NORMATIZAÇÃO DE CONDUTAS DA DISCIPLINA DE GINECOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ ORGANIZAÇÃO: João Bosco Ramos Borges AUTORES: João Bosco Ramos Borges, Rogério Bonassi Machado, Ana Carolina M. de Camargo, Thomas Raphael Gollop, Milzen Jessel G. Giatti, Pítia Cárita de Godoy Borges, Renato Dias de Barros. 2011 SUMÁRIO Decálogo para o atendimento humanizado ..................................................................... 3 1. Roteiro Propedêutico .................................................................................................. 4 2. Normatização do exame físico, de sua descrição e do diagnóstico em ginecopatias.. 7 3. Corrimento genital ...................................................................................................... 8 3.1 Candidose ............................................................................................................. 9 3.2. Candidose Recorrente ......................................................................................... 9 3.3. Candidose Recidivante ........................................................................................ 9 3.4. Trichomoníase ................................................................................................... 10 3.5. Vaginose Bacteriana............................................................................................10 3.6. Chlamydia – Ureaplasma - Micoplasma ............................................................ 10 4. Doenças Sexualmente Transmissíveis ...................................................................... 12 4.1. Sífilis .................................................................................................................. 12 4.2. Gonorréia .......................................................................................................... 12 4.3. Cancro Mole ...................................................................................................... 13 4.4. Linfogranuloma Venéreo ............................... 1Error! Bookmark not defined.3 4.5. Donovanose ....................................................................................................... 13 4.6. Herpes Genital ................................................................................................... 14 4.7. Bartholinite Aguda............................................................................................. 15 5. Cervicite .................................................................................................................... 16 6. Fluxograma da Patologia Cervical de acordo com a citologia oncótica ................... 17 7. Moléstia Inflamatória Pélvica Aguda ....................................................................... 21 8. Abdome Agudo não inflamatório ............................................................................. 24 8.1. Hemorragia Intraperitoneal ................................................................................ 24 8.2. Complicações de Tumores ................................................................................ 25 1 9. Henorragia uterina de causa orgênica ....................................................................... 28 10. Normas Gerais para internação dos casos cirúrgicos .............................................. 30 10.1.Rotina Pré-operatória de Ginecologia HU/Saúde da Mulher ........................... 30 10.2. Rotina de Internação ....................................................................................... 31 11. Normas Gerais de Pós-Operatório .......................................................................... 32 12. Rotinas de Mastologia ............................................................................................ 34 13. Mastopatias ............................................................................................................. 35 13.1. Fluxo ou Derrame Papilar ................................................................................ 35 13.2. Exames subsidiários em mastologia ............................................................... 36 13.3. Rotina para casos com diagnóstico clínico de carcinoma de mama .................38 14. Cirurgia de Assoalho Pélvico ................................................................................. 41 14.1. Histerectomia Vaginal sem prolapso uterino ................................................... 41 13.2. Incontinência Urinária de Esforço ................................................................... 41 13.3. Prolapso Genital ...............................................................................................44 15. Amenorréias ............................................................................................................ 52 16. Hirsutismo............................................................................................................... 56 17. Síndrome dos Ovários Policísticos ......................................................................... 58 18. Hiperprolactinemias ................................................................................................ 61 19. Sangramento Uterino Disfuncional ........................................................................ 63 20. Climatério ............................................................................................................... 70 20.1. Rastreamneto de Doenças Crônicas ................................................................. 71 20.2. Rastremento da osteoporose na pós-menopausa ............................................. 71 20.3. Rastreamento dos cânceres .............................................................................73 2 DECÁLOGO PARA O ATENDIMENTO HUMANIZADO PROF. ÁLVARO DA CUNHA BASTOS Dentro de um Serviço-Escola deve existir o interesse do aprimoramento técnicocientífico. Para tanto, realizam-se visitas à enfermaria e reuniões para discussão de casos clínicos nas quais a troca de idéias permite chegar ao diagnóstico e à melhor conduta terapêutica. Os benefíciados por tal dinâmica de trabalho são o médico e o paciente: o primeiro porque enriquece seu cabedal científico, exercitando seu raciocínio clínico, e o segundo porque é alvo de condutas, propedêutica e terapêutica mais adequadas. Para atingir tais objetivos, no entanto, não é possível esquecer certos detalhes importantes relacionados à pessoa do paciente. Assim, quando estiver no ambulatório ou no hospital e, especialmente, na Clínica Ginecológica, observe o seguinte: 1- A paciente pode estar mergulhada num mundo de ansiedade, misto de angústia e de esperança. 2- Cuide de não encará-la como “um caso”, simplesmente. 3- Dirija-se a ela, chamando-a pelo nome. 4- Examine-a sem denotar pressa, preocupação ou insegurança. 5- Seja delicado ao empregar recursos propedêuticos que possam causar dor ou atemorizá-la. 6- Se dialogar com colega, na presença da paciente, não se refira a: “caso interessante”, “caso difícil”, “belo caso”, etc. 7- Frente a paciente portadora de tumor, não empregue expressões, tais como: “Carcinoma”, “Tumor”, “CA”. Diga: “Neo de linhagem B ou M” que será convenientemente incompreensível para quem está sendo examinada. 8- Ao comentar cirurgia a praticar ou já praticada, não diga: “a cirurgia vai ser, ou foi difícil”. 9- Quando o caso da paciente for grave, demandando discussão sobre a orientação a ser seguida, não discuta em sua presença; chame os colegas para outro local, onde os exames podem ser apreciados e as hipóteses formuladas livremente. 10- Ao terminar um exame, antes de retirar-se, não se esqueça de dirigir-se à paciente com uma palavra ou uma expressão de otimismo e de apoio. Tais atitudes são de extrema valia para que a paciente não fique esquecida e desamparada, procurando entender à sua moda o que ouviu. Se isso acontecer, ela pode entrar em desespero ou depressão, estados de espírito que vão influir de modo negativo no tratamento instituído Humanize o atendimento e seja um Médico, na acepção perfeita da palavra. 3 1. ROTEIRO PROPEDÊUTICO TEMPOS OBRIGATÓRIOS DO EXAME GINECOLÓGICO IDENTIFICAÇÃO Nome, idade, cor, nacionalidade, estado civil, profissão, religião, endereço, número do registro e data da internação. ANAMNESE Queixa e duração - Motivo da consulta e época do aparecimento dos sintomas e sinais da doença atual. História da moléstia atual - Como apareceu e como evoluiu a moléstia. Referência a tratamentos médicos e cirúrgicos já realizados. Registro da avaliação do psiquismo da paciente, feita pelo examinador. Antecedentes Pessois - Estados mórbidos no passado da paciente. Desde a infância até os dias atuais. Antecedentes Familiares - Estados mórbidos semelhantes ao da paciente, em pessoas da família. Incidência de malformações, tuberculose e câncer. Antecedentes Menstruais - Época da menarca. Caracteres dos ciclos menstruais (coágulos). Data da última menstruação. Períodos de alterações dos ciclos. Dismenorréia. Síndrome menstrual. Antecedentes Sexuais - Época do início da vida sexual. Freqüência de relações sexuais. Libido. Orgasmo. Dispareunia. Sinusiorragia. Uso de métodos anticoncepcionais. Número de parceiros. Antecedentes Obstétricos - Número de gestações. Número de partos (normais e operatórios). Trabalho de parto (tempo, evolução). Evolução dos puerpérios (normais, hemorrágicos, febris). Data do último parto e/ou abortamento. Peso dos RN. Corrimento - Quantidade; cor; odor; ardor e prurido vulvar. Sintomas mamários – Dor, nódulos, pontos dolorosos e descarga papilar (identifica “gatilho”? ). Interrogatório sobre os diversos aparelhos - Em especial pela proximidade dos OGI: Sintomas urinários - Disúria, polaciúria, perda de urina aos esforços, perda contínua de urina, urgência urinária, urge-incontinência, noctúria, enurese. Sintomas intestinais - Dor abdominal em cólica. Obstipação. Diarréia. Incontinência de fezes. 4 EXAME FÍSICO GERAL Aspecto geral. Fácies, estado de nutrição, pele (acne, pêlos), mucosas, panículo adiposo, edema. Pressão arterial, pulso, freqüência respiratória, peso, altura. Exame da cabeça, do pescoço (linfonodos, tireóide), do tórax e do abdome superior. EXAME GINECOLÓGICO, PROPRIAMENTE DITO MAMAS Inspeção estática - Forma, volume e simetria. Aspecto da pele, das aréolas e das papilas. Modificações de cor do tegumento. Abaulamentos e retrações. Hiperemia. Inspeção dinâmica - Movimentos de tórax e músculos e membros superiores, para verificar mobilização das mamas sobre os planos profundos. Salienta ou denuncia retração ou abaulamentos. Torna mais evidentes os nódulos. Palpação - Palpar as mamas de encontro ao gradeado costal. Sentido horário ou anti– horário, verificando todos os quadrantes. Palpar as axilas e as regiões supraclaviculares. Expressão - Pesquisa de secreção/descarga (serosa, láctea, purulenta, sanguinolenta) pelas papilas (delicadeza na manobra ). Identificar “trigger point”. ABDOME Inspeção - Prévio esvaziamento da bexiga. Verifique abaulamentos, cicatrizes, circulação colateral e víbices e localize-os pela divisão topográfica do abdome. Palpação - Superficial e profunda. Espessura do panículo adiposo. Pontos dolorosos, sinal de Halban. Reação à descompressão brusca. Formações tumorais: superfície, limites, forma, consistência e mobilidade. Percussão - Verificação de áreas timpânicas e maciças. Diagnóstico de ascite. “Sinal de Piparote”. Percussão de tumores. Ausculta - Emprego de estetoscópio para detecção de ruídos hidroaéreos e emprego do sonar doppler para detecção de batimento cardíacos fetais (diagnóstico diferencial). O.G.E. 5 Inspeção estática - Implantação de pêlos. Formações labiais e vestibulares. Hímen. Glândulas anexas. Períneo. Inspeção dinâmica –Prova de esforço - manobra de Valsalva ( não esvaziar bexiga para este tempo ): verificar descida das paredes vaginais e, eventualmente, do útero. Verificar incontinência urinária e fecal. Palpação - Palpar as formações labiais. Formações tumorais. Glândulas anexas. Expressão da uretra. Se necessário, testar a sensibilidade perineal e o tônus anal. Verificar assoalho pélvico. O.G.I. Exame especular - Empregar o espéculo bivalvo, valvas ou o colpovirgoscópio (que pode ser um otoscópio). Inspeção do colo do útero, dos fórnices e das paredes vaginais. Pinçamento e tração do colo do útero, se absolutamente necessário (somente sob analgesia). Toque vaginal simples uni e bidigital - Verificar consistência do assoalho pélvico, integridade das paredes vaginais, fórnices vaginais e conformação do colo do útero. Atenção para o toque vaginal de pacientes com clínica de endometriose: “grito”; dor na topografia de ligamentos útero-sacrais; verificar espessamento de parede posterior (septo retovaginal); “apagamento” de fórnices. Atenção nas neoplasias. Toque vaginal, bidigital, combinado, para examinar útero e os anexos. Toque retal - Indicado em pacientes virgens (só quando absolutamente necessário, já que a ultrassonografia avalia muito bem a pelve), ou nas que apresentem outros obstáculos à introdução dos dedos na vagina, e em casos de necessidade de avaliação dos paramétrios (tumores ovarianos, de colo, endometriose e MIPA). TESTES ESPECIAIS Ácido acético: remove proteínas e acentua o aspecto acetobranco que se associa muito comumente à infecção por HPV Schiller: iodo (lugol) se fixa no epitélio genital normal, dando cor negra ou marrom (mais claro quanto menos estrogênico o epitélio). Ausência de fixação do iodo ao tecido : pode indicar área de atipia (teste de Schiller positivo). Richart Collins: azul de toluidina aplicado à vulva após limpesa com ácido acético. O corante tem tropismo por núcleo celular, e quanto mais atípico o núcleo (mais atividade mitótica) mais azul será fixado. Limpesa da tintura : onde fixou azul, área para melhor estudo. 6 2. NORMATIZAÇÃO DO EXAME FÍSICO, DE SUA DESCRIÇÃO, E DO DIAGNÓSTICO EM GINECOPATIAS ==>> Examinar as mucosas, quanto a hidratação e estado de nutriçcão. É nas mucosas que habitualmente veremos se está corada ou não. Examinar sempre a tireóide. ==>> Observar os pêlos ( implantação e características) ==>> Peso, Altura e Envergadura. Anotar IMC. ==>> Caracterizar o exame mamário nos tempos descritos no Capítulo de Mama. ==>> Tumor abdominal: caracterizar a consistência, a mobilidade, a superfície, dor, e limites. Por exemplo: “Tumor fixo, duro, irregular, que se estende da cicatriz umbilical, superiormente, tangencia ambas as espinhas ilíacas bilateralmente, e se perde na escava”. ==>> As distopias de paredes vaginais anterior e posterior devem ser ditas: “procidência de parede vaginal anterior e posterior” qualificando-as em ausente, graus I a IV, de acordo com o Capítulo de Uroginecologia à frente. ==>> A rotura perineal deverá ser descrita no exame físico, porém o seu grau será citado apenas no diagnóstico. ==>> Para as distopias uterinas, descrever no exame físico: “ colo e útero em posição normal, ou, colo atinge rima vulvar, ou, apenas colo ultrapassa a rima vulvar ou, colo e corpo ultrapasssam a rima vulvar”. Usar a expressão “Prolapso uterino” apenas no diagnóstico. Descrever presença de ulcerações que houver. ==>> Quando houver queixa de Incontinência Urinária, deverá se realizar o teste do cotonete. Teste de esforço com a bexiga vazia. Avaliação funcional do assoalho pélvico. Teste do absorvente (¨pad test¨de 1 hora). ==>> Mácula rubra é a expressão correta para a vermelhidão em volta do orifício externo do colo uterino (“ ectopia ” é termo colposcópico). A mácula pode ser também uma erosão cervical. 