D enominamos período pré-colonial a fase transcorrida entre a chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral e o primeiro projeto nitidamente colonizador empreendido por Martim Afonso de Souza, em 1531. Durante esse período, a região conhecida como América portuguesa teve um papel secundário na economia de Portugal, no momento em que o comércio com as Índias Orientais monopolizava os interesses mercantis do Império. Apesar da importância secundária, era inegável a preocupação estatal com o reconhecimento e a proteção desse território. Diversas expedições foram para procurar no Brasil riquezas que pudessem ser exploradas e ao mesmo tempo combater invasores estrangeiros (principalmente espanhóis e franceses). As Expedições Enviadas Para o Brasil Nas três primeiras décadas do século XVI, o litoral do Brasil permaneceu uma espécie de terra de ninguém. Dessa forma, foram sucessivas expedições que dominaram as condições de navegação, reconheceram e batizaram os acidentes geográficos e estabeleceram relações com os indígenas. Entre 1501 e 1502, Portugal enviou a primeira expedição com a finalidade de explorar e reconhecer o litoral brasileiro. Essa expedição foi responsável pelo batismo de inúmeros lugares: cabo de S. Tomé, Cabo Frio, São Vicente, etc. Com certeza, nessa expedição viajou o florentino Américo Vespúcio, que, posteriormente, em carta ao governante de Florença, Lourenço de Médici, irá declarar que não encontrou aqui nada de aproveitável. Apesar disso, constata a existência do pau-brasil, madeira tintorial conhecida dos europeus desde a Idade Média, que até então era importada do Oriente. A Coroa Portuguesa, procurou inicialmente mapear a costa do Brasil, com as duas viagens de Gonçalo Coelho (1501-1502 e 15031504). Nessa mesma época, repetindo-se uma experiência anterior com o comércio da Guiné, concedeu-se a exploração do Brasil a um grupo de mercadores liderados por Fernão de Noronha, que organizou a viagem de 1502-1503, durante a qual foi descoberta a ilha hoje chamada de Fernando de Noronha. No entanto, o Brasil também logo atraiu outros estrangeiros. De fato, a notícia da nova terra espalhou-se rapidamente. Os relatórios de representantes diplomáticos em Portugal e, sobretudo, a rede informal, mas muito eficiente, de informações entre os mercadores europeus, atraídos pelas descobertas, encarregaram-se de fazê-lo. Embora sem oferecer as possibilidades do comércio asiático, o Brasil não deixava de propiciar uma oportunidade de negócios rendosos aqueles que não dispunham de condições para realizar uma viagem à Índia, nem de força suficiente para romper a vigilância exercida pelos portugueses sobre a rota do Cabo. Em primeiro lugar, havia o pau-brasil abundante (da Paraíba ao sul do Rio de Janeiro), largamente utilizado para a fabricação de uma tintura vermelha com que se tingiam os tecidos. Mas também os animais exóticos, que despertavam a curiosidade na Europa, e os indígenas, que podiam ser reduzidos a escravidão, numa prática cada vez mais lucrativa. Assim sendo, de 1500 a 1533, as costas do Brasil foram cada vez mais visitadas por espanhóis e, sobretudo franceses. Podiam ser piratas, isto é, particulares aventureiros que se arriscavam a preparar uma ou mais embarcações; ou corsários, quer dizer, navios oficiosamente armados pelas Coroas espanhola ou francesa. Para fazer valer os termos do Tratado de Tordesilhas e para garantir o domínio do Atlântico sul, que preservava a rota do Cabo, os portugueses enviaram, entre 1516 e 1526, as três expedições lideradas por Cristovão Jacques, que veio ao Brasil no comando de expedições guarda-costas que tinham como objetivo o policiamento do litoral brasileiro, a fim de impedir o contrabando de indígenas e pau-brasil, efetuado principalmente por piratas franceses. As explorações iniciais, os negócios de mercadores, piratas e corsários e a guarda da costa em seguida resultaram não só em um conhecimento maior do litoral, mas também no início de aproveitamento dos recursos da terra, na fixação de alguns europeus e no surgimento dos primeiros estabelecimentos permanentes, como as feitorias de Cabo Frio (antes de 1511) e de Pernambuco (1516-1519). Martin Afonso de Souza chega ao Brasil em 1531, liderando a expedição colonizadora que deu início ao povoamento e exploração da colônia. A Exploração do Pau-Brasil (Fonte: NOVAES, Carlos Eduardo & LOBO, César. História do Brasil para principiantes: de Cabral a Cardoso, 500 anos de novela. São Paulo. Ática, 