UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM TREINAMENTO ESPORTIVO MARCO ANTONIO SARTOR A INTERFERENCIA DO TREINAMENTO DE FORÇA NA FLEXIBILIDADE DE PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO CRICIUMA, AGOSTO DE 2008 MARCO ANTONIO SARTOR A INTERFERENCIA DO TREINAMENTO DE FORÇA NA FLEXIBILIDADE DE PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, para a obtenção do título de especialista em Treinamento Esportivo. Orientador: Prof.(MSc). Joni Marcio de Farias CRICIUMA, AGOSTO DE 2008 Dedico este trabalho a todos que me ajudaram direta ou indiretamente tornando possível à conclusão do mesmo. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a minha mãe Adelir Ribeiro que sempre me oportunizou o estudo, o conhecimento, a vida e sempre me apoiou em qualquer decisão que eu toma-se; A minha namorada Giseli Becker dos Santos pelo seu carinho e amor, que sempre foi meu pilar nos momentos mais difíceis da minha vida acadêmica e profissional me apoiando e incentivando; Ao meu irmão, minha cunhada e sobrinhos que sempre entenderam as minhas ausências; A todos meus parentes que estão sempre dispostos a me ajudar; Ao meu orientador, professor Joni Marcio de Farias que com paciência e sabedoria sobe me guiar pelos caminhos da pesquisa; Aos professores e direção do curso de pós-graduação em treinamento esportivo que sem duvida tiveram participação na minha formação ética, moral e profissional. “Os dois tipos de pessoa na terra... são as pessoas que se erguem e as pessoas que se apóiam.” (Ella Wheeler Wilcox) RESUMO O presente estudo abordará a interferência do treinamento de força na flexibilidade nos praticantes de musculação, por se tratar de uma modalidade praticada por esportistas de alto rendimento e pessoas que procuram possuir esteticamente um corpo mais bonito ou simplesmente uma qualidade de vida melhor. Apesar de existirem vários trabalhos abordando o assunto estudado, ainda existe muito questionamento sobre as reais interferências que o treinamento de força e sua relação com a flexibilidade e vice versa em. O grande papel deste trabalho é fornecer subsídios aos que praticam e trabalham com musculação, de conhecer e trabalhar a flexibilidade juntamente com os treinamentos de força em adultos, oportunizando uma melhor performance e qualidade de vida, seja no esporte praticado ou em suas atividades diárias. Para possuir um maior aprofundamento sobre o tema abordado é preciso conhecer os objetos envolvidos como: o trabalho e formas de treinamento de força e flexibilidade, os fatores e conseqüências desses treinamentos no corpo humano de um praticante, e, como os fatores que podem limitar ou simplesmente influenciar a amplitude do movimento de uma articulação musculoesquelética. O tema deste trabalho refere-se à interferência do treinamento de força na flexibilidade dos praticantes de musculação, tendo o problema de como o treinamento de força na sala de musculação interfere na flexibilidade de seus praticantes. O objetivo deste é analisar bibliograficamente como o treinamento de força na sala de musculação interfere na flexibilidade dos praticantes. Com os resultados podemos concluir que o treinamento de força influência na flexibilidade quando não existe um trabalho de equilíbrio entre as duas capacidades físicas e quando existe interferência mecânica pelo volume exagerado de hipertrofia muscular. E necessário uma periodização no treinamento de força utilizando a máxima amplitude articular do movimento, juntamente com exercícios de alongamento para a manutenção e aperfeiçoamento da flexibilidade, para cada fim, seja para a performance desportiva ou simplesmente relacionado a saúde. Palavras-chave: Treinamento, Musculação, Força, Flexibilidade. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Relação entre o número de repetições e a carga.....................................14 Figura 2 – Tecido conjuntivo que envolve o músculo esquelético.............................20 Figura 3 – Unidade do sarcômero com filamentos de actina e miosina.....................21 Figura 4 – Estrutura de uma fibra muscular esquelética............................................21 Figura 5 – Filamentos deslizantes..............................................................................22 Figura 6 – Fuso muscular (receptores musculares)...................................................23 Figura 7 – Órgão tendinoso de Golgi (receptores tendinosos)..................................25 Figura 8 – Alongamento dinâmico..............................................................................32 Figura 9 – Alongamento passivo................................................................................33 Figura 10 – Alongamento estático..............................................................................34 Figura 11 – Alongamento FNP...................................................................................35 Figura 12 – Alongamento FNP...................................................................................35 Figura 13 – Alongamento FNP...................................................................................35 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 09 2 TREINAMENTO DE FORÇA .................................................................................... 11 2.1 Tipos de treinamento de força ........................................................................... 16 3 FISIOLOGIA MUSCULAR ........................................................................................ 19 4 FLEXIBILIDADE ....................................................................................................... 26 4. 1 Fatores musculoesqueléticos que influenciam a flexibilidade..................... 26 4. 2 Fatores que influenciam a flexibilidade ........................................................... 30 4.3 Fomas de alongamentos para o desenvolvimento da flexibilidade ............ 31 5 FLEXIBILIDADE E TREINAMENTO DE FORÇA ................................................... 37 5.1 A importância da força para a saúde e performance ...................................... 39 5.2 A importância da flexibilidade para a saúde e performance.......................... 42 6 CONCLUSÃO............................................................................................................ 44 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 46 9 1 INTRODUÇÃO A musculação é conhecida principalmente no preparo de atletas, e, no trabalho dentro das academias de ginástica onde por muito tempo foi procurada principalmente por pessoas que gostariam de adquirir um corpo aparentemente mais forte e hipertrofiado. Hoje em dia este conceito tem mudado a demanda se tornando mais crescente pela saúde e qualidade de vida, pelo grande motivo de vários estudos estarem voltados para um publico em geral, oportunizando trabalhos diretamente ligados a saúde, e, a prevenções de doenças. Flexibilidade é definida como máxima amplitude articular adquirida de uma determinada articulação, objetivando a melhoria das atividades esportivas de rendimento, para executar as diversas tarefas necessárias para o esporte praticado. A flexibilidade é um dos componentes físicos mais importantes para a performance de qualquer atividade praticada, seja de alto rendimento ou atividades diárias como subir escadas ou tarefas domésticas, pois um músculo encurtado não corresponde ao rendimento esperado além de provocar desconforto e dores musculoesquéticas. Existem alguns estudos que tratam da relação de flexibilidade e treinamento de força, onde a grande maioria afirma que a flexibilidade é prejudicada quando realizado treinamento de força sem a presença de alongamento. Vale ressaltar que existem várias formas de treinamento de força, e dentro destas formas de treinamento quais ou qual é mais influenciada na perca de flexibilidade de um individuo adulto, e se é que existe perca de flexibilidade, é que o a pesquisa tenta elucidar. Este projeto visa levantar o questionamento sobre a flexibilidade versos o treinamento de força nas salas de musculação, oportunizando alguns esclarecimentos perante a mesma, informando os praticantes e principalmente os profissionais que trabalham com treinamento de força, sobre o tema em voga. Diante do exposto a pesquisa tem como tema: A interferência do treinamento de força na flexibilidade de praticantes de musculação aborda um problema de como o treinamento de força na sala de musculação interfere na flexibilidade de seus praticantes. Com objetivo de: analisar como o treinamento de força na sala de musculação interfere na flexibilidade dos praticantes. Para 10 responder os seguintes objetivos específicos: levantar os estudos já realizados a respeito da temática da pesquisa; analisar os dados bibliográficos coletados a partir do referencial teórico adotado. Para realizar esta pesquisa o tipo de pesquisa será: de característica bibliográfica. Nesta pesquisa serão abordados conhecimentos como as considerações fisiológicas do treinamento de força e como são realizados os treinamentos de força. A flexibilidade, onde serão relacionados seus fatores que influenciam em seu desenvolvimento. 