7 3. CORRIMENTO GENITAL A- Conceito Básico O conteúdo vaginal normal constitui-se da somatória do transudato do epitélio vaginal, com a secreção proveniente do epitélio glandular e canal cervical, que, pode aumentar na fase pré-menstrual, calor, excitação sexual. Quando o conteúdo vaginal aumenta significativamente, de forma a exteriorizar-se através da genitália externa, promovendo prurido, ardor vaginal ou miccional, dispareunia ou, então, tornar-se fétido, diz-se haver corrimento vaginal. B- Propedêutica Essencial - Anamnese (contatos sexuais prévios, diabetes, uso de hormônios, gravidez, tratamentos prévios) - Exame físico (higiene geral e genital, obesidade) - Exame ginecológico (características da secreção, efeitos locais irritativos) Características do conteúdo vaginal: * Normal: fluido, aquoso, inodoro, aspecto de “clara de ovo”. Apresentando “ritmo cíclico”. * Trichomonas: Corrimento profuso, líquido, amarelo esverdeado, bolhoso, fétido e pruriginoso. * Vaginose bacteriana: Corrimento amarelado ou branco-acinzentado, aderente às paredes vaginais, odor fétido, pruriginoso; às vezes irritação vaginal. *Cândida: Corrimento branco espesso, tipo nata, aderido ao colo e paredes vaginais, pruriginoso - Exame a fresco: 1 gota de SF 0,9% + 1 gota de secreção ==>> trichomonas, cândida, células guia (“clue cels”) – gardnerella vaginalis (vaginose bacteriana) -Teste de Whiff: liberação de putrescina e cadaverina, odor de peixe deteriorado ( gardnerella e anaeróbios) - Bacterioscopia: coloração pelo Gram. - Cultura (raramente solicitada): em casos rebeldes e recidivantes e em dúvida diagnóstica. Cultura (em meios específicos) para cândida recidivante e em suspeita de gonorréia, por exemplo, em crianças. 8 C - Propedêutica Complementar - Colpocitologia oncológica - pesquisa de células guia – “ clue cels ” (gardnerella) e células coilocitóticas (HPV) - Colposcopia e biópsia do colo - Glicemia (diabetes e candidose) - Pesquisa de Chlamídia (PCR) e Micoplasma - Sorologia para Lues (promiscuidade sexual, gonococcos presente). HIV, Hepatite C, se necessário D - Tratamento 3.1 Candidose Nistattina (Nistatina creme) – creme vaginal, 7 dias Miconazol - pomada, uso vaginal – durante 7 noites seguidas Tioconazol (Ginotralen 6,5%) - pomada dose única (ou óvulo) vaginal Isocanazol (Gyno icadem) - creme vaginal, à noite durante 7 dias. Tratamento via oral, sistêmico, se necessário (ver esquemas abaixo) 3.2 Candidose Recorrente Excluir diabetes, gravidez, antibioticoterapia sistêmica, ACO, HPV Terapêutica sistêmica: I- Cetoconazol (CetonaxR, NizoralR, CandoralR) 200mg 2 vezes ao dia durante 5 dias (cuidado com hepatoxicidade) II- Itraconazol (SporanoxR, ItranaxR) 100mg cada caps. - 02 cáps no café e 02 cáps no jantar III- Fluconazol (FluconalR 150mg ou ZoltecR 150) 1 cáps dose única 3.3 Candidose Recidivante Considera-se candidose recidivante três ou mais episódios no decorrer de um ano. 9 Terapêutica sistêmica prolongada: 1. Fluconazol – 150 mg VO dose única semanal, por 4 semanas. 2. Fluconazol – 150 mg VO dose única mensal, no período pré-menstrual, por 6 meses. 3.4 Trichomoniase Terapêutica tópica: Tinidazol (GinopletilR), Tioconazol (GinotralenR), Metronidazol (FlagylR). Ornidazol (TiberalR). Uso vaginal à noite por 10 dias associado à terapêutica sitêmica do casal: Clindamicina (Dalacin VR) – vaginal 7 dias Terapêutica sistêmica: I- Metronidazol (FlagylR) 250 mg VO 3x ao dia por 7 dias 400 mg VO 3x ao dia por 5 dias (evitar ingestão de álcool) II- TiberalR - 2g VO dose única III- Secnidazol - (SecnidalR 1000) 2 comp de 1000mg, dose única. 3.5 Vaginose bacteriana ( Gardnerella vaginalis ) Mesmo tratamento indicado para trichomoníase. Durante a gravidez: No primeiro trimestre: clindamicina – 300 mg VO de 12/12 horas por sete dias No 2º. e 3º. Trimestres: metronidazol – 250 mg VO de 8/8 horas por sete dias 3.6 Chlamydia - Ureaplasma Urealyticum - Mycoplasma Suspeitar quando infecção rebelde, cervicite intensa, fracasso com terapêuticas pregressas, associação a casos de esterilidade e infertilidade (aborto de repetição). Risco p/ M.I.P.A. Solicitar culturas específicas e imunofluorescência quando possível. Terapêutica sistêmica do casal: - Tetraciclina (TerramicinaR-TetrexR) 500mg V.O. 12/12 hs 10 dias. - Doxaciclina (VibramicinaR) - 100 mg V.O. 12/12 hs durante 14 dias - Azitromicina (ZitromaxR) – 1000mg - 1comp dose única E- Observações: Orientar quanto à higiene sexual e genital; solicitar abstinência sexual durante a terapêutica; realizar tratamento adequado do parceiro sexual. Evitar produtos de HIGIENE genital, que interferem na flora e no pH. Água é o ideal para esta higiene. F- Atenção: 10 Corrimento claro, que se caracteriza por umidade aumentada e coloração amarelada nas vestes no fim do dia, sem causa patológica identificável (não sendo candidose, vaginose, trichomoníase), geralmente acometendo pacientes hiperativas no trabalho, lembrar que geralmente são alterações da flora vaginal por hábitos inadequados da vida moderna (jeans, calcinhas de lycra, sabonetes alcalinos e perfumados, papel higiênico, absorventes diários, meia-calça, e outros hábitos). Geralmente estes corrimentos são ligados à pouca oxigenação da genitália somados a hábitos inadequados de vida da mulher moderna. Nesses casos, orientar cuidados de saúde genital, a saber: 1) Evitar jeans, lycra, meia-calça e absorventes diários. 2) Evitar papel higiênico na higiene genital (usar água e enxugar com toalha). 3) Não usar “perfumes” genitais. 4) Usar sabonetes neutros (infantis, tipo Johnson*, Protex*, Fofo*, etc). Nos casos graves, usar só água, sem sabonete. 5) Deixar a vagina “respirar”. Quando em casa, por exemplo, procurar usar “shorts”, bermudas ou saias de algodão. 6) Usar calcinha de algodão branco. 7) Procurar sempre que possível dormir sem calcinha. 8) Manter secos cuidadosamente os genitais externos após uso de água (usar secador de cabelo, por exemplo). 11 4. DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 4.1 SÍFILIS Etiologia: Causada pelo Treponema pallidum Período de incubação: 2 a 4 semanas Sinais: ulceração indolor, base dura, fundo liso, linfonodos duros e indolores, condilomas planos Evolução: cura ou evolução para sífilis secundária e sistêmica Complicações: lesões cardíacas, oculares, articulares e cerebroespinhais Diagnóstico: a) Pesquisa direta do Treponema na lesão pelo exame em campo escuro b) reações sorológicas: VDRL, FTA - Abs, RPR, MHATD Diagnóstico diferencial: a) Cancro mole b) Herpes genital Tratamento: Sífilis primária: penicilina benzatina 2.400.000UI IM, dose única (1.200.000UI em cada glúteo) Sífilis secundária: penicilina benzatina 4.800.000UI IM, sendo 2.400.000UI/semana Sífilis tardia (latente terciária): penicilina benzatina 2.400.000UI/semana por 3 semanas (total 7.200.000UI) Observações: No caso de manifestações neurológicas e cardiovasculares, os pacientes serão hospitalizados para receberem esquemas especiais de antibioticoterapia. Nos casos de alergia à penicilina, pode-se tentar a dessensibilização ou usar estearato de eritromicina ou tetraciclina 500mg VO 6/6h por 15 dias, para sífilis recente e por 30 dias, para sífilis tardia. Seguimento: sorologia 3/3 meses no 1o ano e se ainda houver reatividade em titulações decrescentes, deve-se manter o seguimento de 6/6 meses. A elevação de duas titulações de V.D.R.L. após o último controle justifica novo tratamento, mesmo na ausência de sintomas. 4.2 GONORRÉIA Etiologia: Neisseria gonorrhoeae Período de incubação: 2 a 5 dias Sinais: leucorréia amarela, hiperemia vaginal intensa, sintomas urinários, não há linfadenopatia inguinal. Evolução: cura, disseminação (via ascendente) ou cronificação Complicações: infecção pélvica, endocardite, artrite Diagnóstico: essencialmente clínico; quando necessário, identificação do germe com cultura em meio de Thayer-Martin Diagnóstico diferencial: vaginose bacteriana e tricomoníase Tratamento: Penicilina G procaína 400.000UI IM, precedida de 1g de ProbenicideR VO Tianfenicol granulado: 2,5g VO Ofloxacina: 400mg, VO, dose única 12 Ciprofloxacina: 500mg, VO, dose única Cefixima: 400mg, VO, dose única Ceftriaxona: 250mg, IM, dose única Não esquecer o tratamento do parceiro sexual!!! 4.3 CANCRO MOLE Etiologia: Haemophillus ducreyi Período de incubação: 2 a 5 dias Sinais: úlcera dolorosa, base mole e irregular, linfonodos ulcerados e dolorosos Evolução: cura ou formação de abcessos Complicações: abcessos e fístulas Diagnóstico: a) Cultura de secreções, intradermo-reação de Ito-Rienstiera Diagnóstico diferencial: cancro duro, outras lesões ulceradas Tratamento: Azitromicina 1g VO (dose única) Tianfenicol granulado 5g VO (dose única) Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 10 dias Ciprofloxacina 500mg VO 12/12h por 3 dias Sulfametoxazol 800mg + trimetroprim 160mg VO 12/12h por 10 dias ou até a cura clínica 4.4 LINFOGRANULOMA VENÉREO Etiologia: Chlamydia trachomatis Período de incubação: 3 a 30 dias Sinais: linfadenopatia dolorosa e supurativa, fistulização unilateral Evolução: cura ou disseminação linfática extensa Complicações: fístulas retais e vaginais, elefantíase vulvar, retite estenosante Diagnóstico: a) Cultura em tecido b) Reação de fixação de complemento (título superior a 1/64), intradermo-reação de Frei Diagnóstico diferencial: sífilis, filariose, câncer, granuloma inguinal, cancro mole. Tratamento: Doxiciclina 100mg VO 12/12h por 21 dias Sulfametoxazol 800mg + trimetroprim 160mg VO 12/12h por 21 dias Tianfenicol 500g VO 8/8h 14 dias Eritromicina 500mg VO 6/6h por 21 dias 4.5 GRANULOMA INGUINAL (Donovanose) Etiologia: Corynebacterium granulamatis Período de incubação: 30 dias a 6 meses Sinais: ulcerações extensas, linfadenopatias sensíveis, sem fistulização Evolução: lenta, caráter crônico 13 Complicações: necrose extensa, disseminação para a cavidade uterina e anexos Diagnóstico: pesquisa de corpúsculos de Donovan (cocos encapsulados) ou exame direto (Giensa) Diagnóstico diferencial: actinomicose, câncer, linfogranuloma venéreo, tuberculose Tratamento (até cura clínica, no mínmo 21 dias): Doxiciclina 100mg VO 12/12h Sulfametoxazol 800mg + trimetroprim 160mg VO 12/12h Tianfenicol granulado 2,5g VO (dose única) no 1o dia e 500mg VO 12/12h a partir do 2o dia, até a cura clínica Ciprofloxacina 750mg VO 12/12h Eritromicina 500mg VO 6/6h 4.6 HERPES GENITAL Etiologia: Herpes vírus hominis tipo II (ocasionalmente HVH tipo I) Período de incubação: período curto (30 horas após relação sexual) Sinais: lesões vesiculares ("cacho de uvas") ou úlcera não granulada com ardor e prurido local Evolução: regride sem deixar cicatriz após 2 semanas. Tendência à recidiva. Complicações: infecções secundárias Diagnóstico: geralmente clínico, confirmação por biópsia da vesícula íntegra, cultura do vírus e citodiagnóstico de Tzonck Diagnóstico diferencial: sífilis primária e secundária, granuloma inguinal e cancróide, escabiose, infecções piogênicas, tricomoníase e candidíase Tratamento: 1o episódio: Aciclovir 400g VO 8/8h por 7 a 10 dias Famciclovir 250mg VO 8/8h por 7 a 10 dias Valaciclovir 1g VO 12/12h por 7 a 10 dias Recidiva: Aciclovir 400g VO 8/8h por 5 dias Famciclovir 125mg VO 12/12h por 5 dias Valaciclovir 500mg VO 12/12h por 5 dias Outras opções: B.C.G., vacinas antipólio e antivariólica Aplicações tópicas de idoxuridine, éter, clorofórmio, vermelho e neutro eproflavina Aplicações tópicas de anti-sépticos leves, compressas de água boricada, bicarbonato ou infusão de camomila Aspirina ou paracetamol (para alívio da dor) - 200mg a cada 4 horas durante 15 dias ATENÇÃO: PARA TODAS AS DST 1. Sempre tratar simultaneamente o parceiro ou orientá-lo a procurar o urologista. 2. Orientar o casal para uso de preservativos nas primeiras relações sexuais, após o tratamento, até a confirmação da cura da DST. 3. Qualquer uma dessas DST poderão vir associadas a AIDS. 14 4.7 BARTHOLINITE AGUDA Sempre a marsupialização, quando não houve resposta ao tratamento clínico inicial. A conduta conservadora, com antinflamatório, analgésico e antibiótico conforme orientação acima (bartolinite é uma DST causada pelo gonococo ou clamídia), sempre é a conduta ideal. Após “esfriado” o processo agudo, reavaliar e decidir se é necessária a cirurgia de remoção da glândula infectada. NUNCA A PUNCÃO DO ABSCESSO É A CONDUTA IDEAL. 15 5. CERVICITE 1) Conceito: O colo uterino recebe influência direta do meio vaginal ácido e geralmente séptico. Além disso, por efeito de partos mal assistidos, pode sofrer lesões e lacerações, que necessitam de tratamento adequado. Máculas rubras (ectopias ao colposcópio) sofrem com tal meio ácido vaginal. O cuidado com estas alterações é tempo na profilaxia da neoplasia intraepitelial cervical. (NIC). 2) Propedêutica essencial: - Anamnese (Antecedentes sexuais, infecções genitais, paridade, gonococcia, etc.) - Exame ginecológico - Exame de Secreção vaginal (Exame a fresco, teste de Whiff) - Colpocitologia oncológica com pesquisa de células coilocitóticas ou com sinais de infecção viral. - Teste de Schiller, teste do ácido acético. 3) Propedêutica Complementar: - Colposcopia e Biópsia, se necessário - Cultura do conteúdo vaginal e cervical ( Chlamídia, Gonococo ) 4) Após a realização da propedêutica essencial, tratar processos infecciosos como indicado no item corrimento vaginal e seguir fluxograma, de acordo com a citologia oncológica (ver à frente). 5) Sempre diferenciar endocervicite, caracterizada por corrimento catarral e gelatinoso que provém do canal cervical e ectocervicite, que se caracteriza por halo avermelhado em torno do óstio uterino (mácula rubra ou erosão ao exame ginecológico). No primeiro caso excluir infecções vaginais, principalmente por chlamídia, micoplasma, gonococos e papiloma vírus. Realizar cauterização química do canal cervical com uso tópico de AlbocresilR (ácido metacresolsulfônico ), por exemplo, durante 3 minutos (use cotonete). No caso de ectocervicite, obedecer o fluxograma descrito à frente. 6) No caso de diatermocauterização do colo uterino (cauterização do colo), cuidado com o risco de estenose do canal cervical, principalmente em adolescentes, onde pode ocorrer ectrópio normal (junção escamo colunar exposta). Nestas jovens com hábitos de vida ginecológica e sexual saudáveis, após citologia normal, evitar tal cauterização. Prescrever creme cicatrizante tipo clostebol (TrofoderminR ou NovadermR) durante 10 a 15 dias após cauterização. Recomendar ausência de atividade sexual por período de 15 dias, quando deve ser feita a primeira revisão. 