Texto complementar Especiarias e ervas aromáticas: história, botânica e culinária Jean-Marie Pelt HISTÓRIA 1 História Assunto: Mumificação no Egito Antigo Especiarias e ervas aromáticas: história, botânica e culinária No Egito, as especiarias desempenham um papel essencial nos rituais de embalsamamento e de mumificação. No século I antes de nossa era o historiador Diodoro da Sicília relatava nestes termos as práticas dos embalsamamentos egípcios: “Quando estão reunidos para tratar um corpo depois que já foi aberto, um deles enfia a mão na abertura do cadáver até o tronco e extrai tudo, exceto os rins e o coração. Um outro limpa cada víscera lavando-a no vinho de palma e nas especiarias. Embalsamam cuidadosamente o corpo durante mais de trinta dias, primeiro com óleo de cedro e alguns outros preparados, e depois com mirra, canela e especiarias, por terem a faculdade não só de preservá-lo por um longo período, como também de lhe conferir um odor perfumado.” Para se abastecer de especiarias, o faraó Ramsés III (século XII antes de nossa era) organiza expedições marítimas mais ousadas que, depois de terem percorrido o mar Vermelho de norte a sul, margeiam a costa da península Arábica e sobre o golfo Pérsico até o Eufrates, cujo vale, no coração das civilizações mesopotâmicas, é então o epicentro da difusão das especiarias e dos arômatas. De lá provinha a canela, a especiaria oriental de registro mais antigo. Mas da Mesopotâmia e do porto de Aden saíam também a pimenta, o gengibre, o cardamomo, o cravo-da-índia e a noz-moscada procedentes do Extremo Oriente e tendo como destino a bacia mediterrânea. Assim começaram as primeiras rotas das especiarias. PELT, Jean-Marie. Especiarias e ervas aromáticas: história, botânica e culinária. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. p. 28-29. 1