membros e especialistas em SP sentiram e encontraram na auto-ajuda, uma busca onde a prática e apoio mútuo são vitais. Muita paz, Silvana Fevereiro 1998. Fevereiro 1998 Depoimentos de portadores do Pânico: I – Eu passo a semana inteira esperando pelo dia da reunião. Melhorei com o apoio dos amigos, as crises são suportáveis eu respiro, uso as técnicas e, algumas vezes, consigo ficar quieta esperando passar, só respirando. Uma coisa muito importante é que agora tenho pessoas para quem ligar nos momentos de crise. Isto é muito bom, pois sei que do outro lado tem alguém que sabe exatamente o que sinto e me ajuda, que além de não menosprezar o que sinto, me elogia pelas minhas pequenas vitórias. Apesar de ter perdido minha “pessoa de segurança” não perdi o que aprendi. O grupo chamou a atenção de meu marido. Depois de participar de uma reunião e ver que não sou a única com pânico, passou a me respeitar, ajudar e entender mais sobre o assunto. Aprendi que para tomar conta dos outros tenho que primeiro tomar conta de mim mesma, então todos os dias tiro um tempo para fazer algo que gosto. O grupo trouxe um objetivo novo a minha vida, não estou focada só em mim mesma e meus sintomas, minha atenção está voltada para a oportunidade de ajudar outros com pânico. MH- O grupo está sendo essencial para minha melhora, antes eu só tinha os medicamentos, agora tenho amigos. Fiquei feliz desde a primeira vez que pude ver “outros” com o mesmo problema que tenho, ver que não somos diferentes”. Fiz amigos, o telefone é uma “ ferramenta” importante para mim, ligo para o pessoal na hora difícil, mas muito mais importante que eu ligar é que o pessoal me liga, pedindo ajuda e me senti Importante, Útil. Eu era só uma pessoa com pânico, agora dou apoio aos amigos, o que me trouxe um sentimento de auto-estima e respeito. Ajudando os outros, ajudo a mim mesma, pois quando estou ajudando a outra pessoa a usar as técnicas, estou reafirmando para mim mesma, estou praticando. P – Comecei a vir ao grupo, li o livro e iniciei a pratica das técnicas e dos “Passos para Recuperação” . Encontrei muita informação no grupo, eu não quero tomar remédios e estou tentando mudar minha vida. Li que demoram 21 dias para uma pessoa começar a mudar, então estou retreinando meu cérebro dando pequenos passos. Agora faço caminhadas e tento me concentrar, durante a caminhada, em coisas positivas. Durante uma hora, todo dia, tento manter um semblante calmo e alegre, em vez da minha habitual face de tristeza. Com os amigos aqui, sei que posso contar com gente que passa pelo que passo e sei que também posso ajudar. M – ( M foi diagnosticado errado e recebeu até choque no coração, por causa das batedeiras causadas pelo ataque de pânico). Quando descobri o que tinha, diz M,, comprei O Prisioneiro, soube do grupo e iniciei minha participação. No primeiro ataque sai de casa dirigindo como louco, agora que entendo mais comecei a praticar as técnicas e já estou tendo resultados, meu último ataque só chegou ao 4. Meu médico falou que eu tinha pânico, me deu um folheto, um remédio e me mandou para casa. Mas eu queria entender o que tinha, procurei ajuda no grupo e encontrei. Não posso pagar psicólogo, mas tenho com quem conversar e estas pessoas me entendem melhor que um médico, elas sofrem como eu e quando alguém fala que está melhorando eu fico cheio de esperança. Nós precisamos informar esse pessoal aí fora,, que não conhece pânico, assim ninguém precisa passar pelo que passei. A- Cada vez que penso em desistir de algo, relembro dos outros membros do grupo e o quanto eles são corajosos e no quanto eles já conquistaram e me contaram sobre estas