16 6. FLUXOGRAMA DA PATOLOGIA CERVICAL DE ACORDO COM A CITOLOGIA ONCOLÓGICA I - Citologia Oncológica - Classificação de Bethesda O Sistema de Bethesda para diagnóstico em citopatologia cérvico-vaginal foi desenvolvido com o fim de uniformizar a terminologia diagnóstica, facilitando a comunicação entre o laboratório e o ginecologista. O laudo e nomenclatura dos exames citopatológicos de acordo com o Sistema de Bethesda 2001, atualizado em 2002, está descrito abaixo: 1. Avaliação da Amostra Satisfatória para avaliação Insatisfatória para avaliação espécime rejeitada, não processada espécime processada e examinada, porém insatisfatória para avaliação de anormalidades epiteliais devido... (estará especificado o motivo) 2. Categorização Geral (opcional) Negativo para lesão intraepitelial ou malignidade Anormalidades em células epiteliais: ver interpretação / resultado (especificar escamosa ou glandular) 3. Interpretação / Resultado NEGATIVO PARA LESÃO INTRAEPITELIAL OU MALIGNIDADE Organismos: Trichomonas vaginalis Organismos fúngicos morfologicamente consistentes com Cândida sp Desvio na flora, sugestivo de vaginose bacteriana Bactérica morfologicamente consistente com Actinomyces sp Alterações celulares consistentes com vírus Herpes simples Outros Achados não-neoplásicos: Alterações celulares reativas associadas com inflamação radiação dispositivo intra-uterino (DIU) Status pós histerectomia Atrofia OUTROS Células endometriais (em mulheres com 40 anos ou mais) ANORMALIDADES EM CÉLULAS EPITELIAIS Células Escamosas Células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US) 17 - - não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H) Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL ou LIEBG) (incluindo infecção por HPV e displasia leve/NIC I) Lesão intraepitelial de alto grau (HSIL ou LIEAG) (incluindo displasia moderada e severa, NIC 2 e 3) -- com suspeita de invasão Carcinoma de células escamosas Células Glandulares Atipias em células endocervicais células endometriais células glandulares Atipias em células endocervicais, favorecendo neoplasia células glandulares, favorecendo neoplasia Adenocarcinoma endocervical in situ Adenocarcinoma endocervical endometrial extrauterino não definido OUTRAS NEOPLASIAS MALIGNAS Quadro 1 - Comparação de sistemas de classificação de citologia oncológica Papanicolaou Sistema Displasia/ NIC Sistema de Bethesda I II Normal Atipia Inflamatória (organismo) Dentro dos limites normais Infecção (o organismo deve ser especificado) Alterações reativas / reparadoras Anormalidades das células escamosas Células escamosas atípicas de significado indeterminado Atipia Escamosa III IV V NIC I NIC II NIC III Atipia por HPV Displasia leve Displasia Moderada Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LIEBG) Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (LIEAG) Displasia acentuada Carcinoma in situ Carcinoma de células escamosas Carcinoma de células escamosas 18 II – Manejo das pacientes segundo o resultado da citologia oncológica (CO) DIAGNÓSTICO RECOMENDAÇÃO Normal Seguimento de rotina Inflamação severa Tratar e repetir Metaplasia Seguimento de rotina Hiper/paraceratose - leve - Seguimento de rotina - extensa - Repetir CO; se persistir, CP ASC-US Repetir CO em 6 meses (INCA) Colposcopia imediata (FMJ)) ASC-H Colposcopia imediata LSIL, condiloma Repetir CO a cada 4-6 meses; se persistir colposcopia. Após 3 COs consecutivas normais, retornar à rotina. (MS) Colposcopia imediata com biópsia se necessário (FMJ) HSIL Colposcopia imediata e biópsia Carcinoma epidermóide Colposcopia imediata e biópsia Atrofia Considerar uso de estrogênio tópico Repetir CO em 6m a 1 ano Células endocervicais reacionais Tratar e repetir Atipias de células glandulares Alto risco para HSIL: Colposcopia imediata Adenocarcinoma Colposcopia imediata - endocervical Histeroscopia imediata - endometrial 19 Gestação LSIL e HSIL: Colposcopia imediata. - LSIL e H SIL Repetir colposcopia e biópsia se - Ca. Microinvasor alterações no padrão colposcópico a - Ca invasor cada três meses; repetir CO em 6 meses. Ca microinvasor e invasor: colposcopia imediata e biópsia. Confirmado o diagnóstico, tratar imediatamente, individualizando cada caso de acordo com a idade gestacional. Amostra inadequada Repetir imediatamente, especialmente em paciente de alto risco III – Tratamento segundo o diagnóstico anátomo-patológico 1. - LSIL / Condiloma Seguimento com colposcopia a cada 3meses e CO a cada 6 meses; podendo-se aguardar o desaparecimento da lesão até 2 anos após o diagnóstico Se não houver regressão da lesão: Cauterização com métodos químicos, elétricos ou Exérese da lesão através de cirurgia de alta freqüência (CAF) 2. HSIL - Conização clássica, à frio CAF Laser Na ausência de margens livres, na progressão, na impossibilidade da re-conização, na persistência: pode-se optar pela histerectomia - Seguimento com colposcopia a cada 3 meses e CO a cada 6 meses por 2 anos. 3. - Carcinoma epidermóide microinvasor Conização: margens livres: seguimento margens comprometidas: histerectomia 4. Carcinoma epidermóide invasor - Tratamento segundo protocolo de oncologia 20 OBSERVAÇÃO: pacientes com CO normal, porém com ectrópios extensos, ou sangrantes ou qualquer alteração na morfologia do colo uterino, ou HIV+ podem e devem ser encaminhadas para o serviço de colposcopia. 21 7. MOLÉSTIA INFLAMATÓRIA PÉLVICA AGUDA (MIPA) ANEXITE AGUDA PELVIPERITONITE AGUDA DE CAUSA GINECOLÓGICA 1) Conceito: Processo inflamatório de origem infecciosa, que atinge inicialmente endométrio, tuba e ovários, uni ou bilateralmente (anexite), com a possibilidade de alcançar, por contigüidade, miométrio, paramétrios, peritônio pélvico e demais estruturas extragenitais adjacentes (pelviperitonite). A expressão salpingite aguda é muito usada por expressar a forma clínica mais importante da MIPA. Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis é a disseminação peritoneal, com quadro de peri - hepatite. 2) Propedêutica Essencial: Anamnese, exame físico geral e ginecológico Hemograma, VHS, proteína C reativa Urina I, urocultura, bacterioscopia de secreção cervical e/ou vaginal Rx de abdome em pé e deitada 3) Propedêutica Complementar: Glicemia, uréia, creatinina, VDRL Ultrassonografia pélvica endovaginal (pesquisa de coleções) Toque sob anestesia, culdocentese, laparoscopia com bacterioscopia e cultura do material obtido (pesquisa de Chlamydia). 4) Diagnóstico Diferencial: Apendicite aguda, diverticulite, GECA, infecção urinária, adenite mesentérica, psoíte, perfuração de víscera oca, oclusão e sub-oclusão intestinal. Gravidez ectópica, tumor de ovário, mioma em degeneração, endometriose, cistos ovarianos benignos, aderências pélvicas, salpingite crônica. 5) Critérios para o Diagnóstico: Critérios diagnósticos obrigatórios: dor à palapação abdominal, espessamentoe/ou dor anexial, dor à mobilização do colo uterino. Critérios diagnósticos associados: temperatura axilar igual ou maior que 38° C. Leucocitose acima de 10.500 cels. Tumor anexial “ inflamatório” ao toque. VHS > 15 mm. Obtenção de material purulento em culdocentese. Critérios diagnósticos definitivos: endometrite em biópsia de endométrio. USG mostrando imagem de coleção tubo-ovariana, tubas com líquido espesso ou presença de líquido em cavidade peritoneal. Laparoscopia consistente com MIPA. 22 6) Tratamento ambulatorial: Poderá ser realizado tratamento ambulatorial nas pacientes em bom estado geral, sem toxemia, sem pelviperitonite, ausência de coleções pélvicas e com possibilidade de reavaliação em 24 - 48 horas. Não é conduta habitual. Drogas que devem ser utilizadas ambulatorialmente, nos quadros leves (usar um antibiótico do grupo a e outro do grupo b) : a) Para o Gonococos: Penicilina G procaína e Probenecide (ProbecilinR) - 1 ampola I.M. dose única. Ampicilina - 3,5g V.O. precedida por 1g de probenedid. Espectinomicina - 4,0g I.M. dose única (TrobicinR) Cefoxitina 2 g IM + probenecide, 1g oral, dose única Ceftriaxone (RocephinR) 250mg I.M, dose única. Tianfenicol (Glitisol) 2500 mg VO (1 envelope) dose única (Tratar o parceiro) b) Para o Mycoplasma ou Chlamydia, além de tratar gonococccia, usar: Tetraciclina - 500mg V.O. 6/6 horas por 14 dias (Terramicina) Doxiciclina - 100mg V.O. 12/12 horas por 14 dias (Vibramicina) Eritromicina - 500mg V.O. 6/6 horas por 14 dias (Pantomicina). Azitromicina - 1g VO por 14 dias (Zitromax). Tianfenicol 1 envelope/dia por 2 dias e depois manter 1 cápsula (500mg) até 10 dias (Tratar o parceiro) c) Associar anti-inflamatório não-esteróide, se necessário Ácido Acetil Salicílico - 500mg V.O. 6/6 horas (AAS) Piroxican - 20mg V.O. 1x ao dia (Feldene) Diclofenaco sódico (Voltaren) Inibidor de COX 2 (Celebra) Drogas que devem ser utilizadas ambulatorialmente, nos quadros moderados (esquema tríplice) : Ofloxacina 400 mg VO, 2 vezes ao dia, 14 dias Clindamicina 300 mg, de 6/6 h por 14 dias ( ou metronidadzol, 500 mg, VO, 8/8 ) Doxiciclina (ou outros similares acima relaciondos) 23 7) Tratamento hospitalar: Quando internar? Se emergências cirúrgicas não foram excluídas; se gravidez pode existir; se não responder bem à terapêutica oral ambulatorial; se gravidade, com náusea, vômito ou febre alta; se houver abscesso tubo-ovariano ao ultra-som; e se houver imunodepressão. Antibioticoterapia nos internados: Alguns esquemas que podem ser usados. Todos, sempre recebendo na alta a prescrição também de Doxiciclina 100 mg VO 12/12 h por 14 dias: 1) 2) 3) 4) 5) 6) Cefoxitina 2 g EV 6/6 h por 14 dias (Mefoxin) Clindamicina 900 mg IM ou EV 8/8 por 14 dias (Dalacin) Clindamicina + Gentamicina (2mmg/kg de ataque, e manutenção de 1,5 mg/kg de 8/8h) Ofloxacina 400 mg EV 12/12 h + Metronidazol Ampicilina 3 g EV de 6/6 h Ciprofloxacina 200 mg EV 12/12 h + Metronidazol Observações: 1) Cefalosporina de terceira gerção tem menor efeito contra gram negativo do que a cefoxitina 2) Penicilina cristalina 4 - 5 milhões de UI via EV, de 4/4 h, amplia o esquema (3) 3) Substituir a Clindamicina acima por Metronidazol 500 mg EV 8/8 h ou Tianfenicol 750 mg EV de 8/8 h APÓS 24 HS DE MELHORA CLÍNICA MUDAR PARA VIA ORAL Abscesso tubo-ovariano no exame físico ou ao ultra-som: Observação por 48 h sob terapêutica parenteral. Depois mudar para via oral SE EVOLUÇAÕ FAVORÁVEL . A conduta cirúrgica não é o ideal nessa faze aguda, mas será a forma de abordar se o quadro persiste sem melhora, com o tratamento antibioticoterápico. EVOLUÇÃO DESFAVORÁVEL, PIORA DO QUADRO CLÍNICO, FEBRE PERSISTENTE, SINAIS DE SEPSIS, INDICAM QUE A ABORDAGEM CLÍNICA ESTÁ FALHANDO NA SOLUÇÃO DO QUADRO. INDICAR LAPAROSCÓPICA. 24 8. ABDOME AGUDO NÃO INFECCIOSO 8.1 HEMORRAGIA INTRAPERITONEAL 1) Conceito Básico: Consiste no sangramento intra abdominal proveniente da ruptura de vasos uterinos ou anexiais em decorrência do crescimento, exagerado ou não, de folículos ovarianos. O ponto de rotura situa-se no trajeto de um vaso sanguíneo (venoso ou arterial), ou ainda em conseqüência de uma gestação onde a nidação ocorre em local diferente da cavidade uterina, levando à perfuração ou rotura dos tecidos adjacentes. 2) Propedêutica Essencial: - Anamnese (uso de DIU - minipílulas – M.I.P.A. pregressa - gravidez molar - cistos prévios) - Exame Físico (“Grito de Douglas”, Sinal de Hoffstater – Sinal de Cullen Hellendal – mobilização dolorosa do colo) - Teste de Gravidez (beta HCG), Hematócrito e Hemoglobina seriados. - Ultrassonografia pélvica transvaginal (tumor anexial e/ou líquido em fundo de saco). 3) Propedêutica Complementar: - Toque sob anestesia se necessário. - Culdocentese (sangue incoagulável em fundo de Saco de Douglas). - Curetagem uterina (com histopatológico comprovando “reação de Arias-Stella” na prenhez ectópica, por exemplo) - Laparoscopia 4) Diagnóstico Diferencial - Anexite aguda ou crônica - Abortamento inevitável ou evitável - Torção ou rotura de tumores anexiais - Apendicite aguda 25 5) Tratamento Clínico - Jejum até esclarecimento diagnóstico Venóclise periférica (veia calibrosa - Jelco 18) ou central (Intracath) Manutenção do equilíbrio hidro-eletrolítico Sonda vesical de demora se necessária (Folley) Tipagem sanguínea - reserva de 1.000ml para provável cirurgia Imunoglobulina Anti-Rh se paciente Rh negativo e marido Rh positivo (Rhogan ou Matergan) no caso de gravidez ou aborto. OBS.: O uso de methotrexate com necrose seguido de reabsorção dos restos ovulares, quando a gestação é incipiente, é uma conduta interessante. Não é conduta neste caso de hemorragia intra-abdominal. 6) Tratamento - Cirúrgico - Gravidez Ectópica: - Salpingostomia (abertura da trompa, retirada do embrião, sutura em pontos simples com nylon (6-0) Salpingectomia (Exerese total da trompa lesada) Histerectomia Subtotal (quando gravidez cornual e sangramento incontrolável) Histerectomia Total (quando gravidez cervical e/ou sangramento maciço incontrolável) OBS.: Avaliar criteriosamente a idade, condições clínicas, paridade e condições do anexo contra-lateral para decidir sobre ligadura tubária profilática. Autorização do casal. 7) Tratamento - Rotura dos cistos ovarianos: - Na ausência de sinais de peritonismo em evolução e se as condições clínicas indicarem estabilidade hemodinâmica, pode-se adotar conduta expectante ou, se realizar laparoscopia. - Sutura ou ligadura do vaso rôto - Ampla limpeza da cavidade pélvica com soro fisiológico morno - Não deixar coágulos ou áreas cruentas (prevenção de aderências) - Só realizar biópsia de congelação se houver achado surpresa: indicação clínica e aspecto macroscópico dirigirão esta necessidade. Neste caso, enviar o material retirado para estudo anatomopatológico. 8.2 COMPLICAÇÕES DOS TUMORES * Anexiais * Uterinos 1) Conceito básico: Consideram-se complicações de tumores anexiais ou uterinos a ocorrência de torção, rotura, compressão, infecção ou degenerações de tumores previamente existentes nestes órgãos. 26 2) Propedêutica Básica: -Anamnese (sintomas prévios e presença de tumor já diagnosticado) -Exame físico -Hemograma - Urina I - Teste de gravidez -Ultra-sonografia pélvica -Rx abdome em pé e deitada se necessário 3) Propedêutica Complementar: - Toque sob anestesia - Laparoscopia 4) Diagnóstico Diferencial: - Gravidez ectópica - Gravidez em útero miomatoso - Cisto luteínico em gravidez molar - Oclusão e sub-oclusão intestinal - Rotura de abscesso pélvico - Aborto provocado (perfuração uterina) 5) Tratamento: - Jejum até esclarecimento diagnóstico - Sonda nasogástrica se ocorrerem vômitos intensos - Reposição hidro-eletrolítica adequada Tumor de ovário torcido: ==>> Laparotomia/laparoscopia com anexectomia (pinçamento imediato do pedículo) Mioma com pedículo torcido: ==>> Laparotomia/laparoscopia com miomectomia Rotura de tumor ovariano: ==>> Laparotomia/laparoscopia, anexectomia e limpeza vigorosa da cavidade Realizar biópsia de congelação, se possível. Se endometrioma: complementar análogos do GnRH no pós-operatório (dose única de 10,8 mg) Degeneração carnosa em útero gravídico: 27 ==>> Conduta conservadora: observação Todo material removido cirurgicamente deve ser enviado para estudo anatomopatológico. A prática médica moderna deve, sempre que possível, ser conservadora. Preservar ovário, útero e trompas é preservar integridade física, reprodutiva e bem estar psicoemocional. Ser agressivo, cirúrgico, amputativo, além de retrógrado, é ir contra a integridade física e emocional da mulher moderna. No mínimo, sendo conservador, se estará evitando “mal pratices”. 