Informativo do GOA #3 - Departamento de Física - Centro de Ciências Exatas - UFES - Setembro/Outubro 2009 - www.cce.ufes.br/goa As grandezas celestes estão mais ligada a nós, habitantes deste pontinho que gira em torno do Sol, do que pensamos. Muitas pessoas nunca puderam ver mais do que “meia dúzia” de estrelas. Para elas o céu não faz sentido. Não compreendem que “perder o Norte” ou "desnorteado" tem algo a ver com as estrelas. Também não sabem por que as Três Marias têm esse nome no Brasil e em outras culturas recebem outros nomes, como Três Reis Magos (Three Kings) ou cinturão de Órion. Alguns processos naturais só podem acontecer durante a escuridão da noite, como por exemplo o repouso e transpiração em algumas plantas. Outros ainda são prejudicados pela luz noturna, como a orientação dos animais migratórios. Por estas razões, a escuridão criada por humanos (luminárias externas, anúncios publicitários, indústrias, aeroportos, etc.) que interfere nos ecossistemas, na saúde, ilumina a atmosfera das cidades e prejudica a contemplação do céu noturno. Quem não observou a grande bolha de luz que se forma ao se aproximar de uma cidade à noite? Surpreendentemente quem mais sofre com isso não são os astronômos, mas o bolso do cidadão, que trabalha mais para pagar um desperdício que não é seu. Estima­se que até 40% da iluminção pública seja desperdiçada dessa forma. A PL é mais um dos efeitos negativos da revolução industrial e do consumismo. Mas os astrônomos são seres inteligentes. Com a ajuda das diversas áreas, tentam resolver este problema construindo observatórios em locais inóspitos e altos, usam filtros especiais para amenizar essa interferência, colocam telescópios no espaço. Tudo para trazer tão belas imagens e informações que aguçam a curiosidade humana, além Mestre Alvaro Vitória de gerar novas tecnologias. S e rra Mas isso é caro. É preciso apagar as luzes ou usá­las de maneira eficiente e não Foto: Marcio Malacarne. Janeiro de 2007 fechar os olhos para mais Foto da Poluição Luminosa emitida pela Grande Vitória tirada no GOA este problema. possui tanta importância quanto a luz do Calma! Os astrônomos não estão dia para a vida em nosso Planeta. Perder o loucos. Eles não querem deixar todos na contato com o céu é perder a conexão com escuridão. Embora muitas sociedades a Natureza e sua herança cultural de primitivas prefiram essa forma de vida, o milhares de anos. desenvolvimento sem limites da Esse problema tem um nome: globalização leva seu modelo a todos os Poluição Luminosa (PL). A PL é um tipo cantos do Planeta, impondo sua forma de poluição gerada pela luz excessiva destrutiva, que se faz sentir tanto na Terra quanto no céu. Existem muitas formas inteligentes de minimizar este efeito. Uma Imagem composta da PL à noite. Fonte: NASA delas é usar a iluminação pública utilizando lâmpadas mais eficientes, apontando os candeeiros para o chão, etc (veja mais em www.cce.ufes.br/goa e www.silvestre.eng.br/astronomia). Para conscientizar as pessoas para este problema, o Ano Internacional da Astronomia no Brasil lançou uma campanha contra a Poluição Luminosa denominada “Maratona da Via­Láctea”. O GOA participará dessa campanha (veja abaixo). Nesses dias o visitante, por meio de comparação, dará uma nota para o céu de sua cidade e o resultado será usado para criar um inventário nacional e mostrar para os órgãos responsáveis a existência desse problema. Se não solucioná­lo, haverá o dia em que os jovens vão mesmo acreditar que as estrelas têm cinco pontas. DATAS DA CAMPANHA 16 e 18 de Setembro, quarta e sexta­feira, 19h­21h, Observatório Goiabeiras (UFES), caso o céu não esteja nublado. O Céu da Estação Nos aproximamos do dia 22 de setembro, data do equinócio que marca o início da primavera, e a cada noite a constelação do Escorpião se põe mais cedo, “mergulhando” no horizonte Oeste. Dá assim lugar à constelação de Órion, que nasce simultaneamente no horizonte Leste. A