AVALIAÇÃO DO POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE PLANTAS DO CERRADO BYRSONOMIA VERBACIFOLIA STHEPHANE JULLY SILVA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO À COORDENAÇÃO DO CURSO DE QUÍMICA INDUSTRIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM QUÍMICA INDUSTRIAL. ANÁPOLIS, GO – BRASIL JULHO, 2011 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE PLANTAS DO CERRADO BYRSONOMIA VERBACIFOLIA STHEPHANE JULLY SILVA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO À COORDENAÇÃO DO CURSO DE QUÍMICA INDUSTRIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM QUÍMICA INDUSTRIAL. Aprovado em: 05/07/2011 _________________________________________ Profª. Dra. Samantha Salomão Caramori (ORIENTADORA) _________________________________________ Profª. M.Sc. Luiza Luanna Amorim Purcena (MEMBRO) _________________________________________ Profª. Karla de Aleluia Batista (MEMBRO) ANÁPOLIS, GO – BRASIL JULHO 2011 ii SILVA, STHEPHANE JULLY Avaliação do Potencial Biotecnológico de Plantas do Cerrado. [Anápolis, GO] 2011. Xii, 3z6 p. 29,7 cm (UnUCET/UEG, Bacharel, Química Industrial, 2011) Trabalho de Conclusão de Curso Universidade Estadual de Goiás, UnUCET 1. Byrsonomia verbascifolia 2. Cerrado 3. Enzimas 4. Potencial biotecnológico l. UnUCET/UEG II. Título (série) iii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho in memorium à minha avó Ana Correia da Silva, por ter feito de tudo para me ensinar que o que aprendemos não é em vão, que o conhecimento é a única coisa que não se poder tirar de uma pessoa. À ela por ter sempre acreditado em mim, por ter por mim um imenso orgulho e por ter me dado ás mão nos primeiros passos desta longa jornada . iv AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido a vida. À minha avó Ana Correia, pela dedicação e aprendizado que me proporcionou durante os 16 anos que lhe foram permitidos passarem comigo. Ao meu pai Osmiro de Sousa, pelo exemplo de homem e pai, lutador incansável e obstinado, que não deixou que as inúmeras dificuldades da vida lhe fossem impecilhos. Aos meus irmãos, companheiros queridos, principalmente a Kelly Well´s, que juntamente comigo presenciou vários momentos difíceis em nossas vidas. À minha querida irmã Lilian, que sempre me apoiou e esteve do meu lado nos momentos mais difíceis. À Alinne, outro anjo em minha vida. Nunca vou me esquecer das palavras de ânimo e conforto que me dizia quando as coisas pareciam pesar sobre mim. À minha mãe Edinilce Alves Ferreira e às minhas tias: Maurisia Rodrigues, Eliane e Maísa Pires. À Rosilayne, minha melhor amiga, que me suportou nesses anos de faculdade e ainda me suportará por muitos ainda. Sem você esses anos não teriam dito a menor graça. Aos amigos e companheiros que fiz nesta Universidade e sempre levarei comigo: Lays Dias, Ludmila de Oliveira, Rosana Araújo, Tais, Wesley Batista, Richard Cruz e Ana Carolina Oliveira. Às três paixões de minha vida: João Pedro, Guilherme e Mariana, graças a Deus vocês existem, são meus pedacinhos do céu. Ao Plínio Cantuária, Neocionedes e Reinner Alves, amigos prestativos e outros que conquistei nesta jornada: Valdirene Regina, Vânia Lúcia, Sebastião, Rosilda. v À Profª. Drª. Kátia F. Fernandes, por disponibilizar o Laboratório Química de Proteínas no ICB2 – UFG para a realização dos experimentos deste trabalho. Ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), pelo financiamento dos reagentes utilizados neste trabalho, pelo projeto NÚCLEO DE EXCELÊNCIA EM GENÉTICA E CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES DO CERRADO – GECER (Programa de Apoio a Núcleos de Excelência PRONEX/FAPEG/CNPq – Chamada Pública 007/2009). De maneira especial, quero agradecer à Prof a. Dra. Samantha Salomão Caramori, que contribui imensamente para que este trabalho se realizasse. vi Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a UnUCET/ UEG como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Química Industrial AVALIAÇÃO DO POTENCIAL BIOTECNOLOGICO DE PLANTAS DO CERRADO Sthephane Jully Silva Julho/2011 Orientador: Prof a. Dra. Samantha Salomão Caramori Curso: Química Industrial O Cerrado é considerado o segundo bioma do Brasil, possuíndo uma gama florística com imenso potencial. Essa riqueza é pouco estudada e explorada comercialmente. O murici é uma planta bastante conhecida no Norte e Nordeste por apresentar propriedades nutricionais e medicinais. O objetivo deste trabalho foi explorar o potencial bioquímico do murici planta do gênero Byrsonomia da família Malpiguiaceae para possíveis fins biotecnológicos. As partes da planta analisadas para determinação de umidade residual e cinzas, proteínas solúveis totais e atividade enzimática foram os frutos, as folhas e o caule. O fruto do murici apresentou alto teor de umidade (0,4272% ±0,04873%) e lipídios (51,939%±0,860%). No caule foi observado um alto teor de proteína solúvel total entre (13-14 mg g-1 farinha). A