28 9. HEMORRAGIA UTERINA DE CAUSA ORGÂNICA 1) Conceito básico: Caracteriza-se pela ocorrência de sangramento genital como conseqüência de doenças orgânicas, benignas ou malignas do aparelho genital feminino ou ainda como conseqüência de traumatismos locais. 2) Propedêutica essencial: Anamnese Exame fisico geral e ginecológico Colpocitologia Oncológica Hemograma, contagem de plaquetas, coagulograma completo, teste de gravidez Urina I 3) Propedêutica Complementar: Ultrassonografia Histeroscopia ou histerossalpingografia (mioma submucoso) Curetagem uterina fracionada Dosagens hormonais raramente deverão ser solicitadas, já que pouco elucidativas 4) Diagnóstico Diferencial: Hematúria (tuberculose, carúncula uretral, litíase, câncer de vias urinárias) Endometriose Moléstia trofoblástica, gravidez ectópica, abortamento Hemorragia uterina disfuncional 5) Tratamento: A- Pólipo cervical ou endometrial ou mioma parido Remoção por torção e/ou cauterização se pedículo menor que 2 cm Realizar curetagem de prova complementar Utilizar antibioticoterapia profilática de rotina (metronidazol) B- Mioma Uso de agonistas do GnRH para regressão parcial ou melhora das condições clínicas. 29 Exérese por histeroscopia ou curetagem se mioma submucoso menor que 2 cm de inserção uterina. A histeroscopia cirúrgica para inserções maiores de 2 cm é possível, mas envolve maior dificuldade e morbidade. Miomectomia cirúrgica tradicional ou laparotomia. Histerectomia total ou sub-total, abdominal, de acordo com dificuldade de controle clínico de sangramento, idade, paridade, desejo de procriar ou condições clínicas. Praticar ginecologia conservadora sempre que possível. Em caso de mioma parido jamais realizar histerectomia por via abdominal como primeira medida. O tumor é potencialmente infectado. Há grande risco de causar pelviperitonite aguda. C- Carcinoma de colo ou endométrio (diagnóstico anatomopatológico prévio) Realizar tamponamento vaginal com tampão furacinado, controle da anemia com transfusão de sangue total ou papa de hemácias. Na persistência de sangramento, indicar radioterapia vaginal ou transabdominal mas, se o sangramento for proveniente de vasos pélvicos infiltrados pelo tumor e a paciente estiver em condições clínicas que permitam laparotomia/laparoscopia, realizá-la procedendo a ligadura das artérias hipogástricas. Conduta atual é realizar-se também a embolização dos vasos hipogástricos . D- Moléstia Trofoblástica Solicite ultrassonografia pélvica e hepática, Rx de tórax, dosagem de gonadotrofina coriônica sérica. Realize esvaziamento uterino por vácuo aspiração ou por curetagem. Mantenha contato com a paciente até o diagnóstico anatomopatológico definitivo. Oriente quanto ao acompanhamento e anticoncepção. Observe a regressão dos cistos teca luteínicos e suas complicações possíveis (torção, rotura). Quimioterapia. E- Traumatismo Genital - Queda a cavaleiro (mais comum na infância) - Atividade sexual inadequada (estupro, ou mesmo com aquiescência) - Tentativa de aborto eletivo com perfuração de órgãos pélvicos As lesões devem ser avaliadas criteriosamente quanto à extensão e trajeto, de preferência sob sedação ou anestesia. Na dúvida quanto a lesões intra abdominais realizar laparoscopia ou laparotomia. Introduzir antibioticoterapia profilática de acordo com a orientação do item doença inflamatória pélvica. 30 10. NORMAS GERAIS PARA INTERNAÇÃO DOS CASOS CIRÚRGICOS 1) Anamnese e exame físico completos 2) Resultado de exame de Papanicolaou recente ( últimos 6 meses). Mamografia se acima de 40 anos. 3) Resultado dos exames complementares obrigatórios. 4) Ausência de vulvovaginites e colpites. 5) Ausência de intercorrências clínicas. 6) Avaliação Pré-anestésica pelo serviço de anestesiologia do HU. Liberação pelo cardiologista ou clínico e também de especialista respectivo, quando necessário. 7) Reserva de vaga, sangue, centro cirúrgico. OBS.: Pacientes com reserva de saúde baixa, com patologias graves associadas, obesidade excessiva, deverão ter seu procedimento programado para o HCSVP. 10.1 ROTINA PRÉ-OPERATÓRIA DE GINECOLOGIA HU/SAÚDE DA MULHER CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ANESTÉSICO-CIRÚRGICO ASA I : Nenhuma alteração orgânica, fisiológica, bioquímica, ou psiquiátrica. Processo patológico que indica a cirurgia é localizado. ASA II : Alteração sistêmica leve ou moderada, causada pela doença cirúrgica ou por outro processo patológico. HAS (controlada), anemia, DM (controlada), asma, tabagismo, obesidade leve, gestação, idade < 1 ou > 70 anos ASA III : Grave alteração sistêmica, de qualquer causa, mesmo que não seja possível definir o grau de incapacidade. Angina, HAS (mal controlada), DPOC, pós IAM, obesidade mórbida, asma grave. ASA IV : Indicativo de paciente com graves alterações sistêmicas, causando perigo de vida, nem sempre resolvida pela cirurgia. Angina instável, IRA, ICC, crise asmática, FHR. ASA V : Paciente moribundo, com poucas chances. ASA VI : Doador de órgãos. 31 EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS QUE DEVERÃO SER SOLICITADOS: ASA I : < 50 anos 51 - 60 anos Hb/Ht Hb/Ht, ECG >60 anos Hb/Ht, ECG, Cr, Gl >75 anos Hb/Ht, ECG, Cr, Gl, RX ASA II: qualquer idade Hb/Ht + exames de acordo com a doença. ASA II: qualquer idade com doença cardiovascular: Hb/Ht, ECG, RX, Cr, Na, K. ASA II: qualquer idade com diabete mellitus: Hb/Ht, ECG, RX, Gl, Na, K ASA III, IV, V: Hb/Ht, ECG, Cr, Gl, RX, Na, K com exames específicos como ECO, CAT, Função pulmonar, coagulograma, e outros eventuais. 10.2 ROTINA DE INTERNAÇÃO 01 - Internação às 19 horas da véspera da cirurgia. Residente responsável assumir. 02 - Clister: SF 900 ml + Glicerina 100 ml às 16 e às 20 horas do dia anterior à cirurgia SÓ quando programado pelo docente responsável pelo caso. Caso contrário, “Fleet enema” na noite anterior à cirurgia 03 – Pré anestésico conforme orientação da anestesia 04 - Jejum após as 20 horas 05 - Tricotomia 2 horas antes da cirurgia. NÃO É NECESSÁRIA A TRICOTOMIA PARA PROCEDIMENTOS HISTEROSCÓPICOS OU CURETAGENS. 07 - Cefalotina (KeflinR) - 1 g IV no ato cirúrgico 08 - Cateterismo vesical no centro cirúrgico. 32 11. NORMAS GERAIS DE PÓS-OPERATÓRIO A - CIRURGIA VIA ABDOMINAL 1 - Pós-operatório imediato a- Prescrição: Dieta zero - ATENÇÃO Hidratação adequada Cefalotina (KeflinR) 1 g IV 3x3horas (4 doses) Anotar os horários (a 1ª dose no ato cirúrgico) Analgésicos via IM ( LisadorR ) Antiemético via IM ou IV (PlasilR) se necessário Antitérmicos via IM ou IV (NovalginaR) se necessário Evitar AINH -ATENÇÃO b- Controles: Pressão Arterial - Pulso - Temperatura de 6/6horas Diurese de 24 horas Observar sangramentos Exames complementares quando houver indicação clínica 2 - Primeiro dia de Pós-operatório a- Prescrição: Dieta leve Retirar venoclise e sonda vesical 12 a 18 hs após a cirurgia Analgésicos via oral Antitérmicos via oral Retirar curativo. Deixar cicatriz descoberta. Orientar a paciente a lavar a cicatriz com água e sabão. b- Controles: Pressão Arterial - Pulso - Temperatura de 6/6horas Verificar diurese e sintomas urinários Pesquisar sinal de Homans e Giordano Exames complementares, quando houver indicação clínica Forçar deambulação precoce B - CIRURGIA VIA VAGINAL 1 - Pós-operatório imediato a- Prescrição: Dieta leve Hidratação adequada KeflinR - 1 g IV 6/6horas Analgésicos (VoltaremR IM 12/12horas) Sonda Vesical Aberta b- Controles: Pressão Arterial - Pulso - Temperatura de 6/6horas Diurese de 24 horas Exames complementares, quando há indicação clínica 33 2 - Primeiro dia pós-operatório a- Prescrição: Dieta geral KeflexR 500 mg VO 6/6horas (6 dias) Retirar venoclise Analgésicos Sonda vesical fechada com abertura de 4/4horas (caso a caso) 3 - Segundo dia pós-operatório a- Prescrição: Dieta geral Retirar sonda vesical Aguardar micção espontânea e dar alta. Prescrever na alta, UrologinR VO 8/8horas e Cefalexina 500 6/6 até completar 7 dias de uso (contados os dias de uso eminternação) ATENÇÃO: 1) o portovac de mastectomia deve ter seu volume controlado pelo residente diariamente. Alta será dada com o sistema de drenagem. Cabe ao residente orientar a paciente sobre os cuidados. Retirada em ambulatório, por volta de 7 dias. Excessões devem ser discutidas. 2) retirada de pontos de cirurgia abdominal deverá sempre ser após 14 dias. Em obesas, idosas, pacientes oncológicas: 21 dias. 3) mastectomias: retirar pontos alternados em 14 dias. Restante em mais 7 ou 14 dias, caso a caso. TODAS AS CONDUTAS PADRONIZADAS SOB ORIENTAÇÃO, CASO A CASO, DO DOCENTE RESPONSÁVEL. SE MUDANÇAS SÃO SUGERIDAS, ANOTAR QUEM AS ORIENTOU. 34 12. ROTINA DE MASTOLOGIA Mamografia “ DE BASE” ( a primeira) aos 40 anos. Repetir anualmente. Estimular a paciente ao auto-exame mensal, após a menstruação. Nas menopausadas, uma vez ao mês, em qualquer época. Pacientes de grupo de risco, deverão fazer a primeira mamografia aos 30 anos. Espessamentos, dores ou nódulos mamários antes dos 30 anos, fazer USG mamário. Nódulos mamários antes dos 18 anos, é não cirúrgico. Dúvidas, encaminhar ao ambulatório de mastologia. Nódulos mamários antes dos 30 anos, conduta não cirúrgica é a preferencial. Sempre após “core-biopsy” ou PAAF normais. As dúvidas, encaminhar para ambulatório de mastologia. Exame médico das mamas anualmente, detalhado e cuidadoso, sempre que paciente vier ao ginecologista (no mínimo anualmente). 35 13.MASTOPATIAS ROTINA DIAGNÓSTICA Anamnese É dirigida, procurando-se assinalar sinais e sintomas de doença localizada e à distância, além de dados de interesse sobre fatores epidemiológicos. Queixa e duração. História da moléstia atual: dor, tumor, derrame papilar, alterações cutâneo-vasculares, sintomas gerais Antecedentes familiares: doenças de mama e ovário na família. Antecedentes pessoais: doenças prévias de mama, cirurgia prévia de mama (local, anatomo-patológico, uso de hormônios, anticoncepção). Antecedentes menstruais: idade da menarca, menstruação, ciclo menstrual, data da última menstruação. Uso de hormônios exógenos. Antecedentes obstétricos. Exame Físico: Exame físico geral Exame físico especial (loco-regional): Inspeção estática: desenvolvimento, forma, simetria, alterações da pele, da papila e da aréola. Inspeção dinâmica: através de manobras como elevação dos braços estendidos e contração dos peitorais, pode se acentuar algumas alterações, como abaulamentos, retrações, desvios aréolo-papilares, visualizando-se também, as regiões axilares. Palpação: deve ser cuidadosa, inicialmente com a paciente sentada e, a seguir, em decúbito dorsal. Há várias técnicas, sendo as principais a DIGITAL (“ Bloodgood” ), a ESPALMADA (“Velpaux”) e a SETORIAL. Depois da mama, palpa-se a axila, fossas supra e infraclaviculares homolaterais e em seguida, faz-se o mesmo do lado oposto. Deve-se anotar todas as características: localização, tamanho, consistência e mobilidade em relação às estruturas adjacentes. Nos caos de derrame papilar faz-se, rotineiramente, a palpação setorial radiada das regiões areolar e periareolar, anotando o local cuja pressão digital origina descarga (sanguínea, serossanguínea, aquosa, láctea). É o “sinal do gatilho”. 13.1 FLUXO OU DERRAME PAPILAR Incidência: varia de 0,7 a 10,0%. Com exceção da gravidez e lactação, é sinal patológico. Trata-se de enfermidade benigna (ectasia ductal, papiloma intracanalicular). Quando associado a nódulo palpável, constitui o chamado "duplo sinal" e sugere processo maligno, especialmente, se o líquido for seroso ou serossangüíneo, unilateral e espontâneo. Nestes casos, a biópsia é imperiosa. Sempre deve ser feito o esfregaço, à procura de hemácias ou mesmo células atípicas. Só tem valor se for positivo. Em presença de fluxo papilar, a palpação será cuidadosa (setorial) e será programada a setorectomia. 36 13.2 EXAMES SUBSIDIÁRIOS NA MASTOLOGIA A mamografia deve ser indicada, preferentemente, para pacientes com mais de 35 anos de idade, quando aumenta o risco de carcinoma, e a menor densidade do parênquima permite melhor interpretação da imagem obtida. Os seguintes sinais radiológicos devem ser assinalados: a) hiperdensidade heterogênea, com bordas irregulares ou “espiculares”; b) micro-calcificações confluentes, pleomórficas, e múltiplas, sediadas ou não no interior da zona de hiperdensidade (figura 37-8); c) alteração do calibre dos vasos em relação à mama contra-lateral; d) diâmetro radiológico do tumor, geralmente menor do que o revelado pelo exame clínico. É muito importante o diagnóstico precoce mamográfico, pelo encontro de nódulos pequenos e pelas microcalcificações detectadas . Existe hoje a mamografia digital, onde a imagem é digitalizada antes de imprimida no filme, permitinto requintes de detalhes e melhor estudo das imagens. Tem custo alto e ainda não foi comprovada sua superioridade sobre a mamografia tradicional para os programas de rastreamento populacional. A ultra-sonografia é recurso essencial para mulheres jovens nas quais a maior densidade do parênquima prejudica a imagem mamográfica. No entanto, tem sua indicação em qualquer idade, para diferenciar nódulos sólidos e císticos, como complemento da mamografia, e para orientar as punções adiante referidas. Pode-se também realizar a dopplerfluxometria colorida, que visa ajudar no diagnóstico diferencial entre tumores benignos e malignos, avaliando a vascularização tumoral nas suas características, inclusive de intensidade. Auxilia, também, na avaliação dos linfonodos 37 axilares e da mamária interna, eventualmente comprometidos pela neoplasia, bem como na obtenção de esfregaços mais limpos (sem sangue) ao dirigir punções mamárias. Mais recentemente a ressonância magnética (RM) foi incorporada no arsenal propedêutico da mama. Estará indicada nas seguintes situações: para ajudar a diferenciar lesões benignas e malignas; na detecção de câncer em pacientes de alto risco ou com outros exames inconclusivos ou discrepantes; na detecção de recidiva tumoral; no estadiamento regional (relações do tumor com pele e planos musculares e avaliação linfonodal); na detecção de câncer em pacientes com prótese; na análise da integridade da prótese mamária; na pesquisa de carcinoma oculto; em avaliação pré e pós quimioterapia e na avaliação de tumor residual. O exame citológico e a biópsia servem para obtenção de material adequado à definição do diagnóstico. A punção aspirativa com agulha fina (PAAF) permite a retirada de material para exame citológico. Sempre guiada por USG, se possível. A biópsia pode ser realizada com emprego de agulha grossa (“core biopsy”) guiada por USG, e pelo método convencional, que consistem em retirar fragmento de tecido adequado ao exame histopatológico. Sistema de biópsia moderno é a mamotomia, que funciona com uma sonda (agulha) que é introduzida na mama sob anestesia local, em procedimento ambulatorial. Esta agulha está adaptada a um sistema de vácuo que aspira o tecido mamário (como nódulos pequenos ou microcalcificações) para dentro da sonda, que contém em seu interior um sistema de corte. A mamotomia pode ser dirigida pela ultrasonografia ou pela mamografia. Utiliza-se também da técnica do agulhamento (estereotaxia), que consiste na introdução de um fio metálico, sob controle de mamografia ou ultra-sonografia, para localização pré-operatória de pontos de microcalcificação suspeita, ou nódulo de dimensões reduzidas, guiando o cirurgião e facilitando sua exérese. 