RELATO DE EXPERIÊNCIA DE OFICINA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇAO BÁSICA: FILME “A ERA DO GELO 4” E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS1 Claudiane da Costa Graduanda de Geografia e bolsista do programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência, pela CAPES [email protected] Jair Antônio Santin Junior [email protected] Jaqueline Niendicker de Lima [email protected] Karina Andrade [email protected] Emerson de Souza Gomes [email protected] Resumo: Este trabalho tem com intuito expor algumas atividades realizadas na escola pelo grupo de graduandos bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência da Universidade Estadual do Centro-Oeste – PIBID/UNICENTRO. Sendo assim destaca se o uso dos recursos audiovisual em sala de aula juntamente com materiais teóricos que possibilitem a integração do educando com vários assuntos, dessa forma foi desenvolvido uma atividade que levava em consideração a questão da variabilidade climática, entende se que o educando precisa estudar e ter acesso a diferentes pontos de vista, para que o próprio consiga ter suas próprias conclusões. O filme a era do gelo 4 possibilitou as alunos o entendimento sobre as variabilidades climáticas naturais em contra ponto tiveram acesso a material teórico que acusa as atividades antropogênicas como as principais causa. A partir deste contexto os alunos elaboraram cartazes com os dois lados onde ficou evidenciado que esse tipo de atividade, onde se permite a interação entre um recurso audiovisual, a teoria e a expressão da compreensão pelos alunos são relevantes para o processo de construção de conhecimento dos educandos. Palavras chave: Educação; audiovisual; Filme; 1. Introdução O presente trabalho faz parte das atividades desenvolvidas no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência da Universidade Estadual do CentroOeste – PIBID/UNICENTRO, do curso de Licenciatura em Geografia – Campus 1 Este trabalho já foi publicado na XXII Semana da Geografia e V Seminário de Pós-Graduação em Geografia, da UNCENTRO. IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas: demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400 Cedeteg, Guarapuava. O PIBID é um programa financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior – Capes, no qual prevê projetos em parceria entre Universidade e as escolas de Educação Básica da rede pública de ensino. Neste, promove-se a inserção dos acadêmicos da licenciatura no contexto da escola, para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas, sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola, articulando teoria e prática. O programa objetiva, principalmente, o desenvolvimento de iniciativas que valorizarem e permitam o aperfeiçoamento da formação de professores da Educação Básica. As atividades desenvolvidas no projeto PIBID Geografia disciplinar e interdisciplinar ocorrem em três escolas no município de Guarapuava-PR, sendo o Colégio Estadual Padre Chagas, o Colégio Estadual do Campo de Palmeirinha e o Colégio Estadual do Campo Professora Maria de Jesus Pacheco Guimarães. O projeto prevê o desenvolvimento de várias ações nos colégios para um período de quatro anos que teve início no ano corrente (2014). Dentre as atividades já realizadas citamos a interação dos alunos com o professor da educação básica, realizando estudos do contexto escolar, através da leitura de documentos como o Projeto Político Pedagógico - PPP, Plano Pedagógico Curricular - PPC e o Plano de Trabalho Docente – PTD; estudo de conteúdos escolares e elaboração de recursos didáticos, bem como a aplicação destes nas aulas nas séries do ensino médio; oficinas de vídeos em contextos pedagógicos, os quais se enfatizou a questão dos resíduos sólidos por meio do filme Wall-E e ainda, a promoção de discussão sobre as mudanças climática globais a partir do filme A era do Gelo 4. Neste trabalho apresentaremos o desenvolvimento desta última atividade citada, contextualizando o embasamento teórico para o tema (mudanças climáticas), os objetivos, o desenvolvimento metodológico da atividade, bem como os resultados e a discussão sobre os mesmos. Atualmente, o tema mudanças climáticas tornou-se uma discussão do cotidiano, tanto na mídia quanto na escola, por muitas vezes utilizando-se de informações do senso comum. No entanto, para entendermos o que realmente está acontecendo devemos nos aprofundar no assunto. No ambiente escolar tornar-se de extrema importância levar aos IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas: demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400 educandos as diferentes formas de abordagem sobre o tema, oportunizando-o a elaboração de um pensamento próprio sobre a questão, visto que a mídia, geralmente, a aborda a