folha demonstrou uma atividade enzimática inespecífica para peroxidases de 25 a 50% a mais em relação ás amostras de fruto e caule, e proteases inespecífica entre (1400 e 1600 U g-1 farinha) e específica (150 U mg-1 proteína), comprovando valores significativos. Para enzima polifenoloxidase tanto para a atividade inespecífica e específica e peroxidase específica o fruto se sobressaiu, apresentando valores entre 100 a 120 U mg-1de proteína e entre 310 e 390 U de farinha respectivamente, enquanto que para a atividade de peroxidase específica atingiu o valor máximo de 50 U mg-1de proteína. Por apresentar valores significativos de proteínas, o murici se apresentou com grande predisposição para aproveitamento biotecnológico. Palavras-chave: Byrsonomia polifenoloxidases, peroxidases. verbascifolia, Cerrado, proteases, vii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... x 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 3 2.1 O Bioma Cerrado ......................................................................................... 3 2.2 Murici ............................................................................................................ 4 2.3 Proteínas ...................................................................................................... 5 2.4 Enzimas........................................................................................................ 6 2.4.1 Proteases ............................................................................................ 7 2.4.2. Polifenoloxidase e Peroxidases ........................................................ 8 3 OBJETIVOS .................................................................................................. 10 3.1 Geral........................................................................................................... 10 3.2 Específicos ................................................................................................. 10 4 Materiais e Métodos ...................................................................................... 11 4.1 Solventes, Soluções e Reagentes.............................................................. 11 4.2 Equipamentos e vidrarias ........................................................................... 11 4.3 Métodos...................................................................................................... 11 4.3.1 Coleta do material vegetal ................................................................ 11 4.3.2 Preparo das farinhas......................................................................... 12 4.3.3 Umidade e Cinzas............................................................................. 12 4.3.4 Extração de lipídios........................................................................... 12 4.3.5 Caracterização de Proteínas ............................................................ 13 viii 4.3.5.1 Preparo do extrato ...................................................................... 13 4.3.5.2 Proteínas solúveis totais ............................................................. 14 4.3.5.3 Atividade de Peroxidase ............................................................. 14 4.3.5.4 Atividade de Polifenoloxidase ..................................................... 14 4.3.5.5 Atividade de Protease (inespecífica) .......................................... 15 4.3.5.6 Atividade de Peroxidase, Polifenoloxidase e Protease (específica) ............................................................................................................... 15 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 16 5.1 Análise do teor de umidade e cinzas .......................................................... 16 5.2 Análises do extrato bruto ............................................................................ 17 6 CONCLUSÕES ............................................................................................. 22 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 23 ix LISTA DE FIGURAS Figura 1. Murici – destaque para o fruto da planta, em diferentes estágios de maturação, que vão desde a coloração esverdeada até a amarela. .................. 5 Figura 2. Extração de lipídios (soxlhet) (Arquivo pessoal, 2011)...................... 13 Figura 3. Teor de proteína solúvel presente nos fragmentos de Byrsonima verbacifolia. As barras expressam as repetições das leituras (g) para cada grama de farinha da planta. Dados obtidos por regressão linear (y = 0,0076x + 0,3998) utilizando soroalbumina bovina como padrão; R2 = 0,995. ................. 17 Figura 4. Atividade de peroxidase presente em caule, folhas e frutos de Byrsonima verbacifolia contra os substratos pirogalol e H2O2. A: atividade inespecífica (U g-1 farinha); B: atividade específica: (U mg-1 proteína). ............ 