38 Ultimamente tem-se utilizado da técnica do ROLL (“Radioguided Occult Lesion Localization”) com a mesma finalidade de localização pré-operatória. Esta técnica usa macroagregados de albumina associados a tecnécio (marcado através da medicina nuclear) que é injetado por agulha na mama (orientado por ultra-sonografia ou mamografia), nas microcalcificações ou tumores sub-clínicos. Este radioisótopo é localizado pelo cirurgião durante a cirurgia por uma sonda (“probe”) que guiará a remoção cirúrgica. Ainda de grande valor em medicina pública de pais em desenvolvimento é ensinar e orientar as mulheres a realizar, mensalmente, o auto-exame, que consiste na própria inspeção e palpação das mamas. As que menstruam devem realizá-lo mensalmente, após o término da menstruação, e as menopausadas, em qualquer época, a igual intervalo de tempo. Apesar dos estudos mostrarem não haver benefício no primeiro mundo do auto-exame, aqui em nosso meio poderia reduzir o diagnóstico tardio avançado (tumores muito grandes) para aqueles estágios em que os nódulos estariam próximos de 1 cm, o que levaria a cirurgias menores, melhor qualidade de vida, e quiçá, melhor prognóstico. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda estabelecer um programa de detecção do carcinoma da mama, baseado no exame médico e na mamografia. Assim: Exame médico – mulheres de 20 a 40 anos de idade, a cada 2 anos, e mulheres com mais de 40 anos, uma vez por ano. Mamografia – a primeira entre 35 a 40 anos de idade; de 41 a 49 anos, a cada 2 anos; de 50 anos em diante, uma vez por ano. Para pacientes de alto risco, recomenda-se exame físico a cada 6 meses, e mamografia uma vez por ano, e à partir dos 30 anos. 13.3 ROTINA PARA CASOS COM DIAGNÓSTICO CLÍNICO OU HISTOPATOLÓGICO DE CARCINOMA DE MAMA Mamografia bilateral / ultra-sonografia mamária R.X. tórax (PA e perfil) Mapeamento ósseo Radiografia ou Tomografia dos segmentos ósseos suspeitos no mapeamento Ultra-sonografia hepática, CA 15-3 39 Bioquímica: fosfatase alcalina, cálcio, fósforo, proteínas totais e frações, glicose, uréia, creatinina. Hemograma completo (com plaquetas) Punção aspirativa por agulha fina ou "core biopsy" (agulha grossa) guiada por ultra-som/mamografia ( lesões não palpáveis ). Biópsia de mama: sempre com agulha ( “ core biopsy” ). Só fazer biópsia cirúrgica com congelação, se a “ core” não foi possível. Partir para a cirurgia já com o diagnóstico, permite programação e discussão com paciente e familiares (de forma clara) do que será feito. Tumores grandes: biópsia por agulha seguida de quimioterapia neo-adjuvante, prévia à cirurgia definitiva. Mamografia Utilizada para diagnóstico do carcinoma em fase pré-clínica (assintomático) no rastreamento mamográfico populacional ou para excluir patologia maligna em pacientes com exame físico alterado. Indicações (grupos de risco para câncer de mama): Antecedentes familiares de câncer de mama, a partir de 35 anos. Controle da mama contralateral, na presença de nódulo (suspeito ou não). Pacientes menopausadas submetidas a TRH. Observação: a mamografia é proibida na gravidez, devido aos riscos da irradiação e aos recursos mamográficos pobres. Nestes casos, realizar a ultra-sonografia, excelente método para diagnóstico diferencial entre nódulo sólido e cístico. Em lactantes, se exame físico preocupa, indicar a propedêutica habitual. Parâmetro Hiperdensidade do tecido Forma do nódulo Calcificações Tecidos adjacentes Diâmetro relativo do tumor (clínico/radiográfico) Vascularização nas duas mamas Benigna Discreta, homogênea Redonda, ovalada, lobulada Grosseiras, isoladas, numerosas e centrais Compressão Semelhante Maligna Evidente, heterogênea Variável Finas, confluentes, escassas e periféricas Infiltração Dobro Igual Aumentada A categorização dos achados de imagens da mama vem sendo utilizado no Brasil desde 1998, seguindo o modelo do American College of Radiology (ACR): sistema BI-RADS 40 (Breast Imaging Reporting and Data System) atualizado na sua 4ª edição em 2003. São estas as categorias: Categoria 0 – Inconclusivo – a mamografia necessita de complementação, seja com incidências complementares, seja com outros métodos de imagem. Categoria 1 – Exame negativo – controle anual Categoria 2 – Achados benignos – controle anual (exemplos de achados: calcificações de pele ou vasculares, nódulos com calcificações grosseiras antigas, conhecidas como “popcorn”) Categoria 3 – Achados provavelmente benignos – alterações que parecem benignas, mas não podem ser classificadas como definitivamente benignas. Risco de malignidade de 2 a 5%. Exame mamográfico a intervalos mais curtos por um certo tempo, para observação da estabilidade ou não da lesão (6 em 6 meses). Categoria 4 – Achados suspeitos – alterações com algum grau de suspeição sendo cerca de mais de 20% delas malignas. Esta categoria é dividida em 4A (suspeita leve), 4B (suspeita moderada) e 4C (suspeita forte). A investigação histológica deve ser indicada. Categoria 5 – Achados altamente suspeitos de malignidade – mais de 75% dos achados neste grupo correspondem a lesões malignas. A investigação histológica é obrigatória. Categoria 6 – esta categoria inclui lesões previamente biopsiadas com diagnóstico de malignidade, mas sem sua total retirada ou tratamento definitivo. Deve ser instituído o tratamento para o câncer. 41 14. CIRURGIA DO ASSOALHO PÉLVICO 14.1 HISTERECTOMIA VAGINAL EM ÚTERO SEM PROLAPSO A histerectomia vaginal (HV) é uma excelente via de acesso para patologias benignas que envolvem principalmente a adenomiose, miomatose e outras causas benignas de sangramento uterino anormal. A HV permite minimizar custos, tempo de internação, o tempo de recuperação das pacientes é menor, menor frequência de íleo, flatulência e aderências, ausência de complicações com a cicatriz e utilizam-se em média menos analgésicos. CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS Além dos exames pré-operatórios de rotina deverá sempre ser feita cuidadosa avaliação do endométrio (especialmente quando a espessura exceder 5mm) para excluir patologia endometrial maligna. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO a) Em fase de curva de aprendizado é conveniente limitar o volume uterino a 300 cc b) Útero móvel c) Fundo de saco vaginal com 4 cm no mínimo d) Miomas múltiplos que facilitam o morcelamento. e) Cesáreas anteriores não contra-indicam a via vaginal f) Parto normal anterior não é condição necessária para a via vaginal g) Ooforectomia pode ser realizada concomitantemente com a HV CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO a) História prévia de MIPA necessita de avaliação cuidadosa b) Endometriose grave especialmente com comprometimento de septo retovaginal c) Mioma único “em bola de canhão” COLPOTOMIA POSTERIOR A colpotomia posterior é uma via de acesso elegante que permite a execução de algumas cirurgias: a) Gravidez tubárea integra b) Cistos benignos de ovário com marcadores tumorais normais e ultrassonografia sugerindo lesão benigna c) Laqueadura de trompas 14.2 INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO 42 A Incontinência Urinária de Esforço (IUE) é toda perda involuntária de urina. A fisiopatologia relaciona a transmissão da pressão abdominal para a uretra proximal. Preconiza-se assim que o deslocamento da uretra proximal para a posição infrapúbica durante o esforço ocasiona falha na transmissão de pressão, levando ao aumento de pressão vesical em escala maior que da pressão uretral. AVALIAÇÃO CLÍNICA A investigação se inicia com a anamnese completa para a qual utilizamos o questionário introduzido por Petros (Anexo 1). Pacientes com nível instrucional adequado podem preenche-lo e caso contrário o médico deverá faze-lo. Este questionário permite uma orientação terapêutica adequada e substitui o diário miccional. Exame físico completo deve ser feito com atenção especial para o adequado preenchimento da ficha específica com a Quantificação do Prolapso de Órgãos Pélvicos – POP-Q. ESTUDO URODINÂMICO O estudo urodinâmico analisa as relações entre as pressões abdominal, vesical e uretral nas diversas fases do armazenamento e do esvaziamento vesical. Ele é importante para a propedêutica da incontinência urinária, e pode orientar a cirurgia a ser indicada. Antes da realização do estudo urodinâmico é obrigatório um exame de Urina tipo I e cultura de urina para afastar infecção pré-existente e porque haverá manipulação do trato urinário. Inicia-se o estudo urodinâmico pela fluxometria, que deve ser realizada com volume mínimo de 150 ml. Na fluxometria são analisados o padrão da curva de fluxo, o volume urinado, os fluxos máximo e médio e o tempo de fluxo e micção. Um fluxo acima de 15 ml/s é considerado normal. Deve-se avaliar sempre o padrão da curva de fluxo com cuidado, uma vez que curvas mais achatadas ou com hesitação de micção (semelhante ao padrão intermitente) podem ocorrer por inibição da paciente. A cistometria é a etapa mais importante do exame. Utiliza-se sonda vesical de dupla via, que serve tanto para a infusão de líquido quanto para a monitorização da pressão vesical. A sonda retal ou vaginal é utilizada para medir a pressão abdominal. A Sociedade Internacional de Continência preconiza a velocidade de infusão entre 50 e 100 ml/m. Os meios de infusão mais utilizados são soro fisiológico ou água destilada a temperatura ambiente. Nessa fase avaliam-se o resíduo pós-micional, as capacidades vesicais (primeiro desejo miccional), desejo miccional normal, forte desejo e capacidade cistométrica máxima, presença de urgência miccional, urgeincontinência ou perda de urina relacionada ao esforço. Resíduo pós-miccional e capacidades vesicais aumentadas indicam bexigas flácidas. Com 200 a 250 ml infundidos, determina-se a pressão de perda ou Valsalva Leak Point Pressure (VLPP) que é definida como a pressão vesical no momento da perda urinária durante a manobra de Valsalva. Valores acima de 90 cm H2O indicam um esfíncter uretral normal. Valores abaixo de 60 cm H2O definem incontinência urinária do tipo III ou defeito esfincteriano. 43 Durante a cistometria são realizadas manobras provocativas, como tosse, Valsalva etc. Tais manobras tem o objetivo de reproduzir os sintomas da paciente. São realizadas a cada 100 ml de líquido infundido. Durante tais manobras, o examinador observa se há ou não perda de urina, urgência ou urge-incontinência. É na cistometria que se identificam contrações não inibidas do detrusor. Também é importante assinalar com qual volume essas contrações aparecem, qual sua amplitude, se há presença de sintomas associados e qual a capacidade da paciente em inibí-las ou não. Contrações de alta amplitude podem determinar refluxo vesicoureteral e deterioração do trato urinário alto ao longo do tempo. Durante o estudo do perfil pressórico uretral, os parâmetros mais importantes a serem avaliados são a pressão máxima de fechamento uretral (PMFU) e o comprimento funcional da uretra. A PMFU é a diferença entre a pressão uretral máxima e a vesical. Já o comprimento funcional da uretra é a extensão da uretra na qual a sua pressão suplanta a pressão vesical. O perfil pressórico uretral pode ser realizado em repouso ou durante manobra de esforço mas sua aplicação clínica é questionada. Alguns autores consideram que valores de PMFU inferiores a 20 cm H2O indicam defeito esfincteriano uretral. No entanto outros consideram os valores da pressão de perda. Já o estudo fluxo-pressão demonstra o comportamento da atividade do músculo detrusor durante o esvaziamento vesical. Sua maior aplicação prática é no diagnóstico diferencial entre hipocontratilidade vesical e fluxos obstrutivos. A pressão do detrusor no fluxo máximo situa-se normalmente entre 40 e 65 cmH2O e o fluxo máximo deve estar acima de 15 ml/s. Pressões elevadas com fluxo baixo indicam obstrução à saída de urina enquanto pressões baixas podem ser indício de hipocontratilidade vesical. É de observar-se que o Prof. Petros orienta a terapêutica de suas pacientes com base no questionário anexado. TRATAMENTO CLÍNICO Atualmente dá-se grande importância à utilização da fisioterapia como adjuvante tanto da terapêutica clínica quanto da cirúrgica. Na terapêutica clínica procura-se drogas que melhoram a eficiência do tratamento e minimizem os efeitos colaterais; os últimos são responsáveis pela baixa adesão das pacientes a tratamentos prolongados. Os estrogênios estão indicados como tratamento complementar em especial se os sintomas se iniciaram com o climatério. Os estrogênios atuam em elementos importantes da continência, aumentando a vascularização e o trofismo da mucosa uretral e melhorando o tônus muscular periuretral. O uso de tratamento farmacológico restringe-se praticamente à instabilidade do detrusor. Note-se a importância de perguntar, notadamente às mulheres com mais idade, se elas não estão sob tratamento de glaucoma onde as drogas anticolinérgicas são contra-indicadas. 44 Estas drogas são por exemplo: Darifenacina: dose diária oral de 7,5 mg que pode ser aumentada para 15 mg e tem a vantagem de não dar boca seca. Oxibutinina: 5 mg via oral 2 a 3 vezes ao dia Imipramina: dose diária inicial oral de 25 mg que pode ser aumentada para 50mg/dia TRATAMENTO CIRÚRGICO As técnicas tradicionais de tratamento cirúrgico para IUE tem recidiva de 50% em 5 anos. Desde os anos 1990 introduziram-se os SLINGS, retro-púbicos ou trans-obturatórios que tem sucesso de tratamento superior a 90% e permitem inserção por técnica minimamente invasiva com uma pequena incisão na mucosa vaginal anterior de 3 cm. A técnica trans-obturatória dispensa o uso de cistoscopia o que a torna de execução mais fácil para o ginecologista. Importante é observar que nas pacientes que necessitam de correção de defeito do assoalho pélvico com tela, deverá esta ser realizada primeiro e o sling deverá ser inserido através de incisão específica. 