O TRABALHO DO ENFERMEIRO NO AMBIENTE DAS UTIs

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA
Mestrado Profissional em Terapia Intensiva
MAYANA DANIELLE ALMEIDA BARBOSA
O TRABALHO DO ENFERMEIRO NO AMBIENTE DAS UTI’s: A IMPORTÂNCIA
DA HUMANIZAÇÃO NO DESEMPENHO EFETIVO DAS ATIVIDADES
VITÓRIA
2013
1
MAYANA DANIELLE ALMEIDA BARBOSA
O TRABALHO DO ENFERMEIRO NO AMBIENTE DAS UTI’s: A IMPORTÂNCIA
DA HUMANIZAÇÃO NO DESEMPENHO EFETIVO DAS ATIVIDADES
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado ao Instituto Brasileiro de
Terapia Intensiva - IBRATI como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre
em Unidade de Terapia Intensiva.
Orientador:
VITÓRIA
2013
2
MAYANA DANIELLE ALMEIDA BARBOSA
O TRABALHO DO ENFERMEIRO NO AMBIENTE DAS UTI’s: A IMPORTÂNCIA
DA HUMANIZAÇÃO NO DESEMPENHO EFETIVO DAS ATIVIDADES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva IBRATI como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Unidade de Terapia
Intensiva
Aprovada em ____ de ____________ de 2013.
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O TRABALHO DO ENFERMEIRO NO AMBIENTE DAS UTI’s: A IMPORTÂNCIA
DA HUMANIZAÇÃO NO DESEMPENHO EFETIVO DAS ATIVIDADES
Mayana Danielle Almeida Barbosa 1
2
RESUMO
O trabalho do enfermeiro, se não gerenciado de forma efetiva, tende a constituir
uma atividade que, pode proporcionar diversos problemas, seja no desempenho
da função da enfermagem, seja no bem-estar do profissional ou na recuperação
do paciente. Esta realidade inglória pode ser vivenciada em todas os locais em
que profissionais da saúde desempenham serviços de assitência a enfermos,
principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), em que os pacientes
estão em estados de saúde mais críticos, o que leva os profissionais a adquirir
uma série de transtornos emocionais, além da sobrecarga de trabalho, falta de
recursos, preparo e capacitação para o desempenho efetivo da profissão. Neste
contexto, este estudo objetivou-se apresentar alternativas que minimizem as
dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros nas UTIs, de forma a garantir um
ambiente mais agradável no desempenho das atividades desempendas pelos
profissionais da enfermagem. Metodologicamente foi utilizada uma revisão na
literatura clássica desta área, sendo que, ao final da investigação teórica, concluise que, uma das alternativas mais viáveis para garantir a qualidade do serviço do
enfermeiro em UTIs é adotando o processo de humanização, já que este prepara,
motiva e desperta o profissional a atuar no ambiente de forma prazerosa, visando
controlar o estado físico e mental de todos os agentes atuantes no espaço das
referidas unidades.
Palavras Chave: Enfermeiro; Enfermagem; UTI’s; Humanização; Controle
emocional.
1
Enfermeira. Coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva do Instituto da Clínica de
Acidentados de Vitória . Especialista em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva pela
Escola de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória-ES (EMESCAM) . Email:
[email protected]
2
4
1 INTRODUÇÃO
A enfermagem é uma das áreas mais propensas a desenvolver nos profissionais,
problemas que afetam o estado psicológico, em virtude do contato direto e
constante com pacientes que se encontram em processo de controle, diagnóstico
e recuperação da saúde.
Esta assertiva pode ser confirmada de acordo com os resultados de uma pesquisa
realizada em Londres, na qual comprovaram que havia um alto índice de tensão,
angústia e ansiedade entre os enfermeiros, fatores estes que ocasionavam as
constantes faltas, abandono de trabalho, mudanças de emprego e problemas de
saúde (MARTINS, 2003).
Esta realidade comprovada na pesquisa supracitada pode ser explicada pelo fato
de ser o trabalho da enfermagem repleto de peculiaridades que atingem o estado
físico e psíquico do indivíduo, comprometendo o rendimento profissional, bem
como a motivação em realizar de forma efetiva as atribuições, competência e
delegações a ele direcionadas.
A situação de trabalho do enfermeiro sucinta a sentimentos fortes e contraditórios,
tais como: piedade, compaixão, amor, culpa, ansiedade, ódio e ressentimentos
contra os pacientes que fazem emergir estes sentimentos fortes (MARTINS,
2003).
A situação se torna ainda mais complexa e delicada, quando a atividade do
enfermeiro se entende ao universo das Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s)
locais em que os pacientes estão acometidos por doenças e em situações das
mais graves.
De acordo com Gomes (1988), o trabalho em UTI é complexo e intenso, devendo
o enfermeiro estar preparado para qualquer momento, atender pacientes com
alterações hemodinâmicas importantes, as quais requerem conhecimento
específico e grande habilidade para tomar decisões e implementá-las em tempo
5
hábil. Desta forma, pode-se supor que o enfermeiro desempenha importante papel
no âmbito da Unidade de Terapia Intensiva.
