Boletim Epidemiológico Influenza e vírus respiratórios 26 de maio de 2017 | Página 1/4 DEFINIÇÃO DE CASO Síndrome Gripal (SG) Indivíduo com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse e/ou dor de garganta, com início dos sintomas nos últimos 7 dias. Em crianças com menos de 2 anos de idade, considera-se também como caso de SG: febre de início súbito (mesmo que referida) e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico. Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) Indivíduo de qualquer idade, com síndrome gripal (conforme definição acima) e que apresente dispneia ou os seguintes sinais de gravidade: Saturação de SpO2 < 95% em ar ambiente; Sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória avaliada de acordo com a idade; Piora nas condições clínicas de doença de base; Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente Ou; Indivíduo de qualquer idade com quadro de Insuficiência Respiratória Aguda, durante período sazonal. Monitoramento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza e outros vírus respiratórios A vigilância da influenza no Ceará é composta por: 1. vigilância sentinela de Síndrome Gripal (SG); 2. vigilância sentinela da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em UTI e 3. vigilância universal dos casos de SRAG hospitalizados. A vigilância objetiva a identificação do vírus da influenza e/ou outros vírus respiratórios. A influenza é uma doença infecciosa aguda, de origem viral que acomete o trato respiratório, de elevada transmissibilidade, distribuição global e comportamento sazonal. Um indivíduo pode contraí-la várias vezes ao longo da vida. Em geral, tem evolução autolimitada, podendo, contudo, apresentar-se de forma grave, a denominada de SRAG. O vírus influenza é capaz de provocar epidemias recorrentes e pode evoluir com pandemias quando um novo vírus se dissemina em uma população que não apresenta imunidade. No Ceará, o período de maior sazonalidade dá-se de março a julho. Cenário epidemiológico da SRAG por influenza e outros vírus respiratórios no Ceará No Ceará, foram notificados 80 casos de SRAG até a SE 18/2017 (01/01 a 06/05/2017), dentre estes, 25% (20) foram causados pelo vírus influenza, 36,2% (29) o agente etiológico foi o vírus sincicial respiratório (VSR), 23,7% (19) a etiologia não foi especificada e os demais casos de SRAG encontram-se em investigação. Na tabela 1, pode-se observar a distribuição dos casos de SRAG por influenza por subtipo. Tabela 1. Distribuição dos casos de SRAG por influenza por subtipo, 2017 Influenza por subtipo nº % A H1N1 A H1/ Sazonal A H3/Sazonal Total 2 1 17 20 10 5 85 100 Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. No mesmo período de 2016, foram notificados 189 casos de SRAG, sendo 26,4% (50) foram causados pelo vírus da influenza, 2,0% (4/189) por outros vírus respiratórios, sendo estes VSR, Adenovírus e Parainfluenza 1 e 2. Dentre os casos notificados, 0,5% (1/189) foi encerrado por outros agentes etiológicos, sendo este por Leptospirose e 71% (134/189) dos casos foram encerrados como SRAG sem etiologia especificada. Os meses de maior ocorrência da doença foram março, abril e maio em 2015 e abril, maio e junho em 2016 (Figura 1). Figura 1. Distribuição dos casos notificados de SRAG e etiologia, Ceará, 2015, 2016 e 2017* Os casos isolados de SG que forem atendidos em unidades sentinelas e triados para coletas de amostras, devem ser registrados no SIVEP-Gripe. Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde | Núcleo de Vigilância Epidemiológica | Secretaria da Saúde do Estado do Ceará Av. Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema, Fortaleza, Ceará - CEP: 60.060-440 Fone: (85) 32195539/ 31015215 | Site: www.saude.ce.gov.br | E-mail: [email protected] Boletim Epidemiológico Influenza e vírus respiratórios 26 de maio de 2017 | Página 2/4 DEFINIÇÃO DE SURTO Surto de Síndrome Gripal Comunidade fechada, semifechada ou em ambiente hospitalar Ocorrência de pelo menos três casos de SG ou óbitos confirmados para influenza, observando-se as datas do início dos sintomas e com vínculo epidemiológico, e que tenham ocorrido no mínimo 72 horas após a admissão. NOTIFICAÇÃO Todos os pacientes internados ou pessoas que evoluem à óbito por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) devem ser notificados no Sinan