aspectos morfológicos dos insetos

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FUNDAMENTOS BÁSICOS DE ENTOMOLOGIA:
ASPECTOS MORFOLÓGICOS DOS INSETOS
Luciano Pacelli Medeiros de Macedo
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS INSETOS
1. INTRODUÇÃO
Quando o homem surgiu sobre a face da terra, hirsuto e desprovido de
discernimento, ainda mal diferenciado dos antropóides seus primos mais próximos, os
insetos já se apresentavam altamente especializados e evoluídos, mercê de uma enorme
anterioridade de vida sobre o planeta. Isto explica a razão da prática invencibilidade dos
insetos, face aos esforços fabulosos que a humanidade tem empregado, desde as mais
remotas eras.
Os insetos constituem-se no grupo dominante de animais na terra, ultrapassando em
número todos os outros animais terrestres, podendo ser encontrados, praticamente, em
todos os lugares.
Embora muitas espécies de insetos sejam benéficas para o homem, como as abelhas,
o bicho-da-seda, predadores e parasitóides de pragas agrícolas, outras tantas são
prejudiciais,
transmitindo
doenças,
além de
atacarem e consumirem produtos
indispensáveis à sobrevivência da humanidade.
Os insetos são criaturas importantes por uma série de razões:
a) Eles existem na terra há muito tempo, sendo que o fóssil mais antigo registrado até
agora, de um Collembola, data do período Devoniano (cerca de 330 milhões de anos, idade
dos Amphibia). A maioria das ordens de insetos está registrada nos estratos da Era
Permiana (200-240 milhões de anos). A barata comum, por exemplo, pouco difere dos seus
ancestrais fossilizados descobertos em sedimentos que datam do Carbonífero Superior.
b) Os insetos representam cerca de 80% de todas as espécies de animais descritas em todo
mundo. Já foram descritos próximo de 720 mil insetos e milhares de novas espécies são
descritas anualmente, estimando-se que 2-5 milhões de espécies ainda são desconhecidas.
c) Os insetos, como todos os demais seres vivos, acham-se regularmente distribuídos sobre
a superfície do globo, em todas as terras e águas, mostrando maior densidade populacional,
através da faixa compreendida entre os dois trópicos.
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- Insetos têm sido encontrados em cavernas subterrâneas e um cupim foi capturado a
uma altitude de 5.800 m, por uma armadilha fixada num avião.
- Cerca de 40 espécies de insetos vivem na região Antártica; também não é raro
encontrá-los além do Círculo Ártico. São encontrados, também, no Himalaia, a 6.000
metros acima do nível do mar, sendo abundantes nos desertos, lagos e rios do mundo.
- Nas correntes árticas, as larvas de certos mosquitos permanecem ativas a
temperaturas abaixo do ponto de congelamento da água. Em contraste, nas fontes de água
quente do Parque Nacional de Yellowstone, EUA, existem certas larvas de mosquito que
são ativas e se desenvolvem normalmente a 45-50 0C.
- Certos insetos são capazes de agüentar temperaturas extremas, após perder toda
sua água. Algumas larvas criam-se em poças de água no Oeste da África Oriental, as quais
secam durante grande parte do ano. A larva também pode secar com o barro e sobreviver
num estado de dessecação, com um conteúdo hídrico abaixo de 8%, por muitos anos. Em
contato com água líquida elas se recuperam, caminham e alimentam-se dentro de meia
hora. Neste estado dessecado, a larva pode suportar temperaturas de –190 0C (ar líquido)
por três dias, e 102-104 0C por, pelo menos, um minuto.
- Certos insetos podem suportar variações extremas nas concentrações osmóticas de
seus ambientes aquáticos. Existem larvas que vivem no Great Salt Lake em Utah, EUA,
cuja salinidade é equivalente a 20% de NaCl, podendo sobreviver também em água
destilada, o que mostra uma capacidade osmo-regulatória.
2. O TERMO INSETO E DEFINIÇÕES DE ENTOMOLOGIA
Duas origens são atribuídas ao termo inseto: a primeira, latina, provinda de
insectum, isto é, animal cujo corpo é sulcado ou separado por anéis, em outras palavras,
segmentado; a segunda, do grego entomon, significando sulcado, anelado, portanto,
também com o corpo segmentado.
Da palavra grega entomon, originou-se Entomologia (entomon = inseto e logos =
estudo), empregada para designar o “estudo dos insetos”, numa definição bastante sumária.
Todavia, numa definição mais ampla e, portanto, mais precisa, Entomologia é o estudo dos
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insetos nos seus mais variados aspectos e de todas as suas relações com as plantas, com o
homem e com os animais domésticos.
3. DIVISÕES DA ENTOMOLOGIA
A Entomologia abrange inúmeros campos de estudos, altamente especializados, os
quais podem ser considerados como verdadeiras modalidades ou tipos de Entomologia.
Dessa forma, são as seguintes as divisões da Entomologia:
3.1. Entomologia Morfológica: tratando da forma exterior dos insetos, nos seus
mínimos detalhes.
3.2. Entomologia Anatômica: estudando a organização e a estrutura dos órgãos, bem
como dos apêndices do tegumento.
3.3. Entomologia Fisiológica: ocupando-se com as funções dos aparelhos e sistemas.
3.4. Entomologia Biológica: estudando assuntos relativos à vida, tais como
metamorfose, desenvolvimento, reprodução, ciclo evolutivo, etc.
3.5. Entomologia Ecológica: tratando dos hábitos e habitats e das relações recíprocas
com os demais seres vivos.
3.6. Entomologia Sistemática: ocupando-se com a classificação, identificação e
nomenclatura das espécies.
3.7. Entomologia Médica: estudando os insetos transmissores de moléstias ao homem,
sejam elas de caráter endêmico ou não.
3.8. Entomologia Veterinária: tratando do estudo dos insetos transmissores de
doenças aos animais domésticos, quer em surto isolado, ou em enzootias e epizootias.
3.9. Entomologia Florestal: ocupando-se com o estudo dos insetos nocivos às florestas
naturais ou artificiais.
3.10. Entomologia Paleológica: estudando os ancestrais fósseis dos insetos, como
contribuição ao conhecimento da sua filogenia e, conseqüentemente, da sistemática.
3.11. Entomologia Agrícola: cuidando do estudo dos insetos nocivos ou “pragas” das
plantas cultivadas, seus produtos e subprodutos.
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3.12. Entomologia Toxicológica: ocupando-se com a ação química e física dos
inseticidas, e também dos resíduos tóxicos nos produtos agrícolas.
3.13. Entomologia Química: tratando da descoberta e da fabricação de produtos
tóxicos, usados no controle das “pragas”.
3.14. Entomologia Industrial: ocupando-se com a coleta ou a produção, a exploração
e a comercialização de produtos úteis fornecidos pelos insetos, tais como, seda, mel, cera,
laca, carmim de cochonilha, etc.
4. SUCESSO BIOLÓGICO DOS INSETOS
Das características que contribuem para o sucesso biológico dos insetos podem ser
mencionadas: pequeno tamanho, capacidade de voar, sistemas especializados de
reprodução, adaptabilidade, exoesqueleto e metamorfoses.
4.1. Pequeno tamanho
Embora os extremos de tamanho existentes na Classe Insecta sejam consideráveis, a
maioria deles é pequena. Existem insetos desde 1/5 mm até 150 mm, entretanto, a maioria
deles não chega a este tamanho e, embora não seja possível dar um valor médio, pode-se
dizer que geralmente os insetos são menores que 5 mm. Este pequeno tamanho proporciona
pequenas vantagens:
- Devido ao seu pequeno tamanho eles exigem menor quantidade de alimento para
atingir a maturidade sexual.
- O pequeno tamanho permite que os insetos explorem microambientes que são
inacessíveis a animais maiores.
4.2. Capacidade de voar
A vantagem óbvia é a de permitir dispersão. As distâncias que os insetos podem
voar são quase inacreditáveis. Os mosquitos podem chegar até 80-160 km do local onde
nasceram e já se registrou o vôo de libélulas a centenas de quilômetros da costa marítima.
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Os padrões de vôo podem ser regulares, como nas migrações, permitindo aos insetos
escapar do inverno para climas mais favoráveis.
4.3. Sistemas especializados de reprodução
As estratégias que os insetos desenvolveram para assegurar sua propagação são
muito diversas, indo desde métodos elaborados para a atração sexual, reconhecimento,
côrte, a especializações que promovem a maturação e o desenvolvimento da prole. Certos
insetos podem se reproduzir sem que os ovos sejam fertilizados (partenogênese),
permitindo que a reprodução ocorra sem o problema de encontrar o macho.
4.4. Adaptabilidade
A adaptabilidade a condições de vida tão extremas é outra vantagem que nenhuma
outra forma animal conseguiu. O seu regime alimentar é um exemplo da sua infinita
adaptabilidade, pois se nutrem de substâncias as mais variadas e extravagantes que se possa
imaginar.
4.5. Exoesqueleto
O exoesqueleto, funcionando como uma armadura protetora contra impactos,
compressão e esmagamento, tem proporcionado aos insetos uma segura proteção e grande
resistência contra a penetração de microrganismos patogênicos, gases deletéricos e água,
através do seu corpo e, ainda, evitando a desidratação.
4.6. Metamorfoses
As metamorfoses representam uma forma de garantir a sobrevivência, pois, durante
as múltiplas transformações para se tornarem adultos, são capazes de explorar diversas
fontes de alimentos, as quais variam do estágio de larva ao de adulto.
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5. OS INSETOS NO REINO ANIMAL
A natureza que nos cerca, na qual vivemos e da qual somos partes integrante, é
formada por dois grandes agrupamentos de seres: os inanimados (brutos ou inorgânicos),
destituídos de vida, representados pelas rochas e minerais, formando o Reino Mineral e os
animados (vivos ou orgânicos), dotados de vida, compreendendo as plantas (Reino Vegetal
ou Flora) e os animais (Reino Animal ou Fauna).