Deste modo, o referido autor destaca que apesar do grande esforço que os
enfermeiros possam estar realizando no sentido de humanizar o cuidado em UTI,
esta é uma tarefa difícil, pois demanda atitudes às vezes individuais contra todo
um sistema tecnológico dominante. A própria dinâmica de uma UTI não possibilita
momentos de reflexão para que seu pessoal possa se orientar melhor, no entanto
compete a este profissional lançar mão de estratégias que viabilizem a
humanização em detrimento a visão mecânica e biologicista que impera nos
centros de alta tecnologia como no caso das UTI’s.
Neste contexto, a atuação do Enfermeiro em Ambientes de Terapia Intensiva
(UTIs), no sentido de trabalhar a humanização do espaço, constitui o objeto
central deste estudo. Dissertará sobre o papel da enfermagem nas UTIs visando a
constituição de um espaço acolhedor, humanitário e motivador.
Diante destas problemáticas oriundas da atuação do enfermeiro nos espaços das
UTI’s é que se despertou a motivação em elaborar este artigo de revisão, o qual
pretende responder ao seguinte questionamento: Como melhorar o desempenho
das atividades realizadas pela equipe de enfermagem nas Unidades de Terapia
Intensiva (UTI)?
O presente artigo tem com objetivo realizar uma revisão bibliográfica a cerca das
alternativas que buscam minimizem as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros
nas UTI’s, de forma a garantir um ambiente mais agradável no desempenho das
atividades desempenhas pelos profissionais da enfermagem.
No que se refere aos caminhos utilizados para se atingir este fim, elaborou-se os
objetivos de natureza intermediária, quais são: caracterizar o trabalho do
profissional da enfermagem; contextualizar o ambiente das UTI’s e as dificuldades
enfrentadas pelos usuários da unidade; apresentar a interferência do fator
emocional na prática dos trabalhos desenvolvidos pelos enfermeiros; demonstrar a
6
importância da humanização no êxito das atividades desenvolvidas por
profissionais da área médica e seus pacientes.
Quanto aos procedimentos metodológicos utilizar-se-ão os procedimentos de
revisão bibliográfica que visam a reconhecer a realidade e justificar os argumentos
propostos neste estudo, sendo necessário recorrer a consultas de livros,
periódicos e artigos científicos que retratam assuntos similares e relacionados com
o objeto estudado, que é o papel do enfermeiro e a humanização nas UTI’s.
Esta investigação aprofundada nas reflexões dos teóricos especializados é o que
se chama de Levantamento Bibliográfico, sendo que esta investigação se
preocupa em coletar dados qualitativos, formulados por pesquisadores de renome
na comunidade científica, de forma a trazer a resposta precisa sobre o que se
pesquisa. Este tipo de pesquisa é constituída de consultas atuais na internet, em
estudos informativos, livros e artigos (ANDRADE, 1999, p. 45).
7
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM E SUAS CONSTANTES ATIVIDADES
O profissional da enfermagem é um agente interventor na recuperação da saúde,
oferecendo os mais diferenciados serviços de assistência a pacientes quanto a
outros profissionais da área da saúde, exercendo suas atividades por meio do
trabalho colaborativo, receptivo e assistencial.
As funções de um enfermeiro são determinadas pelo campo da enfermagem, uma
área que sempre esteve em expansão nas sociedades com o passar dos tempos.
Este campo do conhecimento compreende um conjunto de atividades que visavam
colocar o ser humano doente nas melhores condições para que a própria natureza
o curasse. Portanto, o indivíduo é o eixo norteador do trabalho da enfermagem no
sentido de que esta atividade constitui um serviço humanitário, centralizado nas
atividades de prestar assistência às necessidades do ser humano, estando este
predominantemente no ambiente hospitalar (ABDELLAH, 1971).
O mesmo autor defende que os elementos que constituem a natureza do trabalho
de enfermagem são o ser humano como receptor dos cuidados, os agentes que
prestam esses cuidados, a finalidade, os meios para ação e o meio social e
ambiental onde ela se processa.
Esta vivência profissional tem vários caminhos a serem percorridos na arte do
cuidar, sendo que essas possibilidades proporcionam ao profissional vivenciar, na
sua prática diária, um cuidado extremamente técnico, no qual não há lugar para
emoções, envolvimentos pessoais do paciente/cliente com o profissional e viceversa (BRANDÃO; BASTOS, 2001). Mas esta conduta imparcial do profissional,
pode ser vista sob outra ótica, pois o especialistas divergem opiniões, no que
tange à receptividade, incentivo e motivação, funções estas que também podem
ser adotadas pelo enfermeiro, visando a recuperação do doente.