11 2 TREINAMENTO DE FORÇA O treinamento para os músculos até o presente momento era exclusividade de uma determinada categoria de homens que tinham a necessidade de aparecer e impressionar através da imagem externa, conforme Weineck (2003) devido à falta de certo nível de intelectualidade, destacando a sua masculinidade desenvolvida. Com a necessidade de um treinamento adequado durante toda a vida de acordo com o autor citado acima se pôde modificar o treinamento de força para todo mundo, caracterizando que certa quantidade de força produz um bem-estar individual para saúde, não somente para os músculos mais também para o aparelho locomotor, mente e para nossas capacidades cognitivos. Nos tempos atuais reconhece-se a importância de manter ou desenvolver a força não somente para esportistas, mais para as pessoas em geral durante toda sua vida, onde para Barbanti (1997) as pessoas entre 20 e 70 anos de idade, sedentárias que diminuem a quantidade de movimentos corporais, chegam a perder 30% e 40% de sua massa muscular esquelética e posteriormente sua capacidade de força. O treinamento com pesos ou treinamentos com carga é conhecido simplesmente como treinamento de força, e, é atualmente umas das formas mais conhecidas de exercícios entre atletas que pretendem melhorar o desempenho físico e pessoas que procuram as salas de musculação para praticar atividades físicas com prevenção de doenças, qualidade de vida ou somente para fins estéticos. De acordo com Bompa (2002) a força pode ser determinada pela direção, magnitude ou pelo ponto de aplicação. Onde conforme Bompa (2002) e Barbanti (1997) a força é uma entidade abstrata que pode ser traduzida seguindo a segunda lei da Inércia de Newton, por um número sendo igual ao produto de massa pela aceleração (F = m. a), sendo uma quantidade vetorial que é medida em Newtons. A força é a capacidade de aplicar impulso conforme Bompa (2002) podendo entender que a força possui característica mecânica e uma capacidade humana, sendo a força um objeto de estudo em mecânica, e, é o objetivo da investigação fisiológica e metódica em treinamento. Num ponto de vista prático Barbanti (1997) descreve que a força motora é a capacidade do sistema neuromuscular de vencer resistências, como por exemplo, 12 o peso de seu próprio corpo, ou um peso, objetos, entre outros. Assim sendo a capacidade de exercer tensão contra uma resistência. O termo treinamento de força conforme Fleck e Kraemer (1999) são descrito como um tipo de exercício onde os músculos são submetidos a uma força de oposição, normalmente executado por um equipamento, assim tentando movelos. Para desenvolver a capacidade física de força possuem fatores interrelacionados que são de extrema importância: biomecânicos, psicológicos e fisiológicos. Os fatores biomecânicos denominados de sistema de alavancas de acordo com Ramos (2000) são constituídos por três componentes básicos, o fulcro que nada mais é do que o ponto de apoio que se refere às articulações, a alavanca que é onde as forças atuam sendo assim os ossos e a força, apresenta-se na forma potente e resistente, onde a primeira produzida pelos músculos e a segunda pela gravidade ou por implementos. A motivação é um dos fatores que mais influencia dentro do fator psicológico, conforme o autor citado acima onde quanto maior a motivação de uma pessoa maior vai ser a capacidade dela de produzir tensão. Uma pessoa que possui uma grande quantidade de fibras musculares conforme Ramos (2000), com uma quantidade e tamanho de unidades motoras recrutadas, e, com uma freqüência de estimulação nervosa têm uma grande vantagem diante de outras que possuem uma quantidade inferior na pratica de esportes influenciando na força máxima quanto na regulação da força. “A capacidade de um músculo de produzir força depende de sua área fisiológica seccional transversal e particularmente do número de fibras musculares no músculo e nas áreas transversas das fibras”.(Zatsiorsky apud Ramos, 2000, p.22). A prescrição de exercícios iniciou sua trajetória conforme Simão (2004) na década de 1950 para a reabilitação e desempenho esportivos, indo para a década de 1960 aplicando com formas mais objetivas em adultos saudáveis, utilizando-se em veteranos da segunda guerra mundial, trabalhando de forma de reabilitação e aumento de massa muscular, assim ganhando respaldos pela comunidade médica. Na prescrição de exercícios no treinamento de força discute-se muito sobre o volume de treinamento a ser realizado tanto na parte esportiva quanto para a saúde e qualidade de vida. Mais todos concorda perante Bompa (2001) sua 13 classificação que estão incorporados à duração das horas de treinamento; a quantidade de quilos erguidos numa sessão; o número de exercícios realizados; o tempo de descanso, e, o numero de series e repetições realizado em todos os exercícios. A intensidade é expressa em forma de porcentagem da carga ou por uma repetição máxima (1RM). Para Bompa (2001) à massa ou peso erguido à intensidade, onde o treinamento de força emprega a carga supermáxima que excede a força máxima de uma pessoa variando entre 100% a 125%, a carga máxima que é de 90% a 100%, a carga pesada entre 80% a 90% de 1RM, a média que fica entre 50% a 80% de 1RM e a baixa de 30% a 50% de 1RM. Sendo cada tipo de força utilizado para cada objetivo que queiras chegar com o treinamento. Na duração de um treinamento de força sugere-se que não ultrapasse mais do que uma hora de treinamento, onde para Simão (2004) as grandes sessões provocam o decréscimo de intensidade de esforço, diminuindo os níveis de motivação e até mudanças de resultados, sendo de extrema importância de analisar as habilidades individuais, intensidade da carga, dieta ingerida e horas de sono do individuo praticante. A velocidade e o número de repetições de um exercício de força dependem diretamente da carga utilizada, onde quanto maior a carga menor vai ser a capacidade de executar várias repetições com uma velocidade mais reduzida. “Poucos indicadores científicos sobre velocidade nos permitem inferir qual a melhor velocidade de execução para ganhos neurais ou hipertróficos”. (SIMÂO, 2004, p.82). 14 Figura 1 – Relação entre o número de repetições e a carga Fonte: Nahas / Atividade física e qualidade de vida / 2003 O tempo total que um músculo permanece em tensão é decorrente conforme Simão (2004) do numero de repetições e da velocidade do movimento, onde o tempo sobre tensão pode ser variado, não recomendando a duração total de uma série ultrapassar 70 segundos para o ganho de hipertrofia e da força, e sim para o trabalho de resistência muscular. Bompa (2001) descreve que para adquirir uma força máxima devemos trabalhar com uma carga de 85 a 105% com uma quantidade de repetições baixas, variando entre 1 a 7 repetições por serie, para o trabalho da potencia com 50 a 80% onde o numero de repetições são moderadas com 5 a 10 dinamicamente executadas e para a resistência muscular de média duração sugere 30 a 60 repetições interruptas, e, para longa duração varia de ir até o limite de repetições do individuo ou 100 a 150 repetições. “O volume de treinamento é um produto do numero de series realizadas por cada exercício, o numero de repetições completadas dentro de cada série e a quantidade de peso levantado. Embora a prescrição de 3 séries de 8 a 12 repetições, realizadas 3 vezes por semana, seja típica para a maioria dos treinamentos em academias, o numero ideal de series, em cada exercícios, para desenvolver força muscular continua controversa.” (Feingenbaum e Pollock apud Simão, 2004, p.59 e 60). 