O globo terrestre é recoberto por enorme massa de água (oceanos, mares, rios e
lagos), ocupando cerca de 70% da superfície. Os 30% restantes são representados pelas
terras (continentes e ilhas). Nessa área relativamente pequena de terras, vivem e se
distribuem 4/5 ou 80% dos animais e 75% dos vegetais. Os demais seres vivos habitam as
águas doces e salgadas, formando o grande e maravilhoso biociclo aquático.
O Reino Animal constitui-se no maior dos reinos da natureza, totalizando 3/4 ou
75% dos seres vivos, sendo muito difícil a estimativa correta do número de espécies. Sabese que compreende aproximadamente 1.150.000 espécies de animais conhecidos, com cerca
se 1.115.000 invertebrados e 35.000 vertebrados, que representam, respectivamente, 96% e
4% dos animais. Para facilitar o estudo dessa enorme quantidade de animais, encontrados
em praticamente todas as altitudes, latitudes e longitudes, esse reino foi dividido em vários
grupos, de acordo com as características dos animais, denominados Filos.
Dentre os Filos, três são de importância agrícola:
5.1. Filo Nemata: inclui, entre outros vermes, os nematóides, que atacam
principalmente as raízes das plantas. Os nematóides são, em geral, alongados e com as
extremidades afiladas; geralmente invisíveis a olho nu.
5.2. Filo Mollusca: compreende as lesmas e caracóis (terrestres) e os caramujos
(aquáticos). Os dois últimos possuem uma concha calcária sobre o corpo, enquanto as
lesmas não possuem essa estrutura. Alimentam-se de folhas, principalmente de hortaliças.
5.3. Filo Arthropoda: corresponde a aproximadamente 80% do Reino Animal. Seus
representantes apresentam a seguinte combinação de caracteres morfológico-anatômicos:
- Pernas articuladas: origem do Filo ou Ramo (grego arthron = articulação e podes =
pernas).
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- Exoesqueleto: revestimento duro do corpo e respectivos apêndices, sem solução de
continuidade, formado principalmente por quitina, que é eliminada e renovada à medida
que o animal cresce.
- Simetria bilateral: apresentam uma grande semelhança em cada metade do corpo,
quando este é cortado longitudinalmente por um plano vertical.
-Corpo segmentado: formado por um determinado número de segmentos (somitos ou
metâmeros).
- Heteronomia: corpo com divisões distintas, formadas pela fusão ou não de grupos de
segmentos embrionários. Dessa forma, o corpo apresenta-se dividido em cabeça, tórax e
abdome ou em cefalotórax e abdome.
- Aparelho circulatório dorsal.
- Sistema nervoso ventral.
- Ausência de epitélio ciliado: em todas as fases de desenvolvimento.
O Filo Arthropoda está dividido em várias Classes, das quais merecem destaque,
face à importância agrícola:
- Classe Diplopoda: corpo cilíndrico com vários segmentos, cada um com dois pares
de pernas. São conhecidos vulgarmente por piolhos-de-cobra e podem destruir plantas
recém-germinadas; algumas espécies são predadoras.
- Classe Symphyla: atingem no máximo 6 mm de comprimento. Apresentam coloração
esbranquiçada, possuindo de 10 a 12 pares de pernas. São terrestres e vivem em locais
úmidos. Danificam sementes e brotos novos de inúmeras culturas.
- Classe Arachnida: destacam-se os ácaros, que causam danos em várias culturas, bem
como várias espécies de aranhas que, sendo predadoras, destroem muitas pragas agrícolas.
- Classe Insecta: estima-se que são conhecidas mais de 1.000.000 de espécies de
insetos. Somente na Ordem Coleoptera (besouros), são conhecidas mais de 300.000
espécies, podendo-se inferir que de cada quatro espécies de animais conhecidas, uma é
espécie de besouro. Os insetos apresentam seis pernas (hexápodes); antenas presentes em
número de duas (díceros); asas presentes (alados) ou ausentes (ápteros); corpo dividido em
três regiões, mais ou menos distintas: cabeça, tórax e abdome.
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6. CHAVE PARA AS CLASSES DE IMPORTÂNCIA AGRÍCOLA DO FILO
ARTHROPODA
a. Com 3 ou 4 pares de pernas...............................................................................................b
a’. Com 10 ou mais pares de pernas......................................................................................c
b(a). Com 3 pares de pernas; corpo dividido em 3 regiões (cabeça, tórax e abdome); peças
bucais do tipo ectógnata....................................................................................Classe Insecta
b’. Com 4 pares de pernas; cabeça fundida ao tórax (cefalotórax).............Classe Arachnida
c(a’). Mais de 12 pares de pernas, sendo dois pares em cada segmento; coloração
escura...........................................................................................................Classe Diplopoda
c’. De 10 a 12 pares de pernas, sendo um par por segmento; coloração
esbranquiçada...............................................................................................Classe Symphyla
7. A CLASSE INSECTA
A classe Insecta é considerada por muitos autores a mais evoluída do Filo
Arthropoda. Compreende o maior número de espécies deste ramo e dos animais
conhecidos, abrangendo cerca de 80% das espécies de animais, sem considerar a
quantidade extraordinária de indivíduos que cada espécie pode abranger.
Apresenta o corpo dividido em três regiões típicas e distintas: cabeça, tórax e
abdome (Figura 1).
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Cabeça
Tórax
Abdome
a
Figura 1. Divisões do corpo de um inseto.
As três regiões do corpo de um inseto serão detalhadas no capítulo sobre Morfologia
Externa. Apenas a título de informação, será esboçado um resumo acerca de cada parte que
compõe um inseto.
A cabeça é a região anterior do corpo e contém os olhos, em número de dois; um,
dois ou três olhos simples ou ocelos; um par de antenas (por isso são artrópodes díceros) e
as peças bucais, composta de lábios superior e inferior, mandíbulas, maxilas, epifaringe e
hipofaringe. Essas peças podem estar atrofiadas e modificadas em decorrência da evolução
adaptativa, mas estão sempre expostas (ectognatos). A forma da cabeça varia
consideravelmente nos vários insetos, mas é, geralmente, fortemente esclerotizada, isto é,
bastante dura.
O tórax é a região média do corpo, e é composto por três segmentos, protórax,
mesotórax e metatórax, cada um deles com um par de pernas, sendo considerados
hexápodes. As asas, quando presentes, localizam-se no segundo e terceiro segmentos,
sendo considerados tetrápteros, porém podem ser ápteros ou dípteros. A formação das
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asas dos insetos é única no Reino Animal, pois constituem-se em órgãos de origem própria,
não por transformação das pernas, como aconteceu com os sáurios voadores, aves e
morcegos.
O abdome possui, tipicamente, de sete a onze segmentos verdadeiros, mas o décimo
primeiro é geralmente muito reduzido e representado por apêndices e, assim, o número
máximo raramente parece ser maior do que dez. Esses segmentos terminam ou não por
apêndices sensoriais, locomotores e genitais, apresentando segmentação característica, da
qual originou o nome desses animais.
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MORFOLOGIA EXTERNA
1. MORFOLOGIA EXTERNA
Compreende o estudo de todas as partes que compõem externamente o corpo dos
insetos. Assim sendo, descreve a cabeça com todos os seus apêndices, o tórax com as
pernas e as asas, e o abdome e seus apêndices.
A morfologia externa preocupa-se também com a estrutura do tegumento dos
insetos, isto é, o exoesqueleto.
2. TEGUMENTO OU PAREDE DO CORPO
O tegumento é um dos órgãos primários de um animal. De origem ectodérmica, o
tegumento pode ser descrito como uma cápsula oca e contínua, modificada por complexas
inflexões e projeções, podendo, ainda, se apresentar como uma película mole e flexível ou
uma carapaça mais ou menos dura e rígida, reforçada por uma cutícula cobrindo toda a sua
superfície.
2.1. Estrutura geral do tegumento
A estrutura generalizada do tegumento do inseto é mostrada na Figura 2,
conforme adaptação de Richards (1951).
2.1.1. Membrana basal: camada de polissacarídeos secretada por um tipo de
hemócitos (células do sangue) que separa a epiderme do hemocele (cavidade do corpo).
Nervos e traquéias correm entre a membrana basal e as células epidérmicas antes de se
ramificarem mais adiante.
2.1.2. Epiderme: tipicamente, a epiderme consiste de uma simples camada de
células poligonais, intermeadas com células especializadas de vários tipos e interrompida
pela inserção de músculos e traquéias que penetram através da membrana basal. A camada
epidérmica contém os componentes celulares do tegumento que são responsáveis pela
formação das partes mais externas deste. Ela também contém glândulas dérmicas, oenócitos
e outros tecidos especializados que participam da organização da estrutura viva. Por
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ocasião da ecdise, as células da epiderme tornam-se grandemente ativas, e produzem as
enzimas que digerem as partes da velha cutícula e o material que formará a nova.
Figura 2. Estrutura geral do tegumento de um inseto (Wigglesworth, 1972); a –
endocutícula laminada; b – exocutícula; c – epicutícula; d – seta; e – canais de poro; f –
duto da glândula dérmica; g – membrana basal; h – célula epidérmica; i – célula tricógena; j
– célula tormógena; l – oenócito; m – hemócito aderente à membrana basal; n – glândula
dérmica.