18 Figura 5. Atividade de polifenoloxidase presente em caule, folhas e frutos de Byrsonima verbacifolia contra o substrato catecol. A: atividade inespecífica (U g-1 farinha); B: atividade específica: (U mg-1 proteína)...................................... 19 Figura 6. Atividade proteolítica presente em caule, folhas e frutos de Byrsonima verbacifolia contra o substrato caseína. A: atividade inespecífica (U g-1 farinha); B: atividade específica: (U mg-1 proteína). ........................................................ 20 x 1 INTRODUÇÃO O Cerrado é uma unidade ecológica típica da zona tropical, definido por uma vegetação de fisionomia e flora próprias. Ao lado da Amazônia, o domínio do Cerrado constitui outro grande conjunto de terras a ser prontamente ocupado e integrado no contexto sócio-econômico do Brasil (PINTO,1994). A flora do Cerrado possui inúmeras espécies frutíferas com grande potencial de uso agrícola que são utilizadas pela população local. Essa diversidade de flora é em parte explicada pelos diferentes tipos de paisagens encontrados, que vão desde formações campestres, com predominância de gramíneas, até aquelas arbóreo-arbustivas, como as matas mesofíticas e as matas de galeria (EITEN, 1994). Nesse bioma estão inseridos espécies frutíferas de importância extrativista, e uma delas é o murici (Byrsonima verbascifolia), da família Malpiguiaceae, bastante conhecida no Cerrado norte mineiro. Sua casca é rica em taninos e bastante utilizada como antiinflamatório e cicatrizante devido sua adstringência. Além da importância medicinal o fruto do murici é bastante usado na alimentação do sertanejo e contribui também como fonte de renda de inúmeras famílias (GUSMÃO, VIEIRA e JÚNIOR, 2006). Os frutos do murici são em geral consumidos in natura ou na forma de sucos, licores, sorvetes, geléias e doces diversos. Os frutos apresentam sabores incomuns. A caracterização física e química destes frutos não é determinante para considerá-los de alto valor nutricional, já que a biodisponibilidade dos nutrientes é fundamental na determinação do valor nutritivo do alimento. Estudos acerca das características de frutos do cerrado são precários na literatura, sendo preciso mais pesquisas que auxiliem a composição em macronutrientes, vitaminas e minerais, a biodisponibilidade destes nutrientes e a utilização dos frutos no processamento de alimentos com elevado valor agregado (SILVA et al., 2008). Os frutos das espécies nativas do cerrado além de oferecer um elevado valor nutricional, podem possuir possível potencial biotecnológico, ainda pouco explorado comercialmente. Peroxidases e Polifenoloxidases são distribuídas amplamente nos vegetais (MENEZES e CARAMORI, 2007). Essas enzimas 1 são responsáveis pelo escurecimento em frutas, vegetais e em seus produtos processados, por isso o controle das atividades destas enzimas é de grande importância durante a transformação dessas matérias-primas (FREITAS et al., 2008). As proteases exercem um papel importante em processos fisiológicos de interesse, por representarem uma ferramenta significativa na análise de sequência de proteínas, na identificação e no isolamento de domínios das enzimas multifuncionais mais complexas. Importantes também no campo comercial, além do fisiológico, as proteases representam 60% do total de enzimas produzidas pela indústria mundial, nas áreas de alimentação e de detergentes (TREMACOLDI, 2009). O presente trabalho visa apresentar as características enzimáticas de plantas do cerrado, em especial o murici e suas aplicações no que diz respeito ao potencial biotecnológico. 2 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 O Bioma Cerrado O Brasil é um dos maiores detentores da biodiversidade mundial. Na agricultura, aproximadamente 200 espécies de plantas são responsáveis pelo alimento consumido mundialmente, e isto poderia ser bem maior se fossem investidos recursos em pesquisa e em formas de obtenção de técnicas para a utilização da flora do cerrado (BIZERRIL, 2004). A flora do Cerrado possui inúmeras espécies frutíferas com grande potencial de uso agrícola que são utilizadas pela população local. Essa diversidade de flora é em parte explicada pelos diferentes tipos de paisagens encontrados, que vão desde formações campestres, com predominância de gramíneas, até aquelas arbóreo-arbustivas, como as matas mesofíticas e as matas de galeria (EITEN, 1994). A grande diversidade florística posiciona a flora do bioma Cerrado como a mais rica entre as savanas do mundo, com mais de 6.429 espécies já catalogadas (VOIGT, 2009). Os frutos, em geral, são consumidos in natura ou na forma de sucos, licores, sorvetes, geléias e doces diversos. No entanto, poucos dados estão disponíveis na literatura especializada com relação à composição química destes frutos e sua aplicação tecnológica, o que ressalta a necessidade de pesquisas científicas sobre o assunto (Silva, 2008). A partir da década de 1940, com a Segunda Guerra Mundial e a falta de recursos, a mangaba foi veemente explorada para a produção de látex. O babaçu e a macaúba foram muito estudados como fonte de petróleo em conseqüência da crise da década de 1970 e mostraram grandes possibilidades para o uso em motores de combustão, em permutação ao óleo diesel. Com o avanço das práticas agrícolas a partir dos anos 1970, as áreas de Cerrado nativo deram lugar a outras comodities com maior aceitação no mercado mundial, como a soja, o algodão, o arroz. Além disto, com o preço das terras mais atrativo em relação a outras áreas agrícolas no país, como nos estados de São Paulo e Minas Gerais, grande parte das propriedades rurais em Goiás passaram a se dedicar à bovinocultura ( A V I D O S e F E R R E I R A , 2 0 0 3 ) . 