8
2.2 GÊNESE E EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM: BREVES CONSIDERAÇÕES
Historicamente a enfermagem tem uma trajetória bem extensa sendo iniciada
desde o aparecimento das primeiras civilizações, já que o ser humano se
submetia a situações de alta periculosidade na busca pela sobrevivência, além do
contágio com agentes causadores de doenças, desenvolvendo uma enfermidade
que o submetia a cuidados de um profissional mais especializado em diagnosticar
e manter a saúde dos indivíduos.
Neste sentido, a profissão do enfermeiro e sua área de atuação durante a
sociedade dos primórdios, estava restrita ao papel desempenhado pela figura
feminina, que além de zelar pelo ambiente familiar, tinha responsabilidade e
hábitos de preservação da saúde dos indivíduos:
A profissão surgiu do desenvolvimento e evolução das práticas de saúde
no decorrer dos períodos históricos. As práticas de saúde instintivas (por
instinto) foram as primeiras formas de prestação de assistência. Numa
primeira fase da evolução da civilização, estas ações garantiam ao
homem a manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem,
associadas ao trabalho feminino, caracterizado pela prática do cuidar nos
grupos nômades primitivos, levando em linha de conta a espiritualidade
de cada um relacionada com a do grupo em que vivia (ANDRADE, 2008,
p. 2).
Porém, como o domínio dos meios de cura passaram a significar poder, o gênero
masculino (o homem), aliando este conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal
poder e se apoderou dele (ANDRADE, 2008).
Reportando-se ao período do Medievalismo, a prática da enfermagem se estende
à religião, tendo a comunidade clerical todo reconhecimento para prestar
assistencialismo a enfermos:
As práticas de saúde medievais focalizavam a influência dos fatores
socioeconômicos e políticos do medieval e da sociedade feudal nas
práticas de saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta época
corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga,
desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido
9
entre os séculos V e XIII (CAMPOS, 1983, p. 18).
Segundo o autor supracitado, esta foi uma fase que deixou como legado uma
série de valores que, com o passar dos tempos, foram aos poucos legitimados e
aceitos pela sociedade como características inerentes à Enfermagem. A
abnegação, o espírito de serviço, a obediência e outros atributos que dão à
Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de sacerdócio.
Em contrapartida, mesmo diante de toda esta evolução da enfermagem,
abarcando os diferentes períodos históricos, é somente no Século das Luzes 3,
com o avanço das ciências, que a enfermagem ganha um novo perfil, adquirindo
características muito próximas do que se vive na contemporaneidade:
O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É
na reorganização da Instituição Hospitalar e no posicionamento do
médico como principal responsável por esta reordenação, que vamos
encontrar as raízes do processo de disciplina e seus reflexos na
Enfermagem, ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa
até então (CAMPOS, 1983, p. 48).
Ainda se focando na reflexão de Campos (1983), naquela época, estiveram sob
piores condições, devido a predominância de doenças infecto-contagiosas e à
falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes. Os ricos continuavam a ser
tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, além de não terem esta
alternativa, tornavam-se objeto de instrução e de experiências que resultariam
num maior conhecimento sobre as doenças em benefício da classe abastada.
É neste cenário que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence Nightingale é
convidada pelo Ministro da Guerra de Inglaterra para trabalhar junto aos soldados
feridos em combate na Guerra da Criméia. Após intensa luta pelo reconhecimento
3
Referência ao século XVIII, em que se desenvolveu as ideias iluministas, afirmando que só
através da razão (ciência) o homem poderia alcançar o conhecimento, a convivência harmoniosa
em sociedade, a liberdade individual e a felicidade. A razão (ciência) era, portanto, o único guia da
sabedoria capaz de esclarecer qualquer problema, possibilitando ao homem a compreensão e o
domínio da natureza (BONOMO, 2012).
10
do direito de exercer a profissão de enfermeira, um grande acontecimento serve
como impulso para a consolidação da enfermagem no mundo e seu continuado
desenvolvimento em épocas vindouras: trata-se da formação das escolas
especializadas no ensino e formação do enfermeiro.
De acordo com Andrade (2012), nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico
foi de fato a única pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais
das suas funções poderiam colocar nas mãos das enfermeiras. Florence morre em
13 de Agosto de 1910, deixando florescente o ensino de Enfermagem.
Assim, a Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada
do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão de obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática
social institucionalizada e específica.
2.3 DEFINIÇÕES PARA ENFERMAGEM
A palavra enfermagem vem do latim, sendo composta por dois termos léxicos, a
saber: "nutrix" que significa mãe e do verbo e "nutrire" que tem como significados
criar e nutrir. Essas duas palavras adaptadas ao inglês se transformaram em
NURSE, que traduzido para o português significa enfermeira.
Conforme exposto no sítio eletrônico da UNAMA (Universidade da Amazônia,
2012), a enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser humano
e da coletividade, atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e na
reabilitação das pessoas, respeitando preceitos éticos e legais. O profissional de
Enfermagem participa como integrante da sociedade e das ações que visem
satisfazer as necessidades de saúde da população, respeitando a vida, a
dignidade e os direitos da pessoa humana, em todo seu ciclo vital, sem
discriminação de qualquer natureza.