A. Inclusões epidérmicas
a) Glândulas dérmicas: todas as células epidérmicas são glandulares, no sentido de
que elas participam na formação da cutícula, mas há ainda certas células maiores que se
desenvolvem de células epidérmicas e parecem ser especializadas em produzir a camada de
cimento, também chamada tetocutícula. Consiste, tipicamente, de uma estrutura vacuolada
e um duto, chamado de duto da glândula dérmica.
b) Oenócitos: os oenócitos são conhecidos apenas nos insetos. Originam-se de células
epidérmicas após uma divisão e, comumente, de células arranjadas ao redor dos
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espiráculos. São produtores de uma proteína conjugada (lipoproteína) que forma a camada
de cuticulina, a mais interna das camadas da epicutícula.
c) Tricógenos (sensilos tricóides): são inclusões epidérmicas responsáveis pelo senso
tátil, e são numerosos ao longo do corpo do inseto. Fundamentalmente, um tricógeno
consta de uma seta, que é o processo cuticular externo, da célula tricógena, responsável
pela regeneração da seta e da célula tormógena, que forma a base para o encaixe da seta,
além de um neurônio (Figura 3).
Figura 3. Representação esquemática de uma seta sensorial e da célula nervosa que se
associa.
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2.1.3. Cutícula: a cutícula é uma secreção da epiderme e cobre toda a parte
externa do corpo, revestindo também as invaginações ectodermais (estomódeo, proctódeo e
traquéias). Ela é diferenciada em duas regiões principais: uma cutícula interna, de 200 µ
de espessura, que contém quitina e forma o corpo da cutícula, e uma fina epicutícula
externa, que não contém quitina e cuja espessura é de 1-4 µ. Ao ser secretada a cutícula
quitinosa é denominada procutícula, mas subseqüentemente a parte externa sofre
esclerotização para formar a exocutícula, enquanto que a parte interna, indiferenciada, é
chamada endocutícula. Entre as duas camadas pode haver uma região de cutícula
endurecida, mas não totalmente escura, chamada mesocutícula. A cutícula tem uma
estrutura lamelar, resultante da distribuição de microfibras. Entre a endocutícula e a
epiderme existe uma camada amorfa, sem fibras, com estrutura granular, que constitui a
subcutícula ou camada de Schmidt e provavelmente representa a endocutícula em
processo de formação.
a) Epicutícula: é a camada mais externa da cutícula, variando em espessura de um
a vários micra. É constituída por uma camada de cimento, também chamada de
tetocutícula, muito fina, de natureza ainda desconhecida; abaixo dessa camada encontra-se
uma camada lipóidea ou de cera presente na maioria dos insetos, com exceção de poucas
espécies que vivem em ambiente muito úmido. É formada por hidrocarbonetos, ácidos
livres, colesterol e polímeros de resinas ácidas. A seguir encontram-se a camada de
polifenol com espessura variando ao redor de 0,25 µ; e a camada de cuticulina, que é
formada por lipoproteínas polimerizadas.
b) Procutícula ou cutícula quitinosa: é a camada que vem imediatamente sob a
epicutícula. É formada pela exocutícula e endocutícula, sendo ambas compostas pela
quitina, que está sempre associada a proteínas e outros materiais complexos.
- Exocutícula: é uma camada mais dura e mais densa, impregnada por uma esclerotina de
cor âmbar, algumas vezes juntamente com melanina, donde a sua coloração geralmente
mais escura. Esta camada falta quase completamente nas lagartas e outros insetos, e neste
caso, a endocutícula ocupa toda a espessura do tegumento, sendo recoberta imediatamente
pela epicutícula.
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- Endocutícula: é uma camada mais tenra, muito flexível e desprovida de esclerotina. É a
camada mais espessa da cutícula, mostrando uma estrutura laminar, formada por lamelas
superpostas.
A endo e a exocutícula são percorridas por numerosos canais verticais,
denominados canais de poro. Presume-se que estes canais, originários de células
epidérmicas, são formados por prolongamentos citoplasmáticos dessas células, no interior
dos quais passam as substâncias necessárias à formação das camadas de polifenóis e de
ceras da epicutícula.
A quitina e as proteínas estão intimamente ligadas, de modo que a quitina isolada
não existe no tegumento dos insetos. A quitina é um polissacarídeo nitrogenado, cuja
fórmula empírica é (C8H13O5N)x. Apresenta as características de ser um sólido amorfo, sem
cor, insolúvel em água, ácidos diluídos, álcalis, álcool e todos os solventes orgânicos. É
solúvel em ácidos minerais concentrados.
A parte protéica que ocorre juntamente com a quitina, numa proporção de 25 a 37%
do peso da cutícula, é denominada de artropodina e possui a característica de ser
altamente solúvel em água quente.
B. Cores
Muitos insetos são brilhantes, ou mesmo coloridos, o que muitas vezes os tornam
com um brilho metálico. As cores têm sua origem, ou em pigmentos incorporados ou
devido a diversos fatores externos, entre os quais a temperatura, e em outros casos, diversos
fenômenos fisiológicos. Até o presente momento todos os pigmentos que foram isolados
são produtos metabólicos de substâncias ingeridas com o alimento. Os pigmentos podem
ser separados em diferentes grupos químicos bem definidos.
Os principais pigmentos são:
- Carotenóides: são descritos como pigmentos produtores de cores em muitos insetos e são
sempre derivados do alimento, sendo direta ou indiretamente de origem vegetal. O principal
componente do caroteno encontrado nas plantas é o β-caroteno que possui coloração
laranja-amarelada e já foi isolado em estado livre ou em complexo protéico em um grande
número de insetos. O α-caroteno, por sua vez, tem sido relatado como o responsável pelas
manchas avermelhadas da fêmea de louva-Deus e pela coloração dos élitros de alguns
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coccinelídeos, em associação com seu isômero, embora tais suposições não tenham sido
confirmadas por métodos cromatográficos modernos.
- Xantoquinonas: constitui-se no segundo grupo de pigmentos encontrados nos insetos.
Sua presença já é conhecida há longo tempo entre os coccídeos, mas poucos estudos
existem a respeito.
- Antoxantinas: são encontrados em certos lepidópteros e algumas tentativas foram feitas
para usar este pigmento como um caráter taxonômico.
- Insetoverdinas: são pigmentos de uma ocorrência particular do β-caroteno. Antigamente
supunha-se que tal pigmento fosse a clorofila.
- Melaninas: são pigmentos responsáveis pela coloração mais escura do tegumento e dos
olhos dos insetos, podendo variar de amarelo a preto.
3. ESTUDO DA CABEÇA DOS INSETOS
A cabeça, sendo uma região especializada, apresenta uma série de estruturas, mais
ou menos complexas. Em primeiro lugar, observa-se que na cabeça estão localizados os
apêndices fixos (olhos compostos e ocelos) e móveis (antenas e peças bucais). Além desses
apêndices existem, ainda, sulcos e suturas, que por sua posição e forma, têm grande valor
taxonômico.
A. Sulcos e suturas
O termo sutura indica entalhes que marcam a linha de união de duas regiões que
anteriormente eram distintas, enquanto que entalhes com origem puramente funcional,
devem ser chamados de sulcos.
Os principais sulcos e suturas são (Figura 4):
- Sulco epicranial: situa-se na parte frontal da cabeça e apresenta-se na forma de um
“Y” invertido, com o tronco colocado medianamente na parte superior da cabeça e os
ramos divergindo para baixo sobre a face. A parte distal (tronco) é chamada sulco coronal
e os ramos são os sulcos frontais.
- Sulco pós-frontal: situa-se geralmente sobre os ocelos, mas nem sempre é
encontrado.
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- Sulcos subgenais: em número de dois, um de cada lado da cabeça, na parte inferior da
região genal, próximos às articulações das mandíbulas.
- Sulco epistomal ou clipeal: separa o clípeo da fronte. É também denominado
frontoclipeal ou clípeofrontal.
- Sulco clípeolabral ou labroclipeal: separa o clípeo do lábio superior.
- Sulcos oculares: também são em número de dois, circundando os olhos compostos,
como uma moldura.
- Sulcos sub-oculares: encontram-se na região inferior dos olhos, dirigindo-se para a
base das antenas. Nem sempre são encontrados.
- Sulcos Antenais: encontram-se circundando a base das antenas.
- Sulcos sub-antenais: localizam-se na base das antenas, partindo daí em direção às
mandíbulas. Podem ser chamados frontogenais. Nem sempre são encontrados.
- Sulco ptilinal: é encontrado apenas nos dípteros, localizando-se na sua região frontal,
acima da base das antenas, em forma de um “V” ou “U” invertidos.
- Sulco occipital: situa-se na parte posterior da cabeça, limitando, anteriormente o
occipício.
- Sutura pós-occipital: situa-se entre o occipício e o pós-occipício.
B. Áreas intersuturais
São delimitadas pelos sulcos e suturas, sendo as seguintes (Figura 4):
- Frontal: é a região mediana frontal da cabeça, situada acima do sulco epistomal.
- Clipeal: é a área disposta imediatamente abaixo da fronte, podendo estar
subdividida em alguns insetos, em pós-clípeo (superior) e anteclípeo (inferior).
- Parietais: encontram-se na parte superior da cabeça, e incluem um olho composto,
uma antena e um ocelo dorsal, e são separadas pelo sulco coronal.
- Vértice, vértex, ou epicrânio: é a porção mais elevada da cabeça. Quando se
apresenta prolongada recebe a denominação de fastígio.
- Genais: são em número de duas e situam-se abaixo e atrás dos olhos, estendendose até o sulco subgenal.
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- Subgenais: são duas áreas estreitas localizadas entre as genas e a articulação das
peças bucais. A porção de cada área subgenal sobre a mandíbula é chamada pleurostoma, e
a porção posterior hipostoma.
- Occipital: é a região compreendida entre o sulco occipital e a sutura pós-occipital,
formando uma espécie de colarinho, tendo a forma de uma ferradura ou de um arco.
- Pós-occipital: é a área entre a sutura pós-occipital e o cérvix (“pescoço”).
Apresenta um côndilo occipital de cada lado, que se articula com o esclerito cervical
anterior.
