O SR. MARCOS DE JESUS (PL-PE) pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de acordo com pesquisa do Instituto de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum), a média de lucratividade da indústria farmacêutica no Brasil supera 500%. Verifica-se, no caso, uma alta exagerada de preços, impedindo que cerca de 50 milhões de brasileiros tenham acesso aos medicamentos. Além de acompanhar a evolução do preço da matéria-prima nos últimos sete anos, os pesquisadores calcularam a participação da matéria-prima (15%), embalagem e cartonagem (1,5%), marketing e comercial (30%), fabricação, tecnologia e pessoal (53,5%) no custo final do produto. O estudo do Idum, divulgado com exclusividade para o Diário de Pernambuco, mostra que, enquanto o dólar 2 caiu de R$ 3,80 para R$ 2,87, reduzindo o custo da matéria importada, o preço dos medicamentos subiu. São apontados nove casos de medicamentos de referência com lucros Observem, por exemplo, comprimidos), cujo considerados o fármaco Tylenol exorbitantes. (750 mg, (matéria-prima) é 20 o Paracetamol, único produto recomendado à população nas epidemias de dengue. Em 1997, o fármaco custava US$ 4,865 e caiu para US$ 3,615 em 2003, registrando uma redução de 25,69% no período. Não obstante, o Tylenol, que custava R$ 6,00 em 1997, chegou a R$ 11,43 no final de 2003, um aumento de 90,50%, com lucro na ordem de 1.000,10%! Outros medicamentos atingem índices de lucro ainda muito mais altos, como o Voltaren, com 5.317,48%, e o Cataflam, com 7.370,59%. 3 A pesquisa do Idum prosseguirá até atingir a lista dos 5.300 produtos de marca publicados na revista da ABCFarma. Conforme o Sr. Antônio Barbosa, Presidente do Idum e Coordenador da pesquisa, deve-se ao “usufruto” das patentes a alta lucratividade da indústria farmacêutica no Brasil. A patente é uma espécie de certificado de produção que dá exclusividade ao laboratório. Os laboratórios continuam, então, a aplicar no preço a vantagem patentária, de modo que os aumentos ocorrem de modo abusivo, apesar de o custo da produção ser insignificante na formação do preço dos produtos de marca. Conforme cálculos do Presidente do Sindicato das Farmácias de Pernambuco (Sincofarma-PE), Sr. José Cláudio Soares, 80% do preço do remédio corresponde a gastos dos laboratórios com amostras grátis, propagandistas, promoção de eventos, veículos e médicos. 4 Realmente, não se justificam os aumentos dos preços dos remédios em até 500% nos últimos sete anos, contrariando a queda do custo da matéria-prima (insumos) em dólar no mercado internacional. Trata-se de fatores que respondem, no conjunto, pela elevada rentabilidade da indústria farmacêutica no País, com uma média que supera diversos outros setores importantes da economia, a confirmar a realidade já expressa pelo relatório final da CPI dos Medicamentos do Congresso Nacional concluído em 2002 e que serviu para comprovar a existência de um cartel da indústria farmacêutica em plena atividade no Brasil. Vale notar que tal situação de flagrante desrespeito aos direitos do consumidor cria sérias dificuldades para o País, inclusive no tocante ao trabalho de estabilização da economia. 5 Por fim, cumpre reiterar as denúncias contra os aumentos abusivos problema que dos exige, preços sem dos dúvida, remédios, a adoção um de providências rigorosas e urgentes do Governo, visando preservar principalmente o bolso e a saúde dos segmentos mais pobres da população. O Governo, por intermédio dos setores responsáveis pela fiscalização sobre o setor farmacêutico, precisa determinar as medidas cabíveis contra os aumentos abusivos nos preços dos remédios, impedindo que sejam causados prejuízos ainda maiores ao consumidor e à saúde da população brasileira. 2004_788_Marcos de Jesus