filosofia contemporânea

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contemporânea
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contemporânea
carlos joão correia
o
2015-2016 1ºSemestre
sentimento de si nuclear - consciência de si aqui e agora
emoção
Elizabeth Siddal (1829-1862) pré-rafaelitas
Emoções
Modelo de Paul Ekman
[divertido; desprezo; constrangido;
excitado; culpado; orgulhoso; satisfeito;
relaxado; deleitado; envergonhado]
Maria João Pires
emoções
“Há alguns anos atrás, a brilhante pianista Maria João Pires
contou-nos a seguinte história: quando toca, através do controlo
total da sua vontade, consegue reduzir ou permitir a passagem do
fluxo de emoção para o seu corpo. A minha mulher, Hannah, e eu
pensámos que se tratava penas de uma maravilhosa ideia
romântica, mas apesar de a Maria João insistir que conseguia fazêlo, nós permanecíamos incrédulos. Finalmente, resolvemos pôr a
ideia à prova científica. Numa das suas visitas ao nosso laboratório,
Maria João foi ligada por fios ao complicado equipamento
psicofisiológico, enquanto escutava curtas peças musicais
seleccionadas por nós em duas situações: uma de emoção natural
«autorizada», outra de «emoção» voluntariamente «inibida». Os
seus Nocturnos de Chopin tinham acabado de ser publicados e
usámos alguns deles e outros tocados por Daniel Barenboim como
estímulo. ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪
emoções ii
Na situação de «emoção autorizada», o registo de condutância da pele
mostrou montes e vales, intimamente ligados ao perfil emocional destas
peças. Seguidamente, na situação de «emoção reduzida» aconteceu, de
facto, o impensável. A Maria João conseguia literalmente aplanar o seu
gráfico de condutância da pele, de acordo com a sua vontade e
conseguia até modificar o seu ritmo cardíaco. Sob o ponto de vista
comportamental também se transformou. As emoções de fundo estavam
reorganizados e alguns dos comportamentos especificamente emotivos
eliminados, registando-se uma diminuição do movimento da cabeça e da
face. Quando o nosso colega Antoine Bechara, totalmente incrédulo, quis
repetir toda a experiência, pensando que os resultados poderiam ser
devidos a um artefacto de habituação, a Maria João repetiu tudo. Afinal,
podemos encontrar certas excepções, sobretudo entre aqueles cuja vida
consiste em criar magia através da emoção.” 70-71
“O que é um sentimento? O que me leva a não usar indistintamente os
termos ‘emoção’ e ‘sentimento’? Uma das razões encontra-se no facto de
“”Texto
se
alguns sentimentos estarem relacionados com as emoções, existem
muitos que não estão: todas as emoções originam sentimentos, se estiver
desperto e atento, mas nem todos os sentimentos provêm de emoções.
Chamo sentimento de fundo (background) a estes últimos que não têm
origens nas emoções (...). Chamo-lhe sentimento de fundo porque tem
origem em estados corporais de ‘fundo’ e não em estados emocionais.
Não é o Verdi da grande emoção nem o Stravinsky da emoção
intelectualizada, mas antes um minimalista no tom e no ritmo, o sentimento
da própria vida, a sensação de existir. (...) Um sentimento de fundo não é o
que sentimos ao extravasarmos de alegria ou desanimarmos com um amor
perdido; os dois exemplos correspondem a estados de corpo emocionais. Ao
invés, um sentimento de fundo corresponde aos estados de corpo que
ocorrem entre emoções. (...) Se tentar imaginar por um instante qual seria a
sua situação sem sentimentos de fundo, não terás quaisquer dúvidas quanto à
noção que estou a introduzir. Defendo que sem eles o âmago da nossa
representação do self seria destruído.”
António Damásio. O Erro de Descartes. Lisboa: Europa-América. 1995. 157; 164/165
condição necessária
sentimento de si
sim
não
reconhecimento de si num espelho
X
competência linguística [interna ou externa]
X
memória [curto prazo; longo prazo]
X
imagem unificada do seu corpo
X
pensamento [raciocínio inferencial]
X
emoções
X
“Por uma série de razões, as crianças podem nascer com estruturas de
tronco cerebral intactas, mas estruturas telencefálicas em grande medida
ausentes, nomeadamente o córtex cerebral, o tálamo e os gânglios basais.
Esta situação infeliz deve-se frequentemente a uma apoplexia grave que
ocorre no útero e tem como consequência lesões em todo ou quase todo o
córtex cerebral, que é depois reabsorvido, deixando a cavidade craniana
repleta de fluido cerebrospinal. [...] As crianças afectadas podem
sobreviver durante muitos anos, chegando mesmo a ultrapassar a
adolescência, e são com frequência consideradas “vegetativas”.