- Cérvix ou cérvice: é o pescoço dos insetos, constituindo-se em uma região
membranosa que se segue a região pós-occipital e fornece liberdade de movimentos à
cabeça.
- Forame magno: também é conhecido como forame occipital; é atravessado pelos
aparelhos circulatório, digestivo e sistema nervoso. É a abertura que permite a comunicação
entre a cavidade interna da cabeça com o restante do corpo do inseto.
Sutura
epicranial
Suturas frontais
Figura 4. Áreas e suturas da cabeça.
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C. Apêndices fixos (Olhos)
A maior parte dos insetos adultos possui dois olhos compostos (Figura 5),
geralmente volumosos e situados na parte dorso-lateral da cabeça. Esses apêndices podem
ter formato oval, arredondado, reniforme, convexo, etc., e são constituídos de algumas até
milhares de estruturas circulares ou hexagonais, as lentes de unidades visuais, que são
denominadas facetas ou omatídeos, que correspondem a um minúsculo olho (unidade
visual) (Figura 6).
Figura 5. Olhos compostos de um inseto.
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Figura 6. Estruturas de um olho composto.
O número de omatídeos varia de acordo com o habitat e comportamento do inseto.
Assim, as operárias das formigas Solenopsis, que vivem abaixo da superfície do solo,
possuem de seis a nove omatídeos, enquanto que os machos do mesmo gênero, alados, e
que devem sair ao ar livre durante o vôo nupcial, apresentam aproximadamente 400. As
moscas domésticas apresentam aproximadamente 4.000; os papilionídeos 17.000 e as
libélulas de 28.000 a 30.000, enquanto algumas espécies não apresentam sequer olho
composto.
Os olhos dos insetos são fixos, não apresentando, portanto, a mobilidade que ocorre
nos olhos dos vertebrados, mas devido a sua constituição e o elevado número de omatídeos,
permitem que o campo visual atinja 180ºº ou mais. Insetos de vôo rápido geralmente
apresentam um grande número de omatídeos. Em insetos subterrâneos, como por exemplo
cupim na fase adulta, os olhos compostos podem estar ausentes.
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Além dos olhos compostos, os insetos, especialmente suas larvas, apresentam olhos
simples, os ocelos (Figura 7), semelhantes à constituição de um único omatídeo, porém
com a córnea circular e convexa, não facetada. Ocorrem comumente em número de três,
mas tal número pode variar de acordo com a espécie. Sua presença, ausência e número são
utilizados como caracteres taxonômicos na classificação dos insetos.
Figura 7. Olhos simples (ocelos) de uma cigarra.
D. Apêndices móveis
D.1. Antenas
Embriologicamente originárias do segundo segmento da cabeça (segmento antenal),
as antenas articulam-se geralmente na área frontal da cabeça dos insetos, podendo, em
alguns casos, localizar-se também nas partes laterais, dorsal ou inferior da cabeça, bem
como ocultar-se em cavidades especiais, dando a exata impressão de que tais insetos são
desprovidos de antenas. Todos os insetos adultos possuem um par de antenas, daí serem
denominados díceros.
As antenas são apêndices eminentemente sensoriais, desempenhando diversas
funções, sendo a tátil a principal, devido aos pêlos táteis que normalmente recobrem quase
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todos os antenômeros. A função olfativa é proporcionada pelas áreas olfativas, distribuídas
sobre a superfície dos antenômeros, e se apresentam sob a forma de placas crivadas de
poros microscópicos. A função auditiva, segundo os autores, reside nos chamados órgãos
de Johnston, localizados no pedicelo, em alguns insetos. As antenas podem, ainda,
apresentar a função preensora, mostrada por machos de algumas espécies para a preensão
da fêmea, durante a cópula, apresentando também a função gustativa. Alguns autores
consideram também que as antenas apresentam função de equilíbrio.
- Estrutura de uma antena típica
Uma antena típica é formada por três partes, sendo as duas primeiras únicas ou
uniarticuladas, e a terceira compreendendo um número variável de antenômeros, por isso
multiarticulada, e que são respectivamente: escapo, pedicelo e flagelo (Figura 8).
a) Escapo: segmento basal da antena, geralmente o mais desenvolvido,
encontrando-se inserido na cabeça numa cavidade denominada escrobo ou tórulo.
b) Pedicelo: segundo antenômero, geralmente curto, porém às vezes pode ser
dilatado para abrigar o órgão de Johnston, que tem função auditiva.
c) Flagelo: formado pelos demais artículos, e varia muito quanto ao número e a
forma desses artículos. É a parte mais distinta da antena, sendo que os variados aspectos de
seus antenômeros podem ser de importância na identificação dos insetos.
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Figura 8. Estruturas de uma antena típica.
- Tipos de antenas
De acordo com o aspecto dos antenômeros do flagelo, podem ser reconhecidos os
seguintes tipos de antenas (Figura 9):
a) Filiforme: é o tipo considerado primitivo. Todos os artículos são semelhantes em
tamanho, ligeiramente alongados, formando uma seqüência que se assemelha a um fio. É a
antena encontrada nas esperanças, baratas, etc.
b) Moniliforme: apresenta os artículos arredondados, semelhantes às contas de um
colar. É o tipo encontrado na vespa de Uganda e nos coleópteros da família Tenebrionidae.
c) Clavada: o flagelo termina em uma dilatação semelhante a uma clava ou massa
apical, não muito pronunciada, que pode ser constituída de apenas um artículo ou vários. É
a antena típica das borboletas.
d) Capitada: é uma antena semelhante à clavada, com a diferença de ser a massa
apical bastante dilatada. É a antena típica da broca-do-café.
e) Imbricada: possui os artículos em forma de taças, estando a base de uma
encaixada no ápice da outra. É encontrada em besouros do gênero Calosoma (Carabidae).
f) Fusiforme: os artículos pré-apicais apresentam uma dilatação. São comuns em
lepidópteros de hábitos crepusculares, pertencentes à família Hesperiidae.
g) Serreada: os artículos apresentam dilatações em forma de espinhos ou dentes,
em um ou ambos os lados, sendo semelhantes aos dentes de uma serra. É a antena
encontrada na família Buprestidae, da ordem Coleoptera. No caso destas dilatações se
apresentarem dos dois lados, a antena é denominada bissereada.
h) Denteada: os artículos também apresentam dilatações, com a diferença que estas
não são pontiagudas e sim arredondadas. Esta antena é encontrada na família Elateridae
(Coleoptera). Como no caso anterior, quando estas dilatações se processam em ambos os
lados, a antena é denominada bidenteada.
i) Estiliforme: apresenta na extremidade do flagelo um pequeno estilete, recurvado
ou reto. É a antena típica de muitos dípteros da subordem Brachycera e de mariposas da
família Sphingidae.
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j) Plumosa: apresenta o flagelo com inúmeros pêlos que circundam todos os
artículos, dando a impressão de uma pluma. É a antena típica dos machos de pernilongos.
l) Flabelada: possui expansões laterais em forma de lâminas ou de folhas. Aparece
em uma espécie de serra-pau e em alguns microhimenópteros.
m) Setácea: os antenômeros vão diminuindo de diâmetro da base para a
extremidade da antena, podendo ser longa ou curta. O primeiro tipo é comumente
encontrado em gafanhotos e serra-paus e o segundo, em cigarras, cigarrinhas e libélulas.
n) Furcada: os antenômeros do flagelo estão dispostos em dois ramos, tomando a
forma de um “Y”. É encontrada nos machos de alguns microhimenópteros e em dípteros da
família Tabanidae.
o) Pectinada: os artículos apresentam uma dilatação lateral longa e mais ou menos
fina, assemelhando-se a um pente. Têm-se antenas bipectinadas quando estas expansões se
encontram nos dois lados do flagelo. São comuns em mariposas, principalmente, nos
machos.
p) Lamelada: apresenta uma dilatação típica nos três últimos antenômeros que,
juntos, formam como que lâminas que se sobrepõem. São as antenas típicas dos coleópteros
da superfamília Scarabaeioidea.
q) Geniculada: os artículos do flagelo são dobrados em ângulo com o escapo, que é
bastante alongado. Forma-se, portanto, uma espécie de ângulo que lembra um joelho.
Encontram-se em formigas e abelhas.
r) Aristada: o flagelo torna-se globoso, achatado, relativamente grande e
apresentando apenas um pêlo, denominado arista. Alguns autores consideram a arista
como parte do flagelo, onde o primeiro artículo deste se dilatou, conforme já referido. É a
antena típica da mosca doméstica e outros dípteros.
s) Composta: formada pela combinação de diferentes tipos. Assim, podem ocorrer
antenas genículo-clavadas, típicas de alguns curculionídeos (Ordem Coleoptera) e
genículo-moniliformes, encontradas em alguns microhimenópteros.
- Dimorfismo sexual nas antenas
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Muitas vezes é possível o reconhecimento do sexo dos insetos através das antenas,
visto que elas se apresentam diferentes nos machos e nas fêmeas. Para tanto, os seguintes
aspectos devem ser considerados:
a) Tamanho: as antenas dos machos, geralmente, são mais desenvolvidas.
b) Tipo: há casos em que os machos e as fêmeas possuem antenas de tipos
diferentes. Por exemplo, os machos de pernilongos têm antenas plumosas e as fêmeas
filiformes.
c) Inserção: pode variar em função do sexo. Nos machos do gênero Brentus
(Coleoptera: Brentidae) as antenas estão inseridas na extremidade do prolongamento
cefálico, enquanto que nas fêmeas localizam-se no meio desse prolongamento.
d) Número de artículos: pode variar, de acordo com o sexo. Por exemplo: nos
himenópteros aculeados os machos têm 13 antenômeros e as fêmeas 12.
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Figura 9. Principais tipos de antenas.
