UNIVERSIDADE CÂNDIDA MENDES PRÓ - REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A ‘’VEZ DO MESTRE’’ UMA INTERVENÇÃO NA FAMÍLIA DO PORTADOR DE HANSENIASE NO OLHAR DA TERAPIA OCUPACIONAL POR: Carlos Aleixo Araújo Professora orientadora: Fabiane Muniz Rio de Janeiro Ago. 2003 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDA MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE UMA INTERVENÇÃO NA FAMÍLIA DO PORTADOR DE HANSENÍASE NO OLHAR DA TERAPIA OCUPACIONAL Monografia apresentada à Universidade Cândida Mendes, projeto ‘’A VEZ DO MESTRE’’ como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista em TERAPIA DE FAMÍLIA. Por: Carlos Aleixo Araújo. Professora: orientadora: Fabiane Nuniz. Rio de Janeiro Ago. 2003 3 AGRADECIMENTOS Sinceros agradecimentos à prof: Fabiane Muniz por ter assegurado com carinho e dedicação a realização deste trabalho. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho as Terapeutas Ocupacionais, Dra. Márcia Dolores galo Colpas e Rita de Cássia bintencourt, pela dedicação incansavelmente dispensada a formação de terapeutas ocupacionais pela universidade Castelo Branco no Rio de Janeiro. 5 RESUMO O presente trabalho resume-se em buscar dentro dos conhecimentos científicos, formas de minimizar os sofrimentos vivenciados pelos portadores de hanseníase dentro da dinâmica familiar, assim, a pesquisa se propõem em buscar as formas diversas dos problemas vivenciados pelo portador e propor um programa de tratamento que vise levá-los a vivenciar as diversas formas possíveis de atividades da vida diária, da vida prática e possibilidades de adequação do sujeito à família e a família ao sujeito, para isto, o uso de atividades terapêuticas será enfocado como a solução possível para este empenho. Será dando uma ênfase considerável aos casos reacionais da hanseníase, pois estes são os fatos marcantes que acometem os portadores do bacilo de Hansen e, que causam grandes transtornos psicológicos e dificuldade para dinâmica familiar. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................7 CAPITULO l..........................................................................................................8 CAPÍTULO ll.......................................................................................................16 CAPÍTULO lll......................................................................................................20 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................39 ANEXOS.............................................................................................................40 GLOSSÁRIO.......................................................................................................43 INDICE................................................................................................................50 7 INTRODUÇÃO Este trabalho é resultado de pesquisa bibliográfica na área de dermatologia sanitária e nas vivencias com a equipe de Terapia Ocupacional chefiada pela Drª Jô Lisboa em intervenções terapêuticas ocupacionais no Hospital Curupaiti em Jacarepaguá no Rio de Janeiros com os pacientes portadores de hanseníase e seus familiares. A intervenção nas questões dos portadores de hanseníase em relação a seus familiares tem como objetivo principal, buscar através do olhar da Terapia Ocupacional as possíveis formas de proporcionar ao portador uma dinâmica favorável para o convívio em família, para isto, será descrito no decorrer desta pesquisa determinados comportamentos a que são submetidos o paciente portador de hanseníase dentro da dinâmica familiar, assim como, uma forma de explicação para questão da auto-rejeição e seus complicadores. Contudo, a pesquisa terá o objetivo de buscar nos conhecimentos científicos da Terapia de Família no olhar da Terapia Ocupacional formas possíveis de tratar os problemas apresentados, uma vez que o problema apresentado por esta clientela está intrinsecamente associado à habilitação de novas possibilidades no âmbito profissional e reabilitação física, mental e social. Por esta vertente, será apresentado conforme os resultados da pesquisa um plano de tratamento que vise adequação do indivíduo portador, e sua família a uma dinâmica familiar agradável e segura numa visão biopsicossocial, conforme a necessidade de cada caso encontrado na pesquisa. 8 1. HANSENÍASE 1.1. A hanseníase e seus complicadores na vida do portador: um desafio para próxima década no olhar do reabilitador A hanseníase é uma doença dermatológica infecto-contagiosa que além de gerar incapacidades físicas, que é o ponto marcante de sua evolução, concorre para inadaptação sócio ocupacional e incapacidade psicossocial. A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa de evolução crônica, e tem como agente etiológico o MICOBACTERIUM LEPRAE1. O microorganismo vai predominar acometendo a pele e os nervos periféricos, isto se dá pela predileção às áreas fria do corpo. A forma de contágio se dá através das vias aéreas superiores no homem portador, isto porque é uma área de fácil acesso, deste modo não é difícil entender a migração para corrente sangüínea, pois esta área é constituída de riquezas vasos e capilares e capilares sangüíneos, como também se dá pelas lesões em forma de úlceras que constitui uma possibilidade constante de contágio. Deve-se entender que o contágio só ocorrerá se o homem portador esteja com o bacilo em sua forma ativa, pois dando início ao tratamento medicamentoso, o bacilo perde sua forma ativa de contágio cerca de três semanas após uso dos quimioterápicos. Quando concluído o diagnostico através do teste de baciloscopia, o bacilo poderá estar comprometendo seguimentos nervosos periférico e os órgãos por eles inervados direto ou indiretamente pela presença dos bacilos nos quadros reacionais da doença. Os casos reacionais poderão estar ocorrendo antes, durante e após o tratamento. 1 Nome científico do bacilo transmissor da hanseníase. DUERKSEN, Frank & VIRMOND, Marcos CIRURGIA REPARADORA E REABILITAÇÃO EM HANSENÍASE (1997, pg25). 9 Os seguimentos acometidos pela neurite mais grave são os nervos periféricos e o comprometimento ocular, que é um fato marcante nos quadros reacionais da hanseníase, fato este que pode resultar da invasão direta pelo bacilo ou pela reação reversa trata-se do tipo 1, que pode ocorrer em todos os tipos de hanseníase, com exceção a do tipo indeterminada, portanto é mais freqüente e grave nos casos dimorfos (BT, BB e BL), que vai se caracterizar com o aparecimento de edema e eritema nas lesões antigas, e novas lesões poderão surgir, e tipo 2 ou eritema nodoso hansênico, que é uma reação humoral aos antígenos do bacilo da hanseníase, que causará o aparecimento de nódulos transitórios avermelhados e dolorosos na pele, onde o paciente poderá apresentar-se mal e posteriormente ter febre. Haverá envolvimento do nervo facial e conseqüências graves para o aparelho visual entre os dois tipos. A razão das reações está também relacionada a fatores imunológicos, que ocorrem durante o tratamento com quimioterápicos com a liberação de antígenos causando as lesões oculares. Os resultados destas reações são graves e estão incluídos no programa de tratamento pela Terapia Ocupacional. Houve várias suposições sobre as formas de contágio desta moléstia, com tudo, (DUERKSEN / VIRMOND, 1997, P.26), afirma que: apesar de todas essas hipóteses continua-se admitindo que a maior fonte de contágio é o homem com as formas bacilíferas da moléstia, vinchoviana e dimorfa. Isto ocorre quando o bacilo está em sua forma ativa. Atualmente a doença pode ser tratada e tem cura, porém o trajeto de sua história produziu no seu início a marca da discriminação e grande tristeza nos portadores da moléstia, condenando-os ao isolamento e abandono, descaracterizando-os de sua cidadania e sociabilidade, consequentemente ao total isolamento social. a criação das colônias apesar de tratar a moléstia, tinha também o objetivo de afasta-los do convívio social o que caracterizou o afastamento social como um todo. 10 Ainda hoje se percebe esta ocorrência com o longo afastamento do sujeito do campo de trabalho pelo fato da doença ser contagiosa e causadora de deformidade, e são impotencialmente liberados de suas funções e obrigações. Houve um grande avanço no tratamento com drogas quimioterápicas que em muito somou para cura de pacientes portadores da hanseníase no Brasil e em países pobres como a África e