PROTOCOLOS DE ATENÇÃO À SAÚDE Anafilaxia

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PROTOCOLOS DE
ATENÇÃO À SAÚDE
Anafilaxia
AUTORES
Adriana de Azevedo Mafra
Maria Elaine da Silva
Paula Martins
ELABORAÇÃO
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
1
PROTOCOLOS DE
ATENÇÃO À SAÚDE
ANAFILAXIA
AUTORES
Adriana de Azevedo Mafra
Maria Elaine da Silva
Paula Martins
COLABORADORES
Anne Marielle Girodo
Corina Toscano Sad
Marcia Parizzi
ELABORAÇÃO
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
VERIFICAÇÃO
Gerência de Urgência
2
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACLS
Advanced Cardiovascular Life Suport
ACAAI
American College of Allergy, Asthma and Immunology
APS
Atenção Primária à Saúde
AINE
Antiinflamatórios não esteróides
DPOC
Doença pulmonar obstrutiva crônica
IAM
Infarto agudo do miocárdio
IV
intravenosa
iECA
Inibidores enzima de conversão de angiotensina
IgE
Imunoglobulina E
IM
Intramuscular
PCR
Parada cardio respiratoria
RCP
Ressuscitação cardio pulmonar
SC
Subcutâneo
PAS
Pressão arterial sistólica
SaO2
Saturação de oxigênio
VO
Via oral
UPA
Unidade de Pronto Atendimento
3
SUMÁRIO
UTILIZADORES POTENCIAIS
05
CONFLITOS DE INTERESSE
05
VALIDAÇÃO
05
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
05
INTRODUÇÃO
06
OBJETIVO GERAL
06
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
06
METODOLOGIA
07
NÍVEL DE EVIDÊNCIA E GRAU DE RECOMENDAÇÃO
07
PONTOS CHAVE
09
1.
CONCEITOS
09
2.
PREVALENCIA - INCIDÊNCIA
12
3.
GRUPOS DE RISCO
12
4.
FATORES E GRUPOS DE RISCO
14
5.
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
14
6.
ETIOLOGIA
14
7.
QUADRO CLÍNICO
15
8
DIAGNÓSTICO
17
8.1
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
18
8.2
DEFINIÇÃO DE HIPOTENSÃO
19
9
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
20
10
CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DAS REAÇÕES ANAFILÁTICAS
20
11
TRATAMENTO
21
11.1
MANEJO INICIAL
21
11.2
PARADA CARDIORESPIRATÓRIA
21
11.3
ADRENALINA
22
11.4
ANTIHISTAMÍNICOS
24
11.5
CORTICOSTERÓIDES
25
11.6
OUTROS MEDICAMENTOS
28
12
PLANO DE CUIDADOS
28
13
MATERIAIS NECESSÁRIOS
29
4
14
INDICADORES
29
15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
30
UTILIZADORES POTENCIAIS
Equipe da Atenção Primária à Saúde (APS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA
24h): médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, farmacêuticos, laboratório,
imagem, gerentes, academia;
Demais profissionais da saúde
Acadêmicos dos cursos de interesse da saúde
Profissionais de educação e comunicação em saúde
Comunidade
Conselhos Municipais de Saúde
Gestores de saúde estaduais e municipais
CONFLITOS DE INTERESSE
Não foram relatados conflitos de interesses pelos elaboradores deste protocolo.
VALIDAÇÃO
Validação interna: profissionais de saúde dos serviços das UPAs de Belo Horizonte e do
Nível Central.
Validação externa: Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM MG), Conselho
Regional de Enfermagem de Minas Gerais (COREN MG).
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Pacientes com suspeita de anafilaxia que se apresentam por demanda espontânea nos Centros de
Saúde ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) do Município de Belo Horizonte.
5
INTRODUÇÃO
Anafilaxia é uma reação aguda de hipersensibilidade generalizada e sistêmica, potencialmente
grave, com risco de vida. Desencadeada por reações mediadas pela imunoglobulina E (IgE), após
exposição a um antígeno em indivíduos previamente sensibilizados. Caracteriza-se pelo
envolvimento das vias aéreas (edema da faringe ou laringe) e/ou do trato respiratório
(broncoespasmo com taquipnéia) e/ou circulação (hipotensão e/ou taquicardia).
Morte por anafilaxia geralmente se deve ao edema de vias aéreas inferiores ou insuficiência
respiratória devido vasoconstrição brônquica e menos comumente de colapso cardiovascular.
É muito importante diagnosticar os casos de anafilaxia no episódio agudo e instituir o tratamento com
adrenalina precocemente.Posteriormente deve - se realizar um esforço para o diagnostico etiológico,
acompanhamento adequado e educação do paciente para a possibilidade de novos episódios.
Destacamos que este guia foi construído com as recomendações para a melhor prática e contempla
as particularidades no atendimento à criança.
Acreditamos que o protocolo proposto cobrirá as necessidades de profissionais na àrea de
conhecimento e fundamentalmente melhorará o diagnostico e o tratamento da anafilaxia, diminuindo
a morbidade e sobretudo a mortalidade por esta em Belo Horizonte.
OBJETIVO GERAL
Diminuição da morbimortalidade por anafilaxia nos centros de saúde e UPA de Belo Horizonte.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Definir critérios diagnósticos
Reconhecer o quadro suspeito de anafilaxia
Identificar os grupos de maior risco para as reações potencialmente graves
Administrar a adrenalina precocemente, nos 30 primeiros minutos.