D.2. Aparelhos bucais
O aparelho bucal é composto de apêndices móveis, embriologicamente originários
do terceiro, quarto, quinto e sexto segmentos cefálicos.
Compõem-se, primitivamente, de um conjunto de peças, em número de oito, sendo
duas destas, muitas vezes atrofiadas. Esta atrofia pode ocorrer em todas as peças bucais
havendo, assim, insetos agnatos, isto é, que não possuem aparelho bucal funcional, como
no caso de muitas espécies de efeméridas na fase adulta. A morfologia das peças varia de
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espécie para espécie, principalmente, em função das adaptações alimentares sofridas,
embora os requerimentos nutricionais sejam os mesmos para todos os insetos. Tais
requerimentos constituem-se basicamente de aminoácidos, fonte de energia (gorduras,
carboidratos, aminoácidos por desaminação) e nutrientes regulatórios (vitaminas, minerais,
colesterol e certos ácidos graxos). Além do mais, há insetos que se alimentam de nutrientes
sólidos e outros de líquidos; há aqueles que encontram o seu alimento facilmente na
superfície, e outros que precisam introduzir profundamente o aparelho bucal para a retirada
do alimento, como no caso da sucção da seiva ou do sangue dos animais.
Para o estudo das peças bucais, podem ser tomadas como tipo padrão aquelas que
formam o aparelho bucal mastigador ou triturador dos insetos primitivos, sendo elas
(Figura 10):
a) Lábio superior ou labro: é um lóbulo achatado, suspenso pelo clípeo. A superfície
externa é esclerotizada, enquanto a interna é membranosa. A cutícula interna forma parte da
superfície epifaringeal. O labro, ao contrário do clípeo, é ligeiramente móvel, apresentando
formas variáveis (quadrangular, retangular, bilobada ou triangular), podendo ser levantado
e abaixado, retraído e projetado e se movimentar de um lado para outro. Ele cobre as
mandíbulas anteriormente, formando parte da passagem fechada (cavidade pré-oral) acima
da hipofaringe, tendo função de proteção e manutenção dos alimentos.
b) Mandíbulas: em número de duas, localizam-se atrás do labro, articulando-se por
meio de côndilos com a parte lateral da cabeça. Têm função trituradora, cortadora,
moedora, perfuradora, modeladora e transportadora, além de defesa, sendo muitas vezes,
extremamente modificadas na sua morfologia, a fim de corresponderem às exigências
alimentares.
c) Maxilas: também em número de duas, localizam-se atrás das mandíbulas,
auxiliando-as durante a alimentação. Cada maxila é formada por várias peças menores,
algumas com função tátil e gustativa ou função mastigadora, ou ainda, quando
extremamente modificadas, perfuradora. Essas peças são denominadas: cardo, estipe,
gálea, lacínia, palpífero e palpo maxilar (Figura 11).
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Figura 10. Peças bucais do aparelho mastigador.
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Figura 11. Estruturas de uma maxila.
- Cardo: é a parte basal da maxila que se articula com a cabeça. Tem formato
geralmente quadrangular ou triangular.
- Estipe: é uma peça mais ou menos quadrangular e que suporta duas peças
laminares, uma mais externa, a gálea, e outra mais interna, a lacínia. Essas duas estruturas
auxiliam a mastigação iniciada pelas mandíbulas. Ainda no estipe encontra-se o palpo
maxilar, órgão sensorial que se articula através de um esclerito denominado palpífero. O
palpo maxilar é geralmente formado por um a cinco segmentos e é provido de pêlos
sensíveis.
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d) Lábio inferior ou lábio: é uma peça ímpar constituída pela fusão de duas
maxilas nos artrópodes primitivos, havendo, portanto uma homologia entre as peças
constituintes do lábio e aquelas das maxilas. Apresenta função tátil e de retenção de
alimentos. É dividido pelo sulco labial em duas partes, o pós-mento ou pós-lábio, que é a
parte basal, e o pré-mento ou pré-lábio, que é a parte distal. O pós-mento compreende
duas partes alargadas e achatadas, o submento, que é a porção basal, articulando-se com a
cabeça, e o mento, que une o submento ao pré-mento. O pré-mento também apresenta-se
como base de diversas estruturas. Nele encontram-se os palpos labiais, em número de dois,
que possuem função sensorial e articulam-se por meio de um esclerito chamado palpígero.
Estão ainda inseridos no pré-mento quatro lobos, sendo que os dois menores e mais
internos são as glossas, e os dois mais externos são as paraglossas. Quando essas quatro
peças acham-se fundidas em uma só, formam um apêndice bilobado chamado de lígula
(Figura 12).
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Figura 12. Estruturas do lábio de um inseto.
e) Epifaringe: é uma estrutura dilatada que se localiza na parte interna ou ventral
do labro, constituída por uma dobra membranosa recoberta por pêlos sensíveis, com função
gustativa.
f) Hipofaringe: é facilmente visível, desde que se retire a mandíbula e a maxila de
um dos lados da cabeça. Possui a sua inserção junto ao lábio inferior. Apresenta-se como
uma estrutura curta, esponjosa e em forma de língua, com função gustativa e tátil, sendo
mais ou menos esclerotizada, apresentando, também, a função de canal salivar, em muitos
insetos sugadores. Entre a hipofaringe, a mandíbula e o labro, situa-se a cavidade alimentar,
o cibário ou cavidade pré-oral.
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- Classificação dos aparelhos bucais
Embora exista uma classificação proposta por Herms (1961), que apesar de
completa é bastante complexa, veremos a seguir uma classificação mais prática dos
aparelhos bucais:
a) Tipo mastigador ou triturador: é considerado o mais primitivo e apresenta
todas as peças bucais: um par de mandíbulas, um par de maxilas, um lábio superior, um
lábio inferior, uma epifaringe e uma hipofaringe. Algumas peças podem ser modificadas,
não afetando suas funções, ou seja a mastigação e a trituração dos alimentos. Os insetos
apresentam as peças bucais livres e salientes na cavidade bucal (ectognatos). Esse tipo de
aparelho bucal está presente na maioria das ordens (Figura 10).
b) Tipo picador-sugador ou sugador-labial: apresenta as peças bucais
modificadas em estiletes ou atrofiadas, com exceção do lábio superior, que é normal e
pouco desenvolvido. O lábio inferior transforma-se numa espécie de canaleta, denominada
haustelo ou rostro e não tem função perfuradora, sendo que a sucção do alimento é função
das mandíbulas, epifaringe e hipofaringe, que se transformam em estiletes adaptados para
picar e sugar o alimento. De acordo com o número de estiletes envolvidos pelo lábio
inferior, esse tipo de aparelho bucal pode apresentar os subtipos:
- Hexaqueta: quando apresenta seis estiletes (duas mandíbulas, duas maxilas,
epifaringe e hipofaringe). Ocorre em Diptera inferiores picadores, incluindo os mosquitos,
os borrachudos e as mutucas (Figura 13).
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Figura 13. Aparelho bucal picador-sugador hexaqueta.
- Tetraqueta: apresenta quatro estiletes (duas mandíbulas e duas maxilas). A
epifaringe e hipofaringe, embora presentes, são muito pequenas (Figura 14). Ocorre em
Hemiptera.
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Figura 14. Aparelho picador-sugador tetraqueta.
- Triqueta: possui três estiletes, a mandíbula esquerda (a direita é rudimentar) e
dois estiletes maxilares. Tanto os palpos maxilares quanto os labiais estão presentes, mas
curtos. A hipofaringe é um lobo mediano pequeno (Figura 15). Ocorre em Thysanoptera
(tripes) e Phthiraptera (Anoplura), que são os piolhos hematófagos.
- Diqueta: apresenta apenas dois estiletes. As mandíbulas são ausentes e as maxilas
são representadas pelos palpos. A probóscide consiste no labro, hipofaringe e lábio. Ocorre
em Diptera superiores, como as moscas-dos-estábulos, moscas tsé-tsé e moscas-do-berne.
A principal estrutura perfuradora nestas moscas é o lábio. No caso da mosca doméstica o
aparelho bucal é denominado esponjador, pois neste tipo as peças bucais consistem em
uma probóscide muscular, não específica para picar, em função de apresentarem estiletes
rudimentares (Figura 16).
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Figura 15. Aparelho picador-sugador triqueta.
Figura 16. Aparelho picador-sugador diqueta. A- Mosca-doméstica e B- Mosca-dosestábulos.
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c) Tipo sugador-maxilar: neste tipo, a modificação ocorre somente nas maxilas,
sendo as demais peças atrofiadas, exceto os palpos labiais que são relativamente bem
desenvolvidos e acham-se voltados para frente, dispondo-se lateralmente à cabeça. As
gáleas das maxilas se transformam em duas peças alongadas e internamente sulcadas, de
modo que quando justapostas, dão origem a um canal por onde o alimento é ingerido por
sucção. O conjunto assume o aspecto de um tubo longo e enrolado (quando em repouso)
denominado espirotromba ou probóscida. É exclusivo da ordem Lepidoptera (Figura 17).
Figura 17. Aparelho bucal sugador-maxilar.
d) Tipo lambedor: neste aparelho, o lábio superior e as mandíbulas são normais.
As mandíbulas estão adaptadas para furar, cortar, transportar ou moldar cera. As maxilas e
o lábio inferior são alongados e unidos, formando o órgão lambedor. As glossas são
transformadas numa espécie de língua, pilosa e com movimentos retráteis, com a qual os
insetos retiram o néctar das flores. A extremidade desse órgão é dotada de uma dilatação,
em forma de colher, denominada flabelo. Este tipo de aparato bucal é característico de
abelhas e mamangavas (Figura 18).
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Figura 18. Aparelho bucal lambedor.