Índia; contudo a hanseníase ainda é considerada no Brasil como um caso de saúde pública pela incapacidade que causa, privando os portadores de suas funções e obrigações com cidadão e pela pobreza social, meio fácil para sua proliferação. Mesmo com a diminuição considerável nos números de casos notificados, percebe-se que a doença prossegue num curso que preocupa, crescendo gradativamente, o que se torna um grande problema para saúde nos países onde o clima e a situação sócio-econômica são um fator predominante para a proliferação da doença, concomitantemente o êxodo rural, a promiscuidade define um grande somatório para incidência do contágio, desta forma percebe-se a presença marcante do surgimento de novos casos de hanseníase nas grandes capitais, o que a caracteriza como caso de saúde pública de grande importância nesses países, que normalmente ocorre de forma endêmica. Uma das formas da hanseníase a indeterminada é considerada a primeira forma de manifestação da doença e poderá se apresentar de duas aparências histológicas: • Primeira forma histológica: haverá poucos danos à estrutura e função do nervo, ou nenhum dano será detectado. • Segundo forma histológica: Haverá perda de sensibilidade superficial percebida pela mancha cutânea. Há perda de sensibilidade ao tato, perda da sensibilidade de temperatura, perda da sudorese e perda da tríplice resposta de Lewis e nesta forma da doença os troncos nervosos estarão comprometidos. Poderão surgir nódulos hansênicos na área do rosto de localização profunda ou não. Nesta forma pode também surgir inflamação 11 ocular (eridociclite), nos testículos (orquite), como também poderá levar a ginecomastia. A inflamação dos parênquimas neurais, ou seja, a neurite é a relação mais importante que se tem da hanseníase, onde a via mais freqüente de entrada para o nervo se dá através da corrente sangüínea por invasão intraneural. A célula de schuwann servirá de hospedeiro para o bacilo, podendo o nervo apresentar alterações no estado funcional com a proliferação dessas células. Na forma silenciosa da neurite não há evidência de sinais e sintomas, o que não acontece na forma aguda que virá acompanhada de sinas e sintomas tais como: hipersensibilidade, edema, perda de sensibilidade e paresia nos músculos. A neurite hansênica não apresenta danos consideráveis no início, porém quase sempre vai evoluir tornando-se crônica e evidenciando o dano neural. É pelo teste de sensibilidade e pelo exame físico(vide anexo 1), nos seguimentos do trajeto nervoso dos nervos periférico radial, ulnar e mediano nos membros superiores e os nervos fibular comum e tibial posterior que o terapeuta ocupacional vai está somando achados junto à equipe para confirmação do diagnóstico de um quadro de neurite. Os toques devem ser leves para não trazer mais dor e sofrimento ao paciente, pois, a dor pode estar presente neste momento. Contudo, a neurite será comprovada quando constatado o espessamento de um ou mais nervos periféricos e formigamento acompanhado de dor ou hipersensibilidade no trajeto nervoso. O paciente hansênico envolvido num caso de neurite poderá ou não apresentar tais sintomas. Toda problemática desencadeada pela hanseníase e seus casos reacionais vão estar concorrendo para o desequilíbrio da homeostase familiar e caberá ao profissional quanto aos cuidados, implementar um plano de tratamento que venha possibilitar o reajuste da homeostase. Para isto olhar do profissional é como uma ponte e seus conhecimentos a ferramenta; imbuído de ambos atuará no sentido de facilitar a adequação do portador uma nova situação e a seus familiares o entendimento e compreensão da condição imposta pela moléstia a seu membro. Isto se fará no momento em que o profissional transcenda as 12 barreiras que separam o avaliado e o avaliador, para que possa transportar-se e entrar na história da corporeidade do sujeito sentado a sua frente, a história denuncia as coisas e legitima a causa, porém creio, que o diagnóstico é um fato, e que a história do sujeito faz surgir derivadas patologias através dos estigmas e preconceito que a doença legitimou e transportou através dos tempos. A postura do terapeuta de família em sua a prática será a de provocar ou incentivar o surgimento dos aspectos envolvidos na dinâmica da família, observar o ''tempo cronológica'' e tempo que cada membro da família necessita para receber e observar as informações da sessão, proporcionar momentos de dialogo entre os membros da família, isto se refere a dinâmica. A atividades como forma de tratamento com o objetivo de prevenir ou minimizar os resultados dos diversos processos agressivos da dinâmica familiar, buscando recuperar a dinâmica familiar de forma favorável para o membro afetado com o movimento dessa dinâmica desfavorável que gira em torno da ação da doença em relação à família que muitas vezes por falta de informação torna-se também um dificultadora da adequação do portador a uma nova situação quanto a sua possibilidade de estar vivenciando novas habilidades para seu cotidiano. A perda de sensibilidade tanto nos membros superiores e inferiores podem estar atuando desfavoravelmente no desenvolvimento normal das funções sensitivas e motoras, atingindo diretamente o emocional, e o terapeuta também atuará no sentido de normalização desta função tão importante para o momento de tratamento, como também estará direcionando o paciente a aceitação do próprio tratamento, pois, por vez o paciente abandona o tratamento favorecendo a ação prolongada do bacilo no organismo, desencadeando o aumento para o grau de deformidades e se afastando de suas perspectivas de vida. E como resultado disto preconiza a instalação de seqüelas permanentes impossibilitando, por exemplo, o uso de uma ou das duas mãos quando os seguimentos periféricos dos 13 membros superiores encontram-se sob a ação do bacilo. Rogéria Pimentel de Araújo (1993, p. 36)2, afirma que: “Usar as duas mãos significa entrar em contato com o mundo, sentir, perceber, comunicar, expressar, buscar. Independência, ver, falar. A perda desta capacidade dificulta que tudo isto ocorra ‘’. Percebe-se com isto as perdas que o portador pode experimenta com esta moléstia e a Terapia de Família em sua excelência práxica torna-se necessária para atuar no sentido de possibilitadora de diálogo entre os membros da família, facilitando assim o ajuste na dinâmica familiar com a promoção da ''normalidade comportamental'' numa visão biopsicossocial, pois a moléstia pelos estigmas que a acompanha no decorrer de toda sua história, desencadeia em seu processo alterações tanto físicas quanto emocionais. Torna-se importante para evolução positiva do tratamento com os poliquimiosterápicos a cooperação do portador. Para isto faz-se necessário a implementação de um programa de tratamento que possa estar voltado para estimulação da auto-estima, valorização do corpo como parte integrante do cotidiano, ou seja, faze-lo compreender que mesmo diante da doença e das seqüelas deixada, ele pode continuar atuante com novas habilidades no campo produtivo, o terapeuta estará estimulando para isto, a capacidade espontânea de criar e transformar materiais simples como, por exemplo sucatas em peças com resultados que certa forma irá somar em ganhas financeiros e o uso de dinâmicas para organização do sujeito no ciclo familiar. O processo de criação livre estará trabalhando os déficit perceptivos, que trazem distúrbios à psique. Tal processo poderá ser implementado, por exemplo, com o uso de atividades de pintura, origame, argila, grãos de cereais, que vão facilitar todo processo de tratamento da prevenção de incapacidade, certamente 2 OBS: A autora comenta sobre a importância do uso das mãos. Araújo, Rogeria Pimentel et alli. A paixão de imaginar com as mãos. 1ª ed. Rio de janeiro; Cultura Medica, 1993. P. 36. 