Orientar os cuidados após a alta
6
METODOLOGIA
Para a organização deste protocolo foram revisadas as publicações, guias e posicionamentos das
sociedades de alergia e imunologia sobre o tema.
Buscaram-se as melhores evidências nos bancos de dados Medline, Pub med e Up to Date.
Não existem estudos de alto grau de recomendação para o diagnóstico e tratamento da anafilaxia e a
maioria das recomendações se baseiam na opinião e experiência de especialistas. Entre parentêses
mostra-se a evidência científica para todas as recomendações reconhecidas.
O protocolo foi elaborado para um serviço de urgência que fará o atendimento desde a chegada do
paciente, sua classificação de risco de gravidade, abordagem médica inicial e tratamento precoce até
a transferência para Hospital ou para a Atenção Primária, garantindo a continuidade do cuidado.
NÍVEL DE EVIDÊNCIA E GRAU DE RECOMENDAÇÃO 1
O documento é apresentado conforme o grau de recomendação e avaliação (Grades of
Recommendation, Assessment, Development and Evaluation - GRADE) que define a qualidade da
evidência e a força da recomendação, ponderando risco e benefício, dificuldade de implementação e
custo da intervenção na prática clínica.
Qualidade da Evidência
Grau A
Alta
Grau B
Moderada
Grau C
Baixa
Grau D
Muito Baixa
Força da Recomendação
“Nós recomendamos”
“Deve-se”
Grau 1
Forte
Grau 2
Fraca “Nós sugerimos”
Estudos randomizados começam com alta qualidade da evidência (A), mas podem ser restritos por
limitações na implementação, inconsistência ou imprecisão dos resultados, por evidência indireta ou
possível relato tendencioso.
Grau de Evidência
Alta - Grau A – estudo controlado, randomizado
Moderada - Grau B -estudo controlado, randomizado com restrições* ou estudos
observacionais ou coorte ampliados**
Baixa - Grau C – estudos observacionais ou coortes bem feitos com controles
Muito baixa - Grau D – série de casos ou opinião de especialistas
*Fatores que podem restringir a força da evidência:
Estudos disponíveis difíceis de planejar ou implementar
Inconsistência dos resultados (incluindo problemas com análises de subgrupos)
Evidências indiretas (populações, intervenções, controles, desfechos e comparações
diferentes)
7
Resultados imprecisos
Grande possibilidade de conflitos de interesse
**Fatores que podem ampliar a força da evidência:
Grande importância do efeito (evidência direta, risco relativo (RR) >2 sem fator de
confusão
Importância do efeito muito grande, com RR > 5 e sem risco de validação (por dois
níveis)
Graduação da dose resposta definida
Ser recomendação forte ou fraca depende mais da relevância clínica do que da qualidade da
evidência da publicação. A força da recomendação também é influenciada pela segurança da
estimativa de que os efeitos desejáveis da intervenção sejam maiores que os indesejáveis.
11
Nesse protocolo, uma recomendação forte é expressa como ―nós recomendamos‖ e uma
recomendação fraca como ―nós sugerimos‖.
8
2 PONTOS CHAVE2
1- A história clínica é a ferramenta mais importante para determinar se o paciente tem
ananafilaxia e sua provável causa.( C)
2- Quanto mais rápido o desenvolvimento de uma reação anafilática, provavelmente ela será
mais grave e com potencial fatal.
3- O diagnóstico rápido da reação anafilática é feito exclusivamente por sinais clínicos.
4-O reconhecimento precoce dos sinais e sintomas da anafilaxia é fundamental para o desfecho
clinico favorável. Se existir dúvida, geralmente é melhor administrar a adrenalina.( C)
5- Adrenalina e oxigênio são os agentes terapêuticos mais importantes na anafilaxia.
Geralmente a ordem de importância do tratamento é:
adrenalina
posição do paciente
oxigênio
reposição volêmica com cristalóides
antihistamínicos
terapia com beta agonista
vasopressores
corticóides
outros
agentes.(C)
6- A reposição volêmica com cristalóides e a transferência rápida para o hospital de referência é
essencial para pacientes hemodinamicamente instáveis e para aqueles com terapia inicial
refratária ao choque. (B)
3
CONCEITOS 3,4,5,6,7,8
Não existe uma definição universalmente aceita.
Anafilaxia: reação alérgica grave de inicio rápido com manifestações clínicas e severidade variada,
potencialmente grave, e pode levar à morte se não tratada prontamente. Do ponto de vista clinico é
desencadeada por reações mediadas pela imunoglobulina – E (Ig E), após exposição a um antígeno
em indivíduos previamente sensibilizados. Anafilaxia refere-se a ambos os mecanismos
fisiopatológicos relacionados, e não relacionados a mediação com IgE sem possibilidade de distinção
clinicamente.
Choque anafilático corresponde a manifestação mais grave da anafilaxia.
Reação anafilactóide é uma reação de hipersensibilidade não mediada por IgE.
Atopia: presença de outras manifestações alérgicas, como rinite, asma, dermatite atópica. Pode ser
fator de risco em casos de anafilaxia a alimentos, látex, exercício físico, idiopática e reação a
contraste iodado.
Anafilaxia bifásica: recorrência dos sintomas que desenvolvem após a resolução aparente do
episódio anafilatico inicial sem nova exposição ao alérgeno.Geralmente ocorrem dentro de 8 a 10
horas após a resolução inicial dos sintomas, podendo recorrer em até 72 horas mais tarde. Ocorre
em cerca de 23% dos adultos e 11% das crianças.