- Aparelho bucal nos insetos imaturos e adultos
É de conhecimento geral que nem sempre as formas jovens possuem o mesmo tipo
de aparelho bucal que os adultos. Assim sendo, os insetos podem ser classificados em três
grupos:
a) Insetos menorrincos: são aqueles que possuem aparelho bucal do tipo sugadorlabial, tanto na forma jovem como no adulto. Enquadram-se nessa categoria insetos das
ordens Thysanoptera e Hemiptera.
b) Insetos menognatos: são os que possuem aparelho bucal mastigador, tanto nas
larvas como nos adultos. Ex.: Coleoptera, Orthoptera, Isoptera, Blattodea, Mantodea, etc.
c) Insetos metagnatos: apresentam no estádio larval aparelho bucal mastigador e
no adulto lambedor, sugador-labial ou, ainda, sugador-maxilar. Entre estes destacam-se, por
exemplo, os insetos pertencentes às ordens Hymenoptera, Diptera e Lepidoptera.
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- Direção das peças bucais
Conforme a posição do aparelho bucal, em relação ao eixo longitudinal do corpo do
inseto (Figura 19), as peças bucais podem ser classificadas em:
a) Hipognata: as peças bucais são dirigidas para baixo, formando um ângulo de 90o
com o eixo do corpo, e a cabeça apresenta-se em posição normal. Ocorre em Orthoptera,
Blattodea, Mantodea, Hymenoptera, Odonata, etc.
b) Prognata: as peças bucais são dirigidas para frente, formando a cabeça um
ângulo de 180o em relação ao eixo do corpo. Ex.: Dermaptera, Isoptera, alguns Neuroptera,
etc.
c) Opistognata: as peças bucais são dirigidas para baixo e para trás, de tal modo
que a cabeça forma um ângulo menor que 90o em relação ao eixo do corpo. É comum em
insetos das ordens Hemiptera e Siphonaptera.
Figura 19. Direção das peças bucais.
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4. ESTUDO DO TÓRAX DOS INSETOS
O tórax é a segunda região do corpo dos insetos, sendo em geral facilmente
reconhecido nos adultos, porque traz os apêndices tipicamente locomotores, as pernas e as
asas (em alguns insetos adultos e em muitos insetos imaturos não há pernas). É derivado
dos segmentos torácicos do embrião, os quais persistem no inseto adulto, de modo que ele é
formado por três segmentos, cada um derivado do respectivo segmento embrionário, sendo
os seguintes: protórax, mesotórax e metatórax.
a) Protórax: é o primeiro segmento e está unido à cabeça através de uma região
membranosa, o cérvix (“pescoço”). Neste segmento encontra-se o primeiro par de pernas.
b) Mesotórax: é o segmento mediano, possuindo um par de pernas e o primeiro par de
asas.
c) Metatórax: é o terceiro segmento, que se liga com o abdome, possuindo também um
par de pernas e o segundo par de asas (quando presentes).
Há variações quanto ao número de asas. Assim, os tetrápteros possuem os dois
pares de asas funcionais; os dípteros apresentam apenas o par mesotorácico funcional,
sendo o par metatorácico transformado em balancins ou halteres, que têm função de
equilíbrio durante o vôo, havendo ainda, os insetos ápteros, que são desprovidos de asas.
Na fase adulta, geralmente apresentam seis pernas e são denominados hexápodes.
O dorso de um segmento torácico alado é inteiramente ocupado por uma placa
tergal que se articula com a base da asa, havendo, ainda, uma outra placa posterior chamada
pós-noto. Essas placas aladas formam o alinoto. Em alguns himenópteros, aparentemente,
o tórax tem quatro segmentos, porém, na realidade, o “quarto segmento” é o primeiro
segmento abdominal que está intimamente associado ao metatórax; esse segmento
abdominal é chamado propódeo ou epinoto.
- Constituição de um segmento torácico
O corpo dos insetos, como já mencionado, é revestido por uma substância quitinosa
que forma o exoesqueleto, porém, essa camada não é contínua, tornando-se, assim, fina,
membranosa e flexível nas articulações, e mais espessa nas demais partes devido à maior
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concentração de quitina. Essas placas de quitina, constituintes do corpo dos insetos, são
chamadas escleritos (grego skleros = duro).
Um segmento ou metâmero torácico típico, por exemplo o mesotórax (Figura 20) é
constituído por dois semi-arcos, um superior e outro inferior. O semi-arco superior ou
dorsal, denomina-se tergo ou noto e os seus escleritos, tergitos. O semi-arco inferior ou
ventral é o esterno, o qual é formado pelos esternitos. Esses semi-arcos são ligados
lateralmente por áreas que, no tórax, são esclerotizadas e denominadas pleuras, as quais
são constituídas por escleritos, os pleuritos.
a) Tergo ou noto: é constituído por quatro tergitos: prescuto, escuto, escutelo e pósescutelo.
b) Pleuras: cada pleura é constituída por dois pleuritos: o epímero, que está em contato
com o tergo, e o episterno que está relacionado com o esterno.
c) Esterno: seus esternitos podem apresentar as seguintes subdivisões: eusterno e
espinasterno. O eusterno é um conjunto de escleritos formados pelo presterno, que é o
esclerito anterior, basisterno, esternelo e o pós-esternelo, menos comum. O espinasterno
constitui-se em um pequeno esclerito intersegmentar.
Dependendo do segmento torácico no qual determinado esclerito se localiza,
empregam-se os prefixos, pro, meso ou meta em sua nomenclatura, tendo assim, por
exemplo,
pronoto,
propleura,
proepímero,
mesoesterno,
metaesterno,
etc.
Essa
nomenclatura é empregada nos estudos de morfologia externa e taxonomia.
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Figura 20. Escleritos de um segmento torácico.
- Apêndices torácicos
Os apêndices torácicos propriamente ditos compreendem as pernas e as asas, que
são móveis e possuem função locomotora. No tórax encontram-se também, diversos
apêndices tegumentares ou cuticulares, fixos, presentes em muitos insetos, dando aos
mesmos, um aspecto todo particular, grotesco ou extravagante.
A. Pernas
São apêndices torácicos destinados à locomoção terrestre ou aquática, presentes nos
adultos e na maioria das formas jovens. Além da função locomotora, as pernas são também
utilizadas para escavar o solo, coletar alimentos, capturar presas, etc. Os insetos adultos
apresentam seis pernas, articuladas na região pleuroesternal, entre o epímero e o episterno,
à razão de um par para cada segmento; assim, tem-se as pernas protorácicas ou anteriores,
as mesotorácicas ou medianas e as metatorácicas ou posteriores.
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- Estruturas de uma perna típica
Uma perna típica é composta pelas seguintes partes (Figura 21):
a) Coxa: é o segmento basal da perna, geralmente volumosa, arredondada e curta, que
se articula com o tórax através cavidade coxal.
b) Trocânter: pequeno segmento da perna, localizado entre a coxa e o fêmur, porém,
fixo à base do fêmur. Nos insetos da ordem Hymenoptera, subordem Symphyta, e alguns da
subordem Apocrita
existe uma subdivisão basal do fêmur, simulando um segundo
trocânter, mas a inserção do músculo redutor na sua base, atesta que ele pertence ao fêmur,
e nesse caso os insetos são denominados dítrocos.
c) Fêmur: é a parte mais desenvolvida, robusta e forte de uma perna; fixa-se ao
trocânter, ou às vezes diretamente à coxa, deslocando o trocanter lateralmente. Apresentase, em alguns insetos, dilatado ou modificado no seu aspecto típico, constituindo, essas
variações, um interessante dimorfismo sexual.
d) Tíbia: é um segmento delgado, um pouco mais curto que o fêmur. Geralmente
apresenta espinhos e esporões que podem Ter valor taxonômico.
e) Tarso: é a penúltima porção da perna dos insetos, apresentando-se nos adultos com
um número de artículos variando de um a cinco, os quais são denominados tarsômeros.
Nas abelhas, o primeiro tarsômero é bem desenvolvido e recebe o nome de basitarso.
Figura 21. Estruturas de uma perna típica.
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De acordo com o número de tarsômeros os insetos podem ser agrupados em
homômeros e heterômeros, a saber:
- Homômeros: apresentam o mesmo número de tarsômeros nos três pares de
pernas.
Podem
ser
monômeros,
dímeros,
trímeros,
tetrâmeros
e
pentâmeros,
criptotetrâmeros e criptopentâmeros.
• Monômeros: apresentam um tarsômero em todas as pernas. Ex.: ordem
Phthiraptera (subordem Anoplura).
• Dímeros: possuem dois tarsômeros em todas as pernas. Ex.: Psocoptera e
Zoraptera.
• Trímeros: quando apresentam três tarsômeros nos três pares de pernas. Ex.:
Embioptera.
• Tetrâmeros: apresentam quatro tarsômeros nos três pares de pernas. Ex.: Isoptera
e muitos Coleoptera.
• Pentâmeros: cinco tarsômeros em todas as pernas. Ex.: Diptera, Lepidoptera,
alguns Orthoptera e Coleoptera, etc.
• Criptotetrâmeros: apresentam quatro tarsômeros nos três pares de pernas, porém
o terceiro está oculto entre o segundo e o quarto, aparentando apenas três. Ex.: família
Coccinellidae (Coleoptera).
• Criptopentâmeros: quando apresentam cinco tarsômeros nos três pares de
pernas, mas o quarto está oculto entre o terceiro e o quinto, aparentando apenas quatro. Ex.:
família Cerambycidae (Coleoptera).