14 respeitando a especificidade do sujeito, isto somará para aceitação do mesmo quanto às atividades e posteriormente facilitará o processo de cura e de adequação do portador a situação de hanseniano, como também as atividades grupais facilitarão a aceitação do membro portador por parte de sua família. No uso das atividades como ato primordial para liberação dos conteúdos internos para busca de possibilidade de adequação tanto do portador quanto de seus familiares, Lizete Ribeiro Vaz (1977, p8)3, afirma que: “Manter-se ligado a esta fonte de criação é, não só expressa plasticamente emoções verbalmente inexprimíveis, mas aperceber-se de que a possibilidade de expressão espontânea assegura, com o tempo a certeza interior de que a fonte de cura ou tratamento está em nós mesmos e nos garante maior independência e menor passividade diante de nossas dificuldades”. Diante de todo o processo terapêutico as funções motoras e sensitivas devem ser avaliadas periodicamente com as reavaliações, para ter conhecimento dos possíveis progressos do tratamento proposto e poder precocemente atender as necessidades frente aos sintomas do início de um quadro de neurite, pois a abordagem precoce é a melhor forma de evitar a instalação de incapacidade no portador de hanseníase. A Terapia Ocupacional é responsável pela confecção de órteses de material termomoldáveis, talas e calhas gessadas, para serem utilizadas nos casos reacionais quando se fizer necessário e na eminência de dor e 3. VAZ, Lizete Ribeiro et alli A Paixão de Imaginar com as Mãos. 10. ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica. 1993. P. 8. A autora comenta a respeito da criação livre . como ato de grande importância para a transformação do homem. 15 espessamento do nervo que poderão evoluir para o agravamento de estresse dos nervos periféricos, que podem aumenta os risco causados pela neurite. Na instalação do quadro de neurite, conforme o nervo comprometido, alguns grupos musculares também estarão comprometidos, nestes casos, serão utilizados atividades com o uso de massa terapêutica e massagem com material oleoso que vão estar minimizando os défices de força por parte das musculaturas interósseas e lumbricais no membro superior, que vão determinar ganhos de força, amplitude de movimentos, flexão e extensão de quirodáctilos e punho. Desta forma o terapeuta ocupacional estará mantendo a capacidade existente e buscando novas possibilidades de melhora do quadro apresentado, e também facilitar dentro das possibilidades do sujeito as buscas possíveis de recuperação dentro de uma visão biopsicosocial, para que esta clientela possa apropriar-se de novos territórios existenciais para que, por si só, dê conta da desestrutura física e emocional produzida pela moléstia, por tanto será imprescindível que a atuação do terapeuta seja de uma política interdisciplinar para eficácia do programa e benefício do paciente. Neste processo de tratamento com respaldo científico, o terapeuta estará implementando com o fazer humano uma ação terapêutica com o propósito primordial de facilitador das possibilidades do sujeito com o empenho de conciliar limite com as possibilidades, isto com o uso de atividades que dinamizam e, que esta ação possa ser o marco para diminuir ou terminar com a exclusão desta clientela nos prólogos sociais para próxima década. Preliminarmente este fato dever ser encarado pela área social e pela reabilitação em geral, como fator primordial para afirmação da cidadania do individuo como um todo. 16 2. O HANSENIANO NO OLHAR DA TERAPIA OCUPACIONAL 2.1. A moléstia e seus danos ao portador. A hanseníase como foi descrita anteriormente, e uma doença infectocontagiosa que vai gerar incapacidade física e decorre disto, distúrbios psicológicos que concorrem para inadaptação sócio ocupacional e incapacidade psicossocial. A foto abaixo mostra os nervos periféricos agredido pelo bacilo de Hansen, tendo como conseqüência, garras fixas, é observado também, perda de massa muscular no espaço entre o 1º e o 2º quirodactilo (1ºespaço interrósseo). FIGURA 01: MÃO COM ATROFIA DO 1º ESPAÇO INTERERÓSSEO E GARRAS FIXAS4 4 Fonte: acervo do autor. 17 O comprometimento do nervo ulnar trará conseqüências como paresia ou paralisia dos músculos por ele inervado, isto levará ao surgimento de garra ulnar, que se caracteriza na paralisia mais comum na hanseníase. Assim não é difícil perceber o quanto um digitar, por exemplo, terá de enfrentar dificuldades para aceitação de afastamento de suas funções profissionais e com isto comprometimentos psicológicos para conviver com esta situação. Estes tipos de comprometimento é um dos responsáveis pela baixa da auto-estima e sentimento de pouca valia que são apresentados no comportamento desta clientela. Somando-se a isto, um problema trazido pelos pacientes nos atendimentos terapêuticos ocupacionais, é a pouca ou nenhuma aceitação no convívio familiar por parte de seus familiares, onde, por muitas vezes são abandonados nos leitos dos hospitais e, é observado um número considerável de pacientes que não são visitados por seus familiares com aciduidade. Deve-se isto sem dúvidas a falta de informações apesar dos esforços dos governos Estaduais e Municipais com informativos a respeito da doença e suas formas de contágio. Contudo, a forma muitas vezes com que a doença aparece em um membro da família trás consigo um rastro de medo, não no início, mais pela metade do processo evolutivo da doença, como pode ser visto na figura número 2 abaixo, onde já com o processo evolutivo bastante avançado, este processo deu-se inicialmente com atrofia e paralisia das musculaturas pelo acometimento do nervo ulnar seguido do nervo radial, e com a demora no diagnóstico acelerou o processo para o nível crônico. As famílias tendem em abandonar a maioria dos portadores, devendose isto também ao fator econômico que na maioria das vezes está intrinsecamente associado ao meio onde o bacilo costuma agredir e somar para o diagnóstico da doença, pois os portadores são em sua maioria pessoa de poder aquisitivo baixo e comprometido com os níveis saudáveis de educação e saúde pública (promiscuidade). 18 Tratar o paciente de hanseníase é mais difícil do que pensa, pois tratar desta moléstia é algo muito complexo e difícil, de certa forma, vendo por este prisma, o tratamento não se trata de ser apenas medicamentoso. É preciso está atento aos sintomas apresentados pelo paciente, sintomas esses não apenas os físicos, porém, também os psicológicos. Fatalmente, o paciente é prejudicado na relação familiar pela falta de aceitação da patologia no meio familiar e da referência de um convívio psicologicamente saudável, sendo assim, não é raro encontrar pacientes emocionalmente perturbados ou mesmo doentes (somatização). Em meio a exclusão da base meio nuclear, entregam-se a doença ou a somatização desta ou mesmo a degradação social de si próprio com a opção por drogas e violência. O silencio na entrevista pode ser um sinal de algo que pode esta perturbando o indivíduo, estar atento a isto significa muitas vezes minimizar ou resolver grandes questões para o paciente debilitado por algo que o incomoda naquele momento. A cultura da vergonha normalmente vai está intrinsecamente associado no portador, isto pela história do estigma que envolve a moléstia. Dentre os problemas apresentados pelos portadores de hanseníase, um dos que mais trazem dificuldades para o homem em relação a sua sexualidade é o que se conhece por orquite. A vergonha de verbalizar os problemas desenvolvidos pela orquite na relação sexual é um dificultador para se detectá-la e tratar a tempo com o objetivo de minimizar os danos trazidos por esta patologia, como já citado, os bacilos agridem os nervos periféricos, esta agressão leva a perda de sensibilidade às partes correspondente pela enervação, como, por exemplo, um determinado músculo, ou órgão. No caso da orquite que se caracterizada pela inflamação dos testículos, fica difícil e chega ser vergonhoso para verbalização para um grande número de pacientes homens portadores do bacilo de Hansen. A inflamação dos testículos na orquite, leva a diminuição da sensibilidade do pênis leva-o a dificuldade de ereção, consequentemente há o aumento da baixa-estima com a possibilidade de um certo descontrole na relação 19 sexual. A crise no casamento é quase sempre certa e, com isto é instalado na díade um conflito, e este assunto o paciente normalmente se fecha a comentários com o profissional de saúde. Aborda-lo a este respeito é de suma importância quando isto esta ocorrendo entre os dois. 20 3. O TRATAMENTO CLÍNICO TERAPÊUTICO 3.1. Plano de tratamento A Terapia de família surgiu no movimento antipsiquiatria, que teve seu início na Itália com os esforços de Franco Basaglia. Ela aparece determinante no tratamento de inclusão social do indivíduo desvinculado do meio familiar. O atendimento torna-se importante no tocante as duas partes, ou seja, paciente e família e junto ao terapeuta forma a tríade necessária para o desenrolar dos segredos em busca de soluções conforme a