Anafilaxia idiopática: forma de anafilaxia onde nenhum estímulo identificável pode ser encontrado.
Urticária são pápulas pruriginosas, eritematosas, que são evanescentes sob pressão, resultantes do
extravasamento de plasma para a derme. Lesões urticariformes comumente acometem as
extremidades e o tronco, mas podem ocorrer em qualquer lugar do corpo.
9
Anafilaxia: reação alérgica grave de inicio rápido com manifestações clínicas e severidade
variada, potencialmente grave podendo levar à morte se não tratada prontamente.
Reação anafilactóide é uma reação de hipersensibilidade não mediada por
IgE.
Choque anafilático : manifestação mais grave da anafilaxia.
Atopia: Outras manifestações alérgicas, como rinite, asma e dermatite atópica. Fator de risco em
casos de anafilaxia á alimentos, látex, exercício físico, idiopática e reação a contraste iodado.
Anafilaxia bifásica: recorrência dos sintomas que desenvolvem após a resolução aparente do
episódio anafilatico inicial sem nova exposição ao alérgeno
Anafilaxia idiopática: forma de anafilaxia onde nenhum estímulo identificável pode ser
encontrado.
Urticária são pápulas pruriginosas, eritematosas, que são evanescentes sob pressão.
3. PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA8,9,10,11
A prevalência de anafilaxia é desconhecida. Os estudos epidemiológicos usam estimativa
populacional baseada em registros de atendimentos em emergências ou admissões hospitalares
como fonte de dados.
Nos EUA, a prevalência está estimada entre 1% e 17%. Levantamento recente da ACAAI estima a
prevalência em 0,05 a 2,0% da população na America do norte, Europa e Austrália.
A mortalidade da anafilaxia é estimada em menos que 2% dos casos são responsáveis por
cerca de 1000 mortes por ano nos EUA e metade dos casos tem relação com penicilina.
4. FATORES E GRUPOS DE RISCO
Comorbidades e medicações em uso podem contribuir para aumentar a gravidade de uma
reação anafilática ou interferir na resposta ao tratamento tornando-a, mais grave.
Asma e doença cardiovascular são os mais importantes fatores de risco para pior desfecho.
Reações fatais ocorrem mais comumente com pacientes entre 55 e 77 anos, especialmente
devido a picada de insetos e reações a medicamentos.
Os quadros mais graves estão associados a bradicardia paradoxal, hipotensão profunda e
broncoespasmo grave.
Grupos de risco:
 Crianças e jovens com história de asma e atopia são mais susceptíveis a reações
relacionadas a alimentos.
 Adultos e idosos com doença cardiovascular
 Idosos com DPOC e pneumonia.
 Adultos em uso de medicações:
Beta bloqueadores (oral, parenteral e tópico- olhos).
iECA
Bloqueadores α adrenérgicos
 História de anafilaxia prévia
10
 Reação ao látex: profissionais de saúde, crianças com espinha bífida e anormalidades o trato
genito urinário e trabalhadores com exposição ocupacional ao látex.
Atenção!
Presença de doença cardíaca, DPOC, asma persistente, idosos, uso concomitante de
agentes alfa e beta bloqueadores e uso de inibidores da ECA estão associados ao risco de
reações mais graves e fatais
5
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO AO CHEGAR À UPA / CENTRO DE SAÚDE 13
Ao chegar à UPA, o paciente terá seu risco de gravidade avaliado pela enfermagem conforme o
Sistema Manchester de Classificação de Risco.
Inicialmente será avaliado o ABC (Air, Breathing, Circulation – via aérea, respiração,
circulação) que, se comprometido, indica risco imediato do paciente perder a vida. Trata-se
de uma emergência, o paciente será classificado como vermelho e será imediatamente
atendido pelo médico.
É urgência maior, classificada como laranja aquele caso com risco de perder órgão ou
função, sequela grave ou sofrimento intenso. Deverá ser atendido pelo médico em até 10
minutos.
Paciente com urgência será classificado como amarelo e deverá ser atendido em até 1 hora.
Urgência menor (verde) pode aguardar 2 horas com segurança e será priorizado
preferencialmente no mesmo turno.
Caso não urgente será classificado como azul, pode aguardar 4h com segurança e terá seu
atendimento agendado conforme pactuação.
NÚMERO
NOME
COR
TEMPO ALVO (min)
1
Emergência
Vermelha
0
2
Muito urgente
Laranja
10
3
Urgente
Amarela
60
4
Pouco urgente
Verde
120
5
Não urgente
Azul
240
Branca: pacientes que não pertencem aos serviços de urgência
11
FLUXOGRAMA 2
Alergia
Obstrução de vias aéreas
Respiração inadequada
Estridor
Choque
Criança não reativa
SIM
Vermelho
NÃO
Edema facial
Edema de língua
História alérgica importante
Frases entrecortadas
Pulso anormal
Alteração súbita da consciência
Sat O2 muito baixa
Dor ou coceira intensas
SIM
Laranja
NÃO
SIM
Sat O2 baixa
Erupção ou vesículas disseminadas
Dor ou coceira moderadas
NÃO
Amarelo
Limite
de
risco
SIM
Inflamação local
Dor ou coceira leves recentes
Evento recente
Verde
NÃO
Azul
12
Notas: Alergia
Veja também
Asma
Desmaio em Adulto
Mal Estar no Adulto,
Mordeduras e Picadas
Discriminadores
específicos
Edema facial
Edema de língua
Erupção ou vesículas
disseminadas
Frases entrecortadas
Notas do fluxograma
Este é um fluxograma de apresentação específico para permitir
priorização de pacientes que apresentam sintomas e sinais
relacionados a alergia. Pacientes com reações alérgicas se
apresentam desde anafilaxia com risco de perder a vida até prurido
por mordida de inseto. Vários discriminadores gerais são usados
incluindo risco de vida, alteração da consciência e dor.