conquistas. Então sei que tenho de ir em frente…e sempre vou e não me sinto só. Eu não teria chegado tão longe se não fosse pelo grupo… Depoimento de especialistas em pânico nos EUA (traduzido do Jornal American Anxiety Disorder Association: Dr. Denise Beckfield – “Na minha opinião, GAA são de imenso valor para aqueles que sofrem problemas de ansiedade. Lutar com ansiedade pode ser um negócio solitário. Participar de grupos oferece conexão regular com outros que apreciam as suas batalhas de uma maneira muito pessoal, este apoio pode ajudá-lo a manter a coragem e persistência, necessárias para vencer ansiedade. Envolvimento em GAA, logo no início, pode aliviar sentimentos de vergonha e isolamento, que freqüentemente acompanham desequilíbrios de ansiedade. É um lugar seguro para discutir dificuldades, dividir informações, práticas e ao mesmo tempo celebrar triunfos.” Dr. Jonathan Davidson Participar de GAA pode ser importante e eu recomendo aos meus clientes. Esses grupos podem oferecer aos seus membros coragem, podem ajudar a aumentar auto-estima, informar melhores maneiras de lidar com pânico, sobre ansiedade e a encontrar amigos para o resto de vida. Dr. Reneau Z. Peurifoy Sou defensor de GAA e já fundei 4 deles. Um grupo bem organizado serve para 3 importantes funções: 1. Informar sobre o que é a doença e todos os recursos disponíveis para tratamento. 2. É muito fortalecedor falar com pessoas que sabem, por experiência, o que o outro está passando. Ajuda a livrar-se daquele sentimento: Eu sou o único! Além disso, ver outros elementos aplicarem as técnicas, tratamentos e ver resultados é uma fonte de encorajamento enorme. 3. Auto-ajuda preenche a lacuna onde o tratamento profissional ou não está disponível ou não está dentro das condições financeiras da pessoa…eu gostaria de encorajar profissionais a considerar dar ajuda em um grupo na área que trabalha. Se você tem ansiedade e nunca visitou um GAA, localiza um e visite. GRUPOS DE AUTO-AJUDA PODEM TAMBÉM TORNAR-SE UM LUGAR ONDE AS PESSOAS ESTAGNAM, MERGULHAM EM SINTOMAS. ISTO SIGNIFICA QUE O GRUPO NÃO ESTÁ BEM DIRIGIDO. É IMPORTANTE NÃO DISCUTIR SINTOMAS E SEMPRE TER OBJETIVOS A ALCANÇAR. Quando estive no Brasil, falei muito sobre lado direito, lado esquerdo do cérebro. É um campo fascinante. No entanto, para minha surpresa, a revista Psychology Today soltou um artigo confirmando o que venho falando. A tradução está aí embaixo. Vamos trabalhar com o lado esquerdo do cérebro e teremos mais equilíbrio. Imaginação, altas cargas de emoção podem ser forças muito destrutivas quando nos dominam, é preciso que haja um equilíbrio. “Qual a diferença entre preocupação e pânico? Seu cérebro sabe, ainda que até agora muitos cientistas não sabiam. Estudos recentes indicam que dois estados se originam em diferentes hemisférios do cérebro – e que estudos anteriores faziam confusão com o assunto. Os estudos feitos até agora eram cheios de discordância sobre qual o lado do cérebro a ansiedade age, isto porque os cientistas falharam em distinguir ansiedade simples(como preocupação) de ansiedade/pânico. Numa tentativa de descobrir se havia diferença no funcionamento dos hemisférios (ansiedade e pânico) Dr. Heller comparou a atividade cerebral destes dois grupos de pessoas. Mesmo dormindo, os PREOCUPADORES tinham mais atividade no lado esquerdo, enquanto que os com PÂNICO mais no lado direito. Isto faz sentido, diz a Universidade de Illinois, porque o hemisfério esquerdo controla fala, e preocupar é uma atividade principalmente verbal – enquanto o lado direito age mais como regulador de sensações físicas: batidas cardíacas, suor e produção de hormônios