necessidade do paciente, isto em relação ao conflito vivido. Onde o terapeuta estará imbuído em inserir o indivíduo ao contexto familiar, para isto o atendimento individual e grupal é de suma necessidade para adequação do indivíduo ao meio que pertence. Quanto aos conceitos e métodos da terapia de família, em sua forma teórica tem o objetivo de buscar no atendimento uma abordagem sistêmicametodológica de forma a garantir: • A interpretação da realidade do sujeito, de modo que tal aplicação possa ultrapassar o contexto familiar, tal como, a área de educação e profissional, ou seja, escola e trabalho. • Terapeuta deve perceber e pesquisar o contexto social a que pertence o sujeito, e que influência este mesmo contexto exerce sobre a família em foco ou mesmo o próprio paciente em seu consultório: como, onde, de que forma vive, isto é, saber qual a dinâmica familiar a que o paciente é submetido no contexto familiar. • Dentro este contexto perceber que relação existe entre os membros, permitir que o processo terapêutico seja entre o terapeuta e seu paciente, porém, permitindo que seja aplicável ao sistema familiar. o Explorar alguns níveis sistêmicos: 21 • Manifestações não – verbais (possui natureza somática ao nível de corpo quanto a sua linguagem (as esculturas presente e futuras) • A especificidade do indivíduo - cada membro da família tem sua própria visão, dentro de seu ponto vista quanto a sua realidade e a realidade do outro, por meio de sua necessidade e emoções; e poderá apresentar opiniões contrárias à dos demais membros, pois estará verbalizando sua forma de ver e entender as coisas relacionadas à dinâmica de sua família, daí, não resta menos dúvida que pode gerar e fazer surgir muitos conflitos este ponto de vista, a forma de ver de cada um e, esta forma de interpretar as coisas além de poder ser um dos grandes geradores de conflito também será o ponto de partida para solução do próprio conflito em questão dentro da dinâmica familiar assim como, todo problema apresentado pela família, onde o terapeuta deve estar atendo a cada verbalização, para isto, o atendimento deve abranger vigorosamente todo o sistema familiar. • Os mitos familiares – trata-se da lealdade aos mitos familiares, é uma relação de mistérios e segredos, um deposita no outro o que quer que o outro seja ou que o outro faça, é um fato comum a unidade familiar, e que, podem se apresentar associado a ‘’fantasmas de ruptura’’ que remetem a uma história trigeracional. Dentro deste entendimento encontra-se o conceito de projeção, onde e um deposita no outro o que quer que o outro seja, e quando isto não ocorre vem à decepção e o fim do relacionamento, ainda, também visto por outro prisma, temos a história da hanseníase que trouxe e teceu com o tempo um rumor de preconceito e dor para os portadores da moléstia. Qualquer grupo familiar inicia-se com seus mistérios e, a investigação do terapeuta deve se prender nos fatos iniciais inerentes ao início do grupo familiar, obtendo-se assim a chave do mistério e consequentemente a solução dos conflitos compartilhada com o grupo familiar. 22 Com este ‘’modelo terapêutico de linguagem analógica e metafórica5’’ e a direta participação do terapeuta, tenta-se explorar e ativar os recursos criativos do sistema familiar. Na construção do ‘’processo terapêutico dá-se a relação terapeuta – paciente, onde se constrói vínculo que sucessivamente possibilitara ao terapeuta formalização das abordagens futuras no processo terapêutico, pois segundo Batison, o encontro terapêutico tem lugar na confrontação de duas epistemologias: a da família e a do terapeuta’’6. Enquanto que a da família define-se linear, rígida e de forma quase sempre estereotipada da realidade, a do terapeuta ‘’eficaz’’ e com a capacidade de reorganizar os contratos propostos pela família. A desestrutura na relação causada por uma moléstia, seja a hanseníase aqui em foco ou qualquer outra doença, vai causar desequilíbrios no sistema familiar, seja pelo abalo na descoberta do diagnóstico de um membro adoecido, seja pela falta de informação ou aceitação desse membro no meio familiar, deste que haja presença de desequilíbrio na comunicação no meio familiar, o paciente será elegível para atendimento tem terapia de família quando pela procura do paciente os cuidados do terapeuta. Partindo do princípio de que toda forma de comunicação é importante para se estabelecer o primeiro contato, ou seja, o vínculo, é importante, portanto, que o terapeuta observe todos os aspectos possíveis que estarão presentes nos primeiros atendimentos. É importante, para isto, que o terapeuta esteja atento, por exemplo, aos fenômenos agudos chamados impropriamente de episódios reacionais que podem ocorrer na evolução crônica e estão relacionados com o campo imunológico do paciente. Há um caso reacional que é marcante chamado neurite hansênica. A neurite ocorre no paciente com comprometimento neurológico e sem sinais cutaneos de episódios reacionais, neste caso, a neurite se desenvolve sem causar 5 6 Fonte: ELKAIN, Mony. Panorama das Terapias Familiares. Volume 2. Summus editorial. (pag. 302). Fonte: ELKAIN, Mony. Panorama das Terapias Familiares: Volume 2. Sommus editorial. (pág. 303). 23 dor, correspondendo à neurite silenciosa. Por conta deste silêncio sem dor, o paciente passa a desenvolver paresia e perda de sensibilidade, vindo a perceber muitas vezes tardiamente. Atualmente a doença pode ser tratada e tem cura, porém o trajeto de sua história produziu no seu início a marca da discriminação e grande tristeza nos portadores da moléstia, condenando-os ao isolamento e abandono, descaracterizando-os de sua cidadania e sociabilidade e, consequentemente ao total isolamento social. Ainda hoje se percebe esta ocorrência com o longo afastamento do sujeito do campo de trabalho pelo fato da doença ser contagiosa e causadora de deformidade, e são impotencialmente liberados de suas funções e obrigações. As complicações da moléstia, o afastamento do indivíduo de suas funções e a dificuldade de adequação ao meio familiar é em suma um grande problema para o bem estar e convívio do indivíduo. Para tanto, cabe ao terapeuta responsável pelo tratamento do paciente o resgate do bem estar, da vida profissional familiar e lazer. As paresias e paralesias são uma constante nos casos de hanseníase nos comprometimentos dos nervos periféricos. O comprometimento motor a essas partes do corpo deve ser examinado com avaliação de força muscular, desta forma é importante implementar junto ao programa de tratamento atividades que visem trabalhar os déficits motores e sensitivos, para tal fato as atividades devem ter o objetivo de trabalhar amplitude de movimento que vão evitar ou inibir as retrações das partes moles com utilização de movimentos ativos e passivos que facilitarão a produção de líquido sinovial, esses movimentos usando as posições de extensão e flexão estará facilitando manutenção do tônus muscular que neste caso evitará ou reduzira complicações incapacitantes funcionais, que de certa forma estará preservando aparecimento de deformidades. os movimentos normais desfavorecendo o 24 As atividades utilizadas no tratamento dos portadores de hanseníase podem ser diversas, isto de forma que possam favorecer o ganho de força, aumento de amplitude articular, diminuição das atrofias, principalmente nos membros inferiores e superiores, contudo, as atividades devem favorecer a melhorar do quadro apresentado, minimizando os problemas que surgem com os com os quadros reacionais na hanseníase. FIGURA 2: ATIVIDADE PARA GANHO DE FORÇA MUSCULAR7 A figura 3 acima mostra um tipo de tratamento com massa terapêutica para manter integras as articulações da mão direita, a fim de manter a mobililidade, uma vez que a mão e o braço esquerdo na foto mostra claramente o comprometimento do membro por completo, num caso reacional. São esses e muitos outros sintomas da doença que estarão atingindo e causando nos indivíduos portadores de hanseníase problemas emocionais diretamente na psique. Quanto à hanseníase a parte médica vai combater o bacilo com o uso de quimioterápicos, a fim de minimizar os danos á saúde física do portador, esse indivíduo precisa falar, verbalizar a respeito de si. 7 Fonte: acervo do autor. 