3 Atualmente, cerca de 40% da área de Cerrado nativo já foi convertida para uso humano (SANO et al., 2009). Em função da rapidez com que vem ocorrendo os desmatamentos, alguns autores classificam o Cerrado como hotspot. O conceito de hotspot configura um bioma que abriga espécies endêmicas, ou seja, espécies restritas a um determinado local. Este conceito também se baseia, no grau de ameaça que a região está exposta (MYERS, 2007). Estes dois fatores são fundamentais visto que estão interligados, já que a perda da área caracterizada pela ameaça extingue as espécies ali abrigadas, causando a extinção das mesmas, lembrando que tais espécies não estão distribuídas em outros espaços geográficos (KLINK e MACHADO, 2005). Segundo Abramovay (2000), é possível extrair de forma sustentável os recursos e o verdadeiro banco de germoplasmas hoje existentes nos cerrados. Silva (2003) afirma que as fruteiras nativas do Cerrado são independentes de sistema de manejo apoiados em revolvimento intensivo do solo; proporcionam proteção ao solo contra impactos de gotas de chuva e contra formas aceleradas de erosão hídrica e eólica; permitem a convivência com outras culturas em detrimento com um melhor aproveitamento da terra; podem ser exploradas sem forte mudança da biodiversidade. 2.2 Murici O murici é uma planta nativa do Cerrado e está inserido na família das Malpighiaceae, que é a mesma família da acerola e posssui várias espécies. Entre as mais conhecidas se destaca a Byrsonima verbacifolia e a Byrsonima coccolobifolia. Entre essas, fazem parte da família Malpighiaceae: a Byrsonima lancilolia, Byrsonima sericea, Byrsonima spicata, e a Byrsonima stipulacea (LORENZI,1998). Essa diversidade de espécies existe devido às particularidades de cor e local de ocorrência (LAREDO, 2011). O murici é uma árvore bastante adaptada ao fogo e ao solo pobre, porém rico em alumínio, sendo uma das primeiras a florescer ao término das queimadas. As folhas são recobertas por pêlos e ficam agrupadas no ápice dos ramos, podendo assim proteger as gemas apicais do fogo. Ao contrário de 4 outras espécies, não foi visto na planta a ocorrência de vassoura-de-bruxa, que prejudica as flores, impedindo assim a formação dos frutos (LAREDO, 2011). O fruto do murici, quando maduro, apresenta uma coloração amarelo forte, uma casca fina e tem diâmetro de aproximadamente 1,5 a 2 cm e um forte odor semelhante a queijo rançoso, agridoce e consistência oleosa (GUIMARÃES e SILVA, 2007). É utilizado principalmente in natura, na forma de doce, sorvetes, licores e muito apreciado como geléias (LAREDO, 2011). Existem poucas técnicas agronômicas adequadas para o cultivo e reprodução desta árvore e estudos sobre o seu potencial na alimentação humana, bem como de seus valores nutricionais (GUIMARÃES e SILVA, 2007). Figura 1. Murici – destaque para o fruto da planta, em diferentes estágios de maturação, que vão desde a coloração esverdeada até a amarela. 2.3 Proteínas 5 Segundo Nelson e Cox (2011), as proteínas são partes essências da célula, constituindo cerca de 50% de seu peso seco tendo uma importância estrutural e funcional grandiosa. As proteínas são moléculas bem específicas especializadas em diversas funções do organismo dos seres vivos. Inúmeras propriedades de suma importância permitem que as proteínas façam parte de uma ampla faixa de funções, como é o caso da catálise enzimática (BERG, TYMOCZKO, STRYER, 2008). A dosagem do teor de proteínas totais numa amostra pode fornecer informações a respeito de seu valor nutricional. A razão entre a atividade de determinada enzima e a concentração de proteínas solúveis num extrato, denominada atividade específica, revela o potencial dessa amostra como fonte enzimática a ser estudada (CARAMORI et al., 2004). 