15 Não existem evidências que um maior número de series múltiplas gere ganho de força muscular ou de hipertrofia superior ao numero de serie única, levando em consideração a relação tempo-eficácia de programas de serie única. Em pesquisas realizadas pela ACSM em uma revisão dos estudos de Carpinelli e Otto, Feingenbaum e Pollock apud Simão (2004) que estudaram resultados entre series múltiplas e series únicas aplicadas a pessoas não-atleticas, apenas dois estudos compararam um resultado significante entre 1 e 3 series, mais nenhum comparou resultados eficazes entre 1 e 2 series. O ACSM recomenda uma serie entre 8 a 12 repetições para adultos interessados em uma boa forma em geral, e, para Kraemer e colaboradores apud Simão (2004) recomenda serie única para indivíduos não-treinados ou iniciantes em treinamento de força. Simão (2004) relata que após adaptados às séries múltiplas tornam-se mais indicadas que as series únicas, sendo que durante um período de treinamento de meses ou anos as series múltiplas deverão ocasionar melhores resultados de ganhos de força mais rapidamente do que as series únicas, decorrente a uma maior variação de estimulo de treinamento. O Intervalo de Descanso (ID) entre as series ou sessões de treinamento deve-se compreendido de grande importância do que o próprio treinamento para Bompa (2001), porque o ID determina à capacidade de energia que poderam ser restabelecida para as próximas series. Onde durante o treinamento é gasto uma grande quantidade de energia (ATP) retirada de uma determinada região dependendo do treinamento que está sendo realizado com o indivíduo praticante. O ID entre as séries para Bompa (2001) depende da carga empregada no treinamento, do tipo da força aplicada e da taxa de explosão realizada no treinamento. Nos Intervalos de Descanso são repostos as fontes de energia trifosfato de adenosina (ATP) e a creatina fosfato (CP), onde para o autor citado acima sendo que quando os intervalos de descanso são realizados de forma adequada o ácido lático é acumulado mais lentamente, assim permitindo uma continuação do treinamento programado. Um ID irregular segundo Bompa (2001) entre as séries aumenta o acumulo de ácido lático para a energia, quando menor o intervalo menos ATP/CP é catabolisado, diminuindo a energia para as próximas séries resultando na liberação 16 de ácido lático na região muscular que está sendo trabalhada, levando as conseqüências de dor, fadiga muscular local e do SNC diminuindo a capacidade de um treinamento mais efetivo. O coração durante o ID bombeia uma maior quantidade de sangue para os músculos oxigenando melhor estas regiões trabalhadas. Para a diminuição do ácido lático, devemos prescrever um ID necessário e consequentemente eficaz para os objetivos do treinamento, assim sendo com um tempo considerável para a recuperação total de energia do praticante. Bompa (2001) relata que a capacidade de ID entre as sessões depende do nível de condicionamento de quem o pratica, onde um atleta de alto nível bem condicionado possui uma recuperação de energia bem mais rápida do que um indivíduo praticante de atividades de força, sendo que atletas conseguem em fase preparatória uma reposição de glicogênio de 55% em 5 horas e quase 100% em 24 horas, podendo ocorrer uma freqüência maior de treinamento de força durante a semana. 2.1 Tipos de treinamento de força Existem vários tipos de equipamentos e exercícios para o treinamento de força segundo Fleck e Simão (2008) sendo cada um deles possuindo aspectos específicos, tendo opções de escolha do equipamento ou de um exercício adequado para utilização em um programa de treinamento de força. Existem alguns aparelhos que são utilizados com formas de resistência distintas, classificando-se em Resistência Dinâmica Variável (RDV), Resistência Dinâmica Invariável (RDI), resistência isocinética e excêntrica, onde são utilizados e indicados conforme seus objetivos de treinamento. A RDI possui características comuns conforme Ramos (2000) a nãovariação da resistência durante os diferentes ângulos do percurso articular sendo utilizado no dia a dia das pessoas e em diferentes esportes. A grande diferença entre RDI, halteres e caneleiras são que os cabos e as hastes oferecem um maior equilíbrio na execução dos exercícios. 17 Os aparelhos de RDV variam a resistência durante os diferentes ângulos do arco articular, onde a magnitude da força realizada pelo músculo permaneça invariável durante todo percurso articular. O treinamento excêntrico refere-se a uma ação muscular onde os músculos se alongam de um modo controlado, esses tipos de ação muscular para Fleck e Kraemer (1999) ocorre em atividades diárias como, por exemplo, a caminhada, e, essa forma de treinamento pode ser executada em muitos equipamentos de treinamento de força levantando cargas maiores do que 1 RM, tanto com os dois membros superiores ou inferiores. A resistência isocinética possui a principal característica a velocidade constante do músculo realizando tensão igual em todos os ângulos articulares do movimento. Para Bomba (2001) possui classificação como sendo movimento igual ou que se mantêm a mesma velocidade em toda a faixa de movimentos, uma grande ralação entre velocidade e potencia de contração, onde quando maior for à velocidade, maior será a necessidade de realizar tensão. O treinamento isométrico (estático) implica no músculo desenvolver tensão sem alterar o ângulo articular para Fleck e Simão (2008) onde a aplicação da força contra um objeto imóvel força o músculo a desenvolver alta tensão, não alterando o seu posicionamento articular e muscular. O aumento da força decorrente ao treinamento isométrico de acordo com Fleck e Kraemer (1999) está relacionado ao número de ações musculares realizadas, á duração das ações musculares, se a ação muscular for máxima ou submáxima e à freqüência do treinamento. Segundo Fleck e Kraemer (1999) existe uma grande variedade de formas de treinamento, sendo exercícios com peso, exercícios pliométricos ou corrida em aclive. O treinamento com pesos é utilizado para referir-se ao treinamento com resistência normal, utilizando-se de pesos livres ou equipamentos com pesos. Outra forma são os halteres e barras, considerados pesos livres conforme Fleck e Simão (2008) onde ambos podem ser utilizados anilhas nos dois lados do equipamento. Os pesos livres trabalham nos três planos de movimento, o frontal, sagital e transversal, onde na maioria das vezes se torna mais difícil o aprendizado da técnica correta do exercício, mais a maioria dos especialistas de força e esportistas preferem o treinamento livre por causa de uma necessidade maior de 18 equilíbrio na execução do movimento, assim exigindo a utilização de uma massa muscular ativa maior. A pliometria ou exercício cíclico de estender e flexionar como também é chamado para Sharkey (1998) são movimentos explosivos delineados para aumentar a potência, onde os adeptos deste treinamento treinam a capacidade de reação pré-carga, e, elástica, desenvolvendo força e potência explosiva. Exercícios de pliometria podem ser executados tanto nos membros superiores quanto nos inferiores segundo Fleck e Kraemer (1999), usando-se bolas de medicine ball pode ser trabalhados movimentos pliométricos nos membros superiores, e saltos em profundidade como cair de um banco e saltar imediatamente para os membros inferiores. Conforme o autor citado acima o uso excessivo deste treinamento pode acarretar problemas nas articulações do joelho, recomendado apenas treinar com atletas ou pessoas que estejam em um nível avançado de treinamento, que pretendem variar o programa de treinamento, por causa do efeito da prática sobre a habilidade e economia de energia, utilizando número modestos de repetições, sobre uma superfície macia e parando a qualquer sinal de dores no joelho. 19 3 FISIOLOGIA MUSCULAR Para oportunizar um melhor conhecimento entre força e flexibilidade, precisamos entender uns dos principal ou principal região que sofre adaptação através do treinamento dessas duas capacidades físicas, o músculo esquelético humano. O corpo humano possui mais de quatrocentos músculos esqueléticos, representando quase a metade do peso total de um corpo humano. Onde para Powers e Howley (2005) possuem funções importantes como à geração de força para a locomoção respiração e sustentação postural, e, produção de calor quando expostos ao frio. Para Foss e Keteyian (2000) a principal função do músculo é a contração resultante em movimento. O músculo é composto por vários tipos de tecido onde estão as células musculares, o tecido nervoso, o sangue e os tipos de tecido conjuntivo onde conforme os autores citados acima os músculos individuais são separados e mantidos no lugar por um tecido conjuntivo denominado fáscia. O termo fáscia origina-se do latim que possui o significado de banda ou bandagem, onde possui a forma de uma lâmina membranosa para Monteiro (2006), que varia de espessura e densidade conforme sua utilização, envolvendo o músculo, ligando-os internamente e separando os grupamentos musculares. Fáscia é denominada como uma forma de bandagem, para Achour Junior (1998) onde envolve e se conecta ao músculo, funcionando como uma forma de sustentação por ser uma unidade contrátil para se alongar e contrair, sendo considerado o segundo componente que resiste a extensibilidade, dificultando no aprimoramento da flexibilidade. Nos músculos as fáscias separam os componentes musculares, conforme Carneiro & Lima (1999) a fibra muscular apresenta um envoltório denominado endomisio, o fascículo chamado perimísio e o músculo como um todo chamado de epimísio. 