25 Muitas vezes um sintoma apresentado pelo paciente pode ser uma tentativa de situar-se no mundo, ou seja, uma tentativa de alertar a sua família ou a outros, que alguma coisa nele não vai bem, pois, uma percepção pode não ser da realidade de todos, a percepção é subjetiva, isto é, individual. Portanto será muito importante que ao formalizar um plano de tratamento, que levemos em consideração observar o sintoma do indivíduo como saúde e não como doença. Na maioria das vezes, o indivíduo em tratamento médico, após duas ou três semanas apresenta cura da hanseníase, contudo, alguns pacientes vão apresentar os chamados casos reacionais como já citado anteriormente, em dado momento os pacientes chegam ao consultório assustados e confusos relatando ao terapeuta:- ‘’Dr. o médico me disse que eu estava curada e agora estou doente outra vez, veja o que saiu em minha pele’’ Este é o momento em que os pacientes costumam desenvolver vários tipos de problemas relacionados à psique. Em sua maioria, os pacientes tendem a ter vergonha pelo o que as pessoas podem dizer a seu respeito por ser portador. Onde a própria historia da hanseníase deixou claro no decorrer dos tempos. Isto fica bastante claro quando um paciente ressalta o desejo de uma cirurgia plástica para reconstrução de uma parte de seu corpo transformada pela ação do bacilo. Entende-se por outro lado, que os pacientes ao sofrer o contágio, em sua maioria não têm conhecimentos suficientes para se afastar de seu meio familiar por medo da transmissão do bacilo, apesar de um certo número pouco expressivo tenha relatado, preferir se afastar para não contaminar os demais de seu meio, contudo, na maioria das vezes se afastam por ser repelido pelo meio, uma vez que as pessoas manifestam o medo pelo contágio. A decisão da família em separar o doente de seu meio, causa sem margens de dúvidas um trauma indiscutível a psique, de forma que o meio sempre esteve intrinsecamente envolvido nas relações entre os homens. A relação 26 psíquica se estabelece com a genética e origina a relação entre os homens. Desde modo, dependendo da relação entre os membros da família haverá uma construção saudável na questão psíquica, pois, segundo Freud, é na relação que se constrói o psiquismo. Então se conclui, que havendo uma relação de pouco entendimento e aceitação do membro adoecido no meio familiar, a decisão em suma é pela internação do doente em um hospital, ou seja, a separação do sujeito de seu meio. Deve-se, contudo levar em consideração que a doença hoje tem cura e pode ser tratado o paciente sem a necessidade de separá-lo do meio familiar ou profissional, mesmo assim por medo de ser repelido o portador se proibi de comentar sobre ser portador com amigos e até familiares distantes. O homem é sobre determinados não só geneticamente o que é importante é que por mais que há semelhança no corpo do homem quanto a semelhança da doença, sobre tudo que é dito sobre seus males e sua cura, sempre haverá um abismo entre tudo isto. O homem escuta procura entender, porém, interpreto com vários sentidos, ou seja, conforme suas possibilidades, isto é, a forma com que se baseou a formação de sua psique é que estarão sobrejulgando tais questões. O homem se constrói psiquicamente por parâmetros de quem os criam. Uma só coisa não sobre determina, mesmo que o meio não seja propício, se o sujeito faz sua escolha sem dúvida foi o meio que influenciou a escolher, porém, a escolha em si, o desejar, parte do sujeito é que escolhe, isto, conforme o meio lhe propicia as escolhas. Há uma construção na relação. Há uma patologia decorrente da ação do bacilo que é um caso reacional chamado de orquite (inflamação nos testículos). O paciente com orquite é um sujeito triste, silencioso, pensativo e em algum momento fala sobre o humor de sua companheira e da família no relacionamento familiar, ele tenta dar pistas para que o terapeuta perceba o que está ocorrendo na vida relacional. 27 Em suspeita de orquite, cabe ao terapeuta ocupacional ou ao terapeuta de família montar um plano de atendimento ao paciente. Na primeira entrevista esta patologia pode não está presente, porém, com os sucessivos casos reacionais, no homem ela poderá esta surgindo e sendo percebida nas relações sexuais com perdas da sensibilidade nos momentos de penetração; a falta de sensibilidade, tumescência, em fim, há uma falta de completa ereção do pênis, o que prejudica claramente uma dificuldade para penetração. O plano de atendimento deve seguir de entrevista individual com abordagem sutil sobre o assunto, pois há uma dificuldade para verbalização nestes casos. Lembro-me ainda de um atendimento ao paciente M.R.S. todas as vezes que comparecia ao atendimento rotineiro de ambulatório, o notava sempre cabisbaixo e silencioso, ao conversarmos nunca olhava o terapeuta de frente, sempre de lado, respostas com poucas palavras. No meio do atendimento, perguntei-lhe: - como estava o relacionamento dele com sua esposa, se tudo estava bem, e se ela compreendia seu momento de doença, suas dificuldades etc, ele fez uma pausa e começou verbalizar e conseguiu naquele momento exteriorizar todo seu pesar pela dificuldade de manter relação sexual com ela. Disse ele: - ‘’ Dr. ela me cobra muito, porque eu não a procuro na cama, parece que ela não entende que eu tenho sentido muitas dores nas pernas, e na verdade eu não tenho conseguido ficar com o pênis ereto para poder ter condição de penetração’’. Perguntei-lhe se já havia falado a respeito com o médico que o atende, respondeu-me que não, alegando que nunca foi perguntado nada a respeito disto, se sentindo constrangido em tocar no assunto. Todo o atendimento sobre a doença ou descobertas de algo a respeito deve ser anotado na folha de evolução do paciente, a busca de evidências possibilita a formação de um programa de atendimento terapêutico claro e eficaz. Em seguida após o atendimento individual dar-se início ao atendimento com o casal caso seja necessário. Pois, são as partes interessadas, isto é, marido e mulher. 28 A falta de humor e a insatisfação são também predominantes para levar ao surgimento de conflitos no meio familiar, desta forma havendo necessidade também os filhos podem ser envolvidos na terapia de grupo, a fim de minimizar os problemas que envolvem a prole. O atendimento de grupo nestes casos deve ser com encontros entre casais com os mesmos problemas ou semelhante. As atividades previstas no atendimento devem ser na forma de encontros com previsão da atividade propriamente dita como: • Café da manhã; para ‘’bate papo’’- nesta atividade os próprios componentes devem tratar entre si o que cada um irá trazer no próximo encontro e eles montam a mesa e o café, servem-se entre si. O terapeuta em dado momento dá início fazendo abordagens necessárias para o desenrolar dos emaranhados que perpassam nas relações dos componentes do grupo; • Dia do aniversariante – da mesma forma deve ser esta atividade; • Amigo oculto – deve seguir da mesma forma com as trocas de presentes; • Baile dançante; Também o terapeuta fará atendimento extra muro como: • Almoço; • Jantar; • Visita a teatro, visita a museu, workshop de fim de semana para o aumento da satisfação sexual, com a finalidade de instruir os participantes nos métodos de auto-ajuda e de educação sexual. No programa de tratamento para dificuldades apresentadas pelo portador de hanseníase com orquite ou qualquer outro tipo de danos, pois, na 29 questão em foco, trata-se de um problema físico, contudo, o portador de hanseníase também poderá esta apresentando problemas de sexualidade pelo lado emocional e psicológico. O terapeuta deve montar o plano de tratamento compatível com as possibilidades de reabilitação, com o sentido de habilitá-lo a uma nova possibilidade para que descubra por si só formas de resolver ou minimizar seus problemas com a sexualidade, para tanto o tratamento deve ser permeado de estratégias com os seguintes objetivos terapêuticos: • Compreender e controlar as modificações fisiológicas sofridas pelo paciente com orquite; • Considerar os aspectos de natureza emocional e o conceito de sexualidade do paciente; 3.2. Condições gerais para reabilitação do paciente com orquite O profissional deve isentar-se de preconceitos sexuais, tê-lo como patético, infeliz ou improdutivo, isto é, não ter uma visão estereotipada em relação ao paciente que venha apresentar ulguma deficiência física, emocional ou neurológica e os resultados destas em seu estado físico. 3.3. Atendimento terapêutico a esta clientela No primeiro atendimento individual o terapeuta deve deixar o paciente à vontade de forma que possa verbalizar tudo que desejar, isto é, expor todos os seus anseios, contudo, o setting terapêutico deve ser apropriado para este fim, para que possibilite a promoção de vínculo. 