influenza Web. Surto de SG, notificado de forma agregada no módulo de surto do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN NET), assinalando, no campo Código do Agravo/Doença da Ficha de Investigação de Surto, o CID J06. NÃO DEVEM NOTIFICADOS: Entre 2009 e 2017*, o ano com maior número de registros de SRAG foi 2011, com 859 casos. Em 2012, dos 562 casos notificados de SG e SRAG, 24% (140/562) foram causados pelo vírus influenza. A maior incidência de SRAG foi em 2016 com 1,20 casos por 100.000 habitantes. A maior letalidade entre os casos de SRAG por influenza registrada, foi no ano de 2011 com 50%, seguido pelo ano de 2010 com 43,8% (Tabela 2). Tabela 2. Série histórica dos casos de SG e SRAG, Ceará, 2009 - 2017* 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017* Total Notificados Casos 224 83 859 562 467 164 252 540 80 3231 Detectados influenza Síndrome Gripal SRAG SRAG por outros vírus/ agentes etiológicos SRAG não especificada Incidência SRAG 123 54 69 155 30 14 16 67 23 21 2 26 140 87 53 86 116 56 60 61 41 19 22 29 85 34 51 54 134 31 103 55 40 20 20 29 732 336 396 562 0 0 0 3 195 96 147 375 19 835 0,81 0,19 0,02 0,63 0,65 0,26 0,59 1,20 0,23 - Óbitos de SRAG por influenza Óbitos em investigação Óbitos de SRAG por outros vírus/ agentes etiológicos 2 7 1 12 13 2 0 17 3 57 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 23 1 24 Total de óbitos por SRAG Letalidade - influenza 2 7 1 12 13 2 0 40 4 81 2,9 43,8 50,0 22,6 21,7 9,1 0,0 16,5 15,0 14,4 Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. Entre 2009 e 2017, os casos de SRAG por influenza representaram, em média, 21,7% das notificações, registrando a maior proporção em 2012 com 37,2%. O número de casos de SRAG não especificada tem maior representatividade, ao longo do período apresentou média de 32,1% com destaque para o ano de 2016 onde 70% das notificações foram por essa categoria. Figura 3. Proporção dos casos de SRAG segundo a etiologia, Ceará 2009 a 2017* SER Casos isolados de SG, com ou sem fator de risco para complicações pela doença, inclusive aqueles para as quais foi administrado o antiviral. Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde | Núcleo de Vigilância Epidemiológica | Secretaria da Saúde do Estado do Ceará Av. Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema, Fortaleza, Ceará - CEP: 60.060-440 Fone: (85) 32195539/ 31015215 | Site: www.saude.ce.gov.br | E-mail: [email protected] Boletim Epidemiológico Influenza e vírus respiratórios 26 de maio de 2017 | Página 3/4 Imunização É realizada anualmente para prevenção da doença; Pode ser administrada antes da exposição ao vírus e é capaz de promover imunidade efetiva e segura durante o período de circulação sazonal do vírus; A composição é atualizada a cada ano através dos dados epidemiológicos que apontam o tipo de cepa do vírus influenza que está circulando de forma predominante nos hemisférios Norte e Sul; A estratégia de vacinação no país é direcionada aos grupos prioritários com predisposição para complicações da doença e a vacina é administrada anualmente. Distribuição dos casos de SRAG por influenza, segundo o município de residência entre os anos de 2014 a 2017* Em 2014, 30 (16,3%) municípios notificaram casos, 5 (2,7%) confirmaram casos de SRAG por influenza e 1 (0,5%) município teve 1 (0,6%) óbito. Em 2015, 33 (17,9%) municípios notificaram casos, 7 (3,8%) confirmaram casos de SRAG por influenza e não houve óbitos. Em 2016, 29 (15,7%) municípios notificaram casos de SRAG, 12 (6,5%) municípios confirmaram casos de SRAG por influenza e 13 (7%) municípios tiveram óbitos (Figura 4). Em 2017, 4,8% (9/184) dos notificaram os 80 casos de SRAG do Estado. Destes, 25% (20/80) foram confirmados por influenza e 15% (3/20) evoluíram à óbito em 2 municípios. Figura 4. Distribuição geográfica dos casos notificados, confirmados e óbitos de SRAG por influenza, por município de residência, Ceará, 2014 a 2017* Recomendações para instituições fechadas e hospitais de longa permanência • Vacinar anualmente todos os residentes e funcionários. •Realizar coleta de amostra para diagnóstico de influenza em caso suspeito, até que se tenham, no mínimo, dois casos confirmados. • Realizar busca ativa diária até pelo menos uma semana após a identificação do último caso. • Realizar quimioprofilaxia nos casos elegíveis, de acordo com orientações do Protocolo de Tratamento de Influenza (2015). • Implementar medidas de prevenção – precaução padrão e precaução de gotículas e aerossóis para todos os residentes e internados com suspeita ou confirmação de influenza por 7 dias após o início dos sintomas ou por até 24 horas após o desaparecimento da febre e dos sintomas respiratórios. • Isolamento em quarto privativo ou, quando não disponível, isolamento de pessoas com sintomas compatíveis. • Evitar visitas. Caso ocorram, usar EPI de acordo com a situação. Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. Análise dos óbitos por SRAG, segundo o agente etiológico. Ceará, 2017* No Ceará, até a SE 18/2017 (01/01 - 06/05/2017), foram registrados 7 casos de SRAG que evoluíram para o óbito. Dentre estes, 42,8% (3/7) foram causados por influenza, 14,2% (1/7) pelo vírus sincicial respiratório e 42,8% (3/7) não tiveram a etiologia da causa do óbito especificadas (Tabela 2). Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde | Núcleo de Vigilância Epidemiológica | Secretaria da Saúde do Estado do Ceará Av. Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema, Fortaleza, Ceará - CEP: 60.060-440 Fone: (85) 32195539/ 31015215 | Site: www.saude.ce.gov.br | E-mail: [email protected] Boletim Epidemiológico Influenza e vírus respiratórios 26 de maio de 2017 | Página 4/4 Tratamento Em pacientes com condições e fatores de risco para complicações e com SRAG, o antiviral deve ser prescrito nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas. O Tamiflu apresenta benefícios, mesmo se iniciado após 48 horas do início dos sintomas. A prescrição do Tamiflu é feita em receituário simples. O medicamento está disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS). A maior letalidade entre os casos de SRAG por influenza registrada, foi no ano de 2011 com 50%. No ano de 2017, até a SE 18 a letalidade encontra-se em 15% (Figura 5). Tabela 3. Distribuição dos casos e óbitos por SRAG segundo a etiologia, 2017* Casos de SRAG Casos % Óbitos % Influenza 20 25 3 42,8 VSR Não especificado Em investigação 29 19 12 36,25 23,75 15 1 3 - 14,2 42,8 - Total 80 100 7 100 Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. Figura 5. Casos, óbitos e letalidade por influenza. Ceará, 2009 a 2017* O tratamento com Tamiflu NÃO é contraindicado na gestação e sua segurança foi comprovada. Coleta de amostras Síndrome gripal (SG) – a coleta deve ser realizada nas unidades sentinelas mediante o cumprimento da definição de caso, oportunidade de coleta (ate o 7º dia do início dos sintomas). Síndrome respiratória aguda grave (SRAG) – a coleta deve ser realizada em todos os casos de SRAG hospitalizados, incluindo os casos em UTI em unidades de saúde sentinelas da influenza. Surto de SG – devem ser coletadas amostras clínicas de no máximo 3 casos de SG que estiverem até o 7° dia de início dos sintomas. Em situações de surto, as coletas de amostras clínicas devem ser realizadas na unidade de saúde mais próxima ou dentro do próprio ambiente, se houver condições de minimizar a transmissão do agente infeccioso durante o procedimento. Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. O maior número de casos registrados de influenza em 2017 ocorreu entre as mulheres (60%). As faixas etárias de maior ocorrência foram de 1 a 4 anos de idade e acima de 60 anos (20% cada). Os óbitos ocorreram em sua totalidade entre as pessoas do sexo feminino nas faixas etárias de 1 a 4 anos, de 30 a 39 anos e acima de 60 anos de idade (33,3% cada). Quanto a situação vacinal, 40% dos casos e um terço dos óbitos não haviam sido vacinados contra a influenza (Tabela 4). Tabela 4. Sexo, faixa etária e situação vacinal dos casos e óbitos por influenza, Ceará, 2017* Elaboração: Thaisy Ricarte GT imunopreveníveis Equipe de revisão: Daniele Rocha Queiroz Lemos Sheila Maria Santiago Borges Sarah Mendes D'Angelo NUVEP/ COPROM/ SESA Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde | Núcleo de Vigilância Epidemiológica | Secretaria da Saúde do Estado do Ceará Av. Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema, Fortaleza, Ceará - CEP: 60.060-440 Fonte:|SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão. Fone: (85) 32195539/ 31015215 | Site: www.saude.ce.gov.br E-mail: [email protected] Fonte: SESA/COPROM/NUVEP. *Dados sujeitos à revisão.