o pibid como divisor de águas para uma pedagogia livre

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O PIBID COMO DIVISOR DE ÁGUAS PARA UMA PEDAGOGIA
LIVRE E CRIATIVA
Laurena Fragoso Martinez Blanco
Acadêmica do Curso de Pedagogia da UNICENTRO – Irati e bolsista do Programa Institucional de
Iniciação á Docência PIBID – CAPES.
Rejane Klein
Docente no Curso de Pedagogia da UNICENTRO – Irati e coordenadora do sub-projeto Pedagogia linha
Anos Iniciais.
Resumo:
O Programa de Iniciação à Docência – PIBID colabora para que o graduando adquira
experiências com a docência, possibilitando novos conhecimentos para que sua formação não
fique apenas com a contribuição da teoria, mas que também a receba da prática. O PIBID teve
início em agosto de 2012, porém iniciei no programa em março de 2014. O objetivo do
programa é atender alunos dos Anos Iniciais, que apresentam dificuldades de aprendizado, em
especial na alfabetização. No início do trabalho acompanhei a docente regente da classe para
identificar os alunos que apresentavam dificuldades, e 4 (quatro) alunos foram selecionados.
Junto à coordenadora do programa, foi elaborado um planejamento com atividades específicas
para suprir a necessidade de cada aluno. Desse modo, foram considerados os conhecimentos
adquiridos no curso de Pedagogia, para colocar em prática as atividades junto aos alunos, e
assim poder auxiliá-los no processo de alfabetização.
Palavras-chave: alfabetização; escola básica; universidade.
Introdução
O Programa Institucional de Iniciação á Docência (PIBID) é um Programa que
tem como alvo principal a inserção do graduando no ambiente escolar para sua futura
docência na Escola Básica. Uma das características do Programa é a aproximação da
Universidade com a Escola Básica, facilitando a execução do trabalho junto aos alunos
com dificuldades no aprendizado. Quando o graduando tem a oportunidade de estar
presente no cotidiano da Escola Básica, ele percebe uma realidade até então nunca
apresentada, pois somente a teoria não dá conta de preencher o conhecimento necessário
para trabalhar nos Anos Iniciais.
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Com a integração da Universidade e Escola Básica, o PIBID oportuniza
vivenciar o cotidiano em sala de aula nos Anos Iniciais, é nesse momento que o
planejamento realizado junto à coordenadora do programa é colocado em ação.
O trabalho realizado pelo PIBID é discutido por meio de reuniões e estudos
semanais, reflexões e elaboração de atividades para serem desenvolvidas junto aos
alunos de determinada escola. Nas discussões realizadas através das reuniões, é feito o
estudo das teorias junto à professora orientadora do programa, que ajudam na prática
bem como a produção do planejamento de atividades que façam sentido para o aluno,
ou seja, que faça parte de sua realidade.
Antes do graduando seguir com o planejamento, é feito uma revisão junto com a
professora orientadora, para dar seguimento ao trabalho com os alunos. Para tanto
estudamos teorias que nos dão apoio para que possamos entender o processo de
aquisição da língua escrita pelos alunos dos Anos Iniciais utilizando os estudos, por
exemplo, de autores como Ferreiro (2001), Piaget (1964) e Vygotsky (2001), que
contribuem para a compreensão do início do aluno no ambiente escolar.
Ferreiro (2001) explica que, a criança não é uma tábua rasa e sim alguém que já
trás vivências da escrita antes de ingressar no mundo de determinados métodos, método
esse que, segundo a autora, não cria conhecimento e sim “uma sequência de passos
ordenados para chegar a um fim”. (FERREIRO, 2001, p.30)
Desse modo o ser humano nasce biologicamente com capacidade de pensamento
rudimentar, esse pensamento rudimentar interage dialeticamente com a cultura, cultura
essa que trás consigo diversas linguagens e é esse cruzamento dialético que produz a
maturação cognitiva do indivíduo.
Se formos capazes de desenterrar essa pré-história da escrita,
teremos adquirido um importante instrumento para os
professores: o conhecimento daquilo que a criança era capaz
de fazer antes de entrar na escola, conhecimento a partir do
qual eles poderão fazer dedução ao ensinar seus alunos a
escrever (VYGOTSKY, 2001, p. 144).
Iniciamos a atividade em março de 2014, observando num primeiro momento, os
alunos que apresentaram dificuldades e não conseguiam acompanhar a turma nas
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atividades do cotidiano. Em 1 (um) mês foram identificados 4 (quatro) alunos do 4º ano
do ensino fundamental. Esses alunos apresentavam dificuldades em sua comunicação,
leitura, escrita, enfim não acompanhavam a realidade da turma em que estavam
inseridos. Assim sendo, cada criança apresenta suas limitações e diferenças no
aprendizado, o que nos faz considerar suas particularidades na elaboração do
planejamento para que este se concretize de maneira satisfatória.