20 Figura 2 – Tecido conjuntivo que envolve o músculo esquelético Fonte: Powers e Howley / Fisiologia do exercício / 2005 A fáscia pode ser dividida em três partes segundo Alter (1999) que são denominadas de fáscia superficial, fáscia profunda e fáscia subserosa. Perante o autor citado acima a fáscia superficial encontra-se abaixo da derme onde ela desliza livremente formando a mobilidade da pele. Fáscia profunda é encontrada logo abaixo da superficial, mas sendo mais rígida e compacta que a anterior, por este motivo fica encarregada de dividir os músculos dos órgãos viscerais internos. E a fáscia subserosa que é mais profunda e forma uma camada fibrosa que cobrem a sustentam as vísceras. O tecido muscular é composto por várias fibras musculares onde, uma fibra muscular possui várias miofribilas que são compostas por sarcômeros possuindo filamentos protéicos de actina (filamentos finos) e miosina (filamentos espessos) oportunizando o músculo a capacidade de se contrair e relaxar durante uma determinada tensão. Além da actina e miosina também são encontrados na própria actina para Powers e Howley (2005) a troponina e tropomiosina representando uma pequena parte do músculo mais possuindo suas funções na regulação do processo contrátil. 21 Figura 3 – Unidade do sarcômero com os filamentos de actina e miosina Fonte: McArdle, Katch e katch / Fisiologia do exercício / 2003 Os filamentos de actina e miosina estão na fibra muscular, onde para Weineck (2005) existem seis filamentos de actina dispostos hexagonalmente em torno do filamento de actina, onde os filamentos estão expostos paralelamente provocando a aparência estriada na musculatura, sendo que cada estria (lista) limitada à esquerda e a direita pela linha Z (proteínas estruturais) constitui um sarcômero sendo a menor unidade contrátil do músculo. Figura 4 – Estrutura de uma fibra muscular esquelética Fonte: Powers e Howley / Fisiologia do exercício / 2005 O processo de contração muscular envolve diversas proteínas celulares e sistemas de produção de energia, de acordo com Weineck (2005) a miosina é a proteína mais importante no trabalho da contração muscular, pois é ela á responsável pela mecânica da contração e desenvolvimento da força. Resultando o deslizamento da actina sobre a miosina (Teoria do deslizamento dos filamentos ou filamento deslizante), proporcionando o encurtamento conseqüentemente desenvolvendo a tensão muscular. muscular e 22 Figura 5 – Filamentos deslizantes Fonte: McArdle, Katch e katch / Fisiologia do exercício / 2003 Devido ao fato que o tecido muscular é um dos lugares mais conseqüentes onde sofrem adaptações com o treinamento de força segundo Fleck e Kraemer (1999) tem ávido muito interesse sobre os tipos de fibras musculares. Para Foss e Keteyian (2000) as fibras musculares estão classificadas em Tipos I, IIA e IIB e enquanto para Powers e Howley (2005) as fibras musculares se classificam em Tipo IIx, IIa (dois subtipos de fibras rápidas) e Tipo I (fibra lenta), onde historicamente as fibras musculares rápidas eram chamadas de Tipo IIb, onde surgiram novas evidências que o mais recomendado era chamar as fibras rápidas em humanos de fibras do Tipo IIx. Apesar de existir confusões sobre a nomenclatura sobre os tipos de fibras Powers e Howley (2005) historicamente falando, as fibras musculares se classificaram em fibras rápidas ou de contração rápida (fibra branca) e fibras lentas ou de contração lenta (fibra vermelha). Para Weineck (2005) as rápidas são ativadas principalmente em trabalhos musculares rápidos e vigorosos de alta intensidade, e as lentas, em trabalhos musculares de baixa intensidade. Conforme os autores citados acima o percentual de fibras musculares esqueléticas podem ser influenciada por fatores genéticos, pelos níveis hormonais do sangue e por hábitos de praticar exercícios de uma pessoa. Para Weineck (2005) o talento inconsciente para as modalidades esportivas de força rápida ou resistência está associado à distribuição de tipos de fibras geneticamente determinada, onde as fibras que sofrem alterações após a 23 interrupção do treinamento de resistência retornam ao seu tipo original, onde para Powers e Howley (2005) que através de um treinamento rigoroso acarreta alterações nos tipos de fibras tanto no treinamento de resistência quanto no de força. As propriedades neurofisiológicas serão abordadas simplesmente como propriocepção onde para Monteiro (2006), sendo o nome utilizado para indicar a posição e o movimento do corpo, e também as forças e as pressões que sofrem. Os receptores musculares (proprioceptores) são chamados de fusos musculares e os receptores tendinosos de Órgãos Tendinosos de Golgi (OTG). A duas funções dos fusos musculares para Fleck e Kraemer (1999) são de monitorar o alongamento ou estiramento do músculo e iniciar a contração para produzir o estiramento do músculo. Os fusos musculares enviam sucessivamente informações para o Sistema Nervoso Central (SNC) fornecendo ao músculo de qual o numero exato de unidades motoras que devem contrair-se a fim de vencer determinada resistência onde conforme Foss e Keteyian (2000) quanto maior a carga maior será o numero de unidades motoras recrutadas. Figura 6 – Fuso muscular (receptores musculares) Fonte: McArdle, Katch e katch / Fisiologia do exercício / 2003 O fuso muscular possui a função de informar ao músculo a alteração da extensão e velocidade que está sendo exercida sobre o mesmo. Para Achour Junior (2006) é um órgão sensitivo ao alongamento, sendo basicamente constituído de fibras musculares envolvidas pela cápsula e localizado entre as fibras musculares e paralelamente a elas. Os fusos são compostos por várias células musculares finas (intrafusais) e circundadas por bainha de tecido conjuntivo, como as fibras musculares 24 esqueléticas normais (extrafusais), que para Powers e Howley (2005) os fusos musculares se inserem no tecido conjuntivo no interior do músculo correndo paralelamente coma as fibras musculares. Conforme Fernandes e col. (2002) os músculos com movimentos mais delicados e habilidosos são mais ricos em fuso do que os músculos que apresentam movimentos mais grosseiros. Powers e Howley (2005), descrevem que são encontrados em maior escala nas mãos (delicados) do que no músculo quadríceps (grosseiros). O outro controlador da contração do músculo é chamado de órgão tendinoso de Golgi ou simplesmente de OTG ficando localizado próximo à junção músculo tendínea sendo sensível à tensão causada pelo alongamento passivo e pela contração muscular. Para Achour Junior (2006) o OTG responde melhor na contração muscular do que no momento da extensão. O OTG funciona como uma forma de mecanismo de proteção que proporciona a inibição do músculo, disparando facilmente após uma contração muscular ativa, ou seja, após o músculo desenvolver uma tensão excessiva conforme Fernandes e col. (2002) os OTGs são acionados inibindo a atividade do motonerôunio alfa e diminuindo assim a tensão do músculo. O órgão tendinoso de Golgi possui neurônio sensitivo que por sua vez de acordo com Fleck e Kraemer (1999) vai até a medula espinhal onde faz sinapse com os neurônios motores alfa tanto nos músculos que estão sentindo tensão, quanto em seus agonistas podendo após a tensão desenvolvida pelo músculo ser monitorado pelos órgãos tendinosos de Golgi. 25 Figura 7 – Órgão tendinoso de Golgi (receptores tendinosos) Fonte: McArdle, Katch e katch / Fisiologia do exercício / 2003 Os fusos e os órgãos tendinosos de Golgi trabalham juntos, onde para Foss e Keteyian (2000) os fusos produzem exatamente o grau exato de tensão muscular, assim efetuando movimentos uniformes, e, os tendinosos causando relaxamento muscular quando a carga é abusiva podendo ocorrer lesões no músculo e suas estruturas. Esta função protetora não é infalível de acordo com Fleck e Kraemer (1999) e Powers e Howley (2005) onde é possível que as influências inibitórias dos órgãos tendinosos de Golgi através do treinamento de força possam ser gradualmente reduzidas. Onde para os autores acima a capacidade de inibir esta função protetora seria responsável em parte por algumas lesões nos levantamentos de peso, ou, até mesmo na melhora na quantidade de força muscular melhorando o desempenho no esporte. 