30 No segundo atendimento que também dever ser individual é de suma importância que seja revista à conduta sexual do paciente antes de ser acometido pela hanseníase, isto não significará apenas rever como era o ato sexual em si praticado pelo casal, ou seja, não só o ato. Deve-se saber no atendimento através do paciente as modificações da possível resposta sexual para que se tenha a possibilidade de lançar mão dos recursos disponíveis para que venha facilitar a reabilitação do paciente em questão, tendo como ponto de partida o saber de que o homem é um ser eminentemente práxico e que o recurso maior utilizado para reabilitação humana é o uso de atividade. Para tanto, segundo MAIOR, Isabel Maria Madeira de Loureiro, em seu livro de reabilitação nas questões de paraplegia e tetraplégia explica que: ‘’O sexo é um impulso primário – subcortical, modulado por influências corticais normalmente inibitória que determina a ocasião, o modelo e a intensidade da manifestação sexual. Ato sexual é o comportamento assumido envolvendo as áreas erógenas secundárias, jogos preliminares, contato corporal e a relação genital. Sexualidade corresponde à soma de impulso sexual, ato sexual e todos os aspectos da personalidade relacionamento envolvidos interpessoal: na comunicação diálogos, e atividades no e interesses partilhados e outras formas de comportamentos’’.8 A relação interpessoal está intrinsecamente relacionada de como este sujeito (paciente) se relaciona com mundo, ou seja, que vivencia este paciente trás em si, isto dez respeito ao toque, afeto, isto é, envolve diretamente as atitudes e comportamento consigo próprio com os outros, em fim com o mundo que o 8 Fonte: MAIOR, Maria Madeira de Loureiro. Reabilitação Sexual do paraplégico e Tetraplégico. Rio de Janeiro: ed. Revinter, 1988. 31 cerca. Assim sendo, entende-se de que a reabilitação vai depender de uma gama de possibilidades do próprio paciente: como ele vê e se relaciona com o mundo. Na reabilitação sexual o terapeuta deve proporcionar um ambiente calmo e tranqüilo de modo que o paciente possa ampliar o leque de experiências sexuais para alcançar novas maneiras de alcançar a satisfação sexual fugindo dos conceitos antigos de que sexo é errado ou um pecado entre os homens como era pregado por nossos avós de forma um tanto arcaico: normas sociais e valores culturais, de modo a rever os hábitos sexuais adaptando-se a novas possibilidades e lançar mão de dispositivos auxiliares se for necessário. As normas e os valores sociais de cada um dever ser respeitado pela equipe que atende, contudo, desmistificar os mitos familiares que nos acompanham de geração em geração pode ser uma forma terapêutica de somar ao tratamento. É de suma importância que todo atendimento em reabilitação ou habilitação sexual a essa clientela seja de uma forma interdisciplinar, pois, uma equipe de reabilitadores trabalhando juntos em prol do paciente apenas somará para um restabelecimento rápido e tranqüilo, assegurando a eficácia do tratamento clínico terapêutico. Neste contexto poderá está fazendo parte da equipe terapêutica: terapeuta ocupacional, terapeuta de família, psicólogos, assistente social, fisioterapeuta, clínica médica, dermatologista e outras se forem necessários será pedido através do pedido de parecer conforme a necessidade clínica do paciente. Como explicado acima, o uso de outros profissionais é muito importante nestes casos, pois no intercurso sexuais grandes problemas podem surgir e tendo também na equipe profissionais com capacitado para intervir como conselheiro sexual, muitos problemas podem ser diminuídos com esta ação, pois, a educação sexual e aconselhamento de um profissional podem estar somando junto à equipe com possível possibilidade básica para o tratamento na reabilitação do paciente com o objetivo de prevenir os conflitos e discutir de forma clara a sexualidade, isto sem margens de dúvidas ira derrubar os falsos conceitos acerca da sexualidade 32 que o paciente, ou o casal por ventura tenha em relação ao próprio sexo deficiente, conceituando o uso destas atribuições o paciente poderá reduzir a ansiedade e amplia a confiança e aceitação das novas formas de comportamentos sexuais. As possibilidades residuais do paciente devem ser cogitada neste momento de forma a reafirma seu papel na díade e, em fim na vida global. Os problemas que interfere na vida sexual do casal devem ser examinados e avaliados pela equipe a fim de proporcioná-los o alivio das tensões pré-existente ao ato sexual e tentar ao máximo possível diminuir a ansiedade para facilitar a busca do prazer e somar para comunicação entre o casal e a família de modo geral. Com enfoque na interação do casal, proporcionar o entendimento e a busca de suas possibilidades para elucidação dos problemas através de quadros explicativos que visem ajuda a eliminar o estigma que se tem sobre a hanseníase e os resultados no indivíduo da orquite com as dificuldades sexuais muito óbvias, com isto, eliminar a culpa como foco central no transtorno relacional do casal que gera o conflito na relação sexual para estabelecer o papel igual das necessidades e responsabilidade de ambos os parceiros no coito. Um dos órgãos dos sentidos que deve ser estimulado neste tipo de atendimento é o tátil, pois, incentivar o uso habitual do toque como ato preliminar para ativar os corpúsculos responsáveis pelas sensações e sensibilidades necessárias ao ato sexual propriamente dito, pois, é de suma importância para busca do prazer. Os problemas decorrentes da agressão do bacilo aos nervos periféricos vão estar envolvendo diretamente o psicológico do sujeito e com isto trazendo dificuldades ao tratamento. O uso contínuo de um tratamento terapêutico com o grupo de ajuda irá minimizar os danos causado a psique e incentivar no grupo a busca de novas possibilidades na vida relacional do casal e da família com o aumento da satisfação. 33 No passado, antes da terapia sexual tornar-se especialidade terapêutica, havia uma grande procura na consulta de livros e manuais, uma minoria por curiosidade e em sua maioria para buscar uma possibilidade de sugestões para acrescentar uma maior gama de prazer sexual. Essa fonte de informação eram escritas nos manuais de casamento. Neste período um dos mais populares era dos maiores Ideal Marriage (1930), escrito pelo ginecologista holandês Van de Velde, que foi possibilitado através dos resultados pelos recémcasados. O problema enfocado não é tão simples como ler um livro ou um manual que ensina como o casal deve se comportar na noite nupciais ou no decorrer de toda vida sexual no casamento, contudo, os livros e revistas conceituadas com entrevistas e colocações experiências científicas podem orientar qualquer paciente, porém, o atendimento e a supervisão de um tratamento continuado é necessário para os pacientes portadores de uma deficiência neste âmbito, pois os problemas relacionados à psique, só um profissional pode dar conta para o tratamento terapêutico com o uso de seus métodos e práticas terapêuticas. A inserção do paciente em grupos de auto-ajuda, composto por pessoas que já passaram problemas idênticos ou parecidos, como, por exemplo, pacientes paraplégicos que participaram de reabilitação sexual com terapia e mesmo os de orquite já tratados em terapia facilitará entender as dificuldades vivenciadas e facilitará o tratamento. Hoje, temos uma explosão literal em livrarias e bancas de jornal em todo país com manuais sexuais que fornecem ilustrações gráficas com incentivo para o experimento. Mesmo os livros destinados à auto-ajuda com toda as possibilidades de facilitar o experimento sexual com o objetivo de superações individuais, não se sabe cientificamente se há ou não redução nas disfunções sexuais das pessoas que experimentaram o uso pessoal das matérias, isto por falta de pesquisa nesta área. 34 3.4. A especificidade na intervenção pela Terapia de Família na hanseníase no olhar da Terapia Ocupacional. No uso de suas atribuições a Terapia Ocupacional define-se como, o uso terapêutico de atividades. Essas atividades estão relacionadas diretamente com os cuidados pessoais, o trabalho e o lazer, e tem como objetivo dentro destes contextos o aumento das funções independente a fim de ampliar o desenvolvimento humano e prevenir