uma intervenção na família do portador de hanseniase no olhar da

UNIVERSIDADE CÂNDIDA MENDES
PRÓ - REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
PROJETO A ‘’VEZ DO MESTRE’’
UMA INTERVENÇÃO NA FAMÍLIA DO PORTADOR DE
HANSENIASE NO OLHAR DA TERAPIA OCUPACIONAL
POR:
Carlos Aleixo Araújo
Professora orientadora: Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
Ago. 2003
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDA MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
PROJETO A VEZ DO MESTRE
UMA INTERVENÇÃO NA FAMÍLIA DO PORTADOR DE
HANSENÍASE NO OLHAR DA TERAPIA OCUPACIONAL
Monografia apresentada à Universidade
Cândida Mendes, projeto ‘’A VEZ DO
MESTRE’’ como parte dos requisitos
para obtenção do título de especialista
em TERAPIA DE FAMÍLIA.
Por: Carlos Aleixo Araújo.
Professora: orientadora: Fabiane Nuniz.
Rio de Janeiro
Ago. 2003
3
AGRADECIMENTOS
Sinceros agradecimentos à prof: Fabiane Muniz por
ter assegurado com carinho e dedicação a realização
deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho as Terapeutas Ocupacionais,
Dra. Márcia Dolores galo Colpas e Rita de Cássia
bintencourt,
pela
dedicação
incansavelmente
dispensada a formação de terapeutas ocupacionais
pela universidade Castelo Branco no Rio de Janeiro.
5
RESUMO
O presente trabalho resume-se em buscar dentro dos conhecimentos
científicos, formas de minimizar os sofrimentos vivenciados pelos portadores de
hanseníase dentro da dinâmica familiar, assim, a pesquisa se propõem em buscar
as formas diversas dos problemas vivenciados pelo portador e propor um
programa de tratamento que vise levá-los a vivenciar as diversas formas possíveis
de atividades da vida diária, da vida prática e possibilidades de adequação do
sujeito à família e a família ao sujeito, para isto, o uso de atividades terapêuticas
será enfocado como a solução possível para este empenho.
Será dando uma ênfase considerável aos casos reacionais da
hanseníase, pois estes são os fatos marcantes que acometem os portadores do
bacilo de Hansen e, que causam grandes transtornos psicológicos e dificuldade
para dinâmica familiar.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................7
CAPITULO l..........................................................................................................8
CAPÍTULO ll.......................................................................................................16
CAPÍTULO lll......................................................................................................20
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................39
ANEXOS.............................................................................................................40
GLOSSÁRIO.......................................................................................................43
INDICE................................................................................................................50
7
INTRODUÇÃO
Este trabalho é resultado de pesquisa bibliográfica na área de
dermatologia sanitária e nas vivencias com a equipe de Terapia Ocupacional
chefiada pela Drª Jô Lisboa em intervenções terapêuticas ocupacionais no
Hospital Curupaiti em Jacarepaguá no Rio de Janeiros com os pacientes
portadores de hanseníase e seus familiares.
A intervenção nas questões dos portadores de hanseníase em relação
a seus familiares tem como objetivo principal, buscar através do olhar da Terapia
Ocupacional as possíveis formas de proporcionar ao portador uma dinâmica
favorável para o convívio em família, para isto, será descrito no decorrer desta
pesquisa determinados comportamentos a que são submetidos o paciente
portador de hanseníase dentro da dinâmica familiar, assim como, uma forma de
explicação para questão da auto-rejeição e seus complicadores. Contudo, a
pesquisa terá o objetivo de buscar nos conhecimentos científicos da Terapia de
Família no olhar da Terapia Ocupacional formas possíveis de tratar os problemas
apresentados, uma vez que o problema apresentado por esta clientela está
intrinsecamente associado à habilitação de novas possibilidades no âmbito
profissional e reabilitação física, mental e social. Por esta vertente, será
apresentado conforme os resultados da pesquisa um plano de tratamento que vise
adequação do indivíduo portador, e sua família a uma dinâmica familiar agradável
e segura numa visão biopsicossocial, conforme a necessidade de cada caso
encontrado na pesquisa.
8
1. HANSENÍASE
1.1. A hanseníase e seus complicadores na vida do portador: um
desafio para próxima década no olhar do reabilitador
A hanseníase é uma doença dermatológica infecto-contagiosa que além
de gerar incapacidades físicas, que é o ponto marcante de sua evolução, concorre
para inadaptação sócio ocupacional e incapacidade psicossocial.
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa de evolução crônica, e
tem como agente etiológico o MICOBACTERIUM LEPRAE1.
O microorganismo vai predominar acometendo a pele e os nervos
periféricos, isto se dá pela predileção às áreas fria do corpo. A forma de contágio
se dá através das vias aéreas superiores no homem portador, isto porque é uma
área de fácil acesso, deste modo não é difícil entender a migração para corrente
sangüínea, pois esta área é constituída de riquezas vasos e capilares e capilares
sangüíneos, como também se dá pelas lesões em forma de úlceras que constitui
uma possibilidade constante de contágio.
Deve-se entender que o contágio só ocorrerá se o homem portador
esteja com o bacilo em sua forma ativa, pois dando início ao tratamento
medicamentoso, o bacilo perde sua forma ativa de contágio cerca de três
semanas após uso dos quimioterápicos.
Quando concluído o diagnostico através do teste de baciloscopia, o
bacilo poderá estar comprometendo seguimentos nervosos periférico e os órgãos
por eles inervados direto ou indiretamente pela presença dos bacilos nos quadros
reacionais da doença. Os casos reacionais poderão estar ocorrendo antes,
durante e após o tratamento.
1
Nome científico do bacilo transmissor da hanseníase. DUERKSEN, Frank & VIRMOND, Marcos CIRURGIA REPARADORA E REABILITAÇÃO EM HANSENÍASE (1997, pg25).
9
Os seguimentos acometidos pela neurite mais grave são os nervos
periféricos e o comprometimento ocular, que é um fato marcante nos quadros
reacionais da hanseníase, fato este que pode resultar da invasão direta pelo bacilo
ou pela reação reversa trata-se do tipo 1, que pode ocorrer em todos os tipos de
hanseníase, com exceção a do tipo indeterminada, portanto é mais freqüente e
grave nos casos dimorfos (BT, BB e BL), que vai se caracterizar com o
aparecimento de edema e eritema nas lesões antigas, e novas lesões poderão
surgir, e tipo 2 ou eritema nodoso hansênico, que é uma reação humoral aos
antígenos do bacilo da hanseníase, que causará o aparecimento de nódulos
transitórios avermelhados e dolorosos na pele, onde o paciente poderá
apresentar-se mal e posteriormente ter febre. Haverá envolvimento do nervo facial
e conseqüências graves para o aparelho visual entre os dois tipos.
A razão das reações está também relacionada a fatores imunológicos,
que ocorrem durante o tratamento com quimioterápicos com a liberação de
antígenos causando as lesões oculares. Os resultados destas reações são graves
e estão incluídos no programa de tratamento pela Terapia Ocupacional.
Houve várias suposições sobre as formas de contágio desta moléstia,
com tudo, (DUERKSEN / VIRMOND, 1997, P.26), afirma que: apesar de todas
essas hipóteses continua-se admitindo que a maior fonte de contágio é o homem
com as formas bacilíferas da moléstia, vinchoviana e dimorfa. Isto ocorre quando o
bacilo está em sua forma ativa.
Atualmente a doença pode ser tratada e tem cura, porém o trajeto de
sua história produziu no seu início a marca da discriminação e grande tristeza nos
portadores
da
moléstia,
condenando-os
ao
isolamento
e
abandono,
descaracterizando-os de sua cidadania e sociabilidade, consequentemente ao
total isolamento social. a criação das colônias apesar de tratar a moléstia, tinha
também o objetivo de afasta-los do convívio social o que caracterizou o
afastamento social como um todo.
10
Ainda hoje se percebe esta ocorrência com o longo afastamento do
sujeito do campo de trabalho pelo fato da doença ser contagiosa e causadora de
deformidade, e são impotencialmente liberados de suas funções e obrigações.
Houve um grande avanço no tratamento com drogas quimioterápicas
que em muito somou para cura de pacientes portadores da hanseníase no Brasil e
em países pobres como a África e Índia; contudo a hanseníase ainda é
considerada no Brasil como um caso de saúde pública pela incapacidade que
causa, privando os portadores de suas funções e obrigações com cidadão e pela
pobreza social, meio fácil para sua proliferação.