26 4 FLEXIBILIDADE A flexibilidade em sua origem encontra-se desconhecida, ao seu surgimento, mas imagina-se que deste a antiguidade, o alongamento e as formas de adquirir a flexibilidade tem sido usada em vários momentos históricos. Os gregos usavam algum tipo de treinamento desconhecido de flexibilidade, conforme Alter (1999) para melhorar os seus desempenhos em lutas e danças, onde incorporaram a flexibilidade na ginástica grega, que tratava das condições medicinais, marciais e atléticas de seus praticantes daquela época. O termo flexibilidade provém do latim flectere ou flexibilitis significando-se “curva-se”. A nomenclatura que abrange a capacidade física flexibilidade é muito vasta na literatura, possuindo algumas divergências entre os autores. A forma mais fácil de definir a flexibilidade é da forma de que a amplitude de movimento que o individuo dispõem em uma articulação ou em grupo de articulações. Achour Junior (1998) complementar que flexibilidade é definida operacionalmente como amplitude máxima de movimento voluntário em uma ou mais articulações sem lesioná-las. A flexibilidade é especifica de cada articulação conforme Silva (2002) e sendo influenciada por fatores estruturais, os quais serão descritos a seguir mais detalhadamente. 4.1 Fatores musculoesqueléticos que influenciam a flexibilidade Para compreender os mecanismos que estão interligados no aumento da amplitude de movimento de uma articulação, é necessário conforme Bloomfield & Wilson (2000) conhecer os fatores que podem limitar ou simplesmente influenciar a amplitude de movimento de uma articulação. Os movimentos do corpo humano são caracterizados por três componentes interdependentes conforme Aaberg (2001): ossos, articulações e os músculos. Todos esses componentes estão interligados para realizar o movimento, não podendo agir separadamente para produção de qualquer movimento. 27 O conjunto de ossos consiste um esqueleto conforme autor citado acima que é responsável em formar uma estrutura para que o corpo possa manter uma posição ereta, oportunizando uma defesa para alguns órgãos, e, outros servem para realizar alavancas ajudando assim os músculos a executar movimentos corporais ou mover objetos diversos. Os músculos esqueléticos possuem capacidades de converter a energia química e energia mecânica para Bloomfield & Wilson (2000), assim realizando os movimentos de encurtamento e extensão do músculo. Para que aja a contração dos músculos, eles devem estar interligados aos ossos, conseqüentemente a uma determinada articulação. Para Contursi (1986) além de um individuo possuir uma significativa amplitude de movimento em uma determinada articulação, a elasticidade muscular é importante para o desempenho da flexibilidade, onde a capacidade do músculo possui em aumentar seu comprimento, adaptando-se a uma força externa, e depois retornando ao seu estado original. Onde estes dois componentes interligados aumentarão o grau de flexibilidade de uma pessoa na estrutura músculo - articular capacitando a distensibilidade de ligamentos e tendões, e, na maleabilidade da pele. Uma articulação consiste na conexão de dois ossos, onde de acordo com os autores citados acima algumas articulações permitem uma grande amplitude de movimento enquanto outras não possuam nenhuma capacidade de movimento. Onde a estabilidade dessas duas conexões ósseas é responsabilidade dos cordões fibrosos de tecido conjuntivos denominados tendões, que serão detalhados mais profundamente neste texto. Os fatores estão relacionados á várias questões envolvendo os músculosarticulares. “Ligamentos, tendões, cápsulas articulares, fáscias, pele e tecidos contráteis acometidos de adesões e\ou contraturas e cicatrizes diminuem significativamente a flexibilidade”. (ACHOUR JUNIOR, 1998, p.50). Monteiro (2006) complementa os fatores que influenciam a flexibilidade estão ligados ao tecido conjuntivo não-contrátil, tecido contrátil-músculo e as propriedades neurofisiológicas do músculo. A cápsula articular e os tecidos conjuntivos, quando associados, segundo Costa (1996), provocam uma maior resistência á flexibilidade. A cápsula articular resiste a exercícios de força e alongamento, sofrendo adaptações devido o treinamento regular, Achour Junior (1999). 28 O colágeno encontra-se em abundância na cartilagem articular, onde se não houver carga na cápsula articular perante Achour Junior (1999), acontecera uma deterioração bioquímica e mecânica do colágeno, diminuindo a lubrificação, assim impossibilitando o deslizamento das fibras musculares criando ligações cruzadas de colágeno, por fim aumentando a aderência entre as fibras. A grande maioria das articulações é do tipo sinovial para Achour Junior (1999), sendo que a parte superficial do osso é coberta por cartilagem articular e separados por fenda articular. Os tecidos moles da articulação compõem a chamada cápsula fibrosa, responsável por envolver a articulação, a membrana sinovial, os ligamentos de sustentação e a cartilagem hialina, responsáveis pela absorção de impactos. De acordo com o autor citado acima, nas extremidades das articulações, encontra-se a cartilagem hialina responsável pela absorção de impacto, com a capacidade de se alterar para absorver o impacto e voltar a seu tamanho original. Outros componentes encontrados na cápsula articular ajudam na absorção de impacto nas articulações, como o proteoglicana ligado á água. Com esses elementos, possibilitam a cartilagem de se comprimir e voltar a sua origem inicial. O tecido elástico e a principal estrutura encontrada nos tecidos vivos de uma pessoa, conforme Alter (1999) desempenhando a determinação da amplitude de extensibilidade nas células musculares. O autor acima cita que as fibras elásticas proporcionam várias funções como defesas contra as forças excessivas, e ajudando os órgãos a retornar para sua origem, não deformando quando suas forças forem removidas, manter tônus musculares, entre outros como conservar energia. Com o passar dos anos as fibras elásticas sofrem mudanças físicas e bioquímicas para Alter (1999), assim perdendo sua elasticidade, desgastando e mineralizando a elastina, aumentando as ligações cruzadas dificultando a extensibilidade. Essas formas de tecido são responsáveis pela elasticidade e repouso do músculo, onde para Bloomfield & Wilson (2000) possui um alongamento limitado resistindo a um movimento de extensão muscular. Os músculos estão presos a ossos por cordões chamados tendões segundo Alter, Carneiro & Lima (1999), onde sua principal função é transmitir tensão 29 do músculo aos ossos produzindo o movimento, sendo essencial para determinação de um movimento de qualidade. Conforme Carneiro & Lima (1999) o tendão e adaptado para resistir movimentos em uma direção, onde quanto maior for à quantidade de colágeno para ás fibras elásticas, maior será o número de fibras orientadas na direção do estresse, e quanto maior for a área transversal ou a largura do tendão, mais forte será a tensão. O tecido elástico do tendão funciona como catabolisador de energia, para Achour Junior (1999) mantendo o tônus durante o relaxamento, e defende a força excessiva durante o movimento ajudando a restaurar sua extensão inicial. A contribuição dos tendões conforme Monteiro (2006) na resistência da flexão da articulação acontece na máxima amplitude do movimento. Com a falta de uso o tendão se torna rígido, não conseguindo dissipar a energia com qualidade, e pelo contrario se for muito alongado não proporcionara um bom sistema de suporte. Os ligamentos ligam o osso com osso em ambas as extremidades, para Achour Junior (1999) tendo como função principal sustentar a articulação assegurando a permanecia do osso em seu devido lugar. O ligamento é mais adequado a elasticidade do que o tendão por apresentar menos colágeno e maior quantidade de elastina. Para Carneiro & Lima (1999), os movimentos rápidos e fortes aumentam os riscos de rompimento ligamentares, e o alinhamento incorreto dos exercícios de alongamento estático pode desalinhar o tecido colágeno, refletindo na orientação óssea, instabilizando a articulação. Os ligamentos sofrem micro lesões em relação a movimentos rápidos em uma menor tensão do que os movimentos lentos. Os ligamentos ficam mais rijos quando expostos a temperatura baixas segundo Achour Junior (1998), por isso se aconselha o aumento da temperatura corporal, providenciando aquecimento antes das atividades, ou que se aguarde a elevação da temperatura para que haja uma melhor extensibilidade perante as fibras. 