incapacidade. Também em suas atribuições está a adaptações do indivíduo ao ambiente conforme suas impossibilidade ou a adaptação do ambiente conforme as necessidades do indivíduo para o aumento da qualidade de vida com máxima independência. A Terapia Ocupacional providencia atividades dirigidas, onde a providência e seleção dos procedimentos são realizadas conforme as necessidades do paciente e a prescrição é de competência do terapeuta ocupacional. Dentro de sua especificidade a Terapia Ocupacional de propõem em desenvolver atividades que possam estar proporcionando as possibilidades de: • Prevenir e / ou reduzir complicações e incapacidades funcional das mãos, nos pés e nos olhos através de orientações e confecções de palmilha, barra metatarsiana, calhas gessadas e órteses, conforme a necessidade de cada caso e com os devidos cuidados técnicos. A figura abaixo mostra um exemplo do uso de uma órtese dinâmica para nervo ulnar e mediano que pode ser utilizada na prevenção de deformidades e contraturas nas retenções interfalangianas 35 Figura 03: Órtese dinâmica9 • Através do tratamento e estímulos orientar o paciente a proteger os pés, mãos e olhos insensíveis, manter a pele úmida e flexível, conservar as articulações móveis, manter os músculos tonificados. O terapeuta ocupacional deverá implementar junto ao programa de tratamento atividades que visem estimulação sensorial, aumento da força muscular para o caso de paresia, como também facilitará o aumento da massa muscular e estimulação a produção de líquido sinovial. • Preservar o máximo possível os movimentos normais das mãos e usar com segurança suas mãos, pés e olhos no trabalho e atividades da vida diária. 3.5. Proposta de tratamento pela Terapia de Família no olhar da Terapia Ocupacional. Quanto ao terapeuta de família a postura em sua prática será a de provocar ou incentivar o surgimento dos aspectos envolvidos na dinâmica da família, observar o ''tempo cronológico'' que cada membro da família necessita 9 Fonte: acervo do autor. 36 para receber e observar as informações da sessão, proporcionar momentos de dialogo entre os membros da família, isto se refere à dinâmica em si. As atividades como forma de tratamento tem como objetivo prevenir ou minimizar os resultados dos diversos processos nos casos reacionais e agressivos na dinâmica familiar decorrente do processo da doença, buscando recuperar a dinâmica familiar de forma favorável para o membro adoecido, isto, proporcionando que o membro adoecido descubra por si só as possibilidades existentes com o decorrer da dinâmica, pois, em torno do processo normal da doença há uma dinâmica desfavorável em relação à família que muitas vezes por falta de informação torna-se também uma dificultadora da adequação do portador a uma nova situação quanto a sua possibilidade de estar vivenciando novas habilidades para seu cotidiano que facilita sua adequação a uma dinâmica familiar e pessoal mais gratificante, seja no caso da orquite ou de qualquer deficiência física causada pela ação do bacilo. O terapeuta estará funcionando como facilitador das possibilidades do sujeito no uso de suas atribuições em todo o processo terapêutico no tratamento do portador de hanseníase e promoção de uma dinâmica familiar para adequação do seu paciente. 37 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Constatamos que a abordagem precoce nos casos de neurite hansênica pela Terapia Ocupacional é de suma importância para impedir que o paciente portador de hanseníase seja acometido por incapacidades e deformidades decorrente da ação do bacilo, principalmente nos casos reacionais, antes, durante e após o tratamento quimioterápico. Nas bibliografias pesquisadas e na vivência de estágio, foi possível perceber o quanto é extremamente importante à intervenção pela Terapia de Família o mais precoce possível com o uso de dinâmicas, o uso das técnicas da Terapia Ocupacional associada às técnicas em dinâmicas terapêuticas é de muita valia para criação de possibilidades que visem proporcionar uma melhora rápida para conseqüências advindas dos casos reacionais. Contudo, é necessário que a equipe responsável pelo atendimento, seja de uma postura interdiciplinar e ou multidiciplinar com o objetivo de um tratamento paralelo, quando necessário à equipe deve sugerir um parecer com pedido de avaliação e conduta pela Terapia de Família nos casos de dificuldades de convívio apresentadas pelos portadores em relação às dinâmicas familiares, pois, a recuperação é mais rápida e os comprometimentos e as deformidades incapacitantes são em muito evitadas. Neste caso, a equipe terapêutica estará anteriormente prevenindo a evolução de casos crônicos que poderiam se instalar trazendo danos muitas vezes irreparáveis para o corpo por tais deformidades, e que posteriormente iriam trazer comprometimentos para as funções psíquicas do sujeito portador de hanseníase, devido aos déficits perceptivos que poderão agredi-lo exacerbadamente. O tratamento no entendimento interdiciplinar vai estar possibilitando uma abordagem tanto físico quanto emocional num processo de criação livre com afirma Lizete Ribeiro Vaz. 38 Neste contexto claro e objetivo a intervenção terapêutica Terapia Ocupacional faz valer sua importância e ação terapêutica ocupacional na neurite hansênica. Observa-se que nos casos tardios para tratamento a ação do bacilo de Hansen deixa seqüelas e causam deformidades e vão gerar para o paciente algum tipo de incapacidade, a equipe terapêutica vai estar implementando programas de tratamento viabilizando a recuperação ou manutenção do quadro existente para o bem estar do paciente, no que diz respeito à recuperação funcional na tentativa de inseri-lo ao mercado de trabalho. Fazendo com isto retornar ao sujeito sua auto - estima, e com participação atuante na vida familiar e social, ou seja, numa esfera biopsicosocial aumentar a expectativa de vida fazendo do sujeito portador de hanseníase um ser produtivo e capaz. 39 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA DUERKSEN, Frank & VIRMOND, Marcos. Cirurgia Reparadora e Reabilitação em Hanseníase. 2º. Bauru: ALM Internacional, 1997. LEHMAM, Linda Faya et alli. Avaliação Neurológica Simplificada. 2ª ed. Belo Horizonte: ALM Internacional, 1997. LEHMAN, Linda Faia et alli. Manual de prevenção de incapacidade. 2º ed. Brasília: setor de autarquia Sul - Quadra 4, Bl.N, Sala 514,2001. RODRIGUES, Acácia de Lurdes et alli.Manual de Prevenção e Incapacidades 2 ed. Brasilia: MS / FNS. 2001. ROHEN et alli. Anatomia Humana: atlas fotográfico de anatomia sistêmica e regional. 4º. Ed: São Paulo, 1998. ROMRELL, Lynn J. Anatomia Humana. 4° ed. Manole: 1998. VAZ, Lizete Ribeiro et alli.A paixão de Imaginar com as Mãos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1993. MAIOR, Isabel Maria madeira de Loureiro. Reabilitação Sexual do Paraplégico e Tetraplégico. Rio de Janeiro: Revinter, 1988. ELKAIM, Mony. Panorama das Terapias Familiares. 1º.Volume. Summos. ELKAIM, Mony. Panorama das Terapias familiares. 2º.Volume. Summos. 40 ANEXO 41 ANEXO 1 Teste de sensibilidade e força muscular 42 Figura 4: Figura 4: teste de sensibilidade10. Figura 5 teste de força muscular11. 10 Fonte: acervo do autor. 11 Fonte: acervo do autor. 43 GLOSSÁRIO (Hansen) Percepção: é o registro cerebral das sensações e implicam em vivência, experiência, codificação e decodificação dos instintos. Sensação: é o trajeto de um estímulo do seu ponto onde foi aplicado até o córtex cerebral ou agamedular. Deficiência. Perda ou anormalidade de fundo psicológico, de estrutura anatômica ou função. Discapacidade. Restrição ou perda da capacidade de realizar uma função e que está relacionada a uma deficiência. Desvalia: desvantagem gerada pelo resultado de uma deficiência ou incapacidade que limite o sujeito de suas funções sociais. Neurite hansênica - processo inflamatório de um nervo Teste de baciloscopia - teste realizada para confirmação da presença do bacilo no homem. Tríplice resposta de Lewis – teste realizado com uma gota milesimal de histamina que é aplicada encima da lesão examinada e na pele normal do hansênico, onde se perfura a pele através da gota com uma agulha e observa-se se há a tríplice resposta de Lewis (pequeno eritema devido à ação da histamina sobre os vasos, o eritema reflexo devido ao estímulo de filetes nervosos e a pápulas). 