11
No entendimento de Santos (2008), a enfermagem é a atividade de cuidar e
também uma ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano,
individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico,
desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de promoção e
proteção da saúde e prevenção e recuperação de doenças.
De acordo com Ghellere (2011), concorda com esta exposição de que a
enfermagem é o ato de cuidar, quando afirma que o cuidar é a essência da
enfermagem, constituindo pilar profissional e foco central das ações gerenciais e
assistenciais dos enfermeiros. Com base na importância do cuidar na profissão de
enfermagem, estruturam-se as discussões sobre o cuidado e suas dimensões, as
quais, de certa forma, abrem espaço para a visibilidade do enfermeiro como
gerente na prática do cuidar.
No que tange ao agente atuando na prática da enfermagem, o enfermeiro, este
pode ser considerado como:
[...] um profissional de nível superior da área da saúde, responsável
inicialmente pela promoção, prevenção e na recuperação da saúde dos
indivíduos, dentro de sua comunidade. O enfermeiro é um profissional
preparado para atuar em todas as áreas da saúde: assistencial,
administrativa e gerencial. Dentro da enfermagem, entretanto
encontramos o auxiliar de enfermagem (nível fundamental) e o técnico de
enfermagem (nível médio) (FIGUEIREDO, 2002, p. 56).
De qualquer forma, é interessante frisar que ambos são confundidos com o
enfermeiro, mas são profissões distintas, possuindo funções específicas. O
Enfermeiro de cuidados gerais exerce todas as funções inerentes ao seu cargo,
previsto na carreira de enfermagem, não existindo desta forma dúvidas quanto á
função de cada elemento da equipa multidisciplinar (FIGUEIREDO, 2002).
12
3 CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
A enfermagem é uma profissão que se desenvolve em múltiplas localidades,
sendo necessário a atuação do enfermeiro onde haja indivíduos com a saúde
comprometida, precisando de apoio e assistência técnica para a recuperação da
saúde e/ou a prevenção contra possíveis contaminações com outras modalidades
de enfermidade.
O enfermeiro pode trabalhar individualmente em residências particulares, ou pode
atuar
coletivamente
em
instituições
hospitalares,
laboratórios
e
clínicas
especializadas, de forma interdisciplinar e colaborativa, auxiliando o trabalho de
médicos, psicólogos, fisioterapeutas, dentro outras áreas correlatas.
Dentre os vários locais que precisam da intervenção da enfermagem, um dos mais
urgentes é as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), ambientes estes que
apresentam estrutura especializadas para a recuperação de pacientes em estado
crítico de saúde. As subseções a seguir descrevem as características básicas
destas unidades estudadas nesta seção.
3.1 CONCEITUAÇÕES
O espaço denominado de Unidade de Terapia Intensiva, como a própria
nomenclatura evidencia, está a serviço de tratamento intensivo, uma vez que os
pacientes, independente do tipo de enfermidade que estão acometidos, estão em
situação grave, conseqüentemente, se faz urgente um atendimento intenso,
especializado e particular, o que, em muitas das vezes, não pode ser oferecido
nas enfermarias. Por ser um espaço em abarcar pacientes com graves problemas,
estas unidades podem ser definidas como:
[...] uma área onde os pacientes em estado grave podem ser tratados por
uma equipe qualificada, sob as melhores condições possíveis:
centralização de esforços e coordenação de atividades. Em qualquer
situação é o paciente o objetivo de uma unidade. A observação e
13
manutenção das funções básicas de vida desse paciente são as
finalidades da unidade, atingidas através de um atendimento em tempo
hábil. A este atendimento unem-se o ensino e a pesquisa, aliados a uma
boa qualidade de assistência médica e de enfermagem (PERES, 2009).
De acordo com Gomes (1978, apud GHELLERE, 2011, p. 10) as UTIs
correspondem a áreas hospitalares destinadas a pacientes em estado crítico, que
necessitam de cuidados altamente complexos e controles estritos. O tratamento
intensivo baseia-se no conceito de que, embora haja uma multidão de doenças, o
mecanismo de morte está sempre limitado a um número relativamente pequeno
de fenômenos fisiológicos, passíveis de serem influenciados.
No que concerne à privacidade, uma característica básica das UTIs é o aspecto
restrito, a oferecer um tratamento diferenciado e especializado para o paciente, já
que a unidade de terapia intensiva não é apenas um serviço com equipamento
especial: implica numa atitude particular da equipe que ali trabalha. Uma atitude
orientada para o aproveitamento das facilidades técnicas, em um contexto onde
um relacionamento humano, que ofereça segurança e um efetivo apoio emocional,
deve ser considerado como fator preponderante (GOMES, 1978, apud
GHELLERE, 2011, p. 12).
