TRABALHO DE ECONOMIA: RELAÇÕES EM ECONOMIA

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUIUTABA - FEIT
INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA DE ITUIUTABA - ISEPI
DIVINO EURÍPEDES GUIMARÃES DE OLIVEIRA
TRABALHO DE ECONOMIA:
RELAÇÕES EM ECONOMIA INTERNACIONAL: A INFLUÊNCIA DO
CÂMBIO NO SALDO COMERCIAL
Ituiutaba-MG
Outubro de 2011
2
DIVINO EURIPEDES GUIMARÃES DE OLIVEIRA
TRABALHO DE ECONOMIA:
RELAÇÕES EM ECONOMIA INTERNACIONAL: A INFLUÊNCIA DO
CÂMBIO NO SALDO COMERCIAL
Trabalho
realizado
no
curso
de
Pós-
graduação em Direito Processual, como
parte da avaliação da disciplina ministrada
de economia.
Professor: Vinícius de Paula Rezende
Ituiutaba-MG
Outubro de 2011
3
I. A Taxa de Câmbio
A taxa de câmbio é utilizada para expressar o preço de uma moeda em
termos de outra – neste caso, o preço da moeda brasileira em termos da moeda
norte-americana – sendo que seu valor presente depende da expectativa futura dos
agentes. Ao longo do tempo a taxa de câmbio pode sofrer apreciações ou
depreciações e existem quatro determinantes mais relevantes para explicá-las,
segundo Krugman(2005):
a. Uma mudança nos níveis da oferta relativa de moeda;
b. Uma mudança nas taxas de crescimento da oferta relativa de moeda;
c. Uma mudança na demanda relativa por produto;
d. Uma mudança na oferta relativa de produto.
Considerando o contexto da economia brasileira no período que sucede a
crise financeira, o que ocorreu foi uma elevação nos níveis da oferta relativa da
moeda norte-americana (US$), cuja consequência foi a de uma breve depreciação
da moeda brasileira (R$) em relação ao dólar num primeiro momento, seguida por
uma série de apreciações. Esta desvalorização pode ser explicada pela forte
desaceleração da economia mundial, assim como pela queda dos preços das
commodities e a crescente aversão ao risco, e as valorizações passaram ocorrer na
medida em que voltavam ao país aplicações externas de curto prazo. Os valores
assumidos pela taxa de câmbio tanto nominal quanto real podem ser visto na tabela
abaixo:
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TABELA 1 – TAXA DE CÂMBIO NOMINAL E REAL DE 09/2008 A 04/2011
Período
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
Taxa de Câmbio
Nominal
(R$/US$)
1,7988
2,1721
2,2655
2,3936
2,3066
2,3119
2,3130
2,2051
2,0601
1,9568
1,9320
1,8444
1,8190
1,7376
1,7252
1,7495
1,7790
1,8394
1,7850
1,7558
1,8124
1,8054
1,7688
1,7588
1,7179
1,6852
1,7125
1,6927
1,6741
1,6672
1,6583
1,5856
Taxa de
Câmbio Efetiva
Real
91,5827
105,0383
105,7462
111,8135
106,1863
104,0158
102,9856
98,3219
92,6814
88,7532
87,1865
83,9228
83,0914
79,8501
79,8076
80,8237
81,4415
82,8604
80,7637
79,6031
80,9709
80,6456
80,9127
81,7860
80,5388
80,9399
82,2823
81,5331
80,5449
75,9988
76,1458
74,9425
Fonte: Elaboração Própria com dados do IPEA Data
A análise dos dados permite entender o comportamento da taxa de câmbio no
período observado. Em um primeiro momento que vai de setembro de 2008 a março
5
de 2009, a taxa de câmbio apresenta um comportamento ascendente, ou seja, de
desvalorização da taxa de câmbio. A partir de abril de 2009 a curva passa a ter um
comportamento descendente, de apreciação da taxa de câmbio, comportamento
este que se mantém até o período atual, sendo permeado por alguns momentos
isolados de elevação da taxa de câmbio. A trajetória da taxa de câmbio nominal do
período está exposta no seguinte gráfico:
GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO NOMINAL
Fonte: Elaboração Própria com Dados do IPEA Data
Uma variação da taxa de câmbio afeta diretamente o preço dos bens
comercializados no mercado internacional, e, ainda, afeta o nível de preços de forma
indireta, seja através do aumento dos custos de produção de bens domésticos cuja
produção dependa de matérias-primas advindas de importações ou através da
substituição de bens produzidos internamente por bens similares vindos do resto do
mundo. Dessa forma, pode-se compreender que a taxa de câmbio é um dos
principais fatores atuando na conta de Transações Correntes, sendo que uma
apreciação da taxa de câmbio pode levar, ceteris paribus, a uma redução das
exportações – uma vez que os produtos nacionais ficaram mais caros quando
expressos em dólar – e incentiva as importações – os produtos do resto do mundo
6
ficaram mais baratos em termos da moeda nacional, o que estimula os
consumidores internos a demandar produtos estrangeiros.