posição do Sol desfavorecerá a observação da constelação­guia Cruzeiro do Sul que, ao se pôr cada vez mais cedo, deixará apenas as duas estrelas apontadoras atrás de si. O intenso brilho branco­ amarelado de Júpiter na constelação de Capricórnio nos acompanhará até o fim do ano (veja Carta Celeste). Neste bimestre as noites de 02/09, 29/09 e 26/10 e 27/10 trarão a Lua bem próxima do planeta no céu, ofuscando um pouco do seu brilho, mas compondo com ele um belo espetáculo. Aqueles que puderem observar o céu de um local com pouca poluição Pr i m a v e r a c o m J ú p i t e r Júpiter com três de seus satélites vistos através de um telescópio amador. Foto: Wikipedia luminosa, poderão procurar inicialmente constelação do Tucano, bem próximo à pela Pequena Nuvem de Magalhães, e Pequena Nuvem, assim como os mais tarde pela Grande Nuvem de aglomerados M6 (ou “Aglomerado da Magalhães, próximas ao horizonte Sul. Borboleta”) e M7, próximos à cauda do Elas parecem nuvens da atmosfera bem Escorpião. apagadas, mas são ambas galáxias. Venha ver as luas de Júpiter ao Com o auxílio de binóculos ou telescópio! O Observatório Astronômico telescópios, podemos divisar melhor as em Goiabeiras fica aberto todas as sextas­ duas “nuvens”. Podemos também feiras em que o céu não estiver nublado, encontrar o aglomerado 47 Tucanae na das 19h às 21h. Tel.: 4009­2484. XI Mostra de Física A Física como você nunca viu! Foto: Túlio Permino ­ X Mostra de Fisica Em outubro acontecerá a XI Mostra de Física. Serão 3 dias com palestras, exposições e salas temáticas, onde serão abordados os mais diversos temas da Física. O maior público da mostra sempre foi alunos de ensino fundamental. Esse ano com o tema central “Limites e Fronteiras” a proposta é atrair um público diversificado, levando temas mais atuais e polêmicos da pesquisa científica. O evento será realizado no IC­1, localizado no Campus Universitário de Goiabeiras, nos dias 21, 22, 23, paralelamente a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, esta realizada no IFES, antigo CEFET­ES. Em cada sala do prédio serão montados experimentos para demonstrar fenômenos físicos de áreas como Física Moderna, Electromagnetismo, Física Ondulatória, etc., sendo cada sala destinada a uma área. Na X Mostra de Física, ocorrida no ano passado, duas novas salas foram criadas, ou recriadas, a sala de Astronomia e a sala de Cosmologia. Na primeira a poluição luminosa, tema explorado pelo Ano Internacional da Astronomia, será levada como uma fronteira nos atuais métodos de prática e pesquisa astronômica e astrofísica. Enquanto a sala de Cosmologia, linha de pesquisa de diversos professores do Departamento de Física, explorará a origem, estrutura e evolução do universo. Como de tradição, a mostra é completamente organizada por alunos da graduação em Física com o apoio do Centro Acadêmico Livre da Física Galileu Galilei (CAFIS) e de professores do departamento de Física. Para maiores informações: Tel: 27 4009­7728 Dicionário de A s t ro n o m i a Efemérides A s t ro n ô m i c a s Nome dado aos livros ou tabelas que contêm previsões de fenômenos celestes e posições de astros segundo os cálculos dos astrônomos. No decorrer da história da Astronomia, as efemérides sempre foram importantes para testar os modelos que descrevem os movimentos dos astros. Se as previsões se verificam temos um bom modelo, senão, novos modelos precisam ser criados para melhor descrever as revoluções celestes. Tais tabelas podem ser facilmente encontradas mediante uma busca na internet, e através das informações encontradas podemos antecipar as datas ideais para observar os planetas e suas conjunções, a passagem de cometas, a ocorrência de chuvas de meteoros, as fases da Lua, os eclipses, as laçadas dos planetas,etc. Carta Celeste Carta gerada com os programas livres Stellarium, GIMP e Inkscape. Longe da PL das cidades é possivel ver 2 manchas na direção Sudeste, a Pequena e a Grande