14.3 PROLAPSO GENITAL O prolapso genital é resultante do desequilíbrio das forças que mantém o útero e os demais órgãos no interior da pelve. As lesões nas estruturas responsáveis pela suspensão e sustentação dos órgãos pélvicos podem originar os prolapsos uterinos, das paredes vaginais, da uretra, bexiga, alças intestinais, reto e da cúpula vaginal nas pacientes nas quais havia prolapso uterino e nas quais o tratamento limitou-se à histerectomia vaginal. Modernamente mantém-se o útero sadio para ancorar as telas no anel pericervical que assim auxilia na correção da distopia. Os órgãos pélvicos são mantidos em sua posição pelos aparelhos de sustentação (diafragma pélvico e urogenital) e de suspensão. A suspensão é garantida pela integridade da fáscia endopélvica, paramétrios laterais(ligamentos cardinais), anteriores(ligamentos pubovesicocervicais) e posteriores (ligamentos uterossacros). O diafragma pélvico é constituído pelos músculos elevadores do ânus e isquiococcígeo. O diafragma urogenital é constituído pelos músculos transverso profundo do períneo, bulboesponjoso, isquiocavernoso e pelo esfíncter externo do ânus. Bump (1996) estabeleceu uma classificação dos prolapsos genitais – POP-Q – (quantificação dos prolapsos genitais que hoje é universalmente utilizada e que é obtida com a paciente em posição ginecológica e manobra de Valsalva, de pé ou com o auxílio do uso de pinça de Pozzi. A mensuração é realizada com histerômetro e expressa em centímetros com valores negativos acima da membrana himenal e positivos abaixo dela. Definem-se 9 pontos. Três deles são expressos em números absolutos: 45 1. Comprimento total da vagina – CVT 2. Hiato Genital – HG 3. Corpo Perineal – CP Ponto Aa: localizado na parede anterior, 3 cm acima do anel himenal. Em relação ao hímen sua posição pode variar de -3 a +3cm Ponto Ba: localizado na parede vaginal anterior, no ponto mais distal em relação ao ponto Aa quando há distopia. Na posição normal, sem distopia, este ponto fica a -3cm. Ponto C: localiza-se na porção mais distal do colo uterino ou da cúpula vaginal (examinada com esforço). Ponto D: localizado no fórnice posterior da vagina quando há útero. Este ponto é omitido quando a paciente é histerectomizada. Pontos Ap e Bp: são pontos análogos aos pontos Aa e Ba apenas que avaliados na parede vaginal posterior Classifica-se o Prolapso Genital em: Estadio 0 – não há prolapso. Os pontos Aa, Ap, Ba e Bp estão em – 3cm e os pontos C e D estão entre o comprimento vaginal total e o comprimento vaginal total menos 2 cm Estadio 1: - o ponto de maior prolapso está localizado até 1 cm acima do hímen (- 1 cm) Estadio 2: - a porção mais distal do prolapso está entre 1 cm acima e 1 cm abaixo do hímen (- 1 cm a + 1cm) Estadio 3: a porção mais distal do prolapso está além de 1 cm abaixo do hímem porém não se desloca mais do que o comprimento total da vagina menos 2 cm Estadio 4: eversão completa. A etiologia dos prolapsos genitais é multifatorial. Existem muitas doenças do colágeno cuja manifestação pode ocorrer por distopia genital; nestas vale fazer uma prova simples que se constitui na hiperextensibilidade do polegar. As distopias que ocorrem em nulíparas podem ser consequentes a espinha bífida ( e nestas com frequência ocorre enurese daí a importância de verificar se o controle esfincteriano ocorreu tardiamente). As distopias ocorrem principalmente em idosas, multíparas e caucasianas e caracterizam-se por manifestar-se depois dos 60 anos. As lesões faciais e ligamentares são decorrentes de múltiplos fatores como partos, alterações de tecido conjuntivo, neuropatias pélvicas, fatores genéticos, cirurgias pélvicas, obesidade, doenças respiratórias e hipoestrogenismo. TRATAMENTO A indicação do tratamento nas distopias genitais requer um estudo caso a caso minucioso. Não havendo queixa da paciente medidas como fisioterapia podem ser suficientes. 46 Pacientes jovens, na perimenopausa, com prolapsos estádio 1 e 2 e que previsivelmente tenham fáscias e ligamentos bons podem ser submetidas à cirurgias sítio-específicas. Prolapsos estádios 3 e 4 em pacientes com 60 anos ou mais necessitam correções com telas de polipropileno macroporosas. As pacientes que apresentam IUE conjuntamente com o prolapso genital devem ser submetidas à SLING concomitante. Atualmente não há indicação de correção profilática de IUE e a última revisão da Biblioteca Cochrane (2010) também não recomenda a cirurgia para incontinência em mulheres sem queixa por ocasião do diagnóstico de grandes prolapsos. Pacientes sem condições de cirurgias com tela podem ser orientadas a fazer uso de pessários. Idosas sem vida sexual podem requerer colpocleise. Nos prolapsos de cúpula vaginal que ocorrem em cerca de 30% das pacientes que foram submetidas a histerectomia vaginal por prolapso como técnica única de tratamento o padrão ouro de tratamento é a colpopromontofixação abdominal ou laparoscópica com uso de tela. Nos prolapsos uterinos nos quais o órgão está normal e não há patologia endometrial devemos manter o útero e realizar a cirurgia com a utilização de telas. Extrusões de tela ocorrem em cerca de 10% dos casos e admitem inicialmente terapia estrogênica tópica. Depois de 2 meses de terapia sem resolução deve indicar-se a ressecção parcial da tela extruída com sutura da mucosa. APÊNDICE 1 – Questionários para as Pacientes e Outras Ferramentas de Diagnóstico Questionário a ser preenchido pela paciente Parte I – Dados Pessoais Nome: Endereço: Peso: _______ kg Partos normais ( Cesáreas ( Data: ___________ Data de nascimento: ) ) Parte II – Sintomas Descreva seus principais sintomas urinários e duração: ________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Marque o quadrado apropriado em todas as seções. Caso queira, escreva detalhes. A. Sintomas da Incontinência por Esforço (IE) Você perde urina involuntariamente quando: (A) Espirra Não □ Sim Às vezes □ Sim 50% ou mais □* 47 (A) Tosse (A) Faz exercício (1) Andando (A) (2) Se curva, se abaixa ou quando levanta da cadeira (P,M) Sintomas de esvaziamento insuficiente da bexiga (3) Você sente que sua bexiga não está esvaziando completamente? (3) Você chega a ter dificuldade para iniciar o jato de urina? (3) O jato é demorado? (3) O jato termina ou começa involuntariamente? □ □ □ □ □ □ □ □ □* □* □ □ □ □ □ □ □ □ □ □ □ □ □ □ * Nota para os médicos: a filtragem “50% ou mais” (coluna 4) tem correlação comprovada para a IE ser causada por defeito da zona anterior. Para todos os outros sintomas, uma anotação com “às vezes” é suficiente para atribuir um sintoma a uma zona em particular. ‘A’, ‘M’ e ‘P’ indicam a zona de causa e aonde transcrever os sintomas na Folha de Resumo de Diagnóstico (fig. 3-03). Os números em parênteses referem-se a anotações ao final do questionário. Sintomas de necessidade extrema (urgência): Você chega a ter uma necessidade incontrolável de urinar? Caso positivo, você se molha antes de chegar ao banheiro? Não Sim Às vezes □ □ Caso positivo, quantas vezes ao dia isso acontece? (Escreva o número) Em um bom dia Em um mau dia Quanto? Poucas gotas Uma colher de chá Uma colher de sopa ou mais (4) Você sente dor ao urinar? (P) Quantas vezes durante a noite você levanta para urinar? (Escreva o número) Quantas vezes você urina por dia? (Escreva o número) (A,M) (5) Pela manhã, ao levantar da cama, você se molha imediatamente? (A) (5a) Você costumava molhar a cama (enurese noturna) quando era criança, antes da puberdade? (P) (5b) Seus problemas começaram após a puberdade? (P) (5c) Seus sintomas pioram logo antes de menstruar? Sintomas intestinais: (A,P) (6a) Você tem dificuldade para evacuar? (A,P) (6b) Você chega a se sujar com suas fezes? Flatulência Fezes líquidas Fezes sólidas Inconveniência social: (A,P) (7) Você fica úmida de urina quase todo o tempo? (8) Você chega a molhar o chão? Você molha a cama à noite (enurese noturna)? Você usa absorvente para sair? (Circule a opção escolhida) Caso positivo, quantos absorventes usa por dia? (Escreva o número) Sim 50% ou mais □ □ □ □ ___ ___ Não Não Não Não □ Sim Sim Sim Sim □ □ Não Sim Não Não Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Sim Sim Nunca Às vezes Sempre ___ 48 Cirurgias anteriores: (circule a resposta correta) (P) (9) Você já foi submetida a uma histerectomia? Caso positivo, quando? Escreva a data: _________________ (10) Você já foi operada em função da incontinência? Caso positivo, quando? Escreva a data: ____________ Você se sente melhor ou pior após a cirurgia? (Circule) (10) Você já foi submetida a cirurgia vaginal? Caso positivo, quando? Escreva a data: ____________ Não Sim Não Sim Pior Não Melhor Sim Não (P) (11) Dor pélvica □ □ □ □ Você sente dor profunda durante relações sexuais? Você sente dor na parte inferior da espinha? Você sente dor no baixo ventre? (12) Você sente dor durante penetração vaginal? Sim -às vezes □ □ □ □ Sim 50% ou mais □ □ □ □ Pontuação de qualidade de vida Por favor, circule um número abaixo para descrever o efeito da incontinência sobre suas atividades normais. 1 = afeta pouco; 5 = afeta muito. 1 – normal 2 – pouco, não afeta o modo de vida 3 – não posso beber, preciso ir ao banheiro ao sair 4 – sempre uso absorventes, vida social muito restrita 5 – sem condição de sair de casa. Diário Urinário Compreensivo de 24 Horas* Nome __________________________________________________ Data ______________ Esta planilha registrará sua ingesta de fluidos, evacuação e gotejamento (incontinência) durante 24 horas. Complete-a antes de sua consulta. Comece por sua primeira ida ao banheiro ao levantar. Você precisará de um vasilhame plástico de medida. 1. 2. 3. 4. 5. 6. Registre o horário de cada ingesta de fluido, evacuação e gotejamento Meça a quantidade de fluido ingerido Meça a quantidade evacuada Descreva o que estava fazendo quando houve gotejamento Estime a quantidade vazada de acordo com a escala na coluna 5 (1, 2 ou 3) Se a necessidade extrema de urinar foi precedida de gotejamento urinário, escreva SIM Se não houve essa necessidade quando houve gotejamento, escreva NÃO. Informe se este dia foi bom ( 1. Hora 2. Ingesta ), regular ( ) ou mau ( 3. Quantidade Evacuada (ml) 4. Atividade (p. ex. no banheiro, tosse, etc) ). 5. Volume de Gotejamento 1 – úmido (poucas gotas) 2 – calcinha ou absorvente molhado 3 – absorvente encharcado escorregou pela perna Presença de Necessidade Extrema? Não / Sim 49 Observação: Este Diário Urinário é usado para verificar a consistência das respostas da paciente ao questionário. Não contribui diretamente para a tomada de decisão. Deve ser feito simultaneamente ao teste do absorvente de 24 horas. *Autor: David Browne, Queensland, Austrália. Por permissão. Testes ‘Objetivos’ Testes do absorvente (A) Tosse X 10 Teste da Lavagem das Mãos (30 segundos) *Teste do Absorvente - 24 Horas * indique com um : dia bom ( ); dia regular ( ); mau dia Ultrassom do Períneo (A) Queda do colo da bexiga (A) Estreitamento (A) Evitar estreitamento com teste de suporte da uretra média: ( ) gm ( ) gm ( ) gm ( ) ( ) mm Não / Sim Não / Sim Urodinâmica Capacidade da bexiga ( ) ml (M) (P) Tempo de esvaziamento (> 60 segundos) ( ) segundos (M) (P) Urina residual (>30 ml) ( ) ml Instabilidade do músculo detrusor Não / Sim (A) Pressão máxima de fechamento uretral (MUCP, em inglês) ( ) A = zona anterior; M =sobre zona média; P = zona posterior Notas Explicativas a Metodologia do Teste do Absorvente Os absorventes são pesados em uma balança digital de 1000 gm. Teste do Absorvente - 24 Horas Este teste mede a gravidade do problema e inclui perda de urina proveniente tanto de esforço quanto de instabilidade. Os absorventes pré-pesados são usados de forma contínua e coletados durante um período de 24 horas. Peça à paciente para comprar um pacote de absorventes higiênicos, separar um absorvente seco e pesá-lo. Quando um absorvente estiver molhado, a paciente deve colocá-lo em um saco plástico, que deve ser mantido bem fechado. Devido à pouca variação de peso entre o mesmo tipo de absorvente quando seco, os absorventes molhados podem ser pesados juntos e o peso do número equivalente de absorventes secos é deduzido do peso dos molhados para se chegar ao peso da urina. A não ser que a Incontinência por Esforço 50 seja muito grave, uma grande perda em 24 horas geralmente indica que a instabilidade é o problema principal. Testes de Absorventes - Rápidos e de Provocação 10 tossidas são específicas para incontinência por esforço (defeito da zona anterior). ‘A instabilidade causada por tosse’ é facilmente diagnosticada quando se pergunta à paciente se a perda de urina continua após a cessação da tosse. Lavar as mãos durante 30 segundos é um teste objetivo para verificar a instabilidade da bexiga, pois ativa o reflexo da micção, gotejamento de urina associado à urgência. Variabilidade Todos estes testes objetivos podem demonstrar uma variação significativa de um dia para outro. Isso ocorre porque os mecanismos de controle do corpo são complexos e não lineares. Para ser mais confiável, pode-se perguntar à paciente se o dia do teste é um dia ‘bom’, ‘regular’ ou ‘mau’. Código Explicativo para Médicos – Importância da filtragem ‘ 50%’ (Coluna 4) Os sintomas variam porque o controle é uma interação não linear de fenômenos ‘mecânicos’ e ‘neurológicos’. Portanto, ao transcrever os dados das respostas para a Folha do Resumo Diagnóstico (figura 3-03), uma resposta ‘às vezes’ é considerada uma indicação positiva. A exceção é a incontinência por esforço (coluna 4). É necessário ticar () a coluna 4 para uma resposta positiva devido à correlação comprovada da filtragem ‘50%’ com os resultados do teste do absorvente. A importância da filtragem ‘50%’ para os outros sintomas ainda precisa ser estatisticamente testada. Notas Explicativas sobre os Números que Precedem as Respostas ao Questionário (1) Geralmente causada por baixa pressão uretral, porém pode ser da zona posterior descontraída. (2) A Incontinência mínima por Esforço de tosse é denominada ‘gotejamento paradoxal’ (incontinência por transbordamento). Em faixas etárias >70 anos, geralmente deve-se à malformação no ligamento pubouretral (PUL, em inglês). Excluir a retração cicatricial da vagina em pacientes com cirurgia vaginal prévia se houver cicatriz fechada no colo da bexiga. (3) Cistocele do ligamento uterosacro, porém também após elevação excessiva do colo da bexiga ou alça suburetral apertada. (4) Excluir infecção do trato urinário, clamídia, etc. (5) Geralmente, malformação no ligamento pubouretral mesmo com cirurgia prévia, porém deve-se excluir retração cicatricial da vagina se houver cicatriz apertada no colo da bexiga. (5a) Condição genética. Indica fraqueza congênita do ligamento pubouretral. (5b) & (5c) O cérvix relaxa para permitir a passagem da menstruação, enfraquecendo o ponto de suporte do ligamento uterosacro. (6a) Malformação da zona posterior (corpo perineal/retocele/ligamento uterosacro) e, às vezes, ligamento pubouretral. (6b) Malformação do ligamento pubouretral ou uterosacro e/ou prolapso mucoso anal (síndrome do períneo descendente). (7) Baixa pressão uretral – geralmente com vagina suburetral descontraída (80%), mas pode ser causada pela zona posterior descontraída (20%). (8) Pode ser devido à malformação do ligamento pubouretral , mas também por malformação do ligamento uterosacro. (9) Suspeite de malformação de ligamento pubouretral, especialmente em faixas etárias > 60 anos. (10) Considere retração cicatricial da vagina em pacientes com respostas positivas em ‘5’ e ‘2’, com cicatriz ou aperto do colo da bexiga. 