Mesmo com a diminuição considerável nos números de casos
notificados, percebe-se que a doença prossegue num curso que preocupa,
crescendo gradativamente, o que se torna um grande problema para saúde nos
países onde o clima e a situação sócio-econômica são um fator predominante
para a proliferação da doença, concomitantemente o êxodo rural, a promiscuidade
define um grande somatório para incidência do contágio, desta forma percebe-se
a presença marcante do surgimento de novos casos de hanseníase nas grandes
capitais, o que a caracteriza como caso de saúde pública de grande importância
nesses países, que normalmente ocorre de forma endêmica.
Uma das formas da hanseníase a indeterminada é considerada a
primeira forma de manifestação da doença e poderá se apresentar de duas
aparências histológicas:
• Primeira forma histológica: haverá poucos danos à estrutura e função
do nervo, ou nenhum dano será detectado.
• Segundo forma histológica: Haverá perda de sensibilidade superficial
percebida pela mancha cutânea. Há perda de sensibilidade ao tato, perda da
sensibilidade de temperatura, perda da sudorese e perda da tríplice resposta
de Lewis
e nesta forma da doença os troncos nervosos estarão
comprometidos. Poderão surgir nódulos hansênicos na área do rosto de
localização profunda ou não. Nesta forma pode também surgir inflamação
11
ocular (eridociclite), nos testículos (orquite), como também poderá levar a
ginecomastia.
A inflamação dos parênquimas neurais, ou seja, a neurite é a relação
mais importante que se tem da hanseníase, onde a via mais freqüente de entrada
para o nervo se dá através da corrente sangüínea por invasão intraneural. A célula
de schuwann servirá de hospedeiro para o bacilo, podendo o nervo apresentar
alterações no estado funcional com a proliferação dessas células.
Na forma silenciosa da neurite não há evidência de sinais e sintomas, o
que não acontece na forma aguda que virá acompanhada de sinas e sintomas tais
como: hipersensibilidade, edema, perda de sensibilidade e paresia nos músculos.
A neurite hansênica não apresenta danos consideráveis no início, porém quase
sempre vai evoluir tornando-se crônica e evidenciando o dano neural.
É pelo teste de sensibilidade e pelo exame físico(vide anexo 1), nos
seguimentos do trajeto nervoso dos nervos periférico radial, ulnar e mediano nos
membros superiores e os nervos fibular comum e tibial posterior que o terapeuta
ocupacional vai está somando achados junto à equipe para confirmação do
diagnóstico de um quadro de neurite. Os toques devem ser leves para não trazer
mais dor e sofrimento ao paciente, pois, a dor pode estar presente neste
momento.
Contudo,
a
neurite
será
comprovada
quando
constatado
o
espessamento de um ou mais nervos periféricos e formigamento acompanhado de
dor ou hipersensibilidade no trajeto nervoso. O paciente hansênico envolvido num
caso de neurite poderá ou não apresentar tais sintomas.
Toda problemática desencadeada pela hanseníase e seus casos
reacionais vão estar concorrendo para o desequilíbrio da homeostase familiar e
caberá ao profissional quanto aos cuidados, implementar um plano de tratamento
que venha possibilitar o reajuste da homeostase. Para isto olhar do profissional é
como uma ponte e seus conhecimentos a ferramenta; imbuído de ambos atuará
no sentido de facilitar a adequação do portador uma nova situação e a seus
familiares o entendimento e compreensão da condição imposta pela moléstia a
seu membro. Isto se fará no momento em que o profissional transcenda as
12
barreiras que separam o avaliado e o avaliador, para que possa transportar-se e
entrar na história da corporeidade do sujeito sentado a sua frente, a história
denuncia as coisas e legitima a causa, porém creio, que o diagnóstico é um fato, e
que a história do sujeito faz surgir derivadas patologias através dos estigmas e
preconceito que a doença legitimou e transportou através dos tempos.
A postura do terapeuta de família em sua a prática será a de provocar
ou incentivar o surgimento dos aspectos envolvidos na dinâmica da família,
observar o ''tempo cronológica'' e tempo que cada membro da família necessita
para receber e observar as informações da sessão, proporcionar momentos de
dialogo entre os membros da família, isto se refere a dinâmica.
A atividades como forma de tratamento com o objetivo de prevenir ou
minimizar os resultados dos diversos processos agressivos da dinâmica familiar,
buscando recuperar a dinâmica familiar de forma favorável para o membro afetado
com o movimento dessa dinâmica desfavorável que gira em torno da ação da
doença em relação à família que muitas vezes por falta de informação torna-se
também um dificultadora da adequação do portador a uma nova situação quanto a
sua possibilidade de estar vivenciando novas habilidades para seu cotidiano.
A perda de sensibilidade tanto nos membros superiores e inferiores
podem estar atuando desfavoravelmente no desenvolvimento normal das funções
sensitivas e motoras, atingindo diretamente o emocional, e o terapeuta também
atuará no sentido de normalização desta função tão importante para o momento
de tratamento, como também estará direcionando o paciente a aceitação do
próprio tratamento, pois, por vez o paciente abandona o tratamento favorecendo a
ação prolongada do bacilo no organismo, desencadeando o aumento para o grau
de deformidades e se afastando de suas perspectivas de vida. E como resultado
disto preconiza a instalação de seqüelas permanentes impossibilitando, por
exemplo, o uso de uma ou das duas mãos quando os seguimentos periféricos dos
13
membros superiores encontram-se sob a ação do bacilo. Rogéria Pimentel de
Araújo (1993, p. 36)2, afirma que:
“Usar as duas mãos significa entrar em contato com o
mundo, sentir, perceber, comunicar, expressar, buscar.
Independência, ver, falar. A perda desta capacidade dificulta
que tudo isto ocorra ‘’.
Percebe-se com isto as perdas que o portador pode experimenta com
esta moléstia e a Terapia de Família em sua excelência práxica torna-se
necessária para atuar no sentido de possibilitadora de diálogo entre os membros
da família, facilitando assim o ajuste na dinâmica familiar com a promoção da
''normalidade comportamental'' numa visão biopsicossocial, pois a moléstia pelos
estigmas que a acompanha no decorrer de toda sua história, desencadeia em seu
processo alterações tanto físicas quanto emocionais. Torna-se importante para
evolução positiva do tratamento com os poliquimiosterápicos a cooperação do
portador. Para isto faz-se necessário a implementação de um programa de
tratamento que possa estar voltado para estimulação da auto-estima, valorização
do corpo como parte integrante do cotidiano, ou seja, faze-lo compreender que
mesmo diante da doença e das seqüelas deixada, ele pode continuar atuante com
novas habilidades no campo produtivo, o terapeuta estará estimulando para isto, a
capacidade espontânea de criar e transformar materiais simples como, por
exemplo sucatas em peças com resultados que certa forma irá somar em ganhas
financeiros e o uso de dinâmicas para organização do sujeito no ciclo familiar. O
processo de criação livre estará trabalhando os déficit perceptivos, que trazem
distúrbios à psique. Tal processo poderá ser implementado, por exemplo, com o
uso de atividades de pintura, origame, argila, grãos de cereais, que vão facilitar
todo processo de tratamento da prevenção de incapacidade, certamente
2
OBS: A autora comenta sobre a importância do uso das mãos. Araújo, Rogeria Pimentel et alli. A paixão de
imaginar com as mãos. 1ª ed. Rio de janeiro; Cultura Medica, 1993. P. 36.
14
respeitando a especificidade do sujeito, isto somará para aceitação do mesmo
quanto às atividades e posteriormente facilitará o processo de cura e de
adequação do portador a situação de hanseniano, como também as atividades
grupais facilitarão a aceitação do membro portador por parte de sua família. No
uso das atividades como ato primordial para liberação dos conteúdos internos
para busca de possibilidade de adequação tanto do portador quanto de seus
familiares, Lizete Ribeiro Vaz (1977, p8)3, afirma que:
“Manter-se ligado a esta fonte de criação é, não só expressa
plasticamente emoções verbalmente inexprimíveis, mas
aperceber-se
de
que
a
possibilidade
de
expressão
espontânea assegura, com o tempo a certeza interior de que
a fonte de cura ou tratamento está em nós mesmos e nos
garante maior independência e menor passividade diante de
nossas dificuldades”.