Discriminadores específicos foram incluídos para permitir
priorizações de situações mais urgentes.
Explicação
Inchaço difuso na face geralmente envolvendo os lábios.
Inchaço de língua de qualquer intensidade.
Qualquer erupção secretante ou bolhosa cobrindo mais de 10% da
superfície corporal.
Doentes com dificuldade respiratória tão grande que não
conseguem nem articular frases curtas numa só expiração.
História
alérgica Sensibilidade conhecida com reação grave (p. ex. nozes, camarão,
importante
picada de abelha).
Inflamação local
Implica em dor, inchaço e vermelhidão restrita a uma área definida.
Pulso anormal
Bradicardia (<60/min em adultos), taquicardia (>100/min em
adultos) ou um ritmo irregular. Na criança deve-se definir
bradicardia e taquicardia conforme idade.
Sat O2 baixa
Saturação de oxigênio < 95% em ar ambiente.
Sat O2 muito baixa
Saturação de oxigênio < 95% em terapia com O2 ou < 90% em ar
ambiente.
5.
Fisiopatologia2,4,5,
O mecanismo clássico da anafilaxia envolve a produção de anticorpos IgE com a liberação de
mediadores inflamatórios, pelos mastócitos e/ou basófilos, desencadeada pela interação de um
alérgeno com IgE (imunoglobulinas E) fixadas às células. A liberação de mediadores pode ocorrer
por mecanismos não imunológicos, independente da IgE. A liberação maciça de histamina e outros
mediadores inflamatórios (derivados do ácido araquidônico, proteoglicanos, proteases, citocinas)
causa vasodilatação sistêmica, aumento da permeabilidade capilar e edema extra-celular. A
intensidade da liberação destas substâncias e a sensibilidade individual determinam a manifestação
clínica.
13
Mecanismos
Desencadeantes
Mediada por IgE
Alimentos : leite, clara de ovo,crustáceos, legumes,
nozes, frutas
Outros: látex e certas drogas
Mediada por Complemento
Aplicação de soros hiperimunes,
gamaglobulinas, dextran, contrastes radiológicos e
produtos plasmáticos, contato com membranas de
diálise
Drogas (opiáceos e contrastes radiológicos)
Exercício físico
Ativação direta de
mastócitos e basófilos
Moduladores do ácido
araquidônico
Outros mecanismos
Reações associadas a analgésicos
e antiinflamatórios não-hormonais: ácido
acetilsalicílico, dipirona, diclofenaco, nimesulida,
naproxeno
Reações por exercício físico podem surgir
isoladamente ou associadas à ingestão de
alimento ou medicamento.
7. ETIOLOGIA 2,3,4,5,9,17
As causas mais frequentes são medicamentos, alimentos e venenos de insetos.
No Brasil predomina o desencadeamento por medicamentos, seguido de alimentos e de
picada de insetos (formiga, abelha e vespa). Medicamentos são os agentes causais mais comuns em
todas as faixas de idade. Analgésicos(ácido acetilsalicílico e dipirona, principalmente),
antinflamatórios não-hormonais, antibióticos e inibidores das ECA foram as drogas que provocaram o
maior número de casos de anafilaxia. 9
Nas crianças, leite de vaca e clara de ovo foram os mais importantes alimentos na anafilaxia.
Alergia alimentar em adultos foi observada principalmente com crustáceos.9
Causas
Percentual(%)
Alimentos
Lactente e criança pré escolar: leite de
vaca e ovo.
Adolescentes e adultos: moluscos e
crustáceos.
Outros:nozes, frutas secas
33 a 34
Medicamentos
Analgésicos, AINE, antibióticos e iECA
Insulina, heparina, protamina,
13 a 20
Bloqueadores neuromusculares,
Anestésicos, sulfas, opiáceos e vacinas
Veneno de insetos da
ordem Hymenoptera
Abelhas, vespas, marimbondos
e formigas
14
14
Exercício físico ou frio
Associado a alimento ou isoladamente
7
Imunoterapia
Aplicação terapêutica de alérgenos.
3
Látex e transfusão de
Produtos de látex presente
equipamentos
médicos,
balões
ar,preservativos.
plasma
em
de
Nenhuma causa identificável
Menos de 1
19 a 37
8. QUADRO CLÍNICO3,4,5,6,14
A anafilaxia é uma síndrome caracterizada por manifestações clínicas isoladas ou envolvendo
um ou mais sistemas: respiratório, cardiovascular, neurológico, cutâneo e gastrointestinal.
O reconhecimento das apresentações variáveis e atípicas da anafilaxia é fundamental para
tratamento imediato. O quadro inicia-se em minutos a horas depois do contato com alérgeno,
mais comum na primeira hora.
Causa sinais e sintomas como prurido, eritema, flushing, urticária, angioedema, náusea,
diarréia, vômitos, edema de glote/laringe, broncoespasmo, hipotensão arterial, choque e
morte.
Pode seguir um curso unifásico, bifásico ou reação prolongada.
Curso unifásico: sintomas aparecem e resolvem
Curso bifásico:sintomas desaparecem ou diminuem e reaparecerem cerca de 1
a 8 horas após ou mais tardiamente.