No que se refere à localidade da UTI, geralmente esta se situa próxima a uma
unidade hospitalar (em anexo), no entanto, é importante atentar a algumas
peculiaridades quanto à instalação, sendo que ela deve localizar-se próxima ao
centro cirúrgico e ao centro de recuperação, com facilidade de acesso aos
serviços auxiliares de radiologia e laboratórios. É importante que esteja bem
afastada das áreas de intensa movimentação (passagens para outros serviços ou
unidades do hospital), mas tendo fácil acesso aos elevadores. A criação de UTIs e
a busca de novos meios de atendimento ao paciente tem sido a causa de várias
tentativas de mudanças estruturais em alguns hospitais (LANZONI, 2009).
Quanto à composição das equipes que se fazem presentes nas UTIs, Chaves;
14
Porto; Veríssimo (2012) destacam que este setor possui uma equipe formada por
médicos, enfermeiros e pessoal de apoio, funcionando vinte e quatro horas por dia
durante todo o ano. Seu o objetivo é o atendimento contínuo a pacientes críticos
do ponto de vista clínico, quer sejam adolescentes ou adultos, mediante prévia
solicitação de seu médico assistente e de acordo com critérios de admissão
estabelecidos pela equipe médica da UTI, respeitados claramente a capacidade
de internamento da unidade.
Um conceito clássico e renomado para UTI vem de Arruda; Moraes (1996) quando
inferem a diferença existente entre unidade (UTI) e centro (CTI), enfatizando que
os centros de Unidades de Terapia Intensiva são setores do hospital, onde são
tratados os pacientes com risco de vida iminente e que precisam de vigilância
constante de seu estado de saúde. São palavras das pesquisadoras: "[...] os CTIs
assistem pacientes de diversas patologias de forma generalistas, ao passo que as
UTI’s tratam o paciente de forma específica a uma determinada patologia.”
Corroborando com Flávio (1984, apud CHAVES, PORTO, VERÍSSIMO, 2012) a
UTI é a unidade hospitalar para atender doentes graves e recuperáveis, com
assistência médica e de enfermagem integrais, contínuas, especializadas e
empregando equipamentos diferenciados. É ainda dotada de pessoal altamente
treinado, de métodos, recursos técnicos, área física e aparelhagem específica,
capazes de manter a fisiologia vital bem como a sobrevida do paciente. Portanto
os pacientes com indicação para internação na UTI, são pacientes de pósoperatório de qualquer cirurgia de grande porte, incluindo as neurológicas e as
cardíacas.
3.2 HISTÓRICO DAS UTIs
Historicamente, analisando a trajetória das UTIs ao longo dos tempos, pode-se
perceber que estes setores especializados não datam de tempos antigos, ao
contrário, surgiram no século XX, quando a medicina teve a ideia de separar os
15
pacientes graves dos menos graves. Nas palavras das autoras Arruda e Morrais
(1996, p. 5), " a criação de setores especializados na recuperação de paciente
com risco de vida na história da medicina é recente. Só no século passado,
pensou-se em separar doentes graves dos não graves, surgindo nesta época a
idéia da diferenciação da gravidade do estado do paciente [...]".
Em meados do referido século acima mencionado, entre os anos de 1946 e 1948,
os primeiros esboços das UTIs, anteriormente chamadas de Centros de Terapia
Intensiva (CTI) começaram a se tornar realidade. Foi por essa data, que salas de
recuperação pós anestésicas e/ou pós-operatória se tornaram os primeiros CTIs,
onde estas centralizavam um grande número de pacientes traumatizados
provenientes da II Guerra Mundial e da Coréia, executando-se cuidados
primordiais para o aumento da sobrevida (CHAVES; PORTO; VERÍSSIMO, 2012,
p. 6).
De acordo com Vila e Rossi (2002), as UTIs surgiram a partir da necessidade de
aperfeiçoamento e concentração de recursos materiais e humanos para o
atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas tidos ainda como
recuperáveis, e da necessidade de observação constante, assistência médica e de
enfermagem contínua, centralizando os pacientes em um núcleo especializado.
No âmbito brasileiro, a construção das primeiras UTIs ocorreram na década de 70,
sendo que na atualidade, as referidas unidades se encontram presente dentro do
contexto hospitalar (MALTA e NISHIDE, 2004). Contraditoriamente ao que muitos
pensavam no passado, as UTIs não constituem, nos tempos modernos, local
exclusivo para pacientes que estão à beira da morte. O local é específico para
tratar casos de doenças raras e que, devido à complexidade da doença, ou
fragilidade do paciente, a equipe médica sente a necessidade de um local
exclusivo para prestação de assistências especiais. No entendimento de Santos
(2003):
16
Até bem pouco tempo atrás, ter um parente internado em uma UTI
(Unidade de Terapia Intensiva) era sinal de poucas esperanças de
sobrevivência. Hoje, essa concepção foi totalmente mudada,
principalmente por conta dos altos investimentos dos hospitais em
tecnologia de ponta. […] antes, na maioria dos hospitais, a UTI era um
lugar em que o paciente entrava para morrer. Independente da doença de
cada um, todos permaneciam juntos, em um ambiente sem divisórias e
sem ter contato com a família. Hoje, os pacientes sabem que a UTI é um
ambiente com modernos recursos de recuperação.