Diante de todo o processo terapêutico as funções motoras e sensitivas
devem ser avaliadas periodicamente com as reavaliações, para ter conhecimento
dos possíveis progressos do tratamento proposto e poder precocemente atender
as necessidades frente aos sintomas do início de um quadro de neurite, pois a
abordagem precoce é a melhor forma de evitar a instalação de incapacidade no
portador de hanseníase.
A Terapia Ocupacional é responsável pela confecção de órteses de
material termomoldáveis, talas e calhas gessadas, para serem utilizadas nos
casos reacionais quando se fizer necessário e na eminência de dor e
3. VAZ, Lizete Ribeiro et alli A Paixão de Imaginar com as Mãos. 10. ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica. 1993. P. 8. A autora comenta a respeito da criação livre
.
como ato de grande importância para a transformação do homem.
15
espessamento do nervo que poderão evoluir para o agravamento de estresse dos
nervos periféricos, que podem aumenta os risco causados pela neurite.
Na instalação do quadro de neurite, conforme o nervo comprometido,
alguns grupos musculares também estarão comprometidos, nestes casos, serão
utilizados atividades com o uso de massa terapêutica e massagem com material
oleoso que vão estar minimizando os défices de força por parte das musculaturas
interósseas e lumbricais no membro superior, que vão determinar ganhos de
força, amplitude de movimentos, flexão e extensão de quirodáctilos e punho.
Desta forma o terapeuta ocupacional estará mantendo a capacidade
existente e buscando novas possibilidades de melhora do quadro apresentado, e
também facilitar dentro das possibilidades do sujeito as buscas possíveis de
recuperação dentro de uma visão biopsicosocial, para que esta clientela possa
apropriar-se de novos territórios existenciais para que, por si só, dê conta da
desestrutura física e emocional produzida pela moléstia, por tanto será
imprescindível que a atuação do terapeuta seja de uma política interdisciplinar
para eficácia do programa e benefício do paciente.
Neste processo de tratamento com respaldo científico, o terapeuta
estará implementando com o fazer humano uma ação terapêutica com o propósito
primordial de facilitador das possibilidades do sujeito com o empenho de conciliar
limite com as possibilidades, isto com o uso de atividades que dinamizam e, que
esta ação possa ser o marco para diminuir ou terminar com a exclusão desta
clientela nos prólogos sociais para próxima década. Preliminarmente este fato
dever ser encarado pela área social e pela reabilitação em geral, como fator
primordial para afirmação da cidadania do individuo como um todo.
16
2. O HANSENIANO NO OLHAR DA TERAPIA
OCUPACIONAL
2.1. A moléstia e seus danos ao portador.
A hanseníase como foi descrita anteriormente, e uma doença infectocontagiosa que vai gerar incapacidade física e decorre disto, distúrbios
psicológicos que concorrem para inadaptação sócio ocupacional e incapacidade
psicossocial.
A foto abaixo mostra os nervos periféricos agredido pelo bacilo de
Hansen, tendo como conseqüência, garras fixas, é observado também, perda de
massa muscular no espaço entre o 1º e o 2º quirodactilo (1ºespaço interrósseo).
FIGURA 01: MÃO COM ATROFIA DO 1º ESPAÇO INTERERÓSSEO E
GARRAS FIXAS4
4
Fonte: acervo do autor.
17
O comprometimento do nervo ulnar trará conseqüências como paresia
ou paralisia dos músculos por ele inervado, isto levará ao surgimento de garra
ulnar, que se caracteriza na paralisia mais comum na hanseníase. Assim não é
difícil perceber o quanto um digitar, por exemplo, terá de enfrentar dificuldades
para aceitação de afastamento de suas funções profissionais e com isto
comprometimentos psicológicos para conviver com esta situação.
Estes tipos de comprometimento é um dos responsáveis pela baixa da
auto-estima e sentimento de pouca valia que são apresentados no comportamento
desta clientela. Somando-se a isto, um problema trazido pelos pacientes nos
atendimentos terapêuticos ocupacionais, é a pouca ou nenhuma aceitação no
convívio familiar por parte de seus familiares, onde, por muitas vezes são
abandonados nos leitos dos hospitais e, é observado um número considerável de
pacientes que não são visitados por seus familiares com aciduidade.
Deve-se isto sem dúvidas a falta de informações apesar dos esforços
dos governos Estaduais e Municipais com informativos a respeito da doença e
suas formas de contágio. Contudo, a forma muitas vezes com que a doença
aparece em um membro da família trás consigo um rastro de medo, não no início,
mais pela metade do processo evolutivo da doença, como pode ser visto na figura
número 2 abaixo, onde já com o processo evolutivo bastante avançado, este
processo deu-se inicialmente com atrofia e paralisia das musculaturas pelo
acometimento do nervo ulnar seguido do nervo radial, e com a demora no
diagnóstico acelerou o processo para o nível crônico.
As famílias tendem em abandonar a maioria dos portadores, devendose isto também ao fator econômico que na maioria das vezes está intrinsecamente
associado ao meio onde o bacilo costuma agredir e somar para o diagnóstico da
doença, pois os portadores são em sua maioria pessoa de poder aquisitivo baixo e
comprometido com os níveis saudáveis de educação e saúde pública
(promiscuidade).
18
Tratar o paciente de hanseníase é mais difícil do que pensa, pois tratar
desta moléstia é algo muito complexo e difícil, de certa forma, vendo por este
prisma, o tratamento não se trata de ser apenas medicamentoso.
É preciso está atento aos sintomas apresentados pelo paciente,
sintomas esses não apenas os físicos, porém, também os psicológicos.
Fatalmente, o paciente é prejudicado na relação familiar pela falta de
aceitação da patologia no meio familiar e da referência de um convívio
psicologicamente saudável, sendo assim, não é raro encontrar pacientes
emocionalmente perturbados ou mesmo doentes (somatização). Em meio a
exclusão da base meio nuclear, entregam-se a doença ou a somatização desta ou
mesmo a degradação social de si próprio com a opção por drogas e violência.
O silencio na entrevista pode ser um sinal de algo que pode esta
perturbando o indivíduo, estar atento a isto significa muitas vezes minimizar ou
resolver grandes questões para o paciente debilitado por algo que o incomoda
naquele momento. A cultura da vergonha normalmente vai está intrinsecamente
associado no portador, isto pela história do estigma que envolve a moléstia.
Dentre os problemas apresentados pelos portadores de hanseníase,
um dos que mais trazem dificuldades para o homem em relação a sua sexualidade
é o que se conhece por orquite. A vergonha de verbalizar os problemas
desenvolvidos pela orquite na relação sexual é um dificultador para se detectá-la e
tratar a tempo com o objetivo de minimizar os danos trazidos por esta patologia,
como já citado, os bacilos agridem os nervos periféricos, esta agressão leva a
perda de sensibilidade às partes correspondente pela enervação, como, por
exemplo, um determinado músculo, ou órgão. No caso da orquite que se
caracterizada pela inflamação dos testículos, fica difícil e chega ser vergonhoso
para verbalização para um grande número de pacientes homens portadores do
bacilo de Hansen.
A inflamação dos testículos na orquite, leva a diminuição da
sensibilidade do pênis leva-o a dificuldade de ereção, consequentemente há o
aumento da baixa-estima com a possibilidade de um certo descontrole na relação
19
sexual. A crise no casamento é quase sempre certa e, com isto é instalado na
díade um conflito, e este assunto o paciente normalmente se fecha a comentários
com o profissional de saúde. Aborda-lo a este respeito é de suma importância
quando isto esta ocorrendo entre os dois.
20
3. O TRATAMENTO CLÍNICO TERAPÊUTICO
3.1. Plano de tratamento
A Terapia de família surgiu no movimento antipsiquiatria, que teve seu
início na Itália com os esforços de Franco Basaglia. Ela aparece determinante no
tratamento de inclusão social do indivíduo desvinculado do meio familiar.
O atendimento torna-se importante no tocante as duas partes, ou seja,
paciente e família e junto ao terapeuta forma a tríade necessária para o desenrolar
dos segredos em busca de soluções conforme a necessidade do paciente, isto em
relação ao conflito vivido. Onde o terapeuta estará imbuído em inserir o indivíduo
ao contexto familiar, para isto o atendimento individual e grupal é de suma
necessidade para adequação do indivíduo ao meio que pertence.