Anafilaxia prolongada: sintomas podem se prolongar até por 48 horas
15
Sistema
Quadro Clínico de anafilaxia
Manifestações clínicas
Rubor, eritema,prurido ocorrendo principalmente em áreas
como canais auditivos externos, região palmar e plantar
Pele, mucosas e
olhos
Percentual
80 a 90 %
Urticária
Angioedema
Exantema morbiliforme, ereção dos pelos
Prurido e/ ou parestesias dos lábios, língua ou palato;
cianose labial
Gosto metálico
Prurido periorbital, eritema e edema, lacrimejamento e eritema
conjuntival
Respiratório
Nariz:prurido, congestão,coriza,espirros
70%
Prurido e aperto na garganta,disfonia,rouquidão
Estridor laringeo
Vias aéreas inferiores:tosse, dispnéia, sibilos, cianose,
Insuficiência respiratória
Cardiovascular
Tonturas, síncope
45%
Dor torácica
Arritimias(bradicardia e taquicardia)
Hipotensão arterial
hipotonia
choque
Parada cardiorespiratória
Gastrointestinal
Náuseas,vômitos(muco pegajoso)
45 %
Dor abdominal em cólicas
Diarréia
Disfagia*
Neurológico
ansiedade
15 %
Sensação de morte iminente
Convulsões**
Cefaléia
Confusão mental
Irritabilidade e alterações de comportamento
principalmente em crianças
Outros
Cólicas uterinas e hemorragias em mulheres, perda de
----------controle de esfincteres
* Ocorre em associação edema de glote e sintomas de vias aéreas superiores.
** Relatada em até 30 % dos pacientes com anafilaxia induzida por exercícios. Em anafilaxia não é
comum.
16
9. DIAGNÓSTICO
O diagnostico é clinico, baseado na história e exame físico:
Inicio agudo do quadro após a exposição
Presença de fatores de risco:atopia ou asma,história de anafilaxia.
Presença de urticária, angiodema, rubor, dispnéia, sibilância, síncope, hipotensão
8.1
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: 3,4,5,6,14,15
Critério1 ou 2 ou 3 caracterizam anafilaxia.
O envolvimento de pele/mucosas estão ausentes ou não são reconhecidos em até 30% dos casos.
Critério 1: Início de um quadro agudo (minutos a horas) envolvendo a pele e/ou mucosas do
tipo prurido, urticária, edema de lábios, etc. e pelo menos envolvimento de um sistema:
Acometimento de vias respiratórias: varia desde sibilos esparsos e dispnéia até um quadro
de estridor, hipoxemia e insuficiencia respiratória aguda.
● Sinais de hipotensão: Redução da PAS < 90 mmHg ou sintomas de hipofluxo sanguíneo
(exemplo: síncope, incontinência, choque, hipotonia).
Critério 2: Acometimento de dois ou mais órgãos e ou sistemas que ocorrem rapidamente
(início de um quadro agudo em minutos a horas) , após a exposição a um possível alergeno.
Envolvimento de pele –mucosas: prurido, urticária, edema de lábios, angioedema
Acometimento respiratório:dispnéia, sibilos, estridor, hipoxemia.
Acometimento sistema cardiovascular: hipotensão ou sinais e sintomas associados
(hipotonia , colapso, síncope, incontinência).
Sintomas gastrintestinais persistentes: (vômitos, dor abdominal, cólicas).
Critério 3: Início de um quadro agudo (minutos a horas ) de hipotensão após a exposição a
um conhecido alérgeno para o paciente.
Quadro mais grave
Urticária e sibilância podem surgir tardiamente.
8.2 DIAGNÓSTICO DE HIPOTENSÃO3,5,6,14,15
Hipotensão em adultos é definido como PAS menor que 90 mmHg ou uma diminuição de 30% da
pressão arterial habitual.
Em lactentes e crianças a hipotensão é definida como:
17
Hipotensão em crianças
Idade
Pressão arterial sistólica (PAS)
Neonatos a termo- de 0 28 dias
menor que 60 mmHg
Lactentes- de 1 a 12 meses
menor que 70 mmHg
Crianças de 1 a 10 anos
menor que (70 mmHg + 2 X
Idade
Crianças e adolescentes de 11 a
menor que 90 mmHg
17 anos
9. Classificação da gravidade das reações de hipersensibilidade generalizada 16
Grau
Leve
Moderado
Grave
Sistema envolvido/sinais e sintomas
Acomete
pele
e
tecido
subcutâneo.
Eritema
generalizado, urticária, edema periorbital ou angioedema.
Acomete
sistema
respiratório
predominatemente:
dispnéia, sibilancia, estridor.
Náuseas, vômitos, pré sincope, dor abdominal.
Acomete cardiovascular e sistema nervoso:hipóxia,
cianose ou SaO2 < 92%,hipotensão (PAS < 90 mmHg),
confusão,perda de consciencia, incontinencia, colapso,
choque.
PAS- pressão arterial sistólica; SaO2= Saturação de oxigenio
Os graus moderado e grave constituem a anafilaxia verdadeira.
