Frequentemente, o cinema norte-americano aborda o tema da inteligência artificial em alguma de suas produções e, apesar de muitos cineastas terem a imaginação extremamente fértil, tais produções possuem muito fundamento no que diz respeito ao futuro da relação entre homens e máquinas, principalmente aquelas que mostram máquinas extremamente inteligentes que ganham autonomia e acabam se rebelando contra nós humanos. Saindo da ficção e partindo para o mundo real, muitos estudiosos acreditam que nunca perderemos nossa soberania para os robôs, enquanto outros como Elon Musk – da fabricante de foguetes espaciais Space X – e o físico britânico Stephen Hawking acreditam que podemos estar dando início à nossa própria extinção. Isso pode soar um tanto alarmista, mas vindo de pessoas deste nível intelectual e profissional, devemos dar um pouco mais de atenção. A seguir, você verá alguns pontos que fazem deste pensamento algo perfeitamente possível, além da opinião de quem está bem otimista quanto a isso. Invasão das máquinas Nós, meros mortais, acreditamos cegamente que os avanços tecnológicos se resumem a apenas computadores superpotentes, softwares mais robustos e smartphones cada vez mais modernos. Porém, o que a maioria das pessoas não sabe é que, espalhadas pelo mundo, grandes corporações trabalham duro no desenvolvimento de computadores cada vez mais inteligentes e autônomos. Os propósitos são variados e vão desde a cura do câncer até o desenvolvimento de bombas atômicas ou melhorias nas tecnologias aeroespaciais. A invasão tecnológica já pode ser percebida em diversas áreas, principalmente nas indústrias, em que a mão-de-obra humana vem sendo substituída por máquinas na realização de diversos tipos de serviço. Um exemplo disso está no processo de construção de automóveis, em que a ação do homem só é necessária quando não existe uma máquina específica para realizar determinada tarefa. Isso acontece porque elas são muito mais rápidas e eficientes, além de que conseguem trabalhar com o mínimo de falhas e prejuízos. Também não precisam tirar férias, nem se alimentar, muito menos descansar (desde que operem dentro do programado para não sobreaquecer). Deixando de lado as máquinas de produção e falando agora de atividades do nosso cotidiano, as redes sociais não ficam de fora quando o assunto é inteligência artificial. O Facebook, por exemplo, possui diversos algoritmos que filtram o que cada pessoa verá em sua linha do tempo. O objetivo é levar até o usuário aquilo que a empresa acredita ser relevante a ele, o que acaba privando-o de ver outras coisas que talvez fossem de seu interesse. Falando de uma forma mais objetiva, é o site quem decide o que cada usuário verá. Isso parece algo simples, mas a tendência é que, em breve, nossa rotina esteja condicionada a uma série de decisões tomadas por máquinas com base na inteligência artificial. Homens x robôs Saber que uma rede social “manipula” as informações que você recebe talvez não seja tão assustador, mas se tivermos um olhar mais abrangente, veremos o quão perigoso isso pode ser caso nossas decisões passem a ser tomadas por máquinas. Para isso, faremos uma simples comparação entre os seres humanos e os computadores. Um computador comum pode fazer milhares de cálculos por segundo, enquanto nós, humanos, demoramos muito tempo para resolver uma simples equação que exija algumas dezenas de operações. O que faz de nós os criadores e não as criaturas é o fato de termos um cérebro. Mas, e se dermos a um computador a capacidade de pensar como nós? Segundo Markus Diesmann, diretor do Instituto de Neurociência e Medicina no Centro de Investigação de Jülich, tudo indica que já na próxima década os computadores consigam imitar quase 100% do cérebro humano. Quando isso acontecer, as máquinas passarão a ter um potencial muito acima do nosso, pois, além das incríveis capacidades matemáticas, elas imitarão nosso cérebro de forma perfeita. Entretanto, mesmo que as máquinas se tornem mais inteligentes que nós, não podemos afirmar que elas tomarão o controle das coisas, até mesmo porque estarão confinadas em grandes salas e deverão realizar as atividades ordenadas por homens e mulheres. O problema surgirá quando estas forem reduzidas e começarem a ser embutidas em robôs. Aí, nesse caso, poderemos ter dois tipos de futuro: um bom (como o do filme "O Homem Bicentenário") e outro ruim (como o do filme "Eu, Robô"). Para quem acha que isso tudo é pura fantasia, em 2013, o Supercomputador K, fruto de uma pesquisa conduzida por cientistas japoneses e alemães, foi capaz de realizar 1% do trabalho de um cérebro humano. Um ano antes, um software de computador já havia sido capaz de superar o QI de uma pessoa. Apesar de tudo isso, cientistas e pesquisadores afirmam que não querem desenvolver uma máquina mais inteligente que o homem, mas isso, uma hora ou outra, vai acontecer. Talvez até queiram sim, porque, na visão deles, isso nos daria um futuro muito melhor, em que seria possível entender de forma mais clara nosso próprio cérebro e, quem sabe, encontrar a cura para diversas doenças, como o Mal de Parkinson, por exemplo. Um futuro bem melhor De acordo com o criador do Cleverbot e especialista em inteligência artificial Rollo Carpenter, os seres humanos ainda continuarão no comando da tecnologia por um período razoável de tempo, e o potencial dela de resolver muitos dos problemas globais será concretizado. Carpenter, cuja criação aprende a imitar conversas humanas com crescente eficácia, afirma que ainda estamos longe de ter o conhecimento de computação ou de algoritmos necessário para alcançar a inteligência artificial plena, mas acredita que isso acontecerá nas próximas décadas. Ainda segundo ele, não é possível saber com certeza o futuro da humanidade caso um máquina supere nossa inteligência. Ela poderá nos ajudar para sempre ou poderá nos destruir. Enfim... É perfeitamente aceitável a ideia de criar máquinas que possam nos auxiliar no dia a dia, pois, apesar de tudo, trata-se uma tecnologia como outra qualquer. Porém, com a inteligência artificial em um nível avançado, essa vida própria para robôs pode não ser tão amigável. Segundo Raymond Kurzweil, um dos precursores que elaborou diversos estudos sobre a singularidade — nome dado ao momento previsto para o futuro em que as máquinas vão dominar a raça humana —, depois de evoluir tanto, os computadores ganhariam capacidades para desenvolver criatividade, raciocínio e inteligência superiores às características humanas, e então, estaríamos dominados por eles. Mas antes que tal acontecimento se concretize, iremos querer desfrutar de tudo o que a robótica nos permitirá, como estender nossas vidas com a utilização de órgãos artificias, curas impossíveis, implantes e cirurgias diversas. Mas até lá, teremos algumas décadas pela frente e, como não é possível prever o futuro, pode ser que nem cheguemos a ver um robô andando pelas ruas ou fazendo coisas que até hoje só nós humanos sabemos fazer.