Nuvem de Magalhães (PNM e GNM). Como Ultilizar a Carta Celeste Para boa parte do Brasil, esta carta representa a posição aproximada dos astros no céu nas seguintes datas: Início de Setembro 23h30min Setembro para Outubro 21h30min Final de Outubro 19h30min Para entender a carta, posicione-a sobre a cabeça e observe de baixo para cima. A linha tracejada (o Equador Celeste) representa o limite entre o Hemisfério Celeste Sul e o Hemisfério Celeste Norte, é a projeção da Linha do Equador terrestre no céu. Os nomes dos Astros estão com inicial maiúscula e os das CONSTELAÇÕES em caixa alta. As principais estrelas das constelações tradicionais ocidentais visíveis nesta carta estão unidas por traços. A "mancha azulada" é a Via Láctea, a nossa galáxia, que infelizmente não conseguimos vizualizar das cidades devido à Poluição Luminosa. C r u z a d a s A s t ro n ô m i c a s N o t a d e Re p ú d i o As duas primeiras edições do Observativo, informativo do GOA, com tiragem de 2.000 cópias cada, com papel reciclado, distribuído para mais de 800 escolas, foram suportadas pelo CNPq, um dos nossos apoiadores Nas duas ocasiões solicitamos à UFES a impressão dessa mesma quantidade, como contra­ partida do projeto. Como a UFES não faz cópias coloridas, foi solicitado a impressão fora da UFES. Na primeira tentativa não havia contrato com gráfica externa, na segunda nossa equipe não aceitou o valor de R$ 3.100,00 para impressão de 2.000 cópias, uma vez que Nesta edição pode­se encontrar as respostas para as perguntas nos textos. Horizontais: Verticais: 2­Evento anual organizado pelos alunos de Física da UFES para o público; 4­Linha que marca o limite entre o Hemisfério Celeste Norte e o Hemisfério Celeste Sul: (...); 9­Planeta visível no início da noite desta primavera; 12­Ramo da Astronomia que estuda a origem, estrutura e evolução do Universo; 13­Programa livre que simula um planetário e gera cartas celestes; 14­A luz da iluminação pública deve ser dirigida para o (...). Respostas em www.cce.ufes.br/goa 1­Constelação­guia cuja visibilidade é desfavorecida na primavera do Hemisfério Sul; 3­Tabela ou Calendário Astronômico: (...) Astronômicas; 5­Constelação zodiacal onde atualmente visualizamos o planeta Júpiter; 6­O aglomerado M6 também é conhecido como Aglomerado da (...); 7­Nome da nossa galáxia; 8­Tipo de poluição atmosférica; 10­Aglomerado de estrelas visível próximo à Pequena Nuvem de Magalhães: 47 (...); 11­Apelido do novo Observatório Astronômico da UFES em Fundão. Cordel do GOA O céu tem muitas estrelas juntas são constelações algumas brilham o ano inteiro outras só no verões desse novo observatório de casa ou do escritório faremos observações pagamos R$ 755,00 para a gráfica privada. Sendo a reitoria informada do valor tão alto, ela nos informou que o motivo é que a UFES não trabalha com papel reciclado e que o valor está dentro dos valores da licitação. Porém, esquece a reitoria que o material reciclado é mais caro exatamente devido a pequena de­ manda. Também nos questionamos por que a UFES faz contratos com gráficas e não compra seu próprios equipamentos? Ainda esperamos a sua contrapartida para impressão deste informativo. Errata! No Observativo #2 a resposta da 10ª pergunta das Cruzadas Astronômicas estava errada, a resposta correta é Nuvem de Magalhães. Receba o Observativo! Cadastre­se e receba em casa o Observativo: www.cce.ufes.br/goa. Diretor do CCE-UFES: Armando Biondo. Equipe GOA: Bolsistas: Conrado Adverci, Karina Costa, Lívia Melina, Mário De Prá, Nikolai B. S. Neves, Rodrigo Hulle e Coordenação: Marcio Malacarne. Textos, projeto gráfico e diagramação: Equipe GOA. Revisão: Flávio Gimenes Alvarenga. Realização Parceria Apoio Contato: (+55 27) 4009 2484 www.cce.ufes.br/goa [email protected], Av. F.Ferrari, 514, Cep 29075-910, Vitória-ES. Este impresso foi criado usando ecofontes e programas livres: Ubuntu, Gimp, Scribus, Inkscape, OpenOffice, etc. Tiragem: 2000 cópias.