Quanto aos conceitos e métodos da terapia de família, em sua forma
teórica tem o objetivo de buscar no atendimento uma abordagem sistêmicametodológica de forma a garantir:
• A interpretação da realidade do sujeito, de modo que tal aplicação possa
ultrapassar o contexto familiar, tal como, a área de educação e profissional, ou
seja, escola e trabalho.
• Terapeuta deve perceber e pesquisar o contexto social a que pertence o sujeito,
e que influência este mesmo contexto exerce sobre a família em foco ou
mesmo o próprio paciente em seu consultório: como, onde, de que forma vive,
isto é, saber qual a dinâmica familiar a que o paciente é submetido no contexto
familiar.
• Dentro este contexto perceber que relação existe entre os membros, permitir
que o processo terapêutico seja entre o terapeuta e seu paciente, porém,
permitindo que seja aplicável ao sistema familiar.
o Explorar alguns níveis sistêmicos:
21
•
Manifestações não – verbais (possui natureza somática ao nível de corpo
quanto a sua linguagem (as esculturas presente e futuras)
• A especificidade do indivíduo - cada membro da família tem sua própria visão,
dentro de seu ponto vista quanto a sua realidade e a realidade do outro, por
meio de sua necessidade e emoções; e poderá apresentar opiniões contrárias
à dos demais membros, pois estará verbalizando sua forma de ver e entender
as coisas relacionadas à dinâmica de sua família, daí, não resta menos dúvida
que pode gerar e fazer surgir muitos conflitos este ponto de vista, a forma de
ver de cada um e, esta forma de interpretar as coisas além de poder ser um
dos grandes geradores de conflito também será o ponto de partida para
solução do próprio conflito em questão dentro da dinâmica familiar assim
como, todo problema apresentado pela família, onde o terapeuta deve estar
atendo a cada verbalização, para isto, o atendimento deve abranger
vigorosamente todo o sistema familiar.
• Os mitos familiares – trata-se da lealdade aos mitos familiares, é uma relação
de mistérios e segredos, um deposita no outro o que quer que o outro seja ou
que o outro faça, é um fato comum a unidade familiar, e que, podem se
apresentar associado a ‘’fantasmas de ruptura’’ que remetem a uma história
trigeracional. Dentro deste entendimento encontra-se o conceito de projeção,
onde e um deposita no outro o que quer que o outro seja, e quando isto não
ocorre vem à decepção e o fim do relacionamento, ainda, também visto por
outro prisma, temos a história da hanseníase que trouxe e teceu com o tempo
um rumor de preconceito e dor para os portadores da moléstia. Qualquer grupo
familiar inicia-se com seus mistérios e, a investigação do terapeuta deve se
prender nos fatos iniciais inerentes ao início do grupo familiar, obtendo-se
assim a chave do mistério e consequentemente a solução dos conflitos
compartilhada com o grupo familiar.
22
Com este ‘’modelo terapêutico de linguagem analógica e metafórica5’’ e
a direta participação do terapeuta, tenta-se explorar e ativar os recursos criativos
do sistema familiar.
Na construção do ‘’processo terapêutico dá-se a relação terapeuta –
paciente, onde se constrói vínculo que sucessivamente possibilitara ao terapeuta
formalização das abordagens futuras no processo terapêutico, pois segundo
Batison, o encontro terapêutico tem lugar na confrontação de duas epistemologias:
a da família e a do terapeuta’’6. Enquanto que a da família define-se linear, rígida e
de forma quase sempre estereotipada da realidade, a do terapeuta ‘’eficaz’’ e com
a capacidade de reorganizar os contratos propostos pela família.
A desestrutura na relação causada por uma moléstia, seja a
hanseníase aqui em foco ou qualquer outra doença, vai causar desequilíbrios no
sistema familiar, seja pelo abalo na descoberta do diagnóstico de um membro
adoecido, seja pela falta de informação ou aceitação desse membro no meio
familiar, deste que haja presença de desequilíbrio na comunicação no meio
familiar, o paciente será elegível para atendimento tem terapia de família quando
pela procura do paciente os cuidados do terapeuta.
Partindo do princípio de que toda forma de comunicação é importante
para se estabelecer o primeiro contato, ou seja, o vínculo, é importante, portanto,
que o terapeuta observe todos os aspectos possíveis que estarão presentes nos
primeiros atendimentos.
É importante, para isto, que o terapeuta esteja atento, por exemplo, aos
fenômenos agudos chamados impropriamente de episódios reacionais que podem
ocorrer na evolução crônica e estão relacionados com o campo imunológico do
paciente.
Há um caso reacional que é marcante chamado neurite hansênica. A
neurite ocorre no paciente com comprometimento neurológico e sem sinais
cutaneos de episódios reacionais, neste caso, a neurite se desenvolve sem causar
5
6
Fonte: ELKAIN, Mony. Panorama das Terapias Familiares. Volume 2. Summus editorial. (pag. 302).
Fonte: ELKAIN, Mony. Panorama das Terapias Familiares: Volume 2. Sommus editorial. (pág. 303).
23
dor, correspondendo à neurite silenciosa. Por conta deste silêncio sem dor, o
paciente passa a desenvolver paresia e perda de sensibilidade, vindo a perceber
muitas vezes tardiamente.
Atualmente a doença pode ser tratada e tem cura, porém o trajeto de
sua história produziu no seu início a marca da discriminação e grande tristeza nos
portadores
da
moléstia,
condenando-os
ao
isolamento
e
abandono,
descaracterizando-os de sua cidadania e sociabilidade e, consequentemente ao
total isolamento social.
Ainda hoje se percebe esta ocorrência com o longo afastamento do
sujeito do campo de trabalho pelo fato da doença ser contagiosa e causadora de
deformidade, e são impotencialmente liberados de suas funções e obrigações. As
complicações da moléstia, o afastamento do indivíduo de suas funções e a
dificuldade de adequação ao meio familiar é em suma um grande problema para o
bem estar e convívio do indivíduo. Para tanto, cabe ao terapeuta responsável pelo
tratamento do paciente o resgate do bem estar, da vida profissional familiar e
lazer.
As paresias e paralesias são uma constante nos casos de hanseníase
nos comprometimentos dos nervos periféricos. O comprometimento motor a essas
partes do corpo deve ser examinado com avaliação de força muscular, desta
forma é importante implementar junto ao programa de tratamento atividades que
visem trabalhar os déficits motores e sensitivos, para tal fato as atividades devem
ter o objetivo de trabalhar amplitude de movimento que vão evitar ou inibir as
retrações das partes moles com utilização de movimentos ativos e passivos que
facilitarão a produção de líquido sinovial, esses movimentos usando as posições
de extensão e flexão estará facilitando manutenção do tônus muscular que neste
caso evitará ou reduzira complicações incapacitantes funcionais, que de certa
forma
estará
preservando
aparecimento de deformidades.
os
movimentos
normais
desfavorecendo
o
24
As atividades utilizadas no tratamento dos portadores de hanseníase
podem ser diversas, isto de forma que possam favorecer o ganho de força,
aumento de amplitude articular, diminuição das atrofias, principalmente nos
membros inferiores e superiores, contudo, as atividades devem favorecer a
melhorar do quadro apresentado, minimizando os problemas que surgem com os
com os quadros reacionais na hanseníase.
FIGURA 2: ATIVIDADE PARA GANHO DE FORÇA MUSCULAR7
A figura 3 acima mostra um tipo de tratamento com massa terapêutica
para manter integras as articulações da mão direita, a fim de manter a
mobililidade, uma vez que a mão e o braço esquerdo na foto mostra claramente o
comprometimento do membro por completo, num caso reacional.
São esses e muitos outros sintomas da doença que estarão atingindo e
causando nos indivíduos portadores de hanseníase problemas emocionais
diretamente na psique.
Quanto à hanseníase a parte médica vai combater o bacilo com o uso
de quimioterápicos, a fim de minimizar os danos á saúde física do portador, esse
indivíduo precisa falar, verbalizar a respeito de si.
7
Fonte: acervo do autor.
25
Muitas vezes um sintoma apresentado pelo paciente pode ser uma
tentativa de situar-se no mundo, ou seja, uma tentativa de alertar a sua família ou
a outros, que alguma coisa nele não vai bem, pois, uma percepção pode não ser
da realidade de todos, a percepção é subjetiva, isto é, individual.