30 4.2 Fatores que influenciam a flexibilidade Os fatores que influenciam na flexibilidade em seres humanos podem ser subdivididos em fatores Endógenos subdividindo-se em sexo e idade, e, fatores Exógenos que são temperatura ambiente e hora do dia. O gênero é um fator muito estudado entre vários autores onde se afirma que as mulheres são mais flexível que os homens, podendo ser atribuídas para Monteiro (2006) por fatores ambientais, hormonal e anatômica. O sexo feminino segundo Costa (1996) é mais flexível por uma questão de diferenças hormonais, onde á mulher com uma quantidade elevada de estrógeno, possuindo uma retenção maior de água e por causa da espessura das fibras musculares serem menores do que a do homem, independente da faixa etária. A supremacia das mulheres na mobilidade muscular comparado a dos homens é de 20% - 30% de acordo com Zakharov (1992), não significando que homens bem treinados não sejam capazes de possuir um alto nível de flexibilidade. Ao decorrer dos anos a flexibilidade vai se deteriorando especificamente iniciando seu declínio na vida adulta. Os efeitos fisiológicos decorrem com o envelhecimento onde segundo Achour Junior (2004) o fornecimento de sangüíneo e a capacidade de reter água diminuem, onde o tempo de recuperação do tecido conjuntivo após as lesões é aumentado, e, também reduzindo a força e a flexibilidade. A flexibilidade é maior quanto mais jovem for o atleta, assim sendo que o treinamento da flexibilidade deve ser mais exigido desde a infância conforme Tubino (1984) & Weineck (1999) no sentido de manter a flexibilidade máxima, com o objetivo da manutenção da alta flexibilidade infantis, através de exercícios gerais e específicos para a modalidade esportiva praticada, para suprir o enrijecimento de tendões, ligamentos e cápsulas articulares, para que não haja perdas e para garantir uma boa flexibilidade na vida adulta. Monteiro (2006), onde o início das degenerações varia e depende do músculo envolvido e o quanto ele é utilizado, porque quando acompanhados por sedentarismo, doenças (lesões), as chances são maiores da perda da amplitude do movimento. 31 “O envelhecimento em relação ao esporte como soma de todas as alterações biológicas, psicológicas e sociais, que, depois de alcançar a idade de desempenho máximo, leva a uma redução gradual das capacidades de adaptação e de desempenho psicofísico do indivíduo.” (Monteiro apud Weineck, 2006, p. 56). Deve-se aproveitar o período ótimo do desenvolvimento da flexibilidade conforme Achour Junior (2002) para a realização do alongamento, indiferente que seja super flexível ou menos flexível, mas educar desde cedo à importância do alongamento para a saúde, e que faça parte por toda sua vida como hábito, antes que o encurtamento se instale junto com o estilo de vida menos ativo. Os componentes articulares dependem muito da temperatura ambiente, possuindo uma maior amplitude articular quando expostos a uma temperatura elevada conforme Contursi (1986) melhorando assim sua performance nas atividades físicas diárias e sofrendo diminuição de amplitude em ambientes mais frios, por estas questões que é importante um aquecimento adequado antes de qualquer atividade realizada. Para Weineck (2003) pelo período matutino por causa a baixa temperatura do corpo a flexibilidade é menor do que o período da tarde, onde a partir do meio dia os níveis de flexibilidade são melhores, para mais tarde voltarem a diminuir. 4.3 Métodos de alongamento para o desenvolvimento da flexibilidade Existem diferentes métodos e programas de treinamento para o aumento da flexibilidade onde de acordo com Weineck (1999) perante os fatores que são limitantes da flexibilidade, onde os programas específicos são constituídos de exercícios de alongamento e exercícios de relaxamento. As formas de alongamento são movimentos simples de ginástica básica, com efeito, sobre um grupo muscular determinado. 32 Podemos diferenciar diversos métodos de alongamento perante o autor citado acima, que podem ser resumidos em quatro grupos principais (dinâmico, passivo, estático e neuromuscular proprioceptiva), onde apresentam variações e combinações. Podemos definir o alongamento dinâmico como sendo perante Geoffroy (2001) a ativação de uma cadeia de grupos musculares juntamente com exercícios de alongamentos e contrações com o único objetivo de realizar as posturas desejadas. Figura 8 – Alongamento dinâmico Fonte: Achour Junior / Exercícios de alongamento / 2002 O alongamento dinâmico é composto pelo maior alcance do movimento voluntário conforme Achour Junior (1999), onde é utilizada a força dos músculos agonistas e com o relaxamento dos músculos antagonistas. O praticante executa a movimentação de sua amplitude de movimento do músculo-articular e retorna a posição inicial, tentando relaxar os músculos antagonistas, onde pode ser um fator importante para a obtenção da flexibilidade pelo fato de que a tentativa de continuar o movimento é impedida pela tensão exercida dos músculos antagonistas. Entretanto, o método dinâmico de alongamento oferece uma grande desvantagem ao que se refere ao aumento duradouro da flexibilidade das articulações e com profilaxia de lesões, onde as oscilações deste método desencadeiam reflexos da musculatura da medula espinhal limitando a flexibilidade, e sendo executado em alta intensidade oferece o risco de lesões. Os métodos dinâmicos de alongamento são exercícios oscilatórios elásticos conforme Geoffroy (2001) para que possa obter um aumento na flexibilidade articular, onde é dividido em exercícios ativos dinâmicos (balístico). 33 O método ativo-dinâmico é a combinação de um alongamento submáximo, com uma contração isométrica e excêntrica de um determinado grupo muscular, sendo finalizado após o relaxamento um trabalho dinâmico do respectivo grupo muscular. Geoffroy (2001) relata que o alongamento ativo-dinâmico ainda é pouco conhecido, mas já se vem sendo aplicado em programas de aquecimento e preparação muscular. O alongamento passivo é executado com ajuda de uma força externa, segundo Weineck & Achour Junior (1999) podendo ser com o auxilio de um parceiro ou aparelhos, aumentando o alongamento dos grupos musculares trabalhados sem que haja fortalecimento dos músculos antagonistas, em um estado de relaxamento da musculatura a ser alongada. Figura 9 – Alongamento passivo Fonte: Achour Junior / Exercícios de alongamento / 2002 Neste método passivo, o executado (aluno) tem que possuir total confiança do executante, no caso no profissional (professor) para assegurar o verdadeiro limite do grupo músculo-articular do executado, onde para Achour Junior (1999) é difícil posicionar o grupo muscular na posição adequada quando a rigidez muscular, pelo desconforto causado pela insegurança do aluno. Se a contração muscular continuarem nas sessões de alongamento, o alcance do movimento será menor e provocando o professor a executar uma força maior sobre o músculoarticular para vencer a resistência, neste caso é possível a flexibilidade ser 34 desenvolvida através da força, mas com menos tensão muscular o alongamento torna-se mais seguro e eficaz. O método estático não é utilizado forças externas com auxilio de um companheiro ou materiais, para á pratica de seus exercícios de acordo com Hernandes (2002), onde o alongamento e executado em posições estáticas, sem haver movimentações das articulações, permanecendo em uma posição necessária para ocasionar um leve estiramento na musculatura alongada, e no momento da execução se for sentido a diminuição da sessão de estiramento é aconselhável aumentar um pouco mais a amplitude sem perder o conforto da posição correta. Figura 10 – Alongamento estático Fonte: Achour Junior / Exercícios de alongamento / 2002 Para o desempenho atlético, a forma de alongamento estática tem sido muito utilizada conforme Achour Junior (1999), em forma de aquecimento, resfriamento e para recuperação da amplitude do movimento após lesões á nível musculares e articulares. O método de facilitação muscular neuropropioceptiva (F.N.P.), combina contração e relaxamento alternados da musculatura agonista e antagonista perante o autor citado acima, que para a realização do exercício é preciso de um companheiro ou um profissional (professor). 35 Figura 11 – Alongamento F.N.P. Fonte: Achour Junior / Exercícios de alongamento / 2002 Figura 12 – Alongamento F.N.P. Fonte: Achour Junior / Exercícios de alongamento / 2002 Figura 13 – Alongamento F.N.P. Fonte: Achour Junior / Exercícios de alongamento / 2002 No F.N.P. é realizada uma contração do músculo a ser alongado e depois de seu antagonista, para obter um maior relaxamento dos agonistas de acordo com Hernandes (2001) que acarretara um maior grau de amplitude de movimento, melhorando no trabalho da flexibilidade. 36 O autor relata que o método de F.N.P. bastante utilizado é conhecido como “3S” (Scientific Streching for Sports), em que o companheiro ajuda atingir o máximo da amplitude, e em seguida realizando uma contração muscular contra o movimento de nosso companheiro por dez segundos, e posteriormente relaxando e alcançando a amplitude máxima do movimento com o auxilio do companheiro. No treinamento da flexibilidade o professor deve decidir qual o nível ótimo de flexibilidade para a prática da modalidade praticada, e que garantam que ela seja alcançada e mantida de acordo com Bloomfield & Wilson (2000), porque sendo pouco utilizado pode limitar a capacidade de movimento, e, quando utilizada uma elevada amplitude de movimentos causa excessiva instabilidade, podendo ocasionar uma sub-luxação parcial ou um deslocamento completo das articulações. 