II.O Saldo em Transações Correntes da Economia Brasileira
Existem dois fatores principais que afetam o desempenho das Transações
Correntes da economia brasileira, sendo eles a taxa de câmbio real do Real em
relação à moeda estrangeira e a renda interna disponível. Para efeitos deste
trabalho lidaremos apenas com a taxa de câmbio nominal, cuja trajetória no período
se assemelha à trajetória da taxa de câmbio real. A conta de Transações Correntes
é composta por três outras contas, as quais são:
• Balança Comercial
• Balanço de Serviços e Rendas
• Transferências Unilaterais Correntes
Historicamente, o Brasil utiliza a Balança Comercial para garantir superávit
em Transações Correntes e melhorar a situação no Balanço de Pagamentos, sendo
sua política econômica permeada por incentivos à exportação como concessão de
subsídios e taxas de juros menores para exportadores tomadores de crédito, cujo
objetivo final era gerar divisas para cumprir com suas obrigações com o resto do
mundo. Por outro lado, o Balanço de Serviços e Rendas apresenta uma trajetória de
déficits recorrentes, enquanto a conta de Transferências Unilaterais Correntes
apesar de apresentar superávits, é a mais irrelevante para o desempenho final em
Transações Correntes.
O comportamento supracitado pode ser observado na tabela a seguir, que
expõe dados das contas para os anos de 2005 a 2010. Os anos de 2005 e 2006
foram considerados para demonstrar que, antes da crise, o país estava obtendo
superávits na Balança Comercial em magnitude suficiente para garantir superávits
em transações correntes. Em 2007, os efeitos da crise atingiram a economia
brasileira reduzindo o superávit da conta, mas este ainda se manteve. Foi somente
em 2008, conforme pode ser visto na tabela abaixo, que o desempenho sofreu uma
inflexão mais do que considerável e passou a ser deficitário, mantendo-se nessa
trajetória até este ano de 2011.
7
TABELA 2 – RELAÇÃO DAS CONTAS DE 2005 A 2010 (US$ Milhares)
Balança
Ano
Comercial
US$44.702.878
2005
Balança de
Serviços e
Rendas
-
Saldo em
Transferências
Transações
Unilaterais
Correntes
(BC+BSR+TUC)
US$ 3.557.768
US$34.275.990
2006
US$46.456.628
2007
US$40.031.626
2008
US$24.835.752
2009
US$25.289.805
2010
US$20.220.969
US$37.120.359
US$42.509.891
US$57.251.642
US$52.929.579
US$70.373.244
US$13.984.656
US$ 4.306.333
US$13.642.602
US$ 4.028.990
US$1.550.725
US$ 4.223.866
-US$28.192.023
US$ 3.337.512
-US$24.302.261
US$ 2.787,545
-US$47.364.730
Fonte: Elaboração Própria com Dados do Banco Central do Brasil
Os efeitos nocivos da crise não atuaram apenas no saldo comercial, mas
também na conta de serviços e rendas que registrou um aumento significativo em
seu déficit, o que pode ser justificado especialmente pelo crescimento das remessas
de lucros e dividendos ao exterior. De uma maneira geral, como pode ser observado
na tabela abaixo, o saldo em Transações Correntes manteve seu perfil deficitário
desde 2008 até o período atual, sendo que apenas no mês de abril de 2009
conseguiu obter um desempenho superavitário. O ponto mais baixo atingido por esta
conta foi em dezembro de 2009 quando o saldo foi deficitário em 5,9 bilhões de
dólares.
8
TABELA 3 – TRANSAÇÕES CORRENTES DE 09/2008 A 04/2011 (US$ Milhares)
Período
Mensal
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
Saldo em
Transações
Correntes
-2.761.215
-1.238.516
-951.147
-3.118.553
-2.765.525
-612.945
-1.559.149
105.165
-1.769.979
-574.515
-1.623.265
-809.236
-2.451.675
-3.017.575
-3.273.495
-5.950.063
-3.840.227
-3.091.826
-5.017.022
-4.616.178
-2.008.414
-5.273.394
-4.588.968
-2.974.605
-3.949.739
-3.769.692
-4.735.093
-3.499.570
-5.498.172
-3.457.019
-5.676.058
-3.487.532
Fonte: Elaboração Própria com Dados do IPEA Data.
9
III. Associação da Taxa de Câmbio Nominal com o Saldo em Transações
Correntes
Nas seções anteriores, foi explorado o comportamento da taxa de câmbio
nominal e do saldo em Transações Correntes sendo que ambos apresentaram um
desempenho em certa medida similar, o que apenas demonstra que a taxa de
câmbio influencia de fato o saldo da conta.
No que diz respeito ao saldo da Balança Comercial, o qual é encontrado
através da diferença entre o valor exportado e o valor importado, a taxa de câmbio
afeta o saldo comercial porque altera a relação entre os preços de diversas moedas.
A apreciação da moeda de nacional torna os bens deste país mais caros para o
resto do mundo e os produtos estrangeiros mais baratos para o mercado interno.