18
Diagnóstico de Anafilaxia
Suspeita de choque
anafilático
NÃO
Início agudo em
minutos ou horas
SIM
Exposição
alergeno
conhecido
SIM
Sinais de
hipotensão
SIM
Choque
anafilático
NÃO
NÃO
Acometimento de 2 ou +
órgãos ou sistemas
SIM
Adriana de Azevedo Mafra
Maria Elaine da Silva
Paula Martins
Não é anafilaxia
Susana Maria Moreira Rates
Jun 2012
Órgãos e sistemas a serem avaliados:
Pele/mucosas
Respiratório
Cardiovascular
Gastrointestinal
NÃO
NÃO
Lesão cutânea
e/ou mucosa
NÃO
Não é anafilaxia
Lesão cutânes e de mucosas:
Prurido
Eritema
Urticária
Edema de lábios
Angioedema
SIM
NÃO
Sinais de
hipotensão
Acometimento
respiratório
SIM
SIM
Choque
anafilático
Acometimento respiratório:
Sibilos
Dispnéia
Estridor
Hipoxemia
Insuficiência rsespiratória
Sinais de hipotensão:
PASist < 90 mmHg
Síncope
Incontinência
Choque
Hipotonia
Sintomas
gastorintestinais:
Náuseas
Vômito
Dor abdominal
Diarréia
19
10 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1,2,3,4,5,6,14,
Todas as condições que determinem ou simulem as manifestações mais graves ou as mais comuns
da anafilaxia, como a hipotensão ou choque, dispneia, urticária, angiodema e alterações do nível de
consciência devem ser pensadas como diagnóstico diferencial.
Diagnóstico Diferencial
Causas orgânicas que
determinem hipotensão,
dispneia ou síncope:
Arritmias cardíacas
Infarto agudo de miocárdio
Sepse
Hipovolemia
Urticária ao frio
Aspiração de corpo estranho
Reações causadas pelo
aumento da produção
endógena de histamina
Causas não-orgânicas que
simulam anafilaxia
Tromboembolismo pulmonar
Hipoglicemia
Mastocitose sistemica
Urticária pigmentosa
Leucemia basofílica
Leucemia aguda promielocítica com o uso de acido retinóico
Cisto hidático
Ingestão de peixe contaminado com histamina
Reação vasovagal
Alergia factícia
Disfunção de cordas vocais
Síndrome do pânico
Sindrome da hiperventilação
Causas de eritema difuso
(flushing)
Síndrome carcinóide,
Tumores gastrointestinais liberadores de peptídeos vasoativos,
Carcinoma medular da tireoide
Uso de clorpropamida,
Eritema facial idiopático,Rosácea
Epilepsia com manifestação autonômica,
Causas de urticária e
angiodema
Climatério,
Sindrome do homem vermelho devido ao uso de vancomicina
Angiodema hereditário
i ECA
Urticária crônica.
Outras formas de choque
Hemorrágico
Cardiogênico
Hipoglicemico
Septico
20
11. TRATAMENTO
Varia na dependência da gravidade dos sintomas.
11.1
MANEJO INICIAL 1,2,3,4,5,6,14,18
Posicionamento do paciente:
Todos os doentes devem ser colocados numa posição confortável.
Considerar:
•Pacientes com problemas nas vias aéreas e dispnéia podem ficar assentados.
•Deitada, com ou sem elevação da perna é útil para pacientes com hipotensão.
•Pacientes com vômitos devem ser colocados em decúbito lateral esquerdo.
•Pacientes grávidas devem ser colocadas em decubito lateral esquerdo para evitar
compressão da veia cava .
Remoção de gatilho
o Suspenda a aplicação de qualquer medicamento suspeito de reação(ex. antibiótico)
o Retire o ferrão após picada de abelha
o Se a remoção do gatilho não é viável, não atrase o tratamento com a adrenalina
Oxigênio nos casos de envolvimento respiratório
o Administrar no início O2(6 a 8 litros) na maior concentração disponível, utilizando
máscara com reservatório.
o Considerar:
 Pacientes com anafilaxia com reação prolongada
 Hipoxemia preexistente
 Disfunção miocárdica
 Em uso de beta agonistas inalatórios
 Naqueles que requerem múltiplas doses de adrenalina
 DPOC
 Monitorar com oxímetro principalmente os pacientes com DPOC
11.2 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA19:
o Seguir as recomendações do suporte avançado de vida (ACLS 2010).
o Especial atenção deve ser dada a manutenção da perviabilidade das vias aéreas
altas, pois no edema de glote pode ser necessária uma cricotireoidotomia.
Particularides da PCR na anfilaxia (ACLS 2010)
Volume
o Dois acessos de grosso calibre (14) com infusão rápida de soro fisiológico (
pode ser
necessário de 4 a 8 litros).
o Infundir 500-1000mL de soro fisiológico IV no adulto(5 A 10 ML /KG) nos
primeiros minutos; na criança (20 mL/ kg).
21
o monitorar a resposta e infundir mais volume se necessário.
Adrenalina :
o Prescrever 1 mg EV a cada 3-5 minutos.
Atenção!
Não encerar os esforços de RCP precocemente, pois a maioria dos
pacientes são jovens.
Anti-histamínicos*:
o Difenidramina:25 a 50 mg EV
o Ranitidina: 50mg
Corticosteróide*:
o Metilprednisolona: 125mg EV.
* Não existem evidências para recomendar anti-histamínicos ou esteróides na PCR,
entretanto a ACLS 2010 indica como conduta possível - Recomendação IIB; Nível
de evidencia C
11.3
ADRENALINA 1,2,5,14,18
A adrenalina é a principal medicação para o tratamento da anafilaxia.
A via de administração principal é a intramuscular (coxa: músculo vasto lateral)
pois determina picos mais rápidos e maiores de concentração da
adrenalinaemcrianças e adultos, em relação a administração IM ou SC no braço.é a
via mais segura. Recomendação 1B casos leves; 1A casos moderados a graves
Deve ser fornecida o mais precocemente possível, nos 30 primeiros minutos.