Normalmente encontram-se internadas em instituições. Todavia, estas
crianças são tudo menos vegetativas. Estão, pelo contrário, bem
despertas. De um modo limitado, mas não negligenciável, são capazes de
comunicar com quem lhes presta cuidados e de interagir com o mundo. [...]
➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪
Movem livremente a cabeça e os olhos, têm expressões de emoção
no rosto, podem reagir com um sorriso a estímulos que
previsivelmente provocariam um sorriso a uma criança normal quando
lhes fazem cócegas. Conseguem mostrar um ar carrancudo e afastarse de estímulos dolorosos [...] Revelam preferências por determinadas
pessoas e aparentam uma maior alegria perto da mãe/prestador de
cuidados habitual. Os gostos e aversões são notórios, sendo mais
flagrantes nos exemplos com a música. [...] A possibilidade de
possuírem de facto uma mente consciente, ainda que extremamente
modesta, é apoiada por uma descoberta curiosa. Quando estas
crianças sofrem de uma crise epiléptica de “ausência”, os seus
prestadores de cuidados detectam facilmente o início da crise;
conseguem também aperceber-se do seu final, relatando que a
“criança voltou para eles” [...] A condição desmente a ideia de que a
consciência, os sentimentos e as emoções apenas surgem a partir do
córtex cerebral. Necessariamente, tal ideia é falsa.”
António Damásio. Self comes to mind. London: Heinemann. 2010, 80 e sgs. (O Livro
da Consciência. 2010, 109-111)
Córtex Cerebral
“O sistema nervoso é composto de tecido nervoso ou neural. Tal como qualquer outro tecido é
feito de células. As células neurais são conhecidas como neurónios e embora sejam suportadas por
um outro tipo de células - as células da glia - tudo indica que os neurónios sejam a unidade crítica, a
unidade essencial para a produção de movimento e da actividade mental.
Os neurónios têm três componentes principais: o corpo celular, a central de energia da célula que
inclui o núcleo celular e organelos como as mitocôndrias; a fibra principal de saída, conhecida por
axónio; e as fibras de entrada conhecidas como dendrites. Os neurónios estão interligados de modo
a formar circuitos nos quais se pode encontrar o equivalente a fios condutores (os axónios) e a
conectores, conhecidos como sinapses (que consistem, de forma geral, em zonas de contacto entre
um axónio e as dendrites de outros neurónios).
Existem biliões de neurónios no cérebro humano, organizados em circuitos de várias dimensões e
vários tipos. Quando os circuitos estão organizados em camadas paralelas, como se dum bolo se
tratasse, constituem as regiões corticais; quando estão organizados em grupos que não formam
contactos, constituem os núcleos, um pouco como as cerejas numa taça. (...) Do ponto de vista
anatómico global, o sistema nervoso é geralmente dividido em central e periférico. O componente
principal do sistema nervoso central é o cérebro, constituído pelos hemisférios cerebrais esquerdo
e direito, unidos pelo corpo caloso (um conjunto espesso de fibras nervosas que ligam,
bidireccionalmente, os hemisférios esquerdo e direito). O sistema nervoso central também abrange
núcleos profundos como: a) os gânglios basais; b) o prosencéfalo basal; e c) o diencéfalo (a
combinação do tálamo e hipotálamo). O cérebro liga-se à espinal medula através do tronco
cerebral, atrás do qual está o cerebelo. ➪ ➪ ➪ ➪
➪ ➪ ➪ O sistema nervoso central está ligado a todos os pontos do corpo através de nervos (que
são feixes de axónios que começam no corpo celular dos neurónios). O conjunto de todos os
nervos que ligam o sistema nervoso central (o cérebro) com a periferia, e vice-versa, constitui o
sistema nervoso periférico. Os nervos transmitem impulsos do cérebro para o corpo e do corpo
para o cérebro. O cérebro e o corpo também estão quimicamente interligados por substâncias tais
como as hormonas, que são distribuídas pela circulação sanguínea. Qualquer corte (secção) do
sistema nervoso central, qualquer que seja a orientação do corte, revela claramente uma diferença
entre sectores claros e escuros. Os sectores escuros são conhecidos por substância cinzenta
(embora a sua verdadeira cor seja mais castanha que cinzenta), e os sectores claros são conhecidos
por substância branca (que não é tão branca como a cal). A substância cinzenta adquire a sua
tonalidade devido à densa concentração de um grande número de corpos celulares de neurónios. As
fibras nervosas que emanam dos corpos celulares localizados na substância cinzenta, constituem a
substância branca. A bainha de mielina que isola as fibras nervosas, dá à matéria branca a sua
característica aparência clara.