Por exemplo, com a valorização da moeda brasileira em relação à moeda norteamericana existente a partir de meados de 2009, o montante importado passou a ser
maior em volume e esse aumento foi maior que a queda nos preços dos produtos do
resto do mundo o que levou a uma redução no saldo comercial. Essas informações
podem ser observadas na tabela seguinte:
TABELA 4 – SALDO DA BALANÇA COMERCIAL DE 2007 A 2011 (US$ Milhões)
Balança
Comercial
Exportações
Importações
2007
2008
2009
2010
40032
24836
25290
20221
160649
197942
152995
201915
-120617
-173107
-127705
-181694
Fonte: Elaboração Própria com Dados do Banco Central do Brasil
Entretanto, os efeitos da taxa de câmbio na Balança Comercial não foram os
únicos a prejudicar o desempenho do Balanço de Pagamentos. Vale ressaltar a
intensa retirada de capitais do país, devido principalmente a questões de risco e de
escassez de liquidez o que provocava os investidores a retirarem suas aplicações no
Brasil e conduzi-las para situações mais urgentes. Este último afeta a conta de
Serviços e Rendas, por exemplo, através da renda de investimentos e dos lucros
reinvestidos no Brasil. A tabela a seguir permite a comparação mais explícita do
desempenho das duas variáveis analisadas:
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TABELA 5 – COMPARAÇÃO DA TRAJETÓRIA DA TAXA DE CÂMBIO E DA
CONTA DE TRANSAÇÕES CORRENTES DE 09/2008 A 04/2011
Período
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
Taxa de Câmbio
Nominal (R$/US$)
1,7988
2,1721
2,2655
2,3936
2,3066
2,3119
2,3130
2,2051
2,0601
1,9568
1,9320
1,8444
1,8190
1,7376
1,7252
1,7495
1,7790
1,8394
1,7850
1,7558
1,8124
1,8054
1,7688
1,7588
1,7179
1,6852
1,7125
1,6927
1,6741
1,6672
1,6583
1,5856
Fonte: Elaboração Própria com Dados do IPEA Data.
Saldo em Transações
Correntes (US$ Milhares)
-2.761.215
-1.238.516
-951.147
-3.118.553
-2.765.525
-612.945
-1.559.149
105.165
-1.769.979
-574.515
-1.623.265
-809.236
-2.451.675
-3.017.575
-3.273.495
-5.950.063
-3.840.227
-3.091.826
-5.017.022
-4.616.178
-2.008.414
-5.273.394
-4.588.968
-2.974.605
-3.949.739
-3.769.692
-4.735.093
-3.499.570
-5.498.172
-3.457.019
-5.676.058
-3.487.532
11
Nem toda apreciação da moeda nacional ocorrida no período levou a um
déficit maior em Transações Correntes, logo a taxa de câmbio não tem a capacidade
de determinar completamente o desempenho dessa conta, tendo que ser levados
em contas outros fatores como a atuação do governo e alterações da renda interna
disponível.
IV. Possíveis Medidas para Ajuste do Balanço de Pagamentos
A estrutura do Balanço de Pagamentos do Brasil é definida da seguinte forma:
1. Transações Correntes
1.1 Balança Comercial
1.2 Balanço de Serviços e Rendas
1.3 Transferências Unilaterais Correntes
2. Conta Capital e Financeira
2.1 Conta Capital
2.2 Conta Financeira
3. Erros e Omissões.
A demonstração dessa estrutura é importante para que possa ser sugerida
uma medida capaz de melhorar o desempenho do Balanço de Pagamentos através
de melhorias em uma ou várias contas. Uma possibilidade seria elevar a taxa de
juros nacional com o objetivo de atrair ainda mais investimentos diretos estrangeiros
– presentes na Conta Financeira – com uma garantia de maior rentabilidade das
aplicações. Esta alternativa levaria, entretanto, a uma provável apreciação da moeda
nacional em relação à moeda estrangeira no curto prazo. Entretanto, no longo prazo,
conforme explica Krugman (2005), a elevação da taxa de juros fará com que os
agentes reduzam sua demanda por moeda e passem a demandar ativos financeiros
12
que rendem juros. A redução da demanda causa um desequilíbrio no mercado
monetário com excesso de moeda o que leva a uma desvalorização do real em
relação ao dólar, ceteris paribus. A tomada dessa decisão deveria levar em conta se
o aumento em investimentos diretos estrangeiros seria o suficiente para superar os
efeitos da apreciação cambial no curto prazo.
De uma forma geral, o Banco Central do Brasil pode também utilizar suas
reservas internacionais para controlar a relação de demanda e oferta por dólar no
Brasil. Através da compra de ativos nacionais a autoridade monetária estaria
expandindo a oferta de moeda nacional e através da venda de ativos norteamericanos pode expandir a quantidade de dólares disponíveis. Essas medidas
levariam a uma desvalorização do Real e ao consequente estímulo para elevação
das exportações e redução das importações.
13
V. Referências Bibliográficas
BANCO CENTRAL DO BRASIL. < http://www.bcb.gov.br >. Acesso em:
IPEA DATA. Disponível em < http://www.ipeadata.gov.br/ >. Acesso em:
KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. Economia Internacional: Teoria e Política, Sexta
Edição, 2005.
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