Portanto será muito importante que ao formalizar um plano de
tratamento, que levemos em consideração observar o sintoma do indivíduo como
saúde e não como doença.
Na maioria das vezes, o indivíduo em tratamento médico, após duas ou
três semanas apresenta cura da hanseníase, contudo, alguns pacientes vão
apresentar os chamados casos reacionais como já citado anteriormente, em dado
momento os pacientes chegam ao consultório assustados e confusos relatando ao
terapeuta:- ‘’Dr. o médico me disse que eu estava curada e agora estou doente
outra vez, veja o que saiu em minha pele’’
Este é o momento em que os pacientes costumam desenvolver vários
tipos de problemas relacionados à psique.
Em sua maioria, os pacientes tendem a ter vergonha pelo o que as
pessoas podem dizer a seu respeito por ser portador. Onde a própria historia da
hanseníase deixou claro no decorrer dos tempos. Isto fica bastante claro quando
um paciente ressalta o desejo de uma cirurgia plástica para reconstrução de uma
parte de seu corpo transformada pela ação do bacilo. Entende-se por outro lado,
que os pacientes ao sofrer o contágio, em sua maioria não têm conhecimentos
suficientes para se afastar de seu meio familiar por medo da transmissão do
bacilo, apesar de um certo número pouco expressivo tenha relatado, preferir se
afastar para não contaminar os demais de seu meio, contudo, na maioria das
vezes se afastam por ser repelido pelo meio, uma vez que as pessoas manifestam
o medo pelo contágio.
A decisão da família em separar o doente de seu meio, causa sem
margens de dúvidas um trauma indiscutível a psique, de forma que o meio sempre
esteve intrinsecamente envolvido nas relações entre os homens. A relação
26
psíquica se estabelece com a genética e origina a relação entre os homens.
Desde modo, dependendo da relação entre os membros da família haverá uma
construção saudável na questão psíquica, pois, segundo Freud, é na relação que
se constrói o psiquismo.
Então se conclui, que havendo uma relação de pouco entendimento e
aceitação do membro adoecido no meio familiar, a decisão em suma é pela
internação do doente em um hospital, ou seja, a separação do sujeito de seu
meio. Deve-se, contudo levar em consideração que a doença hoje tem cura e
pode ser tratado o paciente sem a necessidade de separá-lo do meio familiar ou
profissional, mesmo assim por medo de ser repelido o portador se proibi de
comentar sobre ser portador com amigos e até familiares distantes.
O homem é sobre determinados não só geneticamente o que é
importante é que por mais que há semelhança no corpo do homem quanto a
semelhança da doença, sobre tudo que é dito sobre seus males e sua cura,
sempre haverá um abismo entre tudo isto. O homem escuta procura entender,
porém, interpreto com vários sentidos, ou seja, conforme suas possibilidades, isto
é, a forma com que se baseou a formação de sua psique é que estarão
sobrejulgando tais questões.
O homem se constrói psiquicamente por parâmetros de quem os criam.
Uma só coisa não sobre determina, mesmo que o meio não seja
propício, se o sujeito faz sua escolha sem dúvida foi o meio que influenciou a
escolher, porém, a escolha em si, o desejar, parte do sujeito é que escolhe, isto,
conforme o meio lhe propicia as escolhas. Há uma construção na relação.
Há uma patologia decorrente da ação do bacilo que é um caso
reacional chamado de orquite (inflamação nos testículos).
O paciente com orquite é um sujeito triste, silencioso, pensativo e em
algum momento fala sobre o humor de sua companheira e da família no
relacionamento familiar, ele tenta dar pistas para que o terapeuta perceba o que
está ocorrendo na vida relacional.
27
Em suspeita de orquite, cabe ao terapeuta ocupacional ou ao terapeuta
de família montar um plano de atendimento ao paciente. Na primeira entrevista
esta patologia pode não está presente, porém, com os sucessivos casos
reacionais, no homem ela poderá esta surgindo e sendo percebida nas relações
sexuais com perdas da sensibilidade nos momentos de penetração; a falta de
sensibilidade, tumescência, em fim, há uma falta de completa ereção do pênis, o
que prejudica claramente uma dificuldade para penetração.
O plano de atendimento deve seguir de entrevista individual com
abordagem sutil sobre o assunto, pois há uma dificuldade para verbalização
nestes casos. Lembro-me ainda de um atendimento ao paciente M.R.S. todas as
vezes que comparecia ao atendimento rotineiro de ambulatório, o notava sempre
cabisbaixo e silencioso, ao conversarmos nunca olhava o terapeuta de frente,
sempre de lado, respostas com poucas palavras. No meio do atendimento,
perguntei-lhe: - como estava o relacionamento dele com sua esposa, se tudo
estava bem, e se ela compreendia seu momento de doença, suas dificuldades etc,
ele fez uma pausa e começou verbalizar e conseguiu naquele momento
exteriorizar todo seu pesar pela dificuldade de manter relação sexual com ela.
Disse ele: - ‘’ Dr. ela me cobra muito, porque eu não a procuro na cama, parece
que ela não entende que eu tenho sentido muitas dores nas pernas, e na verdade
eu não tenho conseguido ficar com o pênis ereto para poder ter condição de
penetração’’. Perguntei-lhe se já havia falado a respeito com o médico que o
atende, respondeu-me que não, alegando que nunca foi perguntado nada a
respeito disto, se sentindo constrangido em tocar no assunto.
Todo o atendimento sobre a doença ou descobertas de algo a respeito
deve ser anotado na folha de evolução do paciente, a busca de evidências
possibilita a formação de um programa de atendimento terapêutico claro e eficaz.
Em seguida após o atendimento individual dar-se início ao atendimento com o
casal caso seja necessário. Pois, são as partes interessadas, isto é, marido e
mulher.
28
A falta de humor e a insatisfação são também predominantes para levar
ao surgimento de conflitos no meio familiar, desta forma havendo necessidade
também os filhos podem ser envolvidos na terapia de grupo, a fim de minimizar os
problemas que envolvem a prole.
O atendimento de grupo nestes casos deve ser com encontros entre
casais com os mesmos problemas ou semelhante. As atividades previstas no
atendimento devem ser na forma de encontros com previsão da atividade
propriamente dita como:
•
Café da manhã; para ‘’bate papo’’- nesta atividade os próprios
componentes devem tratar entre si o que cada um irá trazer no
próximo encontro e eles montam a mesa e o café, servem-se
entre si. O terapeuta em dado momento dá início fazendo
abordagens necessárias para o desenrolar dos emaranhados
que perpassam nas relações dos componentes do grupo;
•
Dia do aniversariante – da mesma forma deve ser esta
atividade;
•
Amigo oculto – deve seguir da mesma forma com as trocas de
presentes;
•
Baile dançante;
Também o terapeuta fará atendimento extra muro como:
•
Almoço;
•
Jantar;
•
Visita a teatro, visita a museu, workshop de fim de semana
para o aumento da satisfação sexual, com a finalidade de
instruir os participantes nos métodos de auto-ajuda e de
educação sexual.
No programa de tratamento para dificuldades apresentadas pelo
portador de hanseníase com orquite ou qualquer outro tipo de danos, pois, na
29
questão em foco, trata-se de um problema físico, contudo, o portador de
hanseníase também poderá esta apresentando problemas de sexualidade pelo
lado emocional e psicológico.
O terapeuta deve montar o plano de tratamento compatível com as
possibilidades de reabilitação, com o sentido de habilitá-lo a uma nova
possibilidade para que descubra por si só formas de resolver ou minimizar seus
problemas com a sexualidade, para tanto o tratamento deve ser permeado de
estratégias com os seguintes objetivos terapêuticos:
•
Compreender e controlar as modificações fisiológicas sofridas
pelo paciente com orquite;
•
Considerar os aspectos de natureza emocional e o conceito de
sexualidade do paciente;
3.2. Condições gerais para reabilitação do paciente com
orquite
O profissional deve isentar-se de preconceitos sexuais, tê-lo como
patético, infeliz ou improdutivo, isto é, não ter uma visão estereotipada em relação
ao paciente que venha apresentar ulguma deficiência física, emocional ou
neurológica e os resultados destas em seu estado físico.