2.4 Enzimas As enzimas são proteínas (com exceção de alguns RNAs que são catalisadores durante seu próprio processamento) catalisadoras com elevada especificidade por seus substratos, além de operarem em faixas amplas de pH, mas em condições brandas de temperatura e pressão (NASCIMENTO e SOLDI, 2004; NELSON e COX, 2011). O estudo das enzimas teve inicio no século XIX, com as investigações da conversão do amido em açúcares e a degradação da carne por secreções do estômago. Os primeiros trabalhos começaram com Louis Pasteur que dizia que os fermentados denominados enzimas eram os responsáveis pela obtenção do açúcar em álcool. Essa hipótese logo foi derrubada por Eduard Buchner em 1897 ao se descobrir que os extratos de levedo podiam fermentar o açúcar até álcool, independente de estarem presentes na estrutura das células vivas (BERGER, TYMOZCKO e STRYER, 2008; NELSON e COX, 2011). A indústria alimentícia utiliza enzimas no processamento de derivados de leite, por fermentação ou coagulação; cerveja, a partir de cevada e lúpulo fermentados; vinhos, pela modificação microbiológica do açúcar das 6 frutas em álcool; frutose, pela transformação do amido de milho; ácido cítrico, a partir do açúcar de cana; pão, com a expansão da massa pelo gás carbônico liberado pelo fermento microbiológico (MANFREDI, 2003). As enzimas acrescentadas aos alimentos podem otimizar a disponibilidade de nutrientes, minimizar os gastos com alimentação e diminuir os resíduos de produção no ambiente (COSTA, 2003). A indústria química serve-se de processos enzimáticos na elaboração de aminoácidos para suplementação alimentar de pacientes portadores de deficiência digestiva e em ração animal. Essas enzimas, denominadas proteases pelo seu mecanismo de ação e tipo de substrato, são inseridas na formulação de sabões e detergentes para retirada de manchas nos tecidos (MANFREDI, 2003). Os biocatalisadores se apresentam como uma alternativa aos processos químicos clássicos, sendo citados como exemplo as enzimas hidroliticas (proteases, amilases, celulases) e oxidorredutases (peroxidases, polifenoloxidases), muito utilizadas rotineiramente na química orgânica (VECCHIA, NASCIMENTO e SOLDI, 2004). 2.4.1 Proteases As proteases são enzimas largamente utilizadas em diversos setores da economia mundial. Elas são aplicadas no processamento das indústrias de alimentos, bebidas, na formulação de detergentes, no beneficiamento de couro e pele. No mercado de biocatalisadores as proteases são responsáveis por 40% de toda a produção mundial (NEVES, PORTO e TEIXEIRA, 2006). De todas as fontes exploradas atualmente os microorganismos são mais utilizados, já que tem uma ampla diversidade bioquímica, facilidade de manipulação genética e necessitam de um menor espaço (CHAUD, VAZ e FELIPE, 2007). Neves, Porto e Teixeira (2006) destacam a participação das proteases de origem microbiana especialmente na indústria de alimentos, visto que a maioria das espécies exploradas não apresentam riscos patogênicos. A primeira verificação da atividade proteolítica em plantas data de 1799, porém o uso do látex e folhas da papaya como vermífugo e amaciante de 7 carnes já se fazia há mais tempo. Um grande número de proteases já foi isolada de frutos e látex de várias plantas, mas apenas recentemente tem sido estudado seu papel em processos celulares do metabolismo vegetal, incluindo a papaína, bromelina, ficina e quimopapaína. A germinação de sementes, em que a atividade proteolítica está relacionada ao crescimento e desenvolvimento de plântulas, bem como à renovação de proteínas e à senescência chama bastante atenção e vem sendo muito investigada. Também em folhas, flores e frutos de várias espécies vegetais há atividade de proteases de diferentes classes (TREMALCOLDI, 2009). 2.4.2. Polifenoloxidase e Peroxidases A polifenoloxidase é encontrada nas membranas celulares e possui uma maior ocorrência em tecidos infectados. Isto ocorre porque a ativação destas enzimas ocorre apenas no momento de sua liberação para o meio extracelular. É de um valor inestimável para as plantas, no que diz respeito aos mecanismos de defesa ou na senescência (CAMPOS, FERREIRA e VORAZI, 2004; PIMENTA, CHAGAS e COSTA, 1997). As polifenoloxidases reagem sobre uma gama diversa de substratos. Dentre estes encontram-se: p-cresol, tirosina e ácido p-cumárico como substratos monofenólicos, enquanto catecol, diidroxifenilalanina e ácido clorogênico são substratos difenólicos (ALMEIDA et al., 2009) A peroxidase é uma enzima essencial das plantas e está implicada em inúmeras reações, ligações de polissacarídeos, oxidação do ácido indol-3acético, ligações de monômeros, lignificação, cicatrização de ferimentos, oxidação de fenóis, defesa de patógenos, regulação da elongação de células e outras (CAMPOS, FERREIRA e VORAZI, 2004). A ação da peroxidase e a resistência de plantas ás doenças de forma positiva tem sido objeto de estudos em muitos trabalhos, sendo que o aumento da atividade da peroxidase em fase de desenvolvimento da doença tem se correlacionado com a expressão de resistência em diferentes interações patógeno-hospedeiro (SOARES, MARINGONI e LIMA, 2004). 