Existem duas variedades de substância cinzenta. Alguns exemplos da variedade em camadas são: o
córtex cerebral, que envolve os hemisférios cerebrais, o o córtex cerebeloso que envolve o
cerebelo. Alguns exemplos da variedade que não forma camadas, os núcleos, são: os gânglios de base
(localizados na profundidade de cada hemisfério cerebral (...)); a amígdala, uma massa de núcleos,
singular e de considerável tamanho, localizada na profundidade de cada lobo temporal; e as
agregações de núcleos que formam o tálamo, o hipotálamo e os sectores cinzentos do tronco
cerebral. ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪ ➪
➪ ➪ ➪ O córtex cerebral pode ser imaginado como uma manta para o cérebro, que recobre
todas as suas superfícies, inclusivamente as que se localizam na profundidade dos sulcos, que dão ao
cérebro a sua característica pregueada. A espessura desta manta é de cerca de três milímetros e é
constituída por várias camadas, paralelas entre si e em relação à superfície do cérebro. Do ponto de
vista evolucionário, a parte mais recente do córtex cerebral é conhecida por neocórtex. As
principais divisões do córtex cerebral são designadas por lobos: frontal, temporal, parietal e
occipital. O córtex cerebral tem uma presença dominante e todas as outras estruturas cinzentas os diversos núcleos acima mencionados e o córtex cerebeloso - são apropriadamente designados
como subcorticais (...).
Quando os neurónios “disparam” (um termo da gíria da neurociência) propaga-se uma corrente
eléctrica a partir do corpo celular e ao longo do axónio. Quando esta corrente atinge a sinapse,
desencadeia a libertação de substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores (o glutamato
é um desses neurotransmissores). Num neurónio excitatório, a interacção cooperativa de outros
neurónios cujas sinapses são adjacentes determina se o neurónio seguinte disparará ou não, isto é,
se produzirá o sue próprio potencial de acção que conduzirá à libertação de neurotransmissores e
assim sucessivamente. As sinapses podem ser fortes ou fracas. A “força” das sinapses determina se
um impulso continuará a ser transmitido para o neurónio seguinte, ou não, e o grau de facilidade
com que se fará a transmissão. Num neurónio excitatório, uma sinapse forte facilita a transmissão
do impulso, enquanto uma sinapse fraca o retarda ou bloqueia. Em média, cada
➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪➪
➪ ➪ ➪ neurónio forma cerca de mil sinapses. Se pensarmos que
existem mais de 10 biliões de neurónios e mais de 10 triliões de
sinapses, podemos concluir que cada neurónio tende a relacionarse com uns tantos outros, mas nunca com todos ou quase todos.
De facto, a maior parte dos neurónios só entram em contacto
com neurónios que não se encontrem muito afastados, no interior
de circuitos relativamente locais. Mesmo os neurónios cujos
axónios se prolongam por vários centímetros, só estabelecem
contacto com um pequeno núcleo de outros neurónios.”
António Damásio. O Sentimento de Si. 369-376.
reconhecimento da imagem de si
memória de curto e longo prazo
linguagem verbal
inferências
emoção
imagem corporal
córtex cerebral
condição necessária
sentimento de si
sim
não
reconhecimento de si num espelho
X
competência linguística [interna ou externa]
X
memória [curto prazo; longo prazo]
X
imagem unificada do seu corpo
X
pensamento [raciocínio inferencial]
X
emoções
X
córtex cerebral
X
O que é então o sentimento de si?
“o sentimento da própria vida, a sensação de existir”
António Damásio. O Erro de Descartes. 164
“A consciência depende, de forma mais crítica, de regiões
que se contam entre as mais antigas e não entre as mais
recentes, do ponto de vista evolutivo, e que se situam nas
profundezas do cérebro e não à sua superfície .
Curiosamente , os processos de “segunda
ordem” [sentimento de si; consciência] que aqui proponho
apoiam-se em estruturas neurais antigas, intimamente
associadas com a regulação da vida, e não nas recentes
elaborações neurais do neocórtex, aquelas que permitem a
percepção complexa, a linguagem e a razão superior. A
segunda ordem [sentimento de si; consciência nuclear] é,
afinal, uma ordem simples e profunda. A luz da consciência
está cuidadosamente escondida e é veneravelmente antiga.