Via endovenosa: reservada aos casos mais graves, em iminência de parada
cardiorrespiratória, no choque, ou nos irresponsivos ao tratamento inicial, com a
concentração indicada para essa via.
Intervalo de aplicação da adrenalina a cada 5, 10 ou 15 minutos, de acordo com a
gravidade do quadro clínico, resposta do paciente à aplicação anterior e aparecimento
de arritmias.
As doses recomendadas para anafilaxia são diferentes da PCR.
Uso de torniquetes não são recomendados.
22
Doses recomendadas e concentrações de adrenalina na anafilaxia UK2008
VIA
SC/IM
ADULTOS
CRIANÇAS
Concentração: I: I.000 (ampola
padrão de 1mL)
Concentração:
Dose: 0,01 mL/kg/dose
0,3 mL se crianças
Dose: 0,01 mL/kg/dose
0,3 mL se crianças
> 12anos: 0,5 ml
Dose: 0,3 a 0,5 mL (0,3 a 0,5 mg)
I:I.000
Máximo:
Máximo:
> 6 a 12 anos -0,3 ml
>6 meses a 6 anos- 0,15 ml
IV
Concentração: I: I0.000 (1 ampola
padrão de 1mL diluída em 9mL de
soro fisiológico)
Dose: 0,1 a 0,3 mL em infusão
lenta (5 minutos)
Em casos leves pode ser feita via SC
< 6 meses - 0,15ml
Concentração: I: I0.000 ( 1 ampola
padrão de 1mL diluída em 9mL de soro
fisiológico)
Dose: 0,01 mL/kg/dose
Máximo: 0,3 mL
Efeitos benéficos e adversos da adrenalina na anafilaxia6
Benéficos
Receptor alfa 1
↑ vasoconstrição em baixas doses
↑resistência vascular periférica
↑pressão sanguínea
Receptor beta 1
↓edema de mucosa-laringe
↑ freqüência cardíaca
↑ força de contração cardíaca
Receptor beta 2
↓ liberação de mediadores
mastócitos e basófilos
↑ broncodilatação
↑ vasodilatação
Adversos
inflamatórios
de
Ansiedade
Palpitações
Tremor
Comuns
23
Medo
Inquietação
Tonteiras
Arritimias ventriculares
Angina
Incomuns:ocorre
com doses altas
IAM
Edema pulmonar
Aumento de pressão arterial
Hemorragia intracraniana
↑=aumenta ; ↓= diminui,
Os efeitos adversos podem aumentar nas seguintes condições:
Uso de antidepressivos tricíclicos, inibidores da monoamina oxidadase e cocaína.
Doenças:cardíacas, sistema nervoso central e tireóide
Adrenalina em grupos especiais em pacientes que usam antidepressivos tricíclicos.fazer a
metade da dose recomendada.
11.4 ANTI-HISTAMÍNICOS 18,19,20,:
Após as medidas de ressuscitação inicial.São a segunda linha de tratamento para reação
anafilática. A revisão Cochrane encontrou poucos estudos e esta é uma evidencia fraca.
Bloqueadores H1(antihistaminicos) e (ranitidina) em associação são efetivos em melhora
das manifestações cutâneas. Evidência C
Doses de Antihistamínicos (H1 E H2) na anafilaxia
Adultos
Dose
Droga
Via
Difenidramina
EV
IM
ou
25 A 50 mg até 4/4 ou 6/6 horas.
Prometazina
EV
IM
ou
50 mg
Ranitidina
Crianças
Difenidramina
IV
IV/IM
50 mg
2mg/kg até de 4/4 ou 6/6 horas (Maximo de
75mg/dose).
máximo -10 kg
24
Prometazina**
EV
IM
ou
crianças
maiores de 2 anos- 0,5 mg/kg// dose;
máximo -10 kg
IV
1 mg/kg: 12,5 -50 mg/kg/dose. Diluir em 20
Ranitidina
ml de SGI 5% e infundir em 5 minutos
**Não usar em menores de 2 anos pelo risco de depressão respiratória.
11.5 Corticosteróides1,2,3,4,5,14,18:
Indicados empiricamente, com o objetivo de prevenir a reações bifásica, protraída e no
tratamento do broncoespasmo.
Doses de corticosteróides na anafilaxia
Adultos
Droga
Metilprednisolona:
Via
Dose
EV
Metilprednisolona:1 a
2 mg/kg/dose até 6/6
horas.
Maximo
de
125
mg/dose.
Hidrocortisona
Prednisona
IM ou EV
Oral
Adultos:200 mg
Adultos:200 mg
Crianças
Hidrocortisona
6 meses -25 mg;
IM ou EV
6 meses a 6 anos-50
mg;
6 a 12 anos- 100 mg
Prednisona
ORAL
Prednisona: 1 a 2
mg/kg/dose até 6/6
horas.
Maximo
de
75mg/dose.
Outros medicamentos que podem ser indicados em situações especiais 1,2,5,14,18:
β 2 agonistas inalatórios: Broncodilatadores inalatórios:2
25
o Indicado nos casos de sintomas respiratórios persistentes (broncoespasmo e
dispnéia) a despeito do uso da adrenalina.best pratice;
Albuterol : micronebulização com 2,5 mcg a 5mcg em 3 ml de solução de SF0,9% e
repetir se necessário para broncoespasmo resistente.
o Salbutamol
o Repetir se necessário para broncoespasmo resistente
●Drogas vasopressoras: Noradrenalina
o Noradrenalina, em doentes com hipotensão refratária ao tratamento inicial com
adrenalina e reposição volêmica.
o Pacientes que desenvolvem bradicardia grave após reação anafilática, considerar o
uso de atropina EV.