8 Polifenoloxidases e as peroxidases atuam rapidamente degradando de forma oxidativa os compostos fenólicos próximo ao local da desintegralização celular provocada por patógenos. Uma das características deste fenômeno e consequentemente o mais estudado é a ocorrência de substâncias escuras originadas da polimerização oxidativa das quinonas. Apenas o primeiro estágio da infecção concede a formação de quinonas iniciadas de o-difenois pelo processo enzimático. Essas quinonas quando em quantidade estabelecida acabam por inibir a produção de polifenoloxidase. No entanto, sequências de reações químicas ainda são desconhecidas (CAMPOS, FERREIRA e VORAZI, 2004; PIMENTA, CHAGAS e COSTA, 1997). A peroxidase atua sobre as substâncias que produzem cores vivas na oxidação, e pode também promover diversas reações de biodegradação e com isso apresenta um alto grau de versatilidade. A peroxidase diferentemente de outras enzimas é termoestável, sendo recuperada após tratamento térmico. Sendo assim a atividade da peroxidase em muitas indústrias de alimentos é usada como índice de branqueamento (LUIZ, HIRATA e CLEMENTE, 2007). Já o desenvolvimento da cor causada pela ação da polifenoloxidase é desejável no processamento de chás, café, cacau, maçãs, sidra, ameixas, passas pretas, figos pretos e zapote (NABECHIMA, 2010). 9 3 OBJETIVOS 3.1 Geral Dosar a atividade de enzimas e outras proteínas no murici (Byrsonima verbacifolia) para aproveitamento biotecnológico. 3.2 Específicos - Coletar amostras de murici (caule, folhas e frutos); - Estudar o perfil protéico nas diferentes amostras; - Dosar e comparar a atividade de peroxidases, polifenoloxidases e proteases com as diferentes partes da planta e com outros trabalhos da literatura científica. 10 4 Materiais e Métodos 4.1 Solventes, Soluções e Reagentes Foram obtidos os seguintes reagentes: Caseína, TCA ≥ 99% e Pirogalol da Sigma-aldrich (Saint Louis, EUA), Azul de Comassie G250, ácido fosfórico, etanol 99% (v/v), fosfato monobásico e dibásico de sódio J. T. Baker (Austin, EUA), H2O2 PA – ACS (Diadema, São Paulo). 4.2 Equipamentos e vidrarias Os equipamentos usados na realização dos experimentos foram: estufa (315 SE, FANEM, São Paulo, Brasil), mufla (QUIS, Robertshaw, Divisão Pyrotec, São Paulo, Brasil), manta aquecedora (52, ALCACÉR, Ribeirão Preto, Brasil), espectrofotômetro (BEL 2000, Piracicaba, Brasil), balança semianalítica (KERN 410, SER AC ADAPTER, Balingen, Alemanha), agitador magnético (Fisatom 752, Brasil), centrífuga (FANEN Excelsa, Guarulhos, Brasil), banho-maria (DE LEO 1195, Ind. Brasileira, Porto Alegre – RS, Brasil) e moinho de martelos (SP-33, SP LABOR, Presidente Prudente, Brasil). 4.3 Métodos Foram realizados testes em triplicata para cada fragmento da planta: caule, folha e fruto, com exceção à extração de lipídios, que foi feita em duplicata. 4.3.1 Coleta do material vegetal O material vegetal foi colhido na região de Senador Canedo, Goiás, Brasil, latitude de -16° 42' 29'' e longitude de - 49° 05' 35''. Foram feitas três coletas a 1° no dia 29 de janeiro, a 2° no dia 8 de março e a última no dia 10 de junho de 2011 no período vespertino, sendo cada coleta composta por número 11 indefinido de folha, caule e fruto. Os fragmentos da planta (caule, folha e fruto) foram armazenados separadamente em sacos plásticos. O material vegetal foi enxágue com água e submetido à secagem a temperatura ambiente por sete dias. Logo após secagem as partes do vegetal foram separadas, sendo as folhas retiradas manualmente do pedúnculo, o caule dividido em porções menores e os frutos permaneceram intactos. 4.3.2 Preparo das farinhas Para o preparo da farinha os fragmentos vegetais foram triturados no moinho de martelo, sendo obtido a farinha que logo em seguida foi armazenada a temperatura ambiente em frascos plásticos devidamente vedados. 4.3.3 Umidade residual e Cinzas Para quantificar o teor de umidade residual nas amostras, pesou-se os cadinhos e adicionou-se 1,0 g da respectiva farinha em cada um deles. As amostras foram inseridas na estufa por 24 h á aproximadamente 110 ºC. Após este período os cadinhos foram retirados e transferidos para um dessecador e, após o resfriamento, os mesmos foram pesados. O teor de umidade residual foi determinado pela diferença entre as massas das amostras antes e após o tratamento e foram expressos em porcentagem. Para a determinação de cinzas, utilizou-se as amostras sem umidade, inserindo-as na mufla por 2 h á aproximadamente 610 ºC. Após esse tempo, foi esperado que as amostras se resfriassem para posterior pesagem. O teor de cinzas foi determinado pela massa das amostras restante nos cadinhos, expressa em porcentagem. 4.3.4 Extração de lipídios Para a extração de lipídios foi utilizado o seguinte conjunto (Figura 4) sendo todas as amostras de caule, fruto e folhas pesados até a determinação de 1 g, armazenados em papel filtro em formato cartucho devidamente tarado, 12 os cartuchos foram inseridos no Soxhlet, a manta aquecedora foi ligada, sendo a extração realizada dentro de um período de três horas. Após o termino da extração os cartuchos foram retirados seguindo rapidamente para um dessecador onde ficaram armazenados por três dias para a retirada de umidade, após esse tempo todos os cartuchos foram pesados. Para a verificação quantitativa de lipídios foi feita a diferença de pesagem do cartucho com amostra antes e depois da extração. Figura 2. Extração de lipídios (soxlhet) (Arquivo pessoal, 2011). 