Todavia, o trauma que muitos carregavam sobre as UTIs deixou de existir, e,
aliado às competências e habilidades de profissionais treinados e capacitados
para melhor realizar serviços de assistência, a unidade, deixou de ser um local de
desespero, de impossibilidade de recuperação, para se um espaço, em que todos
trabalham coletivamente e harmoniosamente para a recuperação mais rápida e
efetiva do doente.
Neste sentido, e no entendimento de Santos (2003), antes, na maioria dos
hospitais, a UTI era um lugar em que o paciente entrava para morrer.
Independente da doença de cada um, todos permaneciam juntos, em um
ambiente sem divisórias e sem ter contato com a família. Hoje, os pacientes
sabem que a UTI é um ambiente com modernos recursos de recuperação.
Quanto ao local de instalação das UTIs, que na atualidade passaram a ser
construídas nos anexos de instituições hospitalares, Alves; Filho (2009) traz uma
interessante contribuição ao afirmarem que as UTIs situa-se em uma área restrita,
estrategicamente situada próximo ao Pronto Socorro, Centro de Trauma e Centro
Cirúrgico do Hospital. Seus pacientes, em sua grande maioria, são aqueles
conveniados com o SUS (Sistema Único de Saúde). Sua equipe técnica e
administrativa
é
composta
de:
médicos
plantonistas;
médicos
diaristas;
enfermeiras; técnicos de enfermagem; auxiliares de enfermagem; oficiais de
administração; auxiliares de serviços gerais.
17
4 O FATOR EMOCIONAL NO AMBIENTE DA UTI
Trabalhar o emocional de qualquer profissional se tornou uma atividade requerida
por qualquer profissão, já que a instabilidade e pressões externas advindas de
uma sociedade competitiva e globalizada, tem despertado novas tendências que
comprometem
o
bem-estar
dos
indivíduos
inseridos
nesta
nova
era
contemporânea. Estudos feitos por Pafaro (2002) demonstrou que o aspecto
emocional pode vir a interferir no cotidiano das pessoas, prejudicando-as
dependendo do estágio, como no caso do estresse e, muitas vezes, tornando-as
alheias a seus próprios sentimentos.
Notadamente, no universo da enfermagem, desde os primórdios, o trabalho do
enfermeiro tem sido carregado de fortes pressões psicológicas, devido às
dificuldades enfrentadas pelos enfermos, durante o processo de diagnóstico e
prevenção contra doenças. Estes tormentos enfrentados pelos pacientes podem
comprometer o bem-estar psíquico do profissional que os assiste, além do
desgaste físico, que, na modernidade inquieta muitos indivíduos, como sobrecarga
de trabalho e altos níveis de stress. Nas palavras de Martino; Misko (2004, p. 162):
Na enfermagem, vive-se uma realidade de trabalho cansativo e com
muito desgaste devido à convivência com a dor e sofrimento dos clientes.
Se o indivíduo não souber equilibrar bem essa situação utilizando-se de
mecanismos de transferência, pode acometer um estado de ansiedade
que quando excede o nível mínimo leva a diminuição da capacidade de
tomar decisões, incorrendo em erros adicionais, gerando assim um
círculo vicioso, e a conseqüentes níveis progressivos de estresse.
Segundo Miranda (2008), concorda com a interferência psicológica quando afirma
que a diversidade de atividades executadas, as interrupções frequentes, os
imprevistos, o contato direto com o sofrimento e morte são fatores agravantes no
trabalho de enfermagem que, na maioria das vezes, podem conduzir ao desgaste
mental.
18
Corroborando com Rodrigues (2009) percebe-se que a crise existencial no
trabalho de enfermagem que faz com que seus profissionais experimentem
insatisfação, ansiedade, desestímulo e acomodação por não visualizarem, no
futuro, uma perspectiva de avanço que pode interferir no estado psicológico do
sujeito.
Especificamente no que concerne àqueles que desenvolvem suas tarefas em
ambientes de UTIs, onde se reina um alto nível de stress, sofrimento, tortura bem
mais elevados do que nas enfermarias e demais setores das unidades de saúde,
percebe-se que, o trauma e todo tipo de distúrbios mentais tendem a afetar o
rendimento dos enfermeiros, trazendo prejuízos para o bem-estar do profissional
bem como perdas na qualidade/efetividade das atividades desenvolvidas
Estudos feitos por Miranda (2008) evidenciou que para os enfermeiros de
Unidades de Terapia Intensiva (UTI), o local é muito tenso, e que isso poderia
interferir no seu estado emocional, levando ao desgaste geral do organismo e,
conseqüentemente, provocando estresse.
