Analfabetismo Funcional O índice de reprovação no

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Analfabetismo Funcional
O índice de reprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, realizado
recentemente em São Paulo, atingiu a impressionante marca de 93%. Realizado em duas
etapas, sendo a primeira composta por cem testes de múltipla escolha, na qual apenas
um em cada dez candidatos superou a medíocre nota de corte de 46 acertos, e a segunda,
formada por questões discursivas, nas quais erros crassos de conjugação verbal,
ortografia, coesão e coerência textuais, entre outros, foram identificados. Tais resultados
ilustram
com
louvor
a
decadência
do
ensino
em
nosso
país.
O crescimento do ensino superior na década de 90 é inegável. Foram ampliados
a abrangência dos cursos, a oferta de vagas e o número de alunos matriculados. Porém,
muita quantidade para pouca qualidade. Estamos formando advogados que
desconhecem leis, economistas que não sabem matemática financeira, engenheiros com
dificuldades em cálculos estruturais. Pseudoprofissionais que irão cercear a liberdade de
um cliente, condenar uma empresa à falência, levar um edifício ao chão.
No anseio de se apresentar estatísticas que denotem evolução no sistema
educacional, mediante elevação do número de graduados e redução do número de
analfabetos, os indicadores mascaram a realidade dos fatos. Assim, basta escrever o
nome para ser incluído na categoria dos alfabetizados, ainda que se tenha um
vocabulário restrito a umas poucas palavras. Basta um diploma conquistado mais com o
suor do trabalho para se pagar as mensalidades ao longo de alguns anos do que pelo
conhecimento
adquirido,
para
ser
alçado
ao
time
dos
“doutores”.
A gênese de nossos problemas reside no ensino fundamental, para o qual há
dotação orçamentária prevista constitucionalmente, embora os recursos cheguem
minguados às salas de aula, pois perdem-se no decorrer dos descaminhos políticos e
burocráticos. Falta remuneração adequada aos professores, falta-lhes incentivo à
reciclagem
profissional,
falta
rigor
no
ensino.
A Língua Portuguesa é violentada a cada frase pronunciada, a cada expressão
escrita. Falamos e escrevemos mal porque lemos pouco. Matemática é rotulada como
disciplina difícil, produzindo um exército de cidadãos vilipendiados pela indústria dos
juros. História é tida como dispensável, cultivando a brevidade da memória política que
nos assola, conseqüência da incapacidade de se associar fatos. Inglês é introduzido na
grade curricular cada vez mais precocemente, porém, a iniciativa é inútil haja vista que
a metodologia forma mestres no verbo “to be”, após muitos anos de estudo, quando
seria desejável o domínio de um vocabulário mínimo e de capacidade de comunicação.
Nossos atuais conflitos éticos e morais, os eventos políticos, a fragilidade
econômica, as desigualdades sociais, a subserviência institucional, a crise de identidade
cívica, são filhos bastardos de nossa inépcia em reconhecer a relevância da educação na
construção de um projeto de nação. Pena que dá trabalho pensar, elaborar, trabalhar e
esperar vinte anos para ver florescerem as sementes.
Kênia Aparecida dos Santos
2º Período de Pedagogia
Heron de Carvalho
Professor Orientador
Rosângela de Moura Cortez
Coordenador de Curso
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