44 Iridociclite –processo inflamatório grave que atinge a íris e o corpo ciliar. Orquite - inflamação nos testículos Célula de Schuwann - células que formam o sistema nervoso. Espessamento nervoso - forma rígida que é assumida pelo nervo nos processos reacionais, são comum aos nervos periféricos dos membros superiores e inferiores. Auto-estima – concordância de apreço, afeição por algo, através de estímulos que podem ser alcançados por atividades terapêuticas ocupacionais. Distúrbio - ato de disturbar; perturbação. Seqüela - conseqüência, resíduo de deixado por uma doença. Massa terapêutica – massas terapêuticas utilizadas pela Terapia Ocupacional para trabalhar força muscular, onde cada cor representa um grau diferenciado de força a exercer. Óleo mineral - material oleoso utilizado para massagem e lubrificação de pele nos pacientes hansênicos assim como também o creme de uréia. Amplitude de movimento – movimento livre exercido por um membro de um ponto a outro. Flexão - ato de curvar-se ou dobrar-se; curvatura. 45 Extensão - efeito de estender; ampliação; dimensão em superfície. Facilitar - tornar, fazer, estar disposto, prontificar-se, (o T. O é facilitador). Possibilidade - qualidade de possível, haveres, capacidade, (O T. O vai conciliar limites e possibilidade na práxi humana). Déficit sensitivo - alteração ou diminuição sensitiva. Déficit motor - alteração ou diminuição para locomoção ou para executar uma função mecânica. Alterações de trofismo – alteração no processo de nutrição tissular. Parestesia - alteração na força de um músculo. Dor - impressão desagradável ou penosa, resultado de lesão, contusão ou estado anômalo do organismo ou de uma parte dele; sofrimento físico ou moral; mágoa; aflição; dó; condolência; remorso; (fig) manifestação de sentimento. A parte figurada é uma importante observação para Terapia Ocupacional. Neurite hansênica - inflamação nos parênquimas neurais causada pela presença do bacilo de hansen. Paresia - diminuição da força em um músculo. Úlcera de córnea - lesão do epitélio corneano causado por: ressecamento, triquíase, traumatismos diversos, corpo estranho, queimaduras químicas e outros. Paralesia muscular - perda da força muscular. 46 Lagoftalmo inicial - incapacidade parcial para ocluir os olhos pela diminuição da força do músculo orbicular que é inervado pelo nervo facial. Lagoftalmo avançado - incapacidade total para ocluir os olhos pela paralisia dos músculos orbiculares. Esclerite - processo inflamatório da esclera. Hepiremia ocular - cor avermelhada nos olhos. Blefarocalase - excesso de pele na pálpebra superior. Catarata - opacificação do cristalino. Conjuntivite - infecção da conjuntiva. Dacliocistite - infecção do saco lacrimal. Ectrópio - eversão e desabamento da pálpebra inferior. Entropia - inversão da margem palpebral superior e/ou inferior. Glaucoma - aumento da pressão intra-ocular. Hansenomas - nódulos na área dos supercílios, pálpebras e esclera. Iridociclite - processo inflamatório grave que atinge e o corpo ciliar são comuns ocorrer nos processos reacionais da hanseníase. Madarose - queda dos cílios da região superciliar e/ou ciliar. 47 Pterígio - tecido fibrovascular em forma triangular, temporal e/ou nasal. Ressecamento da córnea - falha na lubrificação da córnea que pode ser acusada por: lagoftalmo, ectrópio, trquíase e/ou baixa produção de lacrimal. Diminuição da sensibilidade da córnea... Triquíase - cílios voltados para dentro, roçando sobre o globo ocular. Alopécia - queda de pelos. Anidrose - ressecamento da pele. Monofilamento de Semmes Weinstein – conjunto de sete filamentos utilizado para o teste de sensibilidade, que cede respostas quantitativas de perdas ou ganhas sensitivos. (vide anexa 1, figura 04). Grafestesia - capacidade de discriminar textura (tato leve). Esterognosia - capacidade de reconhecer objetos com a oclusão da visão. Termoestesia - teste realizado para reconhecimento da temperatura na pele. Hanseníase – bacilo gram – positivo, acidoresistente, agente da lepra humana. Lepra - Nome comum do bacilo de Hansen, chamado assim desde os tempos antigo, hoje chamado por bacilo de Hansen. 48 Readaptação – conjunto de medidas tomadas para permitir a um deficiente mental ou físico de voltar ao trabalho ou encontrar um emprego e, dentro da máxima possibilidade, de ocupar um lugar normal na comunidade. Órtese – recurso da Terapia Ocupacional utilizado para otimizar a função de um certo membro por um curto período de tempo, feito com material termomoldável. Fase aguda - manifestação sutil de uma doença. Fase crônica - manifestação de uma doença perseverante, antiga. Ginecomastia - desenvolvimento excessivo das glândulas mamarias no homem. Hanseníase - moléstia de evolução crônica, causada pelo bacilo de Hansen quando em sua forma ativa no transmissor. Eritema: rubor congestivo da pele, habitualmente temporário. Eritema nodoso hansênico: aparecimento agudo de pápulas e nódulos. Recidiva: reaparecimento de novas lesões após remissão anterior. Mal reacional: caracteriza-se pela persistência indefinida do quadro reacional antes da remissão completa de outras reações que as precede, são surtos reacionais subentrantes. Queratite – inflamação da córnea. Dorsiflexão - movimento onde o sujeito eleva a parte frontal do pé com a área plantar do calcâneo apoiada no chão. 49 Uveite - inflamação da úvula. Mal perfurante de pé (MPP) - lesão que se estender a toda área plantar causada pela anestesia destas áreas pelo acometimento do nervo tibial posterior. Neurólise - cirurgia de transposição tendinosa. Contraturas - enrijecimento ósseo articular. Lesões primárias - são lesões atribuídas ao acometimento do bacilo nos tecidos ou por processo inflamatórios. Exemplos: alterações nas funções neurais: sensitivas e motoras; processos inflamatórios: uveite, orquite e outros. Lesões secundárias - são lesões decorrentes da presença de anestesia do tegumento ou das alterações das paralesias motoras. Exemplo: úlcera plantar, anquilose, lagoftalmo, garras... 50 INDICE INTRODUÇÃO......................................................................................7 CAPITULO l.........................................................................................................8 1.1. A hanseníase e seu complicador na vida do portador: um desafio para próxima década no olhar do reabilitador.............................................................8 CAPÍTULO ll.......................................................................................................16 2.1. A moléstia e seus danos aos portadores...........................................16 CAPÍTULO lll......................................................................................................20 3.1. Plano de tratamento..........................................................................20 3.2. A especificidade na intervenção pela Terapia de Família na hanseníase no olhar da Terapia Ocupacional....................................29 3.3. Proposta de tratamento pela Terapia de Família no olhar da Terapia Ocupacional........................................................................................29 3.4. A especificidade pela Terapia de Família na hanseníase no olhar da Terapia Ocupacional..........................................................................33 3.5. Proposta de tratamento pela Terapia de Família no olhar da Terapia de Família...........................................................................................35 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................39 ANEXOS.............................................................................................................40G LOSSÁRIO.......................................................................................................43 ÍNDICE................................................................................................................50 51 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CÂNDIDA MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO ‘’LATO SENSU’’ Título do livro: uma intervenção na família do portador de hanseníase no olhar da Terapia Ocupacional. Autor: Carlos Aleixo Araújo Professora orientadora: Fabiane Muniz Data da Entrega: ____________________________________________ Avaliação: _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ ____________________________________________. Avaliado por: _______________________grau____________ Conceito final: ______________________ __________________, _____de________________de_________.