A mesma fonte supracitada menciona que quanto ao tempo de trabalho na UTI
pode-se perceber que as pessoas com o tempo de trabalho abaixo dos cinco anos
e acima de dez anos parecem sofrer mais as influências do estresse no trabalho.
Os enfermeiros, nas instituições hospitalares, estão expostos a situações de
elevada tensão emocional, associadas às longas jornadas de trabalho, condições
de insalubridade do ambiente laboral, baixos salários e o duplo emprego, fatores
que aumentam também a possibilidade do absenteísmo.
Diante destes entraves na construção de uma profissão mais efetiva e
harmoniosa, é importante que as lideranças de unidades hospitalares,
principalmente aqueles locais mais abarcados pelos distúrbios psicológicos e
físicos, como o espaço das UTIs, gerenciem as equipes de trabalho, no intuito de
elaborar um trabalho colaborativo, solitário e harmonioso entre todos os
profissionais atuante de forma que as relações e os processos de trabalho sejam
19
efetuadas com a máxima precisão, de forma que as UTIs sejam espaço mais
acolhedores e aconchegantes, seja para o paciente, como para os enfermeiros ali
atuantes.
Com esta linha de pensamento, faz-se imprescindível a adesão de técnicas ou
metodologias que melhorem os relacionamentos e tranquilizem o profissional que
assiste aos acometidos, sendo sugerido por especialistas da área médica, a
necessidade e importância de se fornecer orientação sobre estado emocional
destes profissionais, tanto para administrar a assistência aos pacientes como para
si próprios, a gerar um verdadeiro processo de humanização nas unidades.
4.1 A NECESSIDADE DE HUMANIZAÇÃO
De acordo com Vila e Rossi (2002), o paciente internado na UTI necessita de
cuidados de excelência, dirigidos não apenas para os problemas fisiopatológicos,
mas também para as questões psicossociais, ambientais e familiares que se
tornam intimamente interligadas à doença física. A essência da enfermagem em
cuidados intensivos não está nos ambientes ou nos equipamentos especiais, mas
no processo de tomada de decisões, baseado na sólida compreensão das
condições fisiológicas e psicológicas do paciente.
Partindo deste fundamento, o processo de humanização, proposto pela Literatura
Especializada de Enfermagem, perfaz todos os envolvidos no tratamento e
recuperação de enfermidades, sendo tanto os próprios enfermos, bem como os
responsáveis por suas assistência.
De acordo com Vila e Rossi (2002), as UTIs surgiram a partir da necessidade de
aperfeiçoamento e concentração de recursos materiais e humanos para o
atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas tidos ainda como
recuperáveis, e da necessidade de observação constante, assistência médica e de
enfermagem contínua, centralizando os pacientes em um núcleo especializado.
20
De acordo com a AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira, 2004)
humanizar a UTI é um processo complexo, abrangente e dinâmico que envolve
um conjunto de agentes presentes na unidade e interagidos entre si, na busca por
um objetivo específico: o bem estar de todos. Em suma, o processo de
humanização de uma unidade significa:
[...] cuidar do paciente como um todo, englobando o contexto familiar e
social. Esta prática deve incorporar os valores, as esperanças, os
aspectos culturais e as preocupações de cada um. Através dela os
princípios humanitários do exercício da medicina pregados por
Hipócrates, são revividos na união da ciência ao humanismo. É um
conjunto de medidas que engloba o ambiente físico; o cuidado dos
pacientes e seus familiares e as relações entre a equipe de saúde. Estas
intervenções visam, sobretudo tornar efetiva a assistência ao indivíduo
criticamente doente, considerando-o como um todo bio-psico-sócioespiritual.
Deste modo, estudos da área de enfermagem demonstram que a Humanização é
um ato ou efeito de humanizar, não é uma técnica, uma arte e muito menos um
artifício, é um processo vivencial que permeia toda a atividade do local e das
pessoas que ali trabalham, dando ao paciente o tratamento que merece como
pessoa humana, dentro das circunstâncias peculiares que cada um se encontra no
momento de sua internação (MALIK, 2000).
Esta responsabilidade da humanização deve ser, a priori, analisada mais
profundamente, pelos líderes das equipes de enfermagem, daí a importância do
gerenciamento e controle efetivo de todas atividades desempenhadas no espaço
hospitalar:
Entende-se que humanização não é apenas uma questão de mudança
das instalações físicas, é principalmente uma mudança de
comportamento e atitudes frente ao paciente e seus familiares. As
mudanças do ambiente físico são importantes, mas não pode ser
considerado o foco principal. A falta de recursos financeiros não deve ser
uma desculpa para a inexistência de um programa de humanização. Na
21
realidade, os profissionais que assistem direta ou indiretamente os
pacientes são os verdadeiros responsáveis pela humanização
(CHAVES, PORTO, VERÍSSIMO, 2012, p. 12, grifo nosso).