51 (11) (12) Malformação da zona posterior. Vestibulite vulvar que também pode ser causada por malformação da zona posterior. 52 15. AMENORRÉIAS Conceito: ausência da menstruação até os 14 anos, sem características sexuais secundárias presentes ausência da menstruação até os 16 anos, na presença ou não de características sexuais secundárias ausência da menstruação por pelo menos 3 ciclos em mulheres que apresentaram ciclos menstruais prévios Classificação Primária Secundária Fisiológica Patológica Etiologia Para que haja exteriorização do sangue menstrual, há necessidade de integridade do eixo hipotálamo-hipófise-ovários, além de via de saída (útero e vagina) funcionantes e permeáveis. Portanto, qualquer fator que interfira em qualquer desses níveis poderá determinar a amenorréia. Pode-se depreender, assim, que grande número de causas podem estar envolvidos diante de paciente amenorréica. O estabelecimento de um roteiro diagnóstico prático é de importância fundamental, uma vez que traz de maneira racional os principais passos propedêuticos a serem seguidos. Roteiro propedêutico Descartar gravidez Teste do progestogênio – TP - (acetato de medroxiprogesterona VO 10 mg/dia – 10 dias; pode-se também usar a Didrogesterona 10 mg – Duphaston , também por 10 dias). Qualquer sangramento, independente da intensidade, caracteriza o teste do progestogênio como POSITIVO. Dosagem de prolactina Com essas medidas separamos as pacientes em 3 grupos: TP positivo/prolactina normal TP negativo/prolactina normal Prolactina aumentada/TP positivo ou negativo 53 Pacientes com TP positivo/prolactina normal tem como diagnóstico anovulação crônica, sendo causas comuns a síndrome dos ovários policísticos, as disfunções hipotálamohipofisárias, obesidade e estresse. Dados da história e exame físico auxiliam no diagnóstico final. Pacientes com níveis elevados de prolactina são classificadas no grupo das hiperprolactinemias. As causas mais comuns de hiperprolactinemia são os adenomas hipofisários, o hipotireoidismo, o uso de medicações que interferem no metabolismo da dopamina (vide capitulo hiperprolactinemias), e a hiperprolactinemia funcional. Vale lembrar que os níveis de prolactina orientam no diagnóstico etiológico, sendo que os adenomas costumeiramente apresentam-se com níveis de prolactina acima de 100 ng/ml. Pacientes com TP negativo/prolactina normal. Nessa situação várias situações são cogitadas. A falta de resposta ao desafio progestacional pode denotar ausência de tecido endometrial, como ocorre, por exemplo, nas sinéquias e malformações do tipo útero rudimentar sólido. No entanto, pode haver tecido endometrial íntegro, porém não adequadamente estimulado, demonstrando nível estrogênico inadequado. Essa situação, por sua vez, refere-se à falta de estimulação ovariana pelas gonadotrofinas (estados hipogonadotróficos), ou falta de resposta ovariana (estados hipergonadotróficos). O próximo passo é o teste estrogênio/progestogênio (TEP). Administra-se, por 21 dias, estrogênios conjugados por via oral na dose de 2,5 mg/dia, sendo que nos últimos 7 dias associa-se acetato de medroxiprogesterona ou didrogesterona 10 mg, também por via oral. Obtém-se resposta positiva na vigência de sangramento e negativa na ausência do sangramento. Pacientes com TP negativo/prolactina normal e TEP negativo: deve-se então investigar a via de saída – útero e vagina – na pesquisa de sinéquias, útero rudimentar, septos vaginais próximos ao colo uterino (determinam, via de regra, criptomenorréia). Pacientes com TP negativo/prolactina normal e TEP positivo: descarta-se anormalidade uterina e vaginal. No entanto, deve-se diferenciar os estados hipo ou hipergonadotróficos através da dosagem do FSH plasmático. Os estados hipogonadotróficos caracterizam-se por FSH baixo, representados clinicamente por disfunções hipotálamo-hipofisárias severas (do tipo anorexia nervosa), amenorréia de atletas, síndrome de Kallman, síndrome de Sheehan e alguns tumores centrais. Pode-se complementar o diagnóstico com o teste do GnRH, que diferencia as amenorréias hipofisárias das hipotalâmicas, porém o valor prático é questionável, uma vez que não mudará a conduta. Exames de imagem do sistema nervoso central podem ser de grande auxílio, particularmente na suspeita de tumores. Os estados hipergonadotróficos caracterizam-se por FSH elevado, sendo que clinicamente são a expressão da falência gonadal. Nessa situação se enquadram os casos de falência ovariana precoce, disgenesias gonadais, agenesias ovarianas e resistência ovariana. Nas amenorréias primárias hipergonadotróficas o cariótipo sempre que possível deve ser realizado, para diagnóstico das disgenesias gonadais. Tratamento Obviamente, o tratamento das amenorréias é próprio de cada etiologia. Nas anovulações crônicas, várias são as possibilidades, desde o uso de progestogênios ciclicamente, anticoncepcionais e indutores da ovulação. O uso da reposição estro-progestativa se 54 impõe nos estados hipo ou hipergonadotróficos. O tratamento cirúrgico se reserva aos casos de sinéquias e tumores, e o uso de agonistas dopaminérgicos nas hiperprolactinemias são orientações gerais, que, no entanto, sempre serão individualizadas a cada paciente. AMENORRÉIA Descartar gravidez Teste do progestogênio (TP) prolactina (prl) TP + prl normal prl aumentada TP + ou - TP prl normal anovulação crônica SOP, obesidade DHH, estresse adenomas hipotireoidismo drogas funcional TEP positivo negativo FSH sinéquias útero rudimentar elevado baixo falência gonadal disgenesias resistência ovariana anorexia nervosa amenorréia atletas síndrome Kallman síndrome Sheehan 55 56 16. HIRSUTISMO Conceito: Crescimento de pêlos com características masculinas em areas naturalmente glabras na mulher Etiologia: Ovariano: SOP, hipertecose, tumores produtores de androgênios Adrenal: hiperplasias adrenais congênitas de manifestação tardia, tumores, sd. Cushing Idiopático: hipersensibilidade do folículo piloso a níveis normais de androgênios Diagnóstico Fundamentalmente clínico Valorizar o padrão menstrual, a intensidade e a distribuição dos pêlos (escala de Ferriman & Gallwey), e a velocidade de instalação do quadro 57 Em situações de dúvida diagnóstica podem ser necessárias dosagens hormonais, particularmente da testosterona total e da 17 alfa hidroxiprogesterona plasmática. Os níveis de testosterona total correlacionam-se com tumores, sendo muito sugestivos quando acima de 200 ng/ml. Nessa situação a complementação diagnóstica através de exames de imagem (USG pélvica/abdominal – investigação ovariana) ou tomografia abdominal (investigação adrenal) são de grande valia. A 17 alfa hidroxiprogesterona é o marcador das hiperplasias adrenais por deficit de 21 hidroxilase, encontrando-se aumentadas nessa entidade clínica. No entanto, limitações da dosagem são encontradas na prática, uma vez que níveis entre 200 e 800 ng/dl representam faixa suspeita, porém não selam o diagnóstico, sendo necessária a estimulação com ACTH em bolus. Níveis de 17 alfa hidroxiprogesterona duplicados em relação ao basal são altamente sugestivos da hiperplasia adrenal. 58 Tratamento Cirúrgico: tumores ovarianos ou adrenais Clínico: Causas ovariana e idiopática: Anticoncepcional oral combinado (qualquer tipo, inclusive os de baixa dose) Acetato de ciproterona 50 mg/dia: em associação com anticoncepcional, nos primeiros 10 dias do ciclo. Espironolactona 100 mg/dia (em associação ao anticoncepcional) Flutamida 250 mg /dia Finasterida 5 mg/dia Hiperplasia adrenal congênita: Dexametasona 0,5 mg/dia Prednisona 5mg/dia Anticoncepcional oral Tratamento cosmético: deverá ser instituído concomitantemente, através da retirada dos pêlos por depilação com ceras, após enfraquecimento dos pêlos com água oxigenada ou solução do tipo blonder. A eletrólise ou laser pode ser realizado após o período mínimo de 9 meses de tratamento, para melhores resultados. 59 17. ANOVULAÇÃO CRÔNICA POR RETROCONTROLE INADEQUADO (SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS) Conceito: Distúrbio endócrino-metabólico complexo, caracterizado por anovulação crônica e hiperandrogenismo, incluindo manifestações clínicas e bioquímicas heterogêneas. Prevalência: 10% a 15% das mulheres em idade fértil Etiologia: Desconhecida. São aventadas hipóteses: Hipersecreção do LH hipofisário Aromatização inadequada ou deficiente de androgênios Adrenarca exacerbada Distúrbios do metabolismo da insulina (insulino-resistência) Genético (gen SOP) Fisiopatologia: Níveis elevados de LH atuam sobre a camada tecal, determinando hipersecreção de androgênios. O estado hiperandrogênico se perpetua pela aromatização periférica em estrogênios, que por sua vez levam à supressão dos níveis de FSH e aumento do LH. Concomitantemente, observa-se redução da SHBG, com conseqüente aumento de androgênios livres, fechando o círculo vicioso. Quadro clínico: Irregularidade menstrual: ciclos espaniomenorréicos, podendo ocorrer períodos de amenorréia, ou mesmo ciclos curtos. O quadro tem início peripubertário. Hirsutismo Acne Obesidade Infertilidade Acantose nigricans 60 Diagnóstico: Eminentemente clínico Os exames subsidiários visam fundamentalmente descartar entidades que podem ser confundidas com a SOP, em particular outros estados anovulatórios. Podem ser solicitados: Prolactina TSH LH FSH 17 alfa hidroxiprogesterona Lembrar da associação da anovulação com a resistência insulínica. Pesquisar a síndrome metabólica faz parte da rotina, devendo-se respeitar os critérios clínicos e laboratoriais abaixo. Para o diagnóstico da síndrome metabólica no mínimo 3 dos 5 parâmetros devem estar presentes: 1- medida da cintura maior que 88 cm 2- PA > 130 x 85 mmHg 3- HDL < 50 mg/dL 4- Triglicerídeos > 150 mg/dL 5- Glicemia de jejum > 100 mg/dL ou glicemia pós 75 g oral de glicose > 140 mg/dL Dessa forma solicitamos rotineiramente o Perfil Lipídico (Colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos), a glicemia de jejum e após sobrecarga com 75 g de glicose oral. A dosagem de insulina também é solicitada, possibilitando o cálculo do índice de HOMA (Homeostasis Model Assessment). HOMA = Insulina X Glicose (nmol/L) / 22.5 Para transformar a glicose de mg/dL em nmol/L: dividir a glicemia (mg/dL) por 18 Valores de Referência do HOMA IMC até 25 kg/m2: 0,4 a 2,9 IMC entre 25 e 30 Kg/m2: 0,4 a 4,3 IMC maior que 30 Kg/m2: 0,7 a 8,2 USG – sem valor diagnóstico, apenas mostra a presença de microcistos, reflexo de qualquer tipo de anovulação. Tratamento: Pacientes que desejam engravidar: Clomifeno 50 mg/dia do 2o. ao 6o. dia do ciclo. Repetir 3 ciclos e aumentar até 250300mg/dia, sempre por 3 ciclos consecutivos. Na presença de insulino resistência: associar Metformina diariamente, dose de 1 g/dia (500 mg 12/12 horas) 61 Não desejam gravidez: Anticoncepcionais hormonais orais combinados (qualquer tipo, inclusive baixa dose) Progestogênios na 2a. fase do ciclo (medroxiprogesterona ou didrogesterona (Duphaston®) 10 mg/dia por 10 dias a partir do 14o. dia do ciclo. 62 18. HIPERPROLACTINEMIAS Conceito: elevação anormal dos níveis de prolactina, responsáveis por manifestações clínicas sobre o ciclo menstrual com repercussão relevante sobre a fertilidade. Causas: Fisiológicas: gravidez, amamentação, coito, manipulação mamária, sono, exercícios, período neonatal. Patológicas: Uso de drogas: Antagonistas dopaminérgicos Fenotiazinas, butirofenonas, benzamidas Drogas que causam depleção da dopamina Alfa metildopa, reserpina Outras Estrogênios, TRH, anticoncepcionais, antidepressivos, opiáceos, cocaína Tumores hipofisários Prolactinomas Acromegalia Tumores não secretores (compressão) Lesões hipofisárias/hipotalâmicas Síndrome da sela vazia Secção de haste hipofisária Histiocitose, sarcoidose, granuloma eosinofílico Radioterapia Hipotireoidismo Insuficiências renal, supra renal e hepática. Lesões da parede torácica, lesão medular Idiopática Diagnóstico Clínico: Irregularidade menstrual/amenorréia Galactorréia Infertilidade Sintomas de compressão intracraniana, redução do campo visual (tumores) 63 Laboratorial: Dosagem de Prolactina acima de 25 ng/ml. Níveis acima de 100 ng/ml são sugestivos de tumores. Dosagem de TSH e T4 livre (hipotireoidismo) Métodos de imagem: RX de sela túrcica, tomografia de sela túrcica, ressonância magnética Tratamento Bromoergocriptina – iniciar com 1,25 mg/dia; dose máxima (macroadenomas) de 30 mg/dia. Em geral com doses médias de 7,5 mg/dia são controlados a maior parte dos casos. Tempo de tratamento: 1 a 2 anos, após reavaliar. Lisurida – 0,1mg a 0,2mg/dia 64 19. SANGRAMENTO UTERINO DISFUNCIONAL Excluir - Doenças do trato reprodutivo Doenças sistêmicas Causas Iatrogênicas S.U.D. S.U.D. -- Abordagem Abordagem diagnóstica diagnóstica SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL Anamnese, Ex. Físico HMG, ß HCG AUSÊNCIA DE GRAVIDEZ GRAVIDEZ DISTÚRBIO ESPECÍFICO CONDIÇÃO HEMODINÂMICA S.U.D. S.U.D. -- Abordagem Abordagem diagnóstica diagnóstica CONDIÇÃO HEMODINÂMICA ESTÁVEL INSTÁVEL REPOSIÇÃO VOLÊMICA TAMPONAMENTO D&C 65 HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL MENACME ADOLESCÊNCIA PERFIL COAGULAÇÃO ANORMAL NORMAL LEVE (episódio isolado) Coagulopatia MODERADO/INTENSO (episódios repetidos) Observação Hormonioterapia MENACME (HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL) US TV Normal Anormal > 35 anos, anovulação crônica BAIXO RISCO ALTO RISCO AINES Hormonioterapia BIÓPSIA ENDOMETRIAL Secretor Proliferativo, Hiperplasia s/ atipia HSC, Biópsia (Tratamento Específico) CA, hiperplasia com atipias HSC Hormonioterapia Normal Indução da ovulação (AINE, Hormonioterapia) Hormonioterapia) Lesão (Tratamento Específico) Tratamento Específico Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Tratamento Tratamento CLÍNICO CLÍNICO •• Estrogênios Estrogênios •• •• •• •• •• •• •• Progestogênios Progestogênios Estrogênios Estrogênios++Progestogênios Progestogênios AINES AINES Agentes Agentesantifibrinolíticos antifibrinolíticos Danazol Danazol GnRH GnRHagonistas agonistas DIU DIUcom com Progestogênios Progestogênios CIRÚRGICO CIRÚRGICO •• •• •• DD&&CC Ablação Ablação do doendométrio endométrio Histerectomia Histerectomia 66 Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Tratamento Tratamento hormonal hormonal Sangramento intenso Estrogênios Estrogêniosconjugados conjugados(EC) (EC)VO VO 10 10mg/dia mg/dia (2,5 (2,5mg mg 6/6 hs) ) hs 6/6 hs) sangramento causa sangramento persistente persistente após após48 48 hs hs causa orgânica orgânica parada paradado dosangramento sangramentoem em 24 24 -- 48 48 hs hs Manutenção: Manutenção: EC ) -- 21 hs EC10 10mg/dia mg/dia VO VO (2,5 (2,5mg mg 6/6 6/6 hs) hs) 21dias dias AMP ou Didrogesterona 10 mg/dia AMP ou Didrogesterona 10 mg/diaVO VOnos nosúltimos últimos77 dias dias (March CM & Brenner PF. In: Lobo RA et al. - Mishell’s Mishell’s textbook of endocrinology, endocrinology, infertility and contraception. contraception. Blackwell, Blackwell, New York, 1997. p.384.) Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Tratamento Tratamento hormonal hormonal Sangramento intenso Estrogênios Estrogêniosconjugados conjugadosEV EV 20 20mg mg 4/4 4/4 hs hs--24 24horas horas sangramento causa sangramentopersistente persistenteapós após24 24 hs hs causa orgânica orgânica parada paradado dosangramento sangramentoem em até até24 24 hs hs Manutenção: Manutenção: EC ) -- 21 hs EC10 10mg/dia mg/diaVO VO (2,5 (2,5mg mg 6/6 6/6 hs) hs) 21dias dias AMP ou DidrogesteronaVO 10 mg/dia AMP ou DidrogesteronaVO 10 mg/dia nos nosúltimos últimos77 dias dias (De Vore et al. Obstet Gynecol 59:285, 1982) (De Vore et al. Obstet Gynecol 59:285, 1982) Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Tratamento Tratamentohormonal hormonal Sangramento intenso ACHO ) VO ) mcg hs ACHO(EE (EE30 30mcg) mcg) VO4x/dia 4x/dia (6/6 (6/6hs) hs) sangramento sangramentopersistente persistenteapós após48 48hs hs parada paradado dosangramento sangramentoem em24 24--48 48hs hs causa causaorgânica orgânica Manutenção: Manutenção: ACHO ) VO ) --11 semana mcg hs ACHO(EE (EE30 30mcg) mcg) VO4x/dia 4x/dia(6/6 (6/6hs) hs) semana (March CM & Brenner PF. In: Lobo RA et al. - Mishell’s textbook of endocrinology, endocrinology, i infertility and contraception. contraception. Blackwell, Blackwell, New York, 1997. p.384.) 67 Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Tratamento Tratamentohormonal hormonal Sangramento moderado EC EC1,25 1,25mg mgVO VO4/4 4/4 hs hs--24 24hs hs EC 1,25 mg VO/dia 7 dias EC 1,25 mg VO/dia - 7 dias EC EC1,25 1,25mg/dia mg/dia++AMP AMP10 10mg/dia mg/dia --7dias 7dias Manutenção: Manutenção: ACHO ACHO--33ciclos ciclos Outra OutraOpção: Opção: Noretisterona Noretisterona 10 10mg mgaa20 20 mg/dia mg/dia(PRIMOLUT (PRIMOLUTNOR) NOR)por por 14 14dias; dias;aapartir partirde deentão entãoaamanutenção manutençãopode podeser serfeita feita com comoomesmo mesmocomposto, composto,utilizado utilizadona nasegunda segundafase fasedo do ciclo (também 14 dias, na dose de 10 mg/dia) ) mg/dia ciclo (também 14 dias, na dose de 10 mg/dia) Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Tratamento Tratamentohormonal hormonal Sangramento leve Controle dos episódios recorrentes ACHO ACHO Progestogênios Progestogênios ((Medroxiprogesterona, Medroxiprogesterona, Medroxiprogesterona, Didrogesterona Didrogesterona ou ou Noretisterona) ) Noretisterona Noretisterona) AINE AINE GnRH GnRH agonistas agonistas 68 Progestogênios Progestogênios 17 17?? hidroxiesteróide hidroxiesteróidedesidrogenase desidrogenase sulfotransferase sulfotransferase receptores estrogênicos receptores estrogênicos transcrição -dependentes estrogênio transcriçãooncogenes oncogenesestrogênioestrogênio-dependentes (Kirkland Endocrinology al. (KirklandJL JLetetal.Endocrinology al.Endocrinology 130:3223, 130:3223,1992) 1992) AMP 10 mg/dia NET (Primolut (Primolut nor) 10 mg/dia DIdro( DIdro(Duphaston) Duphaston) 10 mg/dia 1 5 12 14 25 28 Dias (Fraser IS et al. Obstet Gynecol 61:109, 61:109, 1983) AINES AINES Inibição oxigenase cicloInibiçãociclo-oxigenase ciclo-oxigenase Alteração Alteraçãono nobalanço balançoTXA2/PGI2 TXA2/PGI2 (Fraser (Fraser (FraserIS ISAust AustNZ NZJJObstet ObstetGynecol Gynecol25:114, 25:114,1985) 1985) Menorragia 40-50% fluxo menstrual Ácido mefenâmico VO 500 mg 3x/dia Ibuprofeno VO 400 mg 3x/dia Naproxeno sódico VO 275 mg 4x/dia Piroxican 10-20 mg/dia 69 Ác. Ác. épsilon aminocapróico 5mg/dia Ác. Ác. tranexâmico 250 mg/dia Ác. Ác. paraminometil benzóico AGENTES AGENTES ANTIFIBRINOLÍTICOS ANTIFIBRINOLÍTICOS Média do fluxo menstrual e porcentagem de redução após o tratamento tratamento com ácido épsilon aminocapróico (EACA), ácido tranexâmico (TNA), contraceptivos orais (ACHO) e maleato de ergometrina (ERGOT). Fluxo Menstrual (ml (ml)) Tratamento EACA EACA TNA TNA ACHO ACHO ERGOT ERGOT PréPré-tratamento PósPós-tratamento 164 164 182 182 158 158 164 164 87 87 84 84 75 75 164 64 1164 Decréscimo (%) 47 47 54 54 52 52 00 (Nilsson L & Ribo G. Am J Obstet Gynecol 110:713, 1971) Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Tratamento Tratamentocirúrgico cirúrgico D D& &C C Diagnóstica Diagnósticaeeterapêutica terapêutica Sangramento Sangramentointenso/ intenso/hipovolemia hipovolemia SUD SUDapós após35 35anos anos Procedimento Procedimentoisolado: isolado:60% 60% de derecorrências recorrências Necessário tratamento hormonal Necessário tratamento hormonalde demanutenção manutenção Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Tratamento Tratamentocirúrgico cirúrgico ABLAÇÃO ABLAÇÃODO DOENDOMÉTRIO ENDOMÉTRIO Sangramento Sangramentopersistente persistenterefratário refratárioaatratamento tratamentoclínico clínico Supressão prévia com GnRH agonista Supressão prévia com GnRH agonista Diminuição Diminuiçãodo dosangramento: sangramento:90% 90% Amenorréia: Amenorréia:50% 50% (Townsend (TownsendDE DEetetal. al.Obstet ObstetGynecol Gynecol76:310, 76:310,1990) 1990) (Phipps Phipps JH ((Phipps JHetetal. al.Obstet ObstetGynecol Gynecol76:876, 76:876,1990) 1990) 70 Sangramento Sangramento uterino uterino disfuncional disfuncional Situação Situação Primeiro Primeiroepisódio, episódio,hemodinamicamente hemodinamicamenteestável estável Conduta Conduta Observação Observação Episódio Episódiorecorrente, recorrente,hemodinamicamente hemodinamicamenteestável estável Hormonioterapia Hormonioterapia Hipovolemia Hipovolemia DD&&C, C,transfusão transfusão Sangramento Sangramentoprofuso profuso Tamponamento, Tamponamento,DD&&CC Falha Falhahormonioterapia hormonioterapia Lesão Lesãointracavitária intracavitária Doença Doençasistêmica sistêmica 71 20. CLIMATÉRIO Conceito: O climatério corresponde à fase de vida biológica da mulher que representa a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo. Inicia-se em torno dos 40 anos, terminando ao redor dos 65 anos. Nesse período ocorre a menopausa, representada pela última menstruação espontânea, em decorrência da falência ovariana Importância: - expectativa de vida crescente em países desenvolvidos e em desenvolvimento - correlação entre hipoestrogenismo e piora da qualidade de vida: sintomas climatéricos, atrofia urogenital, doenças cardiovasculares, osteoporose, estados demenciais - benefícios consagrados da terapêutica de reposição hormonal DIAGNÓSTICO - o diagnóstico da síndrome climatérica é clínico: Em nosso meio, a menopausa ocorre, em média, aos 48 anos . Sendo assim, mulheres nessa faixa etária ou acima, com período de amenorréia maior que um ano seguramente enquadram-se no diagnóstico de climatério pós-menopausico. A sintomatologia mais característica do período, representada pelas ondas de calor ou fogachos, ocorrem em cerca de 75% das mulheres, podendo incidir mesmo antes da menopausa. Nessa situação, caracterizam prova inequívoca do hipoestrogenismo, dispensando exames complementares para caracterização da falência ovariana. - exames subsidiários: visam o rastreamento de doenças crônicas e do câncer sintomatologia climatérica - pode ser classificada em leve, moderada ou acentuada, a partir de escalas, com o indice de Blat ÍNDICE MENOPAUSAL (BLAT MODIFICADO) Sintomas _____________ Peso _______________ Intensidade _________________ Ausente(0) Leve(1) Moderado(2) Grave(3) Total Ondas de calor Sudorese Parestesia Insônia Artralgia Mialgia Fadiga Cefaléia Irritabilidade Vertigem Psicolabilidade Palpitação Total 4 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 72 20.1 RASTREAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS Doença cardiovascular – avaliação clínica de fatores de risco CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES (EXCETO NÍVEIS ELEVADOS DE COLESTEROL) Critério I. Doença cardíaca coronariana definida (IM ou angina pectoris definida) Critério II. Duas ou mais das seguintes condições: Diabetes mellitus Doença coronariana prematura em familiares (abaixo dos 55 anos) Doença vascular cerebral ou vascular periférica oclusiva Fumantes (mais de 10 cigarros/dia) Hipertensão arterial Obesidade (IMC>30) Sexo masculino São considerados de risco os pacientes que preencherem os Critérios I ou II. AVALIAÇÃO DO PERFIL LIPÍDICO E LIPOPROTÉICO Dosagens de colesterol total abaixo de 200 mg/dl são considerados desejáveis. Quando acima de 240 mg/dl realizamos o fracionamento das lipoproteínas. Níveis de colesterol total entre 200 e 239 mg/dl devem ser analisados em conjunto aos outros fatores de risco – critério II, descritos na tabela acima. Na presença de um ou mais fatores de risco associados devem ser também fracionadas as lipoproteínas. Entre essas, leva-se em consideração os níveis de LDL-Colesterol, sendo desejável que os níveis estejam abaixo de 130 mg/dl. Deve-se considerar tratamento quando a taxa de LDL-Colesterol for superior a 160 mg/dl, sabidamente fator de risco cardiovascular independentemente da associação com outros fatores de risco. Pacientes com níveis limítrofes de LDL-Colesterol (130 a 159 mg/dl), sem outros fatores de risco cardiovascular, são acompanhadas anualmente. Os distúrbios do metabolismo glicídico também associam-se às doenças cardiovasculares, e pela incidência coincidente com a faixa etária das mulheres climatéricas deve ser pesquisada, através da realização da glicemia de jejum. 20.2 RASTREAMENTO DA OSTEOPOROSE PÓS MENOPAUSICA A identificação das pacientes de risco para osteoporose é também considerada fundamental na assistência à mulher climatérica. Procede-se à investigação da osteoporose através da análise de parâmetros clínicos (tabela abaixo) e, quando indicado, pela densitometria óssea. 73 CARACTERÍSTICAS DAS MULHERES DE RISCO PARA OSTEOPOROSE CAUSAS Primárias ou idiopáticas Inevitáveis Raça branca e oriental História familiar Menopausa natural ou cirúrgica Fenótipo: baixa estatura, magra Aceleradoras Fatores nutricionais Cálcio< Vitamina D> Roubadoras de osso Cafeína Proteínas Fibras Alimentos ácidos Sal, álcool Inatividade física Tabagismo Secundárias Condições médicas Insuficiência renal crônica Gastrectomias e anastomoses intestinais Síndromes de má-absorção Endocrinopatias Hiperparatiroidismo Hipertiroidismo Diabetes Medicações Anticonvulsivantes Antiácidos (com alumínio) Hormônios da tiróide Indica-se a investigação da massa óssea baseado no perfil de risco individual, sendo que a densitometria não deve ser indicada a menos que os resultados possam influenciar a decisão terapêutica. De acordo com a National Osteoporosis Foundation, a densitometria óssea deve ser realizada em: 1. Todas as mulheres pós-menopáusicas abaixo de 65 anos que apresentem um ou mais fatores de risco para fraturas osteoporóticas 2. Todas as mulheres de 65 anos ou mais de idade, independentemente dos fatores de risco 3. Mulheres pós-menopáusicas com antecedentes de fraturas 4. Mulheres em uso de terapêutica de reposição hormonal por período prolongado. Igualmente, sugere ainda algoritmo para a avaliação do risco para fraturas osteoporóticas, como demonstrado na figura abaixo. 74 Avaliação do risco de fraturas osteoporóticas (adaptado de National Osteoporosis Foundation, 1999) An te c e d e n te d e fra tu ra v e rte b ra l ? S im Não R X c o n v e n c io n a l: TRH A le n d r o n a t o C a lc it o n in a D is p o s t o a c o n s id e r a r tra ta m e n to ? S im Não < 65 anos > 65 anos F a t o r e s d e r is c o D e n s it o m e t r ia ó s s e a Não S im C á lc io E x e r c í c io s C e s s a r t a b a g is m o D e n s it o m e t r ia o p c io n a l D e n s it o m e t r ia óssea C á lc io E x e r c í c io s C e s s a r t a b a g is m o 20.3 RASTREAMENTO DOS CÂNCERES - Câncer cérvico-uterino: colpocitologia oncológica anual Câncer de mama: mamografia – bianual dos 40 aos 50 anos, anual após os 50 anos Câncer do pulmão –na suspeita clínica: RX tórax Câncer cólon retal – toque retal e pesquisa de sangue oculto nas fezes Hiperplasias e câncer do endométrio: segue-se o roteiro propedêutico abaixo: 75 FLUXOGRAMA PARA O RASTREAMENTO DAS LESÕES HIPERPLÁSICAS ENDOMETRIAIS EM MULHERES NA PÓS MENOPAUSA Teste do Progestogênio Positivo Negativo Ultra-sonografia Transvaginal (eco endometrial) > 5 mm < 5 mm Iniciar TRH Biópsia/D&C/Histeroscopia teste do progestogênio: acetato de medroxiprogesterona via oral 10 mg/dia por 7 dias TRATAMENTO Terapêutica de reposição hormonal Iniciar após indicação clínica, avaliação de fatores de risco e rastreamento do câncer São inúmeras as possibilidades de esquemas terapêuticos em TRH. Em serviços públicos, sugerimos a utilização de compostos de fácil aquisição e uso polivalente, padronizando-se os essenciais, como demonstrado a seguir: Estrogênio – estrogênios conjugados 0,625 mg, via oral (Premarin); Estradiol 1 mg (Estrofem, Natifa) Progestogênio – acetato de noretisterona 0,35 mg, via oral (Micronor); Didrogesterona (Duphaston 10 mg) Estrogênio transdérmico: Estradiol transdérmico gel 1,5 mg (Estreva gel) A combinação dessas 3 medicações poderá ser utilizada na grande maioria dos casos, a saber – 1- pacientes na pós menopausa, histerectomizadas uso de estrogênioterapia isolada, contínua: estrogênios conjugados 0,625 mg/dia continuamente o uso da via transdérmica reserva-se a situações especiais (vide indicações via transdérmica) 2 – pacientes na pós menopausa, com útero presente e com desejo de menstruar: 76 estrogênios conjugados 0,625 mg/dia continuamente associado a acetato de noretisterona 0,35 mg 3 comprimidos ao dia por 12 dias de cada mês OU Didrogesterona (Duphaston) 1cp/dia, também por 12 dias não desejam menstruar: estrogênios conjugados 0,625 mg/dia ou estradiol 1 mg/dia continuamente acetato de noretisterona 0,35 mg 1 comprimido ao dia continuamente ou Didrogesterona ½ cp (5 mg) o uso da via transdérmica reserva-se a situações especiais (vide indicações via transdérmica), utilizando-se os mesmos esquemas com progestogênios acima descritos, quando se deseja ou não menstruar Via transdérmica Estradiol transdérmico gel (estreva): dose – 3 pressões/dia, aplicadas na pele Indicações para via transdérmica: - Hipertensão arterial - Colelitíase - Epigastralgia/náuseas - Tabagismo - Diabetes mellitus Pacientes na perimenopausa: Iniciar sempre com esquemas cíclicos, uma vez que a investigação endometrial prévia por USG é prejudicada. Observar o padrão de sangramento. O sangramento desejável é aquele que ocorre ao final da série progestogênica. Fora desse período deve-se proceder à investigação da cavidade endometrial – histeroscopia, biópsia ou curetagem. 77 DISCIPLINA DE GINECOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ FICHA DE ANAMNESE – AMBULATÓRIO DE GINECOLOGIA – SAÚDE DA MULHER DATA: ____/____/____ 1. IDENTIFICAÇÃO 1.1. Nome: __________________________________________ 1.2. Data de Nascimento: |__|