TECNOLOGIA SOCIAL Senhor Presidente, Senhores Líderes de Partido, Nobres Deputadas e Deputados: Há muito se discute no contexto da sociedade brasileira sobre os problemas sociais que assolam as comunidades mais carentes e, mais do que isso há muito se tem implementado ações nas mais diferentes áreas com vistas a sua superação. Infelizmente o que temos presenciado é a permanência de vários problemas sociais que, com toda certeza, contribuem para o acirramento das desigualdades sociais. Se por um lado avançamos em conhecimentos científicos e tecnológicos, colocando o país em posição favorável de crescimento econômico, não conseguimos equacionar problemas que afligem a vida de muitos brasileiros. Tenho a convicção de que a responsabilidade é de todos nós. Porém, aceitar essa responsabilidade não é o bastante. É preciso fazer mais, o que implica na conjugação de esforços do governo e da sociedade civil organizada, em assumir efetivamente o compromisso de investir na inovação de tecnologias e de compartilhar das experiências positivas, como possibilidades concretas de desenvolvimento social. Surge então um componente fundamental para o que se pretende discutir nesse momento: o da Tecnologia Social que compreende “produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação e está baseada na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras”. No Brasil existem 485 entidades do governo e da sociedade civil, membros da Rede de Tecnologia Social, que já difundem e reaplicam essas soluções com resultados positivos na emancipação de comunidades em situação de exclusão social. É importante destacar que as tecnologias sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Dentre as apresentadas, ressaltamos a valorização do saber popular e a participação da Universidade que muito pode contribuir na produção e disseminação de novos conhecimentos a partir da interface com a sociedade, por meio de pesquisas e atividades de extensão voltadas para os problemas cotidianos. São exemplos de tecnologia social: o clássico soro caseiro, uma mistura de água, açúcar e sal que combate a desidratação e reduz a mortalidade infantil, as cisternas de placas pré-moldadas que atenuam os problemas de acesso a água de boa qualidade à população do semi-árido, o projeto de saneamento básico rural em assentamentos da reforma agrária no entorno do Distrito Federal e em Minas Gerais, o manejo de camarão de água doce, em Gurupá (PA), entre outros. Para aprofundarmos a discussão sobre o uso de tecnologias sociais como estratégia de desenvolvimento social do país, foi criada uma subcomissão especial sobre o tema na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados que irá analisar as iniciativas governamentais já existentes e as possibilidades de regulação legislativa do tema, alem de realizar audiências públicas para debater o assunto com a participação da sociedade civil. O objetivo é “criar um projeto de lei que trate do conceito de tecnologia social, do método de reconhecimento, do cadastramento, do financiamento e da proteção de experiências e da adoção perene dessas iniciativas em ações de política pública”. Por isso, se a política pública é uma resposta aos problemas da sociedade, constituindo-se num conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais e configurando-se num compromisso público, deve-se ter a clareza de que o problema social existe e que precisa ser resolvido. Precisamos então buscar conjuntamente a melhor maneira de enfrentá-lo, para então legislar sobre a matéria, pois formulada a política pública deve-se institucionalizar as mudanças necessárias. Mudanças essas que não poderão acontecer de forma isolada e/ou compartimentalizada, mas de forma integrada em termos de ações governamentais para transferência e geração de renda, com vistas à obtenção de resultados mais efetivos. Esse é o caminho! WALDIR MARANHÃO DEPUTADO FEDERAL PP/MA 09/08/2007