4.3.5 Caracterização de Proteínas 4.3.5.1 Preparo do extrato Foram colocados 20,0 mL da solução tampão (fosfato de sódio 0,1 mol/L, pH 7,0) a 1,0 g de cada amostra de caule e folhas, e no caso dos frutos adotou-se a proporção de 1,0 g de amostra para 10,0 mL de tampão, em béqueres separados, deixando agitar por 1 h em um agitador magnético. As amostras foram então submetidas a centrifugação a 5000 rpm por 20 min onde 13 houve a separação do precipitado, sendo este descartado e o sobrenadante utilizado para as análises. 4.3.5.2 Proteínas solúveis totais Para a determinação do total de proteínas solúveis nas amostras utilizou-se o método de Bradford (1976). Para o cálculo da concentração de proteínas solúveis foi realizado com base em uma curva padrão com soroalbumina bovina (Merck, Alemanha) e utilizada uma regressão linear, com R2 = 0,995 equação y= 0,0076x + 0,3998. Adicionou-se 5,0 mL do reagente de Bradford a 100 µL de cada extrato em tubos de ensaio. Ao branco, foram adicionados 5,0 mL do reagente a 100 µL da solução tampão. Os mesmos foram incubados a temperatura ambiente por 10 min e a leitura foi feita em espectrofotômetro a 595 nm. 4.3.5.3 Atividade de Peroxidase A detecção da atividade de peroxidase foi feita de acordo com a metodologia descrita por Halpin et al. (1989), utilizando pirogalol e peróxido de hidrogênio como substratos. A formação do produto foi monitorada por espectrofotômetro a 420 nm. Uma unidade de enzima foi caracterizada como a quantidade de enzima presente nas amostras capaz de produzir um aumento de 0,1 na absorbância por minuto de reação, de acordo com as condições de ensaio adotadas da literatura. 4.3.5.4 Atividade de Polifenoloxidase A medida da atividade de polifenoloxidase foi realizada seguindo a metodologia de Halpin e Lee (1987) utilizando o catecol como substrato. A obtenção do produto foi monitorada por medida espectrofotométrica a 380 nm. 14 4.3.5.5 Atividade de Protease (inespecífica) A medida da atividade de protease foi realizada de acordo com a metodologia descrita por Arnon (1970) utilizando a caseína como substrato e o TCA (ácido tricloroacético) como solução paralisadora. A formação do produto foi monitorada por espectrofotômetro a 280 nm, após a centrifugação dos tubos de ensaio a 5000 rpm por 5 min, com a leitura do sobrenadante. 4.3.5.6 Atividade de Peroxidase, Polifenoloxidase e Protease (específica) Para o cálculo da atividade específica de peroxidase, polifenoloxidase e protease foi feita a razão entre a atividade da enzima por mg de proteína das respectivas amostras. 15 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Análise do teor de umidade , cinzas e lipídeos Para se determinar o teor de umidade residual e cinzas foram pesados 1,0 g das frações das respectivas partes de Byrsonima verbacifolia, folhas, frutos e porções do caule. Na Tabela 1 estão apresentados os valores encontrados, expressos em porcentagem. Como pode ser observado, há uma concentração de lipídeos entre (30-50%) em todas as porções analisadas desta planta. A maior concentração de lipídeos totais foi encontrada nas amostras dos frutos (51,939%), e confirma o que pode ser observado a olho nu: a consistência oleaginosa. Estes dados são comparáveis com plantas da mesma família, em Silva et al no fruto do murici da espécie (Byrsonima verbascifolia Rich) o valor de lipídios encontrados em g 100g-1 foi de 2,19 + 0,09 e também se assemelham aos dados de algumas plantas de Cerrado, como em Caramori e Menezes (2007), onde se estudou a composição bioquímica da semente e polpa de Campomanesia sp., e a imobilização de peroxidase extraída destes frutos em suportes a base de polianilina (semente-10,06 %; polpa-21,6%). Tabela 1. Teores de umidade, cinzas e lipídeos das amostras de caule, folha e fruto de murici, expressos em porcentagem. Material Umidade res. (%) Cinzas (%) Lipídios (%) Caule 0,3584±0,01103 5,73±1,4219 31,600±1,470 Folha 0,3114±0,03571 4,38±0,3793 30,195±0,675 Fruto 0,4272±0,04873 3,107±0,212 51,939±0,860 16 5.2 Análises do extrato bruto As análises realizadas para a determinação do teor de proteína solúvel demonstraram que a maior fonte foi encontrada nas amostras do caule (Fig. 3). Essas comparações são importantes quando se discute a inserção de novas fontes protéicas para a alimentação, sejam elas destinadas à alimentação humana ou à nutrição animal em geral. Considerando os dados da Figura 3, mesmo para as amostras dos frutos ainda há uma quantidade considerável de proteína solúvel (2-3,4 mg g-1 farinha). Dados de autores que trabalharam a composição centesimal em frutos dessa planta revelam variações consideráveis no que tange o teor de proteína solúvel. Em