estressantes.” Com certeza mais estudos precisam ser feitos, mas como eu disse, quando usamos as técnicas de distração, meditação, respiramos corretamente estamos “chamando o lado esquerdo do cérebro” para trabalhar. E se formos mais longe podemos perguntar: é nossa escolha ou não cultivar pensamentos de pessimismo e derrota? Deus nunca está atrasado… Muitas vezes nós nos perguntamos onde está Deus. Afinal, dizemos, estamos fazendo nossa parte. Talvez a melhor pergunta seria “Como Deus trabalha”? e quem sabe nós vejamos que Ele tem nos apoiado o tempo todo. Conceitos como devagar ou tarde são relativos `as nossas expectativas. Então depois de muito caminhar, nós descobrimos que Deus vem nos apontando e empurrando para determinado caminho mas que nós estávamos cegos, por meses ou anos, para enxergar,. Então nós finalmente vemos, entendemos e aí viramos para nosso paciente Pai e dizemos: Oh! Até que enfim! Já estava na hora. GRUPOS DE AUTO-AJUDA Em Junho de 1997 eu tive a oportunidade de fazer uma pesquisa em GAA americanos. Elaborei 10 perguntas sobre as opções de tratamento que mais ajudam no tratamento de problemas de ansiedade. De 200 pessoas participantes da pesquisa ,198 disseram que as coisas que mais ajudam são: familiares e GAA. Somente 2 pessoas responderam ser o medicamento a ferramenta mais importante para lidar com ansiedade. Eu sei o quanto medicamento pode ser importante para certas pessoas, mas estudos mostram que o tratamento mais efetivo é ainda terapia e medicamento. Mais interessante ainda é que em casos não muito graves, depois de 12 semanas de tratamento, só com medicamento ou só com terapia, a terapia era mais efetiva que o medicamento. GAA não são grupos de terapia, mas para quem não pode pagar visitas semanais a um especialista, pode ser de grande ajuda para lidar com problemas de discriminação, recaídas, solidão, ter mais informação sobre o problema e o que fazer na hora de parar com o medicamento. Neste ponto, os GAA preenchem estes vazios. Apesar de não serem para todo mundo, a maioria das pessoas se beneficiam, mesmo quando vão só uma vez para conhecer, receber informações e ficam conscientes que existem outros como nós mesmos. Se você gostaria de receber mais informações sobre os GAA de Franca ou Juiz de Fora, ligue para Ivânia – 016- 724 3399 – Franca – SP ( Horário comercial) Marcos Vinicius – 032- 212 – 6800 - (noite ou final de semana) Ou me mande um e-mail ou carta. Qualquer um de nós ficará feliz em poder ajudar. Assumindo responsabilidades… Ainda que você não se ache o principal responsável por sua doença é você que é o responsável por estar se agarrando a ela ou por não fazer o necessário para melhorar. Talvez seja difícil inicialmente aceitar a idéia que a decisão de não melhorar é sua. Mas aceitar a responsabilidade total pela doença, é um dos passos mais importantes que você pode dar. Assumir responsa-bilidade significa que você não culpa ninguém por suas dificuldades, nem você. próprio Três passos para acabar com velhos hábitos: 1. Pense em algo que deseje realizar e planeje etapas do que vai fazer, em pequenos passos. 2. Pratique visualização para dessensibilizar, antes de entrar na situação real. Pratique seus passos na imaginação primeiro, até que chegue `a total realização de seu projeto em pensamento. 3. Pratique os pequenos passos na vida real. Se você se ama de verdade para achar que merece uma vida melhor, não vai se acomodar ou ser impedido pelo medo ou ansiedade. Você vai exigir mais de sua vida do que isto que está vivendo. The Anxiety Fhobia Workbook. – Bourne, E. D. No próximo jornal: Hipérico e Depressão. Copyright USA 1998.