37 5 FLEXIBILIDADE E TREINAMENTO DE FORÇA Muitos acreditam que o treinamento de força associado ao treinamento de flexibilidade quando realizados a uma mesma musculatura aumenta sua tensão de descanso diminuindo assim a flexibilidade. “Em geral, indivíduos hipertrofiados não têm flexibilidade em excesso, motivo pelo quais os exercícios de força aparentemente parecem não requerer muita flexibilidade, reforçando o mito de que a hipertrofia não se alia à flexibilidade.” (ACHOUR JUNIOR, 2004. p.227). O aumento de massa muscular de acordo com o autor citado acima relacionado diretamente a hipertrofia muscular pode diminuir a flexibilidade em algumas articulações, quando possui um contato muscular precoce de obstrução mecânica, por muitas vezes pessoas muito hipertrofiadas (fisiculturistas) dificilmente conseguem executar uma flexão de uma determinada articulação completamente. Para Contursi (1986) uma hipertrofia exagerada pode torna-se um impedimento mecânico do movimento articular assim prejudicando a flexibilidade. Weineck (2005) mostra através dos ginastas que possuem uma musculatura bem desenvolvida combinada com uma extraordinária flexibilidade, que o aumento da massa muscular não precisa levar com freqüência a uma restrição da flexibilidade. É de extrema dificuldade analisar os aspectos onde alguns esportistas possuem uma maior ou menor parcela de flexibilidade perante um treinamento de força conforme Achour Junior (2004) devido à genética, ao hábito de realizar exercícios de alongamento e como o programa do treino de força é estruturado. Na maioria dos casos pessoas que treinam para desenvolver um aumento da massa muscular (hipertrofia) não se preocupam em realizar alongamentos para adquirir a flexibilidade, por não conhecer o aumento da qualidade do treino de força que os exercícios de alongamento podem proporcionar. Para Parrillo apud Alter (1999) o alongamento do músculo facilita a hipertrofia muscular, forma e definição onde o melhor momento de alongar a fáscia é quando músculo está totalmente inchado e após cada série, onde e relatado que quando mais espessa for à fáscia maior será a dificuldade de um músculo se desenvolver, diminuindo o local no qual o cresce. 38 Para exercícios de força máxima ou potência para Weineck (2005) e Achour Junior (2004) é recomendado antes das atividades realizarem alongamentos de curta duração não excedendo mais do que 10 a 20 segundos em posição estática ou poucas repetições de alongamentos dinâmicos, onde o tempo excessivo na posição de alongamento pode ocasionar uma diminuição do tônus muscular e ativação do sistema parassimpático, assim ocasionando a deformação plástica do tecido conjuntivo ocorrendo conseqüências negativas para o desempenho da potência, velocidade e força máxima. Àpos o treinamento de força máxima e potência executam-se alongamentos entre 10 a 30 segundos com pouca tensão para impedir a rigidez muscular, tomando cuidado com as microlesões onde o alongamento com alta tensão pode aumentar o tamanho da lesão. O tamanho do músculo para Alter (1999) tem pouca ou nada ver com a flexibilidade, quando o treinamento de força for corretamente executado, podendo ajudar a aumentar a flexibilidade e a força total em alguns casos (treinamento de resistência). Nahas (2003) relata que é um mito que os exercícios de musculação necessariamente diminuem a flexibilidade de um individuo, que a diminuição da flexibilidade somente acontece quando é realizado com uma grande carga não utilizando os movimentos em sua total amplitude articular e sem possuir exercícios compensatórios. “Flexibilidade é um componente importante do condicionamento físico e precisa ser atendida em um programa de treinamento de força. Pode-se fazer alongamento tanto na fase de aquecimento como de volta à calma numa sessão de treinamento.” (Moore e Hutton apud Fleck e Kraemer p.78). Para Achour Junior (2004) o treino de força melhora a flexibilidade quando os exercícios de força são realizados com a máxima amplitude de movimento, trabalhando em equilíbrio os músculos agonistas e antagonistas, com a inclusão do alongamento nos treinamentos de força. O treino de força prejudica a flexibilidade em conseqüência do aumento rápido transversal do componente contrátil, principalmente no período pós-pubere, 39 onde Achour Junior (2004) é necessário trabalhar e desenvolver a flexibilidade antes de um trabalho efetivo de força. Bompa (2001) destaca que a maioria dos exercícios de força usa todas as articulações de nosso corpo, por isso e necessário uma boa flexibilidade principalmente dos iniciantes evitando principalmente a lesão por estresse, onde a flexibilidade deve iniciar na pré-pubescência e pubescência para futuramente precisar apenas manter o grau de desenvolvimento atlético. A força e a flexibilidade segundo Nahas (2003) são fatores presentes no cotidiano de uma pessoa, sendo no esporte ou na vida diária onde os exercícios devem trabalhar paralelamente, para que seja evitado certo desequilíbrio no desenvolvimento de ambas as condições físicas. 5.1 A importância da força para a saúde e performance Através do treinamento de força o beneficio mais evidenciado segundo Fleck e Simão (2008) é o aumento da própria força muscular, assim melhorando a performance de atletas e pessoas em seu geral nas atividades diárias, onde o aumento da força acontece em razão de fatores neurais e hipertróficos. Conforme os autores citados acima as adaptações neurais em treinamento de força acontecem primordialmente em pessoas não treinadas e destreinadas, melhorando inicialmente o ganho de força, e com uma pequena quantidade de ganho de massa muscular nas primeiras semanas de treinamento. Um indivíduo que não possua certo histórico em treinamento com pesos pode-se esperar uma evolução no grau da melhora de força no inicio de seu treinamento para Fleck e Simão (2008), devido as adaptações neurais, onde, com um tempo maior de treinamento os ganhos diminuem em relação as adaptações neurais, dependendo das alterações do volume da massa muscular (hipertrofia) para adquirir o aumento de sua força. Para Sharkey (1998) além da força propriamente dita, os trabalhos de força melhoram a capacidade muscular como: resistência muscular, flexibilidade, velocidade, potência, agilidade, equilíbrio e coordenação ou habilidade. Sendo essas capacidades importantes para o sucesso no esporte ou no trabalho, ajudando a 40 evitar lesões graves, desacreditando que essas capacidades possam estar relacionadas diretamente a saúde. Nahas (2003) afirma a importância do desenvolvimento e a manutenção da condição muscular, onde exercícios com cargas moderadas ajudam a desenvolver e manter a resistência muscular, assim preservando a massa muscular durante um treinamento de emagrecimento diminuindo as perdas de tecidos musculares, contribuindo no geral na manutenção do peso corporal. Para Fleck e Simão (2008) a grande maioria dos adeptos do treinamento de força possui como objetivo de mudar esteticamente o seu corpo, sendo que o treinamento de força contribui de forma significante na mudança corporal de um individuo, assim influenciando diretamente na perda de gordura corporal, ganho de massa muscular ou a combinação desses dois fatores. Com o passar dos anos o aumento de gordura corporal aumenta e a quantidade massa muscular diminui, através do treinamento de força é possível manter a composição corporal adequada, aumentando a massa muscular e diminuindo a gordura corporal. Através do treinamento de força para Simão (2004) possuem vários fatores que influenciam e beneficiam diretamente a saúde de um individuo praticante desta modalidade. O treinamento de força contribui para outros fatores de saúde como: melhora a saúde cardiovascular, para Bittencourt (1984) reduzindo os valores da pressão arterial sistólica em repouso, na tolerância de glicose e decréscimo na resposta cardíaca em repouso; modifica a composição corporal, principalmente na massa magra; trabalha na produção de incrementos na densidade mineral; reduz a possibilidade de lesões em esportes e atividades diversas; atua na contribuição psicológica de uma determinada pessoa, reduz a ansiedade e a depressão, aumenta a força, potência e resistência muscular. Acreditava-se que o treinamento de força resultava em adaptações cardiovasculares que se assemelham às adaptações da hipertensão ocasionando o chamado “coração de atleta”, onde para Fleck e Kraemer (1999) era semelhante à dilatação da parede ventricular, pois se comparar o treinamento de força