partir de um único viés, qual seja, os gases estufa como responsáveis principais pelas alterações climáticas e, neste contexto, o protagonismo das ações antrópicas. Portanto, a atividade na escola teve como objetivo a realização de uma atividade que permita ao aluno da educação básica, o acesso ao conhecimento científico e a possibilidade de refletir sobre o tema. Para Primavesi (2007) os efeitos das mudanças climáticas são agravados pela produção exacerbada de resíduos sólidos que é visivelmente notável. Quanto mais a urbanização cresce, segue-se a tendência do aumento do consumo, o que consequentemente leva à maior produção de resíduos. Além disso, cresce também a concentração em níveis nocivos e tóxicos, de gases gerados pela industrialização e queima de combustíveis fósseis, e ainda o aumento do consumo, cada vez mais irresponsável, seja de água, dos recursos dos solos e a devastação da biodiversidade com os desmatamentos. A mudança global do clima vem ao logo dos anos se manifestando em diversas formas, dentre elas, o aquecimento global; a maior frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como alteração nos regimes de chuvas, muitas vezes provocando alagamentos e inundações, ou, por outro lado, secas muito severas; perturbações nas correntes marítimas, as quais são importantes reguladoras da temperatura do ar. Para os cientistas que defendem esta ideia, não há dúvidas que há um aquecimento a nível global e que este é resultado da ampliação do efeito estufa provocado pelo aumento da concentração de gases na atmosfera. (Cadernos NAE, 2005). O aquecimento global, o principal efeito das mudanças climáticas, pode provocar diversas consequências que variam de acordo com a zona climática. Nas regiões polares, o aumento das temperaturas causa o derretimento de suas geleiras, o que pode contribuir para o aumento do nível das águas oceânicas; nas regiões temperadas, há um aumento da temperatura e a redução da umidade relativa do ar, o que pode provocar incêndios florestais, além de causar na população desconfortos e a falta de precipitação pluviométrica por sua vez nas regiões tropicais e subtropicais, acontecesse o IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas: demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400 aquecimento intenso das águas o que pode causar a extinção da fauna e da flora marinha. (PRIMAVESI, 2007) Por outro lado, existe a resistência de alguns estudiosos em acreditar nas mudanças climáticas com causas antropogênicas, ou seja, estes defendem que o clima tem uma variabilidade natural ao longo dos tempos, e que a ação humana não tem consequências catastróficas que possam alterar o clima global, geralmente o comprometimento está na escala clima local. Segundo Molion (2012), o efeito estufa, muito discutido quando se trata de mudanças climáticas, faz com que a temperatura média global do ar próximo à superfície da terra, seja cerca de 15º C. Se não fosse esse fenômeno, a temperatura média da superfície da terra seria de aproximadamente -18º C, portanto, o efeito estufa é um fenômeno que permite a existência de condições necessárias para à manutenção da vida no planeta. Umas das causas naturais da variabilidade climática são as atividades solares, responsáveis pela emissão da radiação que chega a Terra, que possuem ciclos relativamente longos, de décadas ou até mesmo séculos, ora com maior, ora menor intensidade, cujos efeitos dessa variabilidade são amortecidos pela grande capacidade de armazenamento de calor ou inércia dos oceanos. Podemos citar, por exemplo, as mudanças bruscas de temperatura marinha ocorrida em 1976, que podem ser explicadas a partir da tectônica de placas, movimentos ou deslizamentos de placas tectônicas que causam terremotos e erupções vulcânicas, superficiais e submarinos, causando aumento da temperatura nas águas. (MOLION, 2012) Observamos, portanto, que há concepções divergentes no que diz respeito “as mudanças climáticas globais”, entretanto, ambos defendem que é necessário haver uma preocupação com a preservação e conservação do meio ambiente, visto que o atual modelo de vida, baseado na produção e no consumo capitalista, espoliando os recursos naturais, coloca em risco o equilíbrio natural dos ambientes terrestres. Onde as diversas espécies vegetais são fundamentais na liberação de oxigênio e possui um papel importante no controle do ciclo hidrológico. Desta maneira, quando se cuida do meio ambiente está-se necessariamente garantindo a existência da vida no planeta. IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas: demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400 2. Metodologia A atividade foi desenvolvida com diferentes turmas de alunos na escola. No Colégio Estadual Padre Chagas, foi realizado com as turmas do 6º