Silva et al. (2008) para cada mg 0,1 mg-1 de frutos do murici (em base úmida) analisados foram encontrados 0,000072 mg e em Guimarães e Silva (2008) a composição centesimal dos frutos de Murici-Passa (MP) e in natura (M) (mg 0,1 mg–1) apresentou uma média de aproximadamente 0,00017 mg. Embora a análise demonstrada na Figura 3 tenha sido obtida de um experimento diferente, ela fornece dados mais consistentes para a comparação que se pretende fazer neste trabalho, ou seja, a comparação das atividades enzimáticas com o teor de proteína solúvel (atividade específica). Figura 3. Teor de proteína solúvel presente nos fragmentos de Byrsonima verbacifolia. As barras expressam as repetições das leituras (g) para cada grama de farinha da planta. Dados obtidos por regressão linear (y = 0,0076x + 0,3998) utilizando soroalbumina bovina como padrão; R2 = 0,995. 17 A dosagem de atividade enzimática (peroxidases, proteases e polifenoloxidases) está apresentada nas Figuras 4 e 5. Na Figura 4 é possível observar que todas as amostras testadas foram capazes de reagir com os substratos específicos para peroxidases. Entretanto, a farinha obtida da folha da planta apresentou entre 25 a 50% atividade de peroxidase a mais em relação às amostras de frutos e caule, respectivamente (Figura 4A). Já no trabalho de (DETONI, 2005), para verificação de peroxidase em uvas da espécie Niagara rosada armazenadas à diferentes temperaturas, utilizando-se o método de Clemente(1998) foi encontrada uma média de 115 (unid.min.100mL). A B Figura 4. Atividade de peroxidase presente em caule, folhas e frutos de Byrsonima verbacifolia contra os substratos pirogalol e H2O2. A: atividade inespecífica (U g-1 farinha); B: atividade específica: (U mg-1 proteína). 18 Considerando a atividade de peroxidase em relação ao teor de proteínas nas amostras (Figura 4B), vê-se claramente que os frutos são os mais interessantes para estudos do perfil protéico para fins de isolamento e purificação, uma vez que a atividade de peroxidase nessas amostras é predominante em relação ao caule e folhas. A B Figura 5. Atividade de polifenoloxidase presente em caule, folhas e frutos de Byrsonima verbacifolia contra o substrato catecol. A: atividade inespecífica (U g-1 farinha); B: atividade específica: (U mg-1 proteína). 19 Na Figura 5A observa-se uma maior atividade de polifenoloxidase por U g-1 de farinha no fruto do murici com um valor entre 310 e 390 U g-1 de farinha. Também em atividade específica o fruto se sobressaiu apresentando de 100 a 120 U mg-1de proteína. Em (DETONI et al., 2007) a uva Niagara rosada, seguindo o método proposto por (JANOVITZ-KLAPP, RICHARD & NICOLAS), apresentou uma atividade enzimática de polifenoloxidase de 17,26 (unid.min.100mL) após 21 dias armazenada à uma temperatura de 1°C. Esses res ultados são importantes no que tange a comparação da atividade de polifenoloxidase entre o murici e diversas espécies frutíferas. A B Figura 6. Atividade proteolítica presente em caule, folhas e frutos de Byrsonima verbacifolia contra o substrato caseína. A: atividade inespecífica (U g-1 farinha); B: atividade específica: (U mg-1 proteína). 20 Nas Figuras 6A e 6B percebe-se maior atividade proteolitica inespecífica e especifica nas folhas do vegetal, sendo observado um valor entre 1400 e 1600 U g-1 farinha para atividade inespecífica e para atividade específica maior que 150 U mg-1 proteína. Em Caramori, Souza e Fernandes (2008), foi observado no fruto do Inga da espécie I. cylindrica maior atividade proteolítica específica nas sementes (179,20 U mg-1). Porém, nas amostras de polpa de Inga alba, a atividade proteolítica específica observada foi maior do que os dados deste trabalho (466,84 U mg-1 de proteína). 21 6 CONCLUSÕES Através dos dados coletados pode se concluir que: • O fruto apresentou um alto teor de umidade e lipídios, como já era esperado. Tendo em vista tal fato a concentração oleaginosa do fruto pode ser bastante aproveitada para fins diversos. • O murici apresenta valores protéicos bastante satisfatórios, sendo, portanto, uma espécie com enorme potencial para ser utilizado na indústria alimentícia, como complemento alimentar, na indústria farmacêutica e de cosméticos. • Em relação á atividade enzimática específica e inespecífica para peroxidase e polifenoloxidase o murici demonstrou altos valores o que comprova sua predisposição para fins biotecnológicos. 22 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, R. Preservar para lucrar com o Cerrado. Disponivel em <http://www.econ.fea.usp.br>. Acesso em: 30 de abril, 2011. ALMEIDA, D. G. A; Silva M.G.C; SOUZA, F.S; Silva, D. D. L; MACIEL,C.C.S. ; TAKAKI.G. M. C.; Gusmão N. B. Disponível em <http://www.eventosufrpe.com.br>. Acesso em: 23 de maio, 2011. ARNON, R. (1970), Papain. In: Methods in enzymology. New York: Academic Press. v. 19. p. 226-234. AVIDOS, M. F. D.; Ferreira L. 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