e a da hipertensão observa-se de que a relação entre a parede ventricular não sofre aumento da espessura se comparado à massa corporal magra, ao contrario da hipertensão que aumenta a parede ventricular alem dos limites normais. Conforme os autores isto tem levado o uso dos termos de hipertrofia patológica para a 41 hipertensão e hipertrofia fisiológica para as adaptações sofridas pelo treinamento físico. As funções cardiovasculares referente à diminuição da freqüência cardíaca em repouso e o aumento do consumo máximo de oxigênio, diminuindo os riscos de acidentes cardiovasculares ou ataque cardíaco estão associados a um treinamento de resistência aeróbia, mais de acordo com Fleck e Simão (2008) o treinamento de força podem provar as mesmas adaptações cardiovasculares com um menor impacto do que um treinamento aeróbio, onde o treinamento de força quando executado por 30 minutos ou mais por semana em homens adultos reduz o risco de doenças cardiovasculares em 23%, desfazendo as teorias sobre o treinamento de força, que geravam adaptações cardiovasculares negativas oferecendo riscos a doenças. A manutenção de uma musculatura adequada conforme American college of sports medicine (ACSM) apud Lazzoli (1996), é importante para a promoção da capacidade de indivíduos idosos desempenharem as tarefas diárias e viverem em modo independente. Para Fleck e Simão (2008) o treinamento de força com idosos acarreta adaptações como: aumento da força muscular; aumenta a resistência muscular; ganho de massa muscular; aumenta a capacidade de hipertrofia; a capacidade metabólica do músculo é aumentada; melhora a taxa metabólica do músculo em repouso; diminui a composição corporal de gordura e aumenta as funções físicas em geral. A força sofre uma declinação com o passar dos anos, mais especificamente segundo Sharkey (1998) a partir da quinta década de vida, onde uma pessoa que utiliza sua força regularmente consegue manter por um tempo mais prolongado. Onde é sugerido que homens e mulheres com uma idade mais avançada procurem atividades que desempenham força para ocorrer à manutenção e aumento da massa muscular, evitando a fraqueza e fragilidade muscular, assim tornando um estilo de vida mais saudável e sustentável durante os anos que se passam. 42 5.2 A importância da flexibilidade para a saúde e performance Como já podemos relatar anteriormente a flexibilidade consisti na amplitude máxima de movimentos articulares de um individuo, agora serão relatados a sua importância para a sua saúde e performance. Para Nahas (2003) as pessoas que possuem uma boa qualidade de amplitude de movimento conseguem se movimentar com mais facilidade, sofrem menos problemas com dores e lesões musculares, principalmente da região lombar, os problemas lombares estão ligados a pouca flexibilidade e músculos abdominais fracos. De acordo com Sharkey (1998) é preciso obter certo nível de mobilidade na região lombar e uma boa elasticidade na parte posterior da coxa, pois estão associados a incidências de problemas lombares crônicos. Algumas formas de lesões estão associadas quando a flexibilidade diminui com o passar do tempo (idosos) ou em pessoas inativas, onde segundo Sharkey (1998) essas lesões ocorrem quando um membro é forçado além de sua amplitude normal, onde a melhora da flexibilidade reduz os riscos de lesões, e, a flexibilidade aumentada melhora a performance em alguns esportes, principalmente aqueles que necessitam diretamente desta capacidade física (ginástica, artes marciais, levantamento de peso, entre outras). Para obtenção de uma boa flexibilidade é preciso realizar exercícios de alongamento conforme Achour Junior (1998), possuindo ganhos alem de apenas uma amplitude articular ideal, como: eliminação ou redução dos encurtamentos do sistema muscular; evita o encurtamento músculo-tendíneo; elimina ou reduz nódulos musculares; diminui os riscos de lesões músculo-articulares; aumenta a distância e o tempo sobre o qual a força é desenvolvida; aumenta o relaxamento muscular e melhora a circulação sangüínea; melhora a coordenação, evita esforços adicionais no trabalho e no desporto; reduz a resistência tensiva muscular antagonista e aproveita mais a força dos músculos agonistas; libera a rigidez e possibilita melhorar a forma e simetria muscular; melhora as posturas estáticas e dinâmicas e melhora problemas posturais que alteram o centro de gravidade provocando adaptação muscular. 43 Exercícios regulares para desenvolver a flexibilidade podem ajudar no desempenho diário, melhorando a postura e o equilíbrio corporal, alem de prevenir problemas de saúde. (NAHAS, 2003. p. 77). Os exercícios de alongamento juntamente com boas posturas diárias segundo Achour Junior (2006) ajudam a realinhar os tecidos musculares e conseqüentemente a postura corporal. Uma boa postura evita que o corpo permaneça em contração excessiva e prolongada, provocando pontos de tensão, contraturas, compreensão de raízes nervosas, espasmo, dor e redução da flexibilidade. Para Nahas (2003) todas as pessoas precisam de um certo nível de mobilidade articular, assim como a força, para as atividades diárias e para um boa saúde. 44 6 CONCLUSÃO Este trabalho objetivou analisar bibliograficamente a interferência do treinamento de força na flexibilidade e após o encerramento do trabalho conclui-se que: O treinamento de força aumenta a capacidade de força de um esportista, influenciando em outras capacidades como: resistência muscular, flexibilidade, velocidade, potência, agilidade, equilíbrio e coordenação ou habilidade, que é de extrema importância na melhora do desempenho dentro de qualquer esporte praticado. Relacionado á saúde o treinamento de força melhora a saúde cardiovascular, reduzindo os valores da pressão arterial sistólica em repouso, na tolerância de glicose e decréscimo na resposta cardíaca em repouso; modifica a composição corporal, principalmente na massa magra; trabalha na produção de incrementos na densidade mineral; reduz a possibilidade de lesões em esportes e atividades diversas; atua na contribuição psicológica de uma determinada pessoa, reduz a ansiedade e a depressão. Podemos definir a flexibilidade quando o individuo consegue chegar ao seu ponto máximo de amplitude articular dos seus movimentos, sem uma força externa, assim possuindo uma melhor amplitude de suas articulações, e, facilitando as suas atividades diárias e esportivas como praticar musculação, correr, caminhar e executar trabalhos domésticos, proporcionando uma melhor qualidade de vida para este indivíduo. De acordo com a literatura, o individuo com uma boa flexibilidade terá melhores condições de mobilidade, o que contribui no desempenho no esporte de rendimento e na saúde, melhorando a sua performance esportiva evitando ou diminuindo lesões e dores musculares, melhora a qualidade do trabalho da região musculoesquelética, diminui esforços adicionais no esporte e na vida diária. Analisou-se que os autores estudados concordam que a força somente interfere a flexibilidade quando existem interferências mecânicas de movimento e os exercícios não são corretamente executados, realizados com uma grande carga não utilizando os movimentos em sua total amplitude articular e sem exercícios compensatórios de alongamento. 45 Observou-se que a força pode melhorar a flexibilidade quando respeitados os fatores que os cercam, a amplitude de movimento e força de uma pessoa, trabalhando harmoniosamente os músculos agonistas e antagonistas juntamente com os exercícios de alongamento no treinamento de força. Todas as pessoas precisam da força e da flexibilidade para a pratica de esportes, atividade diárias e para obter uma boa saúde e qualidade de vida. Pode-se concluir então, que os objetivos de analisar a interferência da força na flexibilidade foram alcançados, observando que a força e a flexibilidade são fatores importantes para o esporte e para as atividades diárias de uma pessoa, tendo que haver um equilíbrio entre essas duas capacidades físicas, trabalhando juntas com uma prescrição correta no desenvolvimento tanto da força quanto da flexibilidade para evitar o desequilíbrio entre força e flexibilidade. 46 REFERÊNCIAS AABERG, EVERETT. Musculação: biomecânica e treinamento. São Paulo: Manole, 2001. 215p. ACHOUR JUNIOR, A. Bases para exercícios de alongamento: relacionados com a saúde e no desempenho atlético. 2ª ed. Londrina: Phorte, 1999. 224p. ______. Exercícios de alongamento: anatomia e fisiologia. São Paulo: Manole, 2002. 550p. ______. Exercícios de alongamento: anatomia e fisiologia. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2006. 578p. ______. Flexibilidade: Teoria e Prática. Londrina: Atividade Física & Saúde, 1998. 183p. ______. 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