3.3. Atendimento terapêutico a esta clientela
No primeiro atendimento individual o terapeuta deve deixar o paciente à
vontade de forma que possa verbalizar tudo que desejar, isto é, expor todos os
seus anseios, contudo, o setting terapêutico deve ser apropriado para este fim,
para que possibilite a promoção de vínculo.
30
No segundo atendimento que também dever ser individual é de suma
importância que seja revista à conduta sexual do paciente antes de ser acometido
pela hanseníase, isto não significará apenas rever como era o ato sexual em si
praticado pelo casal, ou seja, não só o ato. Deve-se saber no atendimento através
do paciente as modificações da possível resposta sexual para que se tenha a
possibilidade de lançar mão dos recursos disponíveis para que venha facilitar a
reabilitação do paciente em questão, tendo como ponto de partida o saber de que
o homem é um ser eminentemente práxico e que o recurso maior utilizado para
reabilitação humana é o uso de atividade.
Para tanto, segundo MAIOR, Isabel Maria Madeira de Loureiro, em seu
livro de reabilitação nas questões de paraplegia e tetraplégia explica que:
‘’O sexo é um impulso primário – subcortical, modulado por
influências corticais normalmente inibitória que determina a
ocasião, o modelo e a intensidade da manifestação sexual.
Ato sexual é o comportamento assumido envolvendo as
áreas erógenas secundárias, jogos preliminares, contato
corporal e a relação genital. Sexualidade corresponde à
soma de impulso sexual, ato sexual e todos os aspectos da
personalidade
relacionamento
envolvidos
interpessoal:
na
comunicação
diálogos,
e
atividades
no
e
interesses partilhados e outras formas de comportamentos’’.8
A relação interpessoal está intrinsecamente relacionada de como este
sujeito (paciente) se relaciona com mundo, ou seja, que vivencia este paciente
trás em si, isto dez respeito ao toque, afeto, isto é, envolve diretamente as atitudes
e comportamento consigo próprio com os outros, em fim com o mundo que o
8
Fonte: MAIOR, Maria Madeira de Loureiro. Reabilitação Sexual do paraplégico e Tetraplégico. Rio de
Janeiro: ed. Revinter, 1988.
31
cerca. Assim sendo, entende-se de que a reabilitação vai depender de uma gama
de possibilidades do próprio paciente: como ele vê e se relaciona com o mundo.
Na reabilitação sexual o terapeuta deve proporcionar um ambiente
calmo e tranqüilo de modo que o paciente possa ampliar o leque de experiências
sexuais para alcançar novas maneiras de alcançar a satisfação sexual fugindo dos
conceitos antigos de que sexo é errado ou um pecado entre os homens como era
pregado por nossos avós de forma um tanto arcaico: normas sociais e valores
culturais, de modo a rever os hábitos sexuais adaptando-se a novas possibilidades
e lançar mão de dispositivos auxiliares se for necessário.
As normas e os valores sociais de cada um dever ser respeitado pela
equipe que atende, contudo, desmistificar os mitos familiares que nos
acompanham de geração em geração pode ser uma forma terapêutica de somar
ao tratamento.
É de suma importância que todo atendimento em reabilitação ou
habilitação sexual a essa clientela seja de uma forma interdisciplinar, pois, uma
equipe de reabilitadores trabalhando juntos em prol do paciente apenas somará
para um restabelecimento rápido e tranqüilo, assegurando a eficácia do
tratamento clínico terapêutico. Neste contexto poderá está fazendo parte da
equipe terapêutica: terapeuta ocupacional, terapeuta de família, psicólogos,
assistente social, fisioterapeuta, clínica médica, dermatologista e outras se forem
necessários será pedido através do pedido de parecer conforme a necessidade
clínica do paciente.
Como explicado acima, o uso de outros profissionais é muito importante
nestes casos, pois no intercurso sexuais grandes problemas podem surgir e tendo
também na equipe profissionais com capacitado para intervir como conselheiro
sexual, muitos problemas podem ser diminuídos com esta ação, pois, a educação
sexual e aconselhamento de um profissional podem estar somando junto à equipe
com possível possibilidade básica para o tratamento na reabilitação do paciente
com o objetivo de prevenir os conflitos e discutir de forma clara a sexualidade, isto
sem margens de dúvidas ira derrubar os falsos conceitos acerca da sexualidade
32
que o paciente, ou o casal por ventura tenha em relação ao próprio sexo
deficiente, conceituando o uso destas atribuições o paciente poderá reduzir a
ansiedade e amplia a confiança e aceitação das novas formas de comportamentos
sexuais.
As possibilidades residuais do paciente devem ser cogitada neste
momento de forma a reafirma seu papel na díade e, em fim na vida global.
Os problemas que interfere na vida sexual do casal devem ser
examinados e avaliados pela equipe a fim de proporcioná-los o alivio das tensões
pré-existente ao ato sexual e tentar ao máximo possível diminuir a ansiedade para
facilitar a busca do prazer e somar para comunicação entre o casal e a família de
modo geral.
Com enfoque na interação do casal, proporcionar o entendimento e a
busca de suas possibilidades para elucidação dos problemas através de quadros
explicativos que visem ajuda a eliminar o estigma que se tem sobre a hanseníase
e os resultados no indivíduo da orquite com as dificuldades sexuais muito óbvias,
com isto, eliminar a culpa como foco central no transtorno relacional do casal que
gera o conflito na relação sexual para estabelecer o papel igual das necessidades
e responsabilidade de ambos os parceiros no coito.
Um dos órgãos dos sentidos que deve ser estimulado neste tipo de
atendimento é o tátil, pois, incentivar o uso habitual do toque como ato preliminar
para ativar os corpúsculos responsáveis pelas sensações e sensibilidades
necessárias ao ato sexual propriamente dito, pois, é de suma importância para
busca do prazer.
Os problemas decorrentes da agressão do bacilo aos nervos periféricos
vão estar envolvendo diretamente o psicológico do sujeito e com isto trazendo
dificuldades ao tratamento.
O uso contínuo de um tratamento terapêutico com o grupo de ajuda irá
minimizar os danos causado a psique e incentivar no grupo a busca de novas
possibilidades na vida relacional do casal e da família com o aumento da
satisfação.
33
No
passado,
antes
da
terapia
sexual
tornar-se
especialidade
terapêutica, havia uma grande procura na consulta de livros e manuais, uma
minoria por curiosidade e em sua maioria para buscar uma possibilidade de
sugestões para acrescentar uma maior gama de prazer sexual. Essa fonte de
informação eram escritas nos manuais de casamento. Neste período um dos mais
populares era dos maiores Ideal Marriage (1930), escrito pelo ginecologista
holandês Van de Velde, que foi possibilitado através dos resultados pelos recémcasados.
O problema enfocado não é tão simples como ler um livro ou um
manual que ensina como o casal deve se comportar na noite nupciais ou no
decorrer de toda vida sexual no casamento, contudo, os livros e revistas
conceituadas com entrevistas e colocações experiências científicas podem
orientar qualquer paciente, porém, o atendimento e a supervisão de um tratamento
continuado é necessário para os pacientes portadores de uma deficiência neste
âmbito, pois os problemas relacionados à psique, só um profissional pode dar
conta para o tratamento terapêutico com o uso de seus métodos e práticas
terapêuticas.
A inserção do paciente em grupos de auto-ajuda, composto por
pessoas que já passaram problemas idênticos ou parecidos, como, por exemplo,
pacientes paraplégicos que participaram de reabilitação sexual com terapia e
mesmo os de orquite já tratados em terapia facilitará entender as dificuldades
vivenciadas e facilitará o tratamento.
Hoje, temos uma explosão literal em livrarias e bancas de jornal em
todo país com manuais sexuais que fornecem ilustrações gráficas com incentivo
para o experimento.
Mesmo os livros destinados à auto-ajuda com toda as possibilidades de
facilitar o experimento sexual com o objetivo de superações individuais, não se
sabe cientificamente se há ou não redução nas disfunções sexuais das pessoas
que experimentaram o uso pessoal das matérias, isto por falta de pesquisa nesta
área.
34
3.4. A especificidade na intervenção pela Terapia de Família na
hanseníase no olhar da Terapia Ocupacional.