E devo sublinhar que o que acabo de dizer se trata de um facto e não de uma
conjectura: quer se venha a verificar que a minha hipótese é correcta ou não, o facto é
que a lesão das regiões a que me refiro altera a consciência, enquanto a lesão noutros
locais não provoca essa alteração.”
Sentimento de Si. 314-315
"Há quatro características dos fenómenos mentais que os impossibilitou de se inserirem na nossa concepção
«científica» do Mundo enquanto feito de coisas materiais. E são estas quatro características que tornaram realmente
difícil o problema Mente-Corpo: são tão embaraçosas que levaram muitos pensadores, na Filosofia, na Psicologia e
na Inteligência Artificial, a dizer coisas estranhas e implausíveis acerca da Mente.
• 
• 
[1] A mais importante destas características é a consciência. E, no momento em que estou a escrever isto, e
vocês, no momento de a lerem, somos ambos conscientes. É um facto evidente que o Mundo contém tais
estados e eventos mentais conscientes, mas é difícil ver como é que meros sistemas físicos podem ter
consciência. [...]Penso que a existência da consciência deveria ser espantosa para nós. É bastante fácil
imaginar o Universo sem ela, mas se o fizermos, veremos que imaginámos um universo verdadeiramente sem
sentido. A consciência é o facto central da existência especificamente humana, porque sem ela todos os outros
aspectos especificamente humanos da nossa existência - linguagem, amor, humor e assim por diante - seriam
impossíveis. A propósito, penso que é algo escandaloso que as discussões contemporâneas na Filosofia e na
Psicologia tenham tão pouca coisa de interessante a dizer-nos sobre a consciência.
[2] A segunda característica intratável da Mente é o que os filósofos e psicólogos chamam de
«intencionalidade», a característica pela qual os nossos estados mentais se dirigem a, ou são acerca de, ou se
referem a, ou são de objectos e estados de coisas diferentes deles mesmos. A propósito, «intencionalidade»
não se refere apenas a intenções, mas também a crenças, desejos, esperanças, temores, amor, ódio, prazer,
desgosto, vergonha, orgulho, irritação, divertimento, e todos aqueles estados mentais (quer conscientes ou
inconscientes) que se referem a, ou são acerca do Mundo, diverso da mente. Ora a questão acerca da
«intencionalidade» tem muita semelhança com a questão acerca da consciência. Como é que esta substância
dentro da minha cabeça pode ser acerca de alguma coisa? Como é que ela se pode referir a algo? Ao fim e ao
cabo, esta substância no crânio consiste em «átomos no vazio», tal como o resto da realidade material consta
de átomos no vazio. Ora, como é que, em termos grosseiros, podem átomos no vazio representar alguma
coisa?
• 
• 
“[3] A terceira característica da Mente que parece difícil de inserir dentro de uma concepção científica da
realidade é a subjectividade dos estados mentais. Esta subjectividade é assinalada por um facto como este:
posso sentir as minhas dores e vocês não. Eu vejo o Mundo do meu ponto de vista; vocês vêem-no a partir do
vosso ponto de vista. Eu sou consciente de mim mesmo e dos meus estados mentais internos, enquanto
inteiramente distintos da individualidade e dos estados mentais das outras pessoas. Desde o século XVII,
pensámos a realidade como algo que deve ser igualmente acessível a todos os observadores competentes –
isto é, que pensam que ela deve ser objectiva. Ora, como é que vamos acomodar a realidade dos fenómenos
mentais subjectivos à concepção científica da realidade enquanto totalmente objectiva?
[4] Finalmente, há um quarto problema, o problema da causalidade [causation] mental. Todos nós supomos,
como parte do senso comum, que os nossos pensamentos e sentimentos são realmente importantes para a
maneira como nos comportamos, que efectivamente têm algum efeito causal sobre o mundo físico. Decido, por
exemplo, levantar o meu braço e - vejam - o meu braço levanta-se. Mas se os nossos pensamentos e
sentimentos são verdadeiramente mentais, como podem eles afectar algo de físico? Como pode algo que é
mental originar uma diferença física? Pensamos, supostamente, que os nossos pensamentos e sentimentos
podem de algum modo produzir efeitos químicos nos nossos cérebros e no resto do nosso sistema nervoso?
Como pode uma tal coisa ocorrer? Pensamos, supostamente, que os pensamentos podem embrulhar-se a si
mesmo nos axónios ou sacudir as dendrites ou esgueirar-se para dentro da membrana celular e atacar o núcleo
da célula?”
John Searle, Mente, Cérebro e Ciência. Trad.port., Lisboa: Edições 70. 1987, 20-22 [Minds, Brains and Science.
Cambridge, Mass.:Harvard University Press. 1984, 15-17]
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