No ambiente escolar é posto em prática o planejamento para que se possa dar
sequência no auxílio da alfabetização, considerando sempre a possibilidade de uma
mudança no planejamento, pois o programa nos dá essa liberdade de mudança sempre
que necessário, pois num primeiro contato com o aluno será observado como ele
recebeu a atividade. Nas atividades os alunos elaboram textos, leituras, sempre
utilizando materiais concretos como o alfabeto móvel e jogos que auxiliam de maneira
precisa no aprendizado do aluno. Pois sempre consideramos que o aluno do ensino
fundamental não tem maturidade mental/cerebral para explicações abstratas. O futuro
raciocínio abstrato do sujeito, irá depender de ações concretas.
Diante disso, Piaget (1978), explica que:
As operações lógico-matemáticas derivam das próprias ações,
pois são o produto de uma abstração procedente da
coordenação das ações, e não dos objetos. Por exemplo, as
operações de “ordem” são obtidas da coordenação das ações,
pois, para descobrir certa ordem numa série de objetos ou
numa sucessão de acontecimentos, é preciso ter a capacidade
de registrar esta ordem por meio de ações (desde os
movimentos oculares até a reconstituição manual) que devem
ser, também elas, ordenadas. A ordem objetiva só é então
conhecida por meio de uma ordem inerente às próprias ações.
(PIAGET, 1964, p.77)
Assim sendo, Goulart (2000) aponta que:
Na fase de operações concretas a criança compreende cada
uma dessas formas de reversibilidade, sem, contudo,
coordená-las. As operações em jogo neste momento baseiamse diretamente nos objetos e não ainda em hipóteses
enunciadas verbalmente, como será o caso das operações
proposicionais; por isto são chamadas operações concretas.
(GOULART, 2000, p.36)
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Com esse contato direto que a Universidade faz com a Escola Básica através do
PIBID, podemos experimentar a prática e o cotidiano do que um docente realiza com
alunos dos anos iniciais. Essa convivência dá oportunidade para perceber que cada
aluno possui suas particularidades na questão da aprendizagem, ou seja, uns apresentam
mais facilidade na compreensão das disciplinas e outros mais dificuldades, necessitando
de auxílio pedagógico diferenciado.
Contudo, no primeiro semestre de 2014 pudemos verificar que houve resultados
em relação aos 4 (quatro) alunos, pois no início do semestre apresentavam insegurança,
medo de escrever e ler para os colegas. No entanto, na metade do primeiro semestre
notamos uma evolução na questão pessoal de cada aluno, pois estão mais seguros e sem
medo de errar quando é realizado ditado por exemplo. No início do segundo semestre de
2014, 1 (um) aluno já pôde retornar para a sala de aula regular, pois apresentou bom
desenvolvimento na leitura, escrita e principalmente na relação com os colegas de
classe.
Os alunos que acompanhamos através do programa, são crianças que necessitam
de auxílio pedagógico diferenciado, que em sala de aula regular não é possível, pois a
professora regente precisa dividir a atenção para 26 (vinte e seis) alunos, que em sua
maioria acompanham o ritmo do ambiente escolar. É nessa ruptura que o PIBID
apresenta soluções e estratégias para suprir a falha que se deu no aprendizado
apresentada pelos alunos inseridos no programa. Esses alunos são atendidos num espaço
separado com materiais pedagógicos da própria escola ou materiais confeccionados por
nós através de reuniões do PIBID. No primeiro semestre de 2014 e metade do segundo
semestre, observei resultados positivos em relação ao trabalho realizado. Os alunos
apresentaram disposição para realizar as atividades, pois provavelmente o planejamento
desenvolvido através do PIBID não possui a característica tradicional que habita o
ambiente escolar, pelo contrário, somos orientadas a criar as atividades para os alunos
orientados pelo programa. As atividades elaboradas através do programa são dinâmicas
e somos orientadas a produzir atividades sempre voltadas à realidade do aluno e da
comunidade em que a escola está inserida. Contudo, se continuarmos o caminho, unindo
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a teoria com a prática, alcançaremos com êxito nosso propósito, que é fazer com que o
aluno que apresenta dificuldades na leitura e escrita, avance e consiga prosseguir seu
caminho acadêmico com sucesso.
Conclusões
Diante do exposto, o trabalho desenvolvido através do PIBID proporciona
experiências no ambiente escolar, até então desconhecidas. O curso de Pedagogia
apresenta as teorias como base para o conhecimento, mas é somente através do
programa que podemos vivenciar a realidade do ambiente escolar que envolve todos que
ali trabalham. O programa propicia experiências que servirão para a futura docência até
então desconhecida por mim, pois antes do PIBID não tinha noção de como organizar o
planejamento de atividades e que cada planejamento deve ser de acordo com a
dificuldade do aluno. Assim sendo, o programa proporciona um caminho no qual o
graduando pode seguir e aproveitar a oportunidade para agregar conhecimentos até
então inimagináveis.
Referências
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. 24. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
GOULART, Iris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo
professor. 17. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense-universitária,
1978.
VYGOTSKY, Lev. S. Linguagem desenvolvimento e aprendizagem. 7. ed. São
Paulo: Icone, 2001.
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