No uso de suas atribuições a Terapia Ocupacional define-se como, o
uso terapêutico de atividades. Essas atividades estão relacionadas diretamente
com os cuidados pessoais, o trabalho e o lazer, e tem como objetivo dentro destes
contextos
o
aumento
das
funções
independente
a
fim
de
ampliar
o
desenvolvimento humano e prevenir incapacidade. Também em suas atribuições
está a adaptações do indivíduo ao ambiente conforme suas impossibilidade ou a
adaptação do ambiente conforme as necessidades do indivíduo para o aumento
da qualidade de vida com máxima independência.
A Terapia Ocupacional providencia atividades dirigidas, onde a
providência
e
seleção
dos
procedimentos
são
realizadas
conforme
as
necessidades do paciente e a prescrição é de competência do terapeuta
ocupacional.
Dentro de sua especificidade a Terapia Ocupacional de propõem em
desenvolver atividades que possam estar proporcionando as possibilidades de:
•
Prevenir e / ou reduzir complicações e incapacidades funcional das
mãos, nos pés e nos olhos através de orientações e confecções de
palmilha, barra metatarsiana, calhas gessadas e órteses, conforme a
necessidade de cada caso e com os devidos cuidados técnicos.
A figura abaixo mostra um exemplo do uso de uma órtese dinâmica
para nervo ulnar e mediano que pode ser utilizada na prevenção de deformidades
e contraturas nas retenções interfalangianas
35
Figura 03: Órtese dinâmica9
• Através do tratamento e estímulos orientar o paciente a proteger os pés,
mãos e olhos insensíveis, manter a pele úmida e flexível, conservar as
articulações móveis, manter os músculos tonificados. O terapeuta
ocupacional deverá implementar junto ao programa de tratamento
atividades que visem estimulação sensorial, aumento da força muscular
para o caso de paresia, como também facilitará o aumento da massa
muscular e estimulação a produção de líquido sinovial.
•
Preservar o máximo possível os movimentos normais das mãos e usar
com segurança suas mãos, pés e olhos no trabalho e atividades da vida
diária.
3.5. Proposta de tratamento pela Terapia de Família no olhar da
Terapia Ocupacional.
Quanto ao terapeuta de família a postura em sua prática será a de
provocar ou incentivar o surgimento dos aspectos envolvidos na dinâmica da
família, observar o ''tempo cronológico'' que cada membro da família necessita
9
Fonte: acervo do autor.
36
para receber e observar as informações da sessão, proporcionar momentos de
dialogo entre os membros da família, isto se refere à dinâmica em si.
As atividades como forma de tratamento tem como objetivo prevenir ou
minimizar os resultados dos diversos processos nos casos reacionais e agressivos
na dinâmica familiar decorrente do processo da doença, buscando recuperar a
dinâmica
familiar
de
forma
favorável
para
o
membro
adoecido,
isto,
proporcionando que o membro adoecido descubra por si só as possibilidades
existentes com o decorrer da dinâmica, pois, em torno do processo normal da
doença há uma dinâmica desfavorável em relação à família que muitas vezes por
falta de informação torna-se também uma dificultadora da adequação do portador
a uma nova situação quanto a sua possibilidade de estar vivenciando novas
habilidades para seu cotidiano que facilita sua adequação a uma dinâmica familiar
e pessoal mais gratificante, seja no caso da orquite ou de qualquer deficiência
física causada pela ação do bacilo.
O terapeuta estará funcionando como facilitador das possibilidades do
sujeito no uso de suas atribuições em todo o processo terapêutico no tratamento
do portador de hanseníase e promoção de uma dinâmica familiar para adequação
do seu paciente.
37
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatamos que a abordagem precoce nos casos de neurite
hansênica pela Terapia Ocupacional é de suma importância para impedir que o
paciente
portador
de
hanseníase
seja
acometido
por
incapacidades
e
deformidades decorrente da ação do bacilo, principalmente nos casos reacionais,
antes, durante e após o tratamento quimioterápico.
Nas bibliografias pesquisadas e na vivência de estágio, foi possível
perceber o quanto é extremamente importante à intervenção pela Terapia de
Família o mais precoce possível com o uso de dinâmicas, o uso das técnicas da
Terapia Ocupacional associada às técnicas em dinâmicas terapêuticas é de muita
valia para criação de possibilidades que visem proporcionar uma melhora rápida
para conseqüências advindas dos casos reacionais.
Contudo, é necessário que a equipe responsável pelo atendimento, seja
de uma postura interdiciplinar e ou multidiciplinar com o objetivo de um tratamento
paralelo, quando necessário à equipe deve sugerir um parecer com pedido de
avaliação e conduta pela Terapia de Família nos casos de dificuldades de convívio
apresentadas pelos portadores em relação às dinâmicas familiares, pois, a
recuperação é mais rápida e os comprometimentos e as deformidades
incapacitantes são em muito evitadas. Neste caso, a equipe terapêutica estará
anteriormente prevenindo a evolução de casos crônicos que poderiam se instalar
trazendo danos muitas vezes irreparáveis para o corpo por tais deformidades, e
que posteriormente iriam trazer comprometimentos para as funções psíquicas do
sujeito portador de hanseníase, devido aos déficits perceptivos que poderão
agredi-lo exacerbadamente.
O tratamento no entendimento interdiciplinar vai estar possibilitando
uma abordagem tanto físico quanto emocional num processo de criação livre com
afirma Lizete Ribeiro Vaz.
38
Neste contexto claro e objetivo a intervenção terapêutica Terapia
Ocupacional faz valer sua importância e ação terapêutica ocupacional na neurite
hansênica.
Observa-se que nos casos tardios para tratamento a ação do bacilo de
Hansen deixa seqüelas e causam deformidades e vão gerar para o paciente
algum tipo de incapacidade, a equipe terapêutica vai estar implementando
programas de tratamento viabilizando a recuperação ou manutenção do quadro
existente para o bem estar do paciente, no que diz respeito à recuperação
funcional na tentativa de inseri-lo ao mercado de trabalho. Fazendo com isto
retornar ao sujeito sua auto - estima, e com participação atuante na vida familiar e
social, ou seja, numa esfera biopsicosocial aumentar a expectativa de vida
fazendo do sujeito portador de hanseníase um ser produtivo e capaz.
39
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DUERKSEN, Frank & VIRMOND, Marcos. Cirurgia Reparadora e Reabilitação
em Hanseníase. 2º. Bauru: ALM Internacional, 1997.
LEHMAM, Linda Faya et alli. Avaliação Neurológica Simplificada. 2ª ed. Belo
Horizonte: ALM Internacional, 1997.
LEHMAN, Linda Faia et alli. Manual de prevenção de incapacidade. 2º ed. Brasília:
setor de autarquia Sul - Quadra 4, Bl.N, Sala 514,2001.
RODRIGUES, Acácia de Lurdes et alli.Manual de Prevenção e Incapacidades
2 ed. Brasilia: MS / FNS. 2001.
ROHEN et alli. Anatomia Humana: atlas fotográfico de anatomia sistêmica e
regional. 4º. Ed: São Paulo, 1998.
ROMRELL, Lynn J. Anatomia Humana. 4° ed. Manole: 1998.
VAZ, Lizete Ribeiro et alli.A paixão de Imaginar com as Mãos. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Cultura Médica, 1993.
MAIOR, Isabel Maria madeira de Loureiro. Reabilitação Sexual do Paraplégico e
Tetraplégico. Rio de Janeiro: Revinter, 1988.
ELKAIM, Mony. Panorama das Terapias Familiares. 1º.Volume. Summos.
ELKAIM, Mony. Panorama das Terapias familiares. 2º.Volume. Summos.
40
ANEXO
41
ANEXO 1
Teste de sensibilidade e força muscular
42
Figura 4: Figura 4: teste de sensibilidade10.
Figura 5 teste de força muscular11.
10
Fonte: acervo do autor.
11
Fonte: acervo do autor.
43
GLOSSÁRIO
(Hansen)
Percepção: é o registro cerebral das sensações e implicam em vivência,
experiência, codificação e decodificação dos instintos.
Sensação: é o trajeto de um estímulo do seu ponto onde foi aplicado até o córtex
cerebral ou agamedular.
Deficiência. Perda ou anormalidade de fundo psicológico, de estrutura anatômica
ou função.
Discapacidade. Restrição ou perda da capacidade de realizar uma função e que
está relacionada a uma deficiência.
Desvalia: desvantagem gerada pelo resultado de uma deficiência ou incapacidade
que limite o sujeito de suas funções sociais.