●Glucagon:
o opção de tratamento para os casos pouco responsivos a adrenalina, particularmente
por uso prévio de betabloqueadores.
o possui propriedades inotrópicas positivas e efeitos vasculares independentes dos
receptores beta
o induz o aumento de catecolaminas.
o efeitos adversos mais comuns são náuseas, vômitos e hiperglicemia.
26
Anafilaxia Grave
Tratamento da Anafilaxia Grave
SIM
Manobras de ressuscitação cardiopulmonar
Parada cardiorrespiratória
NÃO
Administrar adrenalina (1:1000) IM, face lateral coxa:
Criança: 0,01 mL/Kg/dose, máximo 0,3 mL
Adulto: 0,3 a 0,5 mL
Remover antígeno
Chamar SAMU
SIM
Via aérea obstruída
NÃO
NÃO
Intubar
SIM
Sucesso na
intubação
Insuficiência respiratória
Cricotomia
SIM
Adriana de Azevedo Mafra
Administrar O2 máscara facial:
Adulto: 6 a 8 L/min Corina Toscano
Criança e lactentes: 2 a 3L/min
Márcia Parizzi
Infundir cristalóide (SF0,9%):
Maria Elaine
da Silva
Criança: 10 mL/Kg em 5 a 10 min
Choque
Elevar mmii
Paula Martins Adulto: 20 mL/Kg em 20 min
Susana Maria Moreira Rates
Melhora
Jun
2012
NÃO
NÃO
SIM
NÃO
SIM
Administrar prometazina:
Adulto: 25 mg IM cada 12h
Criança > 2a.: 0,1mg/Kg/dose até 12,5mg IM cada 6h
Repetir adrenalina em 5 a 15 min
Administrar ranitidina IV:
Adulto: 50 mg até cada 8h
Criança: 1,25 mg/Kg/dose até cada 8h
NÃO
Iniciar aminas
vasoativas
Melhora
Administrar hidrocortisona IV ou IM:
Adulto: 200 mg mg cada 12h
Criança: 1 a 5 mg/Kg até 200mg/dose cada 12h
SIM
Observar recidiva
por 8 a 24h
Manter por 3 a 5 dias:
Prednisona 1 mg/Kg/dia
Prometazina
Anafilaxia
tratada
Corrigir recidiva –RETIRAR NOME DA SUSANA RATES
27
12. OBSERVAÇÃO NA UPA
É empírico as recomendações de observação
Não é possível prever quais os pacientes terão reação prolongada e curso bifásico
Recomenda - se observar por 8 a 24 horas:
Apresentação clinica inicial moderada a grave: hipotensão, broncoespasmo ou edema
de laringe
Reação inicial mais tardia:maior que 30 minutos após o estímulo
Reação após uso de antibióticos
13. ORIENTAÇÕES APÓS ALTA
1- Dar instruções claras ao paciente para retornar ao serviço de urgência se os sintomas
reaparecerem.
2- Prescrever antihistamínicos e corticóides via oral para 3 a 5 dias
3- Interrupção de beta bloqueadores, inclusive colírios. Discutir com o especialista.
4- Orientar sobre o uso de cartões ou relatório médicos sobre a sensibilidade dopaciente.
5- Encaminhar o paciente para a equipe de saúde da família que avaliará a necessidade de
consulta com o especialista
6- Em casos de reação grave orientar sobre o uso de auto injetores de adrenalina.
14. INDICADORES
Porcentagem de casos de anafilaxia que receberam a adrenalina como primeira
droga no tratamento.
Porcentagem de casos de anafilaxia que receberam a adrenalina via intramuscular
13 PLANO DE CUIDADOS
13.1
MÉDICO
Na suspeita de ANAFILAXIA, é responsabilidade do médico:
Fazer o diagnóstico clínico;
Aplicar adrenalina intramuscular precocemente;
Realizar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar de acordo com as diretrizes do ACLS,
2010
Garantir continuidade do cuidado na Atenção Primária através de relatório.
13.2
ENFERMEIRO
Caberá à equipe de enfermagem:
Auxiliar e realizar as manobras de ressuscitação cardio pulmonar;
Administrar medicação conforme prescrição médica.
13.3
FARMÁCIA
28
Caberá à Farmácia:
Providenciar o fornecimento da medicação prescrita conforme o protocolo.
Analisar a prescrição médica com ênfase na dose e posologia, monitorar a farmacoterapia e
orientar ajustes de dose conforme função renal e hepática;
Investigar e notificar ao órgão competente (ANVISA) as reações adversas da medicação
usada.
14 MATERIAIS NECESSÁRIOS
Medicamentos
Insumos
Manejo da anafilaxia - Materiais Necessários
Cristalóide (Soro fisiológico – NaCl 0,9%)
Adrenalina
Antihistamínicos:prometazina
Bloqueadores H2:Ranitidina
Corticóides: Metilprednisolona, prednisona, hidrocortisona
Broncodilatadores beta 2-agonistas:Salbutamol
Atropina
Aminas vasoativas - noradrenalina
Equipamento para sucção
Kit endovenoso
Material de intubação orotraqueal –Ambu, tubo endotraqueal,
laringoscópio
Seringas descartáveis
Desfibrilador
29
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management of anaphylaxis practice parameter.J Allergy Clin Immunol.126:477‑80.,2010 Update.
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