1999. p. 40) A madeira de cor avermelhada constituiu a principal riqueza do Brasil nas três primeiras décadas do século XVI e continuou a ser um produto importante durante todo o período colonial. Transformado em raspas ou pó pelas mãos dos encarcerados nas prisões flamengas, servia, quando misturado à água e ao alúmen (para fixação), de corante vermelho para o preparo de tecidos. Somente em meados do século XIX foi substituído pelas anilinas derivadas do alcatrão mineral, com o nascimento da química moderna. A exploração do pau-brasil não exigia avultados capitais, mas sim uma mão-de-obra abundante, que era recrutada entre os indígenas, mediante à distribuição de ferramentas de metal e de quinquilharias. Uma vez derrubada às árvores, era preciso descascar o tronco para extrair o cerne, em que se concentrava a tinta. Em seguida, os paus de um a dois metros deviam ser carregados até o litoral, para embarque nos navios que seguiam até Lisboa e daí para a Flandres. Devido a demora em preparar um carregamento, na casa de muitas toneladas, cumpria armazená-lo em um local da 1 HISTÓRIA B O Brasil Pré-Colonial O Brasil Pré-Colonial costa abrigado e defendido. Por isso, o estabelecimento de feitorias. Faltam dados precisos para avaliar a quantidade de paubrasil extraído, mas, durante o século XVI, deve ter sido superior a cem mil toneladas. O comércio desse produto era considerado monopólio da Coroa (estanco), e o regime de exploração foi em geral pelo sistema de contratos, ou seja, a concessão a um particular do direito de negociar certa quantidade anual da madeira em troca de um pagamento à Coroa. Em inícios do século XVII, de cada quintal (aproximadamente 60 quilos) de pau-brasil vendido em Lisboa, ao rei cabia cerca de 36%; ao encarregado do corte no Brasil, 23%; e ao contratador, 41%. Além do pau-brasil, portugueses e franceses obtinham dos indígenas pela troca uma série de outros produtos como papagaios, macacos, etc. a produção na colônia. Dessa maneira, todo produto derivado da terra e do extrativismo vegetal ou mineral só poderia ser vendido para Portugal. Por que Portugal só Colonizou o Brasil em 1530? (Fonte: NOVAES, Carlos Eduardo & LOBO, César. História do Brasil para principiantes: de Cabral a Cardoso, 500 anos de novela. São Paulo. Ática, 1999. p. 43) (Fonte: NOVAES, Carlos Eduardo & LOBO, César. História do Brasil para principiantes: de Cabral a Cardoso, 500 anos de novela. São Paulo. Ática, 1999.pelas p. 40) Sabemos que Portugal em 1500, não se interessou terras brasileiras por motivos econômicos, iniciando a colonização do Brasil apenas em 1530. Agora temos que saber o que fez os portugueses mudarem de idéia trinta anos depois: – Primeiro, à medida que os países europeus concluíram sua centralização política, lançavam-se ao mar aumentando a concorrência no comércio com o oriente; – Em segundo, podemos citar a ameaça de invasão de outros países, sobretudo dos franceses, que era constante; – Por último, a possibilidade de se encontrar metais preciosos no Brasil. Estes fatores fizeram D. João III, rei de Portugal, olhar com outros olhos para as terras brasileiras e para garantir a posse dela, ele determinou a ocupação e exploração econômica do Brasil que estabeleceu o Pacto Colonial que submetia o Brasil economicamente aos interesses comerciais português. Dessa forma o Brasil ficava sujeito ao monopólio luso, não podendo ter nenhuma relação comercial com outro país. A principal função da colônia era de enriquecer a metrópole, por isso, o Brasil tinha de comprar de Portugal seus produtos industrializados e manufaturas que necessitasse, sendo proibida 2 Já que o comércio era exclusivo com o Brasil, não havendo concorrentes, a Coroa Portuguesa determinava o preço das mercadorias, encarecendo as que eram vendidas à colônia e barateando as que eram compradas.Em dezembro de 1530, Martin Afonso de Souza foi o primeiro a sair de Portugal, chegando ao Brasil em 1531, com aproximadamente 400 homens. Ele fez o reconhecimento do interior e litoral, aprisionando navios franceses no sul. No ano seguinte, fundou a Vila de São Vicente e construiu o Engenho de São Jorge. Em 1453 – marco histórico do fim da medievalidade – o Império Turco – Otomano conquistou Constantinopla e passou a controlar toda a costa leste do Mar Mediterrâneo. Sendo inimigos políticos, militares e religiosos dos europeus, os invasores acabaram de impedir o comércio de especiarias pela rotas habituais. (Fonte: http://www.libertaria.pro.br/brasil/)