- Heterômeros: quando possuem diferentes números de artículos nos tarsos dos três
pares de pernas. Surgem, assim, as chamadas fórmulas tarsais; tais como: 3-5-5
(Coleoptera:
Staphylinidae),
4-5-5
(Coleoptera:
Lampyridae),
5-4-4
(Coleoptera:
Silphidae), 5-5-4 (Coleoptera: Tenebrionidae), onde cada algarismo indica o número de
tarsômeros existentes no primeiro, segundo e terceiro pares de pernas.
f) Pós-tarso ou pré-tarso: é a parte distal da perna. Contém geralmente, um par de garras
ou unhas. Na base dessas garras podem ocorrer estruturas em forma de almofadas, os
pulvilos, e entre elas, o arólio, de forma lobosa, ou o empódio, também em forma de lobo
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ou em forma de estilete ou de espinho. O pós-tarso tem função de auxiliar a fixação, quer
pelas garras em superfícies ásperas, quer por meio do arólio, que funciona como ventosa
em superfícies lisas (Figura 22).
Figura 22. Estruturas do tarso e pós-tarso (Adaptado de Romoser & Stoffolano, 1998).
- Tipos de pernas
Conforme a função a ser exercida, as pernas podem apresentar modificações em
suas partes, que as tornam mais adaptadas para o desempenho daquela função. Essas
modificações ocorrem de acordo com o meio em que vive o inseto, e conforme o seu
comportamento, podendo citar os seguintes tipos de pernas (Figura 23):
a) Ambulatórias, corredoras ou marchadeiras: são pernas comuns, sem
modificações e, como o próprio nome indica, servem para andar ou correr. Quase todos os
insetos possuem pelo menos um par de pernas ambulatórias, e a maioria deles possui os três
pares, sendo que, neste caso, as protorácicas apresentam-se um pouco menor que as outras,
e as metatorácicas como as mais desenvolvidas. É o tipo próprio das baratas, moscas,
muitos besouros, borboletas, mariposas, formigas, etc.
b) Saltadoras ou saltatórias: o fêmur é bem desenvolvido e a tíbia relativamente
longa. São pernas próprias para saltar, funcionando como uma mola que impulsiona o
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inseto para frente, e constituem, normalmente, o terceiro par. É de ocorrência comum em
gafanhotos, grilos, esperanças, pulgas e alguns besouros.
c) Nadadoras ou natatórias: são as pernas encontradas em insetos que vivem em
ambiente aquático, com adaptação mais acentuada nos pares medianos e posterriores. Este
tipo apresenta o fêmur, a tíbia e o tarso achatados, em forma de remo, com uma ou as duas
margens providas de pêlos que auxiliam a locomoção e o direcionamento na água. São o
segundo e terceiro pares de pernas das baratas d’água e besouros aquáticos.
d) Preensoras: apresentam a coxa robusta e o fêmur provido de um sulco longitudinal,
no qual se encaixa perfeitamente a tíbia, que é recurvada. Trabalham como uma tesoura,
prendendo as suas presas. É o primeiro par de pernas das baratas d’água.
e) Raptadoras ou raptatórias: são as pernas anteriores transformadas para a captura
de outros insetos. A coxa é alongada, o fêmur bem desenvolvido e robusto, a tíbia e os
tarsos alongados. Com exceção da coxa e trocânter, os demais artículos apresentam-se
providos de fortes espinhos ou dentes. São o primeiro par dos louva-a-deus (Mantodea:
Mantidae) e Mantispidae (Neuroptera).
f) Escavadoras ou fossoriais: são pernas que servem para escavar o solo, constituindo
o primeiro par das paquinhas e dos besouros escaravelhos. Essas pernas, são
morfologicamente diferentes nos dois grupos, formando nas paquinhas, o digitus, pela
transformação, principalmente do tarso, e tendo nos escaravelhos, apenas a tíbia denteada e
alargada.
g) Escansoriais: estas pernas possuem um único tarsômero rígido e recurvado,
contendo uma garra desenvolvida. São próprias para fixação do inseto em pêlos ou penas
do hospedeiro, sendo encontradas nos três pares dos piolhos hematófagos (Phthiraptera:
Anoplura).
h) Coletoras: são características do terceiro par de pernas de alguns grupos sociais de
himenópteros, como as abelhas, sendo utilizadas para a coleta e transporte de grãos de
pólen. Neste caso o primeiro segmento do tarso, o basitarso, é bastante desenvolvido e
provido de pêlos na face interna. A superfície externa da tíbia é completamente lisa e
côncava, com pêlos marginais, formando uma espécie de “cesto”, a corbícula, onde o
pólen é transportado.
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i) Limpadoras: são as pernas anteriores das abelhas, onde, existem estruturas
específicas para a limpeza das antenas, conhecidas como “limpador de antenas”.
j) Adesivas: neste caso, o segundo tarsômero do primeiro par de pernas é dilatado e
dotado de uma ventosa que serve para fixação do inseto durante a cópula. São encontradas
apenas nos machos de alguns insetos aquáticos, como nas famílias Dytiscidae, Gyrinidae e
Hydrophilidae.
Figura 23. Alguns tipos de pernas.
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B. Asas
São apêndices torácicos destinados à locomoção aérea e cuja função está
diretamente ligada à reprodução e disseminação dos insetos, ou seja, com a sua
sobrevivência.
De acordo com o número de asas, os insetos podem ser classificados em:
a) Tetrápteros: constituem-se na maioria das espécies, as quais possuem, na fase
adulta, dois pares de asas, sendo o primeiro articulado com o mesotórax e o segundo com o
metatórax.
b) Dípteros: apresentam apenas um par de asas funcionais, o qual pode estar no
mesotórax, por exemplo nos Diptera, ou no metatórax, como nos machos de Strepsiptera.
c) Ápteros: são assim denominados os insetos desprovidos de asas, como Phthiraptera
(Anoplura e Mallophaga), Thysanura e Siphonaptera.
d) Aptésicos: são os insetos que, apesar de possuírem asas desenvolvidas, não as
utilizam para o vôo. Ocorre em algumas espécies de Phasmida.
As asas podem ser divididas em diversas áreas ou regiões, conforme a Figura 24:
a) Articular: como o próprio nome diz, é a região da base da asa, que se articula com o
tórax.
b) Ala ou remígio: é a porção distal da asa, onde se encontra a maioria das nervuras.
c) Cubital: compreende a região mediana e distal da asa.
d) Anal ou vanal: localiza-se no bordo interno da asa, entre a área cubital e a jugal.
e) Jugal: é uma região pequena, oriunda de uma expansão da margem interna da asa,
próximo à sua base.
Todos os insetos apresentam as asas de forma mais ou menos triangular, de modo a
poder-se considerar os seguintes bordos ou margens (Figura 25):
a) Costal ou anterior: limita o bordo anterior da asa, ou seja, da articulação com o
tórax até o seu ápice.
b) Lateral ou externa: limita lateralmente a asa, do ápice ao ângulo anal.
c) Anal ou interna: limita a asa internamente, ou seja, do ângulo anal à sua base.
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Figura 24. Regiões de uma asa.
Figura 25. Ângulos e margens de uma asa.
Essas margens formam os seguintes ângulos (Figura 25):
a) Umeral ou axilar: formado pelas margens costal e anal, na base da asa.
b) Apical: entre a margem costal e lateral, na extremidade superior da asa.
c) Anal: na intersecção da margem lateral com a anal.
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As asas articulam-se com o tórax através de um conjunto de escleritos, denominados
pterália. Desses escleritos destaca-se a placa umeral, situada na margem anterior; abaixo
surgem outros escleritos denominados axilárias, e medianamente, um ou dois outros,
conhecidos como placas medianas.
A superfície da asa é totalmente percorrida por cordões salientes, as nervuras, que
podem ser longitudinais e transversais. A presença, posição, bem como as células por
elas formadas, são caracteres utilizados na classificação de algumas ordens de insetos
(Figura 26).
- Nervuras longitudinais
Dispostas no sentido do comprimento das asas; são as seguintes (Figura 24):
a) Costal (C): nervura geralmente marginal sem ramificações.
b) Sub-costal (Sc): geralmente bifurca-se em dois ramos: Sc1 e Sc2.
c) Radial (R): bifurca-se em um ramo indiviso R1, e num segundo ramo (setor radialRs) que se divide, sendo que cada bifurcação se divide novamente, originando quatro
ramos terminais: R2, R3, R4 e R5.
d) Mediana (M): inicialmente se ramifica na mediana anterior (MA), que se
subdivide em MA1 e MA2, e na mediana posterior (MP), da qual se originam os ramos
distais MP3, MP4, MP5 e MP6.
e) Cubital (Cu): bifurca-se em Cu1 e Cu2. A Cu1 se bifurca dando origem a Cu1a e Cu1b.
f) Anais (A): não se bifurcam, e seu número varia de um a doze (1A, 2A,...).
g) Jugais (J): situam-se no lobo jugal e, geralmente, duas nervuras são distintas: 1J e
2J.
- Nervuras transversais
Unem as nervuras longitudinais. As principais são (Figura 24):
a) Umeral (h): liga a costal à sub-costal (C-Sc).
b) Radial (r): liga R1 e o primeiro ramo do setor radial (R1-Rs1).
c) Setorial (s): entre o terceiro e quarto ramos da radial (R3-R4).
d) Rádio-mediana (r-m): une o ramo posterior do setor radial à mediana anterior (Rs2MA).
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e) Mediana (m): entre o segundo e terceiro ramos da mediana (MP2-MP3).
f) Médio-cubital (m-cu): liga o segundo ramo da mediana posterior à primeira cubital
(MP-Cu1).
g) Cubital (cu): entre a primeira e segunda cubital (CU1-Cu2).
h) Cúbito-anal (cu-a): liga o ramo proximal da cubital à primeira anal (Cu2-1A).
i) Anais (a): liga as anais entre si (1A-2A-3A ...).
Essas nervuras longitudinais e transversais provavelmente constituem um padrão
primitivo. Convém salientar que em muitos insetos a nervação pode ser extremamente
reduzida, devido ao desaparecimento ou fusão de nervuras, e em outros, como é o caso de
Odonata e Neuroptera, o número de nervuras transversais é muito elevado, dando à asa um
aspecto reticulado.