e 9º anos do ensino fundamental, no Campo Professora Maria de Jesus Pacheco Guimarães, com as turmas de 6º e 7º anos do ensino fundamental, e no Colégio Professora Maria de Jesus, com as turmas de 6º ano, do ensino fundamental e do 2º ano do ensino médio. O tempo planejado e utilizado para a realização da atividade foi de duas aulas, de cinquenta minutos cada. Para desenvolver as atividades, primeiramente, trabalhamos alguns conceitos a cerca do tema (teorias sobre as mudanças climáticas, efeito estufa, ideologia política e midiática sobre “catástrofes climáticas”, etc.), para que fosse possível problematizar os conteúdos com os alunos. Buscamos compreender as controvérsias e incertezas sobre o tema na comunidade científica, onde se apresentou as ideias relatadas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC, que afirma que o fenômeno tem causas antropogênicas; e a posição de alguns pesquisadores, como Casagrande, Silva Júnior. Medonça e Molion, que apontam como um processo natural essa variabilidade climática, ou seja, não concordam que haja a interferência direta do homem como promotor de mudanças no clima global. Em um segundo momento exibimos um trecho de quarenta minutos do filme “A Era do Gelo 4”, que permitiu a visualização lúdica de mudanças climáticas ocorridas nos períodos interglaciais. Após a exibição do filme, abordamos as ideias apresentadas por cientistas que estudam as mudanças climáticas e propomos que a turma se dividisse em pequenos grupos, onde metade da sala elaborou frases e/ou desenhos em relação à visão do IPCC e a outra metade segundo as causas naturais, visão dos pesquisadores céticos. 3. Resultados e Discussões A partir da análise dos resultados dos cartazes produzidos pelos alunos, podemos afirmar que os mesmos demonstraram uma compreensão satisfatória do tema abordado, levando em conta o tempo utilizado e a maneira de abordagem (Figuras: 1, 2, 3 e 4). IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas: demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400 21 34 Figuras 1, 2, 3 e 4 – Cartazes elaborados pelos alunos do 9ºano – Col. E. Pe. Chagas. Fonte: PIBID-GEOGRAFIA, 2014. No decorrer da atividade foi possível perceber que os alunos tinham conhecimento apenas da visão apresentada no livro didático, o qual trazia a visão disseminada pelo IPCC, também amplamente divulgada pela mídia, no entanto, ao longo das duas aulas, os alunos tiveram a oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre o tema, o que fez com que alguns apresentassem frases ou desenhos que ilustraram a outra visão sobre as mudanças climáticas, a de que há um ritmo natural que ditam tais alterações. 4. Conclusões Desta forma conclui-se que é preciso que o professor de Geografia, busque aperfeiçoar sua prática com diferentes metodologias para trabalhar o conteúdo climático, para que os alunos venham a compreender em diferentes escalas e formas a ocorrência destes fenômenos, bem como suas causas e consequências. O conteúdo climático se faz presente em nosso dia a dia, porém sua teorização em sala de aula necessita de uma reflexão mais cuidadosa e contextualizada, o que pode ser obtida a partir da consulta em fontes diversas. É preciso contextualizar os conteúdos de forma que os alunos possam conectá-los à sua realidade e compreender sua dinâmica no espaço. IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas: demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400 O uso do filme “A Era do Gelo 4” como recurso didático para trabalhar o conteúdo climático no ensino de Geografia apresentou-se como uma boa alternativa, pois pode auxiliar na compreensão do conteúdo, pois, constitui-se em uma metodologia audiovisual que tende a chamar a atenção dos alunos, e com isso pode ser um instrumento valioso para desenvolver uma visão contextualizada do tema abordado. 5. Referências CADERNOS NAE/ Núcleo de assuntos Estratégicos da Presidência da república. Mudança do clima. Brasília, 2005 CASAGRANDE, A. SILVA JUNIOR. P. MENDONÇA. F. Mudanças climáticas e aquecimento global: Controvérsias, incertezas e a divulgação científica. Revista Brasileira de Climatologia. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/revistaabclima/article/view/25793/17212> Acesso em : 3 de junho de 2014. PRIMAVESI, Odo. Aquecimento global e mudanças climáticas; uma visão integrada tropical. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2007. MOLION, L.C.B. Considerações sobre o aquecimento global Antropogênico. Disponível em: <http://www.acquacon.com.br/drenagem/palestras/luizcarlosmolion_artigo.pdf>. Acesso em: 09 de julho de 2014 IV Fórum das Licenciaturas/VI Encontro do PIBID/II Encontro PRODOCÊNCIA – Diálogos entre licenciaturas: demandas da contemporaneidade – UNICENTRO – 2015 – ISSN 2237-1400