No entendimento de Malta; Nishide (2004,) é importante abordar a necessidade de
humanização do cuidado de enfermagem na UTI, com a finalidade de provocar
uma reflexão da equipe e, em especial, dos enfermeiros. A necessidade de
humanizar é clara e deve ser colocada como objetivo principal no tratamento
médico do paciente. A conscientização da equipe de saúde sobre o assunto ajuda
para que ele seja mais bem desenvolvido, não permitindo que por muitas vezes a
má remuneração ou até mesmo a rotina, faça com que esqueçam que estão
lidando com seres humanos, que necessitam de afeto, pois estão vulneráveis e
que a obrigação deles é ajudar.
Segundo Pondera Malta; Nishide (2004, p. 13) que todos os envolvidos devem
estar em constante interação, junção, trabalhando interdisciplinariamente de forma
a manter um processo de humanização mais efetivo e conseqüentemente,
também atribuirá efetividade ao trabalho de todos os enfermeiros. A participação
dos médicos se faz justificável devido:
Ao profissional médico cabe o papel de catalisar do processo de
humanização respaldado na força da relação médico-paciente e
principalmente do seu exemplo. Embora pareça simples, a
conscientização do médico quanto ao seu papel implica na aceitação
pelo mesmo do aspecto conceptual da humanização e da predisposição
ao aprendizado que se constitui em mudanças de atitudes frente ao
paciente, à família e à equipe interdisciplinar.
Ainda reportando às pesquisas realizadas pelas autoras acima mencionadas, é
louvável destacar a intervenção do enfermeiro no processo de humanização, já
que é ele que faz a ligação entre o doente e o diagnóstico a ser feito. Deste modo,
a ciência da enfermagem é o ponto de equilíbrio e de sustentação da Unidade. É
ela que está mais próxima por mais tempo do paciente, devido aos cuidados que
22
necessita administrar aos pacientes. Além disso, a enfermagem atua no centro do
fluxo de informações e rotinas da Unidade por onde tudo quase que
obrigatoriamente tem que passar. Nas unidades onde não existe serviço de
psicologia, cabe ao enfermeiro liderar o processo.
23
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado nas investigações realizadas nas principais literaturas levantadas ao
longo deste estudo foi possível construir e enfatizar algumas considerações de
cunho conclusivo.
A princípio, enfatizou-se que o profissional enfermeiro tem uma trajetória de
existência muito extensa tendo a função da enfermagem origens nos primórdios
das civilizações. Sob responsabilidade, a priori, das mulheres matriarcas, durante
o período da Antiguidade, a função da enfermagem transfere-se para o zelo
religioso, no Medievalismo, sendo que na Modernidade, devido ao crescimento da
Medicina e da Revolução Científica do século XVIII, a prática dos enfermeiros é
devidamente regulamentada e institucionalizada, expandindo-se por várias nações
do Globo.
Outro resultado advindo da revisão bibliográfica foi a questão da intervenção do
profissional da enfermagem, destacando sua função como um agente que está a
serviço da assistência de pacientes em processo de recuperação da saúde.
Independentemente do local onde ele pode vir a atuar, sua interação com demais
profissionais, principalmente da área da saúde se faz necessária, visando o
aspecto colaborativo e a comunhão dos objetivos: prevenção, diagnóstico e
recuperação de enfermos.
A revisão literária trouxe como contribuição a demonstração de que, um dos locais
mais problemáticos para o desempenho efetivo da enfermagem, é o ambiente das
Unidades de Terapia Intensiva. Estes locais, por abarcarem pacientes com
necessidades de atendimento individualizado, devido à fragilidade que o mesmos
apresentam, pode comprometer todo o psicológico do trabalhador, além de outros
fatores interferentes no desempenho efetivo da profissão, fatores estes como:
sobrecarga de trabalho, stress, falta de recursos materiais, entre outros.
É louvável afirmar que as UTI’s devem ser bem administradas, em virtude destes
obstáculos, típicos destes tipos de ambientes, a exigir dos líderes das equipes de
24
enfermagem, a implementação de políticas voltadas para gerir estes profissionais,
de forma a motivá-los, oferecendo condições favoráveis de trabalho, conforto
ambiental e, principalmente apoio nas questões que afetam o sistema emocional
do enfermeiro.
A partir de todas as fundamentações apresentadas na pesquisa, focando-se
especificamente à valiosa contribuição do processo de humanização em
ambientes de UTI’s, pode-se concluir, com exatidão e consistência que o ato de
humanizar as unidades de terapia intensiva é uma brilhante forma de reduzir as
dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros nas UTIs, de maneira a garantir um
ambiente mais agradável no desempenho das atividades desempenhadas pelos
profissionais da enfermagem.
Além destas inferências elaboradas, o estudo serve como ponto de partida,
embasamento para futuros trabalhos a serem realizados com a mesma temática.
Sugere-se expandir a pesquisa, de modo a investigar estes acontecimentos no
cotidiano dos profissionais, por meio de um estudo de campo, a comparar a
realidade
vivenciada
com
as
recomendações
especializada da área de enfermagem.
advindas
da
comunidade
25
6 REFERÊNCIAS
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