Figura 26. Nervação e células de uma asa típica.
- Células
As células são ditas abertas quando se estendem até a margem da asa, e fechadas
quando circundadas por nervuras. Em Lepidoptera há uma célula central, fechada ou não,
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denominada célula discal. Em Odonata há uma célula chamada triângulo, devido ao seu
formato característico.
- Estruturas de acoplamento
São estruturas especiais que unem as asas, capacitando os insetos a uma maior
eficiência de vôo. Essas estruturas são as seguintes (Figura 27):
a) Jugo: é uma projeção do lobo jugal da asa anterior, que repousa sob a margem costal
da asa posterior, permanecendo esta presa entre o jugo e a margem anal da asa anterior. É
encontrada na família Hepialidae (Lepidoptera).
b) Frênulo: é uma cerda inserida no ângulo umeral da asa posterior, que se prende à
asa anterior através de um tufo de cerdas ou escamas modificadas, chamado de retináculo.
Nos machos o frênulo é constituído por uma única cerda, e nas fêmeas por duas ou três.
Ex.: Famílias Noctuidae e Sphingidae (Lepidoptera).
Nas espécies de Lepidoptera que não apresentam o frênulo, o acoplamento das asas é
dito amplexiforme, no qual a região do ângulo umeral da asa posterior é
consideravelmente expandida, ficando sob pressão da região anal da asa anterior.
c) Hâmulos: são diminutos ganchos localizados na parte mediana da margem costal da
asa posterior, que se prendem na margem anal da asa anterior. Ex.: Apidae (Hymenoptera).
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Figura 27. Estruturas de acoplamento.
- Tipos de asas
De acordo com a constituição e esclerotização das asas, elas podem ser classificadas
nos seguintes tipos (Figura 28):
a) Membranosas: são asas finas, geralmente transparentes, que apresentam as nervuras
bem nítidas. Constituem, geralmente, o segundo par de asas de quase todos os insetos. Elas
podem ainda serem nuas como em Cicadidae (Homoptera), Diptera, Odonata,
Hymenoptera, etc., ou escamosas como em Lepidoptera, e também coloridas ou hialinas.
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b) Élitros: apresentam-se fortemente esclerotizadas, em forma de um escudo de
proteção ao corpo. Não apresentam nervuras visíveis. Constituem-se no primeiro par de
asas de Coleoptera e Dermaptera, e não são utilizadas para o vôo.
c) Hemiélitros: encontram-se em quase todos os hemípteros. São formadas por uma
área basal espessa e esclerotizada, denominada cório e uma membranosa, disposta
apicalmente, a membrana. Em alguns hemípteros, a parte antero-superior do cório é
destacada, sendo denominada embólio e a distal cúneo. A área anal é saliente e recebe o
nome de clavo. A membrana pode ou não apresentar nervuras e células; estas quando
presentes, geralmente formam a grande e pequena aréola.
Figura 28. Alguns tipos de asas.
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d) Tégminas: são as asas anteriores dos insetos das ordens Blattodea, Mantodea,
Orthoptera e Phasmatodea. São de aspecto pergaminhoso ou coriáceo, e normalmente
estreitas e alongadas.
e) Franjadas: são asas alongadas, com nervuras reduzidas e providas de pêlos em toda
a extensão de seus bordos. É o tipo característico da ordem Thysanoptera.
f) Balancins ou halteres: são asas metatorácicas atrofiadas, encontradas em Diptera, e
que possuem função de equilíbrio.
g) Pseudo-halteres: são estruturas semelhantes aos balancins, porém modificadas a
partir do primeiro par de asas. Encontram-se nos machos da ordem Strepsiptera, e acreditase que são originárias de élitros que perderam a função protetora sobre as asas posteriores.
h) Lobadas: são modificações do tipo membranoso com escamas, sendo encontradas
em algumas famílias de Lepidoptera, como nos Pterophoridae. A margem externa das asas
acompanha as nervuras, formando lobos, assemelhando-se assim, a uma asa partida ou
dividida.
5. ESTUDO DO ABDOME DOS INSETOS
É a terceira parte do corpo do inseto, que se caracteriza pela segmentação típica,
simplicidade de estrutura e ausência geral de apêndices locomotores. Embriologicamente
nunca ocorrem mais de doze segmentos abdominais ou urômeros. Nas ordens superiores,
esta segmentação se reduz a nove ou dez urômeros distintos. A redução do número de
segmentos ocorre, em geral, na parte posterior do abdome, porém em alguns insetos
superiores, pode haver a eliminação ou atrofia do primeiro urômero. É também uma região
altamente especializada, onde se encontram as vísceras, o aparelho genital e outros
apêndices.
Cada urômero é constituído por uma placa tergal, mais ou menos arqueada, e outra
menor e mais plana, a placa esternal. Essas placas são separadas pela membrana pleural,
que é bem desenvolvida. Desse modo, o abdome possui muita mobilidade e flexibilidade
(Figura 29).
Em alguns insetos os quatro ou cinco primeiros urômeros são desenvolvidos e de
aspecto globular, sendo denominados pré-abdome, e os segmentos restantes, de
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conformação tubular, constituem o pós-abdome, que forma o ovipositor de algumas
fêmeas.
Figura 29. Áreas e apêndices do abdome.
A. Segmentos abdominais
Os segmentos abdominais são agrupados em:
a) Segmentos pré-genitais ou viscerais: compreendem os urômeros I-VII nas fêmeas e
I-VIII nos machos, os quais são muito semelhantes entre si (Figura 29). O primeiro
urômero está, em geral, amplamente unido ao metatórax, porém, em alguns Hymenoptera,
o primeiro urômero (propódeo ou epinoto) está intimamente ligado as metatórax; o
segundo e terceiro urômeros formam uma constrição (pedúnculo), e os demais formam o
gáster. Os espiráculos estão, normalmente, localizados nas pleuras abdominais, porém sua
posição é muito variável.
b) Segmentos genitais: correspondem ao nono segmento nos machos e oitavo e nono
nas fêmeas e estão associados com as estruturas genitais (Figura 29). Das placas pleurais
(primeiros valvíferos) do oitavo urômero origina-se o primeiro par de valvas, que toma
parte na formação do ovipositor da fêmea, sendo que o segundo e o terceiro pares de dessas
valvas, originam-se dos escleritos pleurais (segundos valvíferos) do nono segmento;
portanto, o ovipositor é formado por 6 lâminas, dispostas 3 a 3. Geralmente, as aberturas
genitais femininas e masculinas ocorrem na parte posterior do nono esternito abdominal.
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c) Segmentos pós-genitais: compreendem, principalmente, o décimo e décimo
primeiro urômeros (Figura 29). Em alguns casos é difícil a separação desses segmentos,
devido a união que pode haver entre eles. Os apêndices presentes no décimo urômero são
denominados pigópodos, como por exemplo, os socii de Lepidoptera e Trichoptera, as
pernas anais das larvas de Lepidoptera, Hymenoptera (Tenthredinidae), etc. Na maioria dos
Endopterygota o corpo termina no décimo segmento, pois, normalmente, o décimo primeiro
desaparece.
Quando presente, o décimo primeiro urômero é uma peça cônica com o ânus em seu
ápice. Apresenta uma placa dorsal chamada epiprocto, e dois lobos ventro-laterais, os
paraproctos.
B. Apêndices abdominais
Os insetos apresentam em seu desenvolvimento embrionário certos apêndices
abdominais que, em sua maior parte, desaparecem com o nascimento da larva (ou ninfa),
mas que em muitos casos permanecem após a eclosão para se transformarem em estruturas
funcionais.
Nos adultos de Apterygota existem estilos abdominais, que tomam parte na
locomoção destes insetos, servindo também de apoio ao abdome; além desses apêndices
podem ocorrer as denominadas vesículas protráteis. Na extremidade posterior destes
insetos há três filamentos caudais; os dois laterais são os cercos e o central é o filamento
mediano.
As larvas de algumas espécies de Coleoptera, apresentam no dorso do nono urômero
uma projeção cuticular denominada urogonfo. Ainda, como apêndices abdominais das
formas imaturas, devem ser mencionadas as brânquias das larvas e ninfas dos insetos
aquáticos.
Os adultos de Pterygota podem apresentar os cercos, que são apêndices abdominais
pares, multissegmentados ou não, inseridos nas partes látero-dorsais do décimo primeiro
urômero. Sua principal função é sensorial, podendo auxiliar na cópula, e até exercer função
preensora, como no caso das tesourinhas. Podem ocorrer também os estilos, em número de
dois, articulados ventralmente nas partes laterais ou posteriores do décimo primeiro
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urômero. Os estilos são apêndices curtos e unissegmentados, presentes nos machos de
Mantodea, Blattodea, Ephemeroptera, etc, e possuem função sensorial. Os pulgões
apresentam um par de apêndices dorsais, denominados sifúnculos ou cornículos, os quais
podem liberar feromônio de alarme (Figura 30).
Figura 30. Apêndices abdominais.
C. Tipos de abdome
De acordo com as formas de conexão do abdome com o tórax, pode-se classificá-los
como:
a) Séssil ou aderente: quando o abdome liga-se ao tórax em toda sua largura (Figura
31). Ex.: baratas, gafanhotos, besouros, etc.
b) Livre: quando aparece, na união do abdome com o tórax, uma constrição mais ou
menos pronunciada (Figura 31). Ex.: moscas, abelhas, borboletas, etc.
c) Pedunculado: quando a ligação é feita através de uma constrição pronunciada, que
forma um pedúnculo ou pecíolo (Figura 31). Ex.: formigas e vespas.
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Figura 31. Tipos de abdome. A- Séssil, B- Livre e C- Pedunculado.
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GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G.
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