Neurite hansênica - processo inflamatório de um nervo
Teste de baciloscopia - teste realizada para confirmação da presença do bacilo
no homem.
Tríplice resposta de Lewis – teste realizado com uma gota milesimal de
histamina que é aplicada encima da lesão examinada e na pele normal do
hansênico, onde se perfura a pele através da gota com uma agulha e observa-se
se há a tríplice resposta de Lewis (pequeno eritema devido à ação da histamina
sobre os vasos, o eritema reflexo devido ao estímulo de filetes nervosos e a
pápulas).
44
Iridociclite –processo inflamatório grave que atinge a íris e o corpo ciliar.
Orquite - inflamação nos testículos
Célula de Schuwann - células que formam o sistema nervoso.
Espessamento nervoso - forma rígida que é assumida pelo nervo nos processos
reacionais, são comum aos nervos periféricos dos membros superiores e
inferiores.
Auto-estima – concordância de apreço, afeição por algo, através de estímulos
que podem ser alcançados por atividades terapêuticas ocupacionais.
Distúrbio - ato de disturbar; perturbação.
Seqüela - conseqüência, resíduo de deixado por uma doença.
Massa terapêutica – massas terapêuticas utilizadas pela Terapia Ocupacional
para trabalhar força muscular, onde cada cor representa um grau diferenciado de
força a exercer.
Óleo mineral - material oleoso utilizado para massagem e lubrificação de pele nos
pacientes hansênicos assim como também o creme de uréia.
Amplitude de movimento – movimento livre exercido por um membro de um
ponto a outro.
Flexão - ato de curvar-se ou dobrar-se; curvatura.
45
Extensão - efeito de estender; ampliação; dimensão em superfície.
Facilitar - tornar, fazer, estar disposto, prontificar-se, (o T. O é facilitador).
Possibilidade - qualidade de possível, haveres, capacidade, (O T. O vai conciliar
limites e possibilidade na práxi humana).
Déficit sensitivo - alteração ou diminuição sensitiva.
Déficit motor - alteração ou diminuição para locomoção ou para executar uma
função mecânica.
Alterações de trofismo – alteração no processo de nutrição tissular.
Parestesia - alteração na força de um músculo.
Dor - impressão desagradável ou penosa, resultado de lesão, contusão ou estado
anômalo do organismo ou de uma parte dele; sofrimento físico ou moral; mágoa;
aflição; dó; condolência; remorso; (fig) manifestação de sentimento. A parte
figurada é uma importante observação para Terapia Ocupacional.
Neurite hansênica - inflamação nos parênquimas neurais causada pela presença
do bacilo de hansen.
Paresia - diminuição da força em um músculo.
Úlcera de córnea - lesão do epitélio corneano causado por: ressecamento,
triquíase, traumatismos diversos, corpo estranho, queimaduras químicas e outros.
Paralesia muscular - perda da força muscular.
46
Lagoftalmo inicial - incapacidade parcial para ocluir os olhos pela diminuição da
força do músculo orbicular que é inervado pelo nervo facial.
Lagoftalmo avançado - incapacidade total para ocluir os olhos pela paralisia dos
músculos orbiculares.
Esclerite - processo inflamatório da esclera.
Hepiremia ocular - cor avermelhada nos olhos.
Blefarocalase - excesso de pele na pálpebra superior.
Catarata - opacificação do cristalino.
Conjuntivite - infecção da conjuntiva.
Dacliocistite - infecção do saco lacrimal.
Ectrópio - eversão e desabamento da pálpebra inferior.
Entropia - inversão da margem palpebral superior e/ou inferior.
Glaucoma - aumento da pressão intra-ocular.
Hansenomas - nódulos na área dos supercílios, pálpebras e esclera.
Iridociclite - processo inflamatório grave que atinge e o corpo ciliar são comuns
ocorrer nos processos reacionais da hanseníase.
Madarose - queda dos cílios da região superciliar e/ou ciliar.
47
Pterígio - tecido fibrovascular em forma triangular, temporal e/ou nasal.
Ressecamento da córnea - falha na lubrificação da córnea que pode ser acusada
por: lagoftalmo, ectrópio, trquíase e/ou baixa produção de lacrimal. Diminuição da
sensibilidade da córnea...
Triquíase - cílios voltados para dentro, roçando sobre o globo ocular.
Alopécia - queda de pelos.
Anidrose - ressecamento da pele.
Monofilamento de Semmes Weinstein – conjunto de sete filamentos utilizado
para o teste de sensibilidade, que cede respostas quantitativas de perdas ou
ganhas sensitivos. (vide anexa 1, figura 04).
Grafestesia - capacidade de discriminar textura (tato leve).
Esterognosia - capacidade de reconhecer objetos com a oclusão da visão.
Termoestesia - teste realizado para reconhecimento da temperatura na pele.
Hanseníase – bacilo gram – positivo, acidoresistente, agente da lepra humana.
Lepra - Nome comum do bacilo de Hansen, chamado assim desde os tempos
antigo, hoje chamado por bacilo de Hansen.
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Readaptação – conjunto de medidas tomadas para permitir a um deficiente
mental ou físico de voltar ao trabalho ou encontrar um emprego e, dentro da
máxima possibilidade, de ocupar um lugar normal na comunidade.
Órtese – recurso da Terapia Ocupacional utilizado para otimizar a função de um
certo membro por um curto período de tempo, feito com material termomoldável.
Fase aguda - manifestação sutil de uma doença.
Fase crônica - manifestação de uma doença perseverante, antiga.
Ginecomastia - desenvolvimento excessivo das glândulas mamarias no homem.
Hanseníase - moléstia de evolução crônica, causada pelo bacilo de Hansen
quando em sua forma ativa no transmissor.
Eritema: rubor congestivo da pele, habitualmente temporário.
Eritema nodoso hansênico: aparecimento agudo de pápulas e nódulos.
Recidiva: reaparecimento de novas lesões após remissão anterior.
Mal reacional: caracteriza-se pela persistência indefinida do quadro reacional
antes da remissão completa de outras reações que as precede, são surtos
reacionais subentrantes.
Queratite – inflamação da córnea.
Dorsiflexão - movimento onde o sujeito eleva a parte frontal do pé com a área
plantar do calcâneo apoiada no chão.
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Uveite - inflamação da úvula.
Mal perfurante de pé (MPP) - lesão que se estender a toda área plantar causada
pela anestesia destas áreas pelo acometimento do nervo tibial posterior.
Neurólise - cirurgia de transposição tendinosa.
Contraturas - enrijecimento ósseo articular.
Lesões primárias - são lesões atribuídas ao acometimento do bacilo nos tecidos
ou por processo inflamatórios. Exemplos: alterações nas funções neurais:
sensitivas e motoras; processos inflamatórios: uveite, orquite e outros.
Lesões secundárias - são lesões decorrentes da presença de anestesia do
tegumento ou das alterações das paralesias motoras. Exemplo: úlcera plantar,
anquilose, lagoftalmo, garras...
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INDICE
INTRODUÇÃO......................................................................................7
CAPITULO l.........................................................................................................8
1.1. A hanseníase e seu complicador na vida do portador: um desafio para
próxima década no olhar do reabilitador.............................................................8
CAPÍTULO ll.......................................................................................................16
2.1.
A moléstia e seus danos aos portadores...........................................16
CAPÍTULO lll......................................................................................................20
3.1.
Plano de tratamento..........................................................................20
3.2.
A especificidade na intervenção pela Terapia de Família na hanseníase
no olhar da Terapia Ocupacional....................................29
3.3.
Proposta de tratamento pela Terapia de Família no olhar da Terapia
Ocupacional........................................................................................29
3.4.
A especificidade pela Terapia de Família na hanseníase no olhar da
Terapia Ocupacional..........................................................................33
3.5.
Proposta de tratamento pela Terapia de Família no olhar da Terapia de
Família...........................................................................................35
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................39
ANEXOS.............................................................................................................40G
LOSSÁRIO.......................................................................................................43
ÍNDICE................................................................................................................50
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDA MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO ‘’LATO SENSU’’
Título do livro: uma intervenção na família do portador de hanseníase no
olhar da Terapia Ocupacional.
Autor: Carlos Aleixo Araújo
Professora orientadora: Fabiane Muniz
Data da Entrega: ____________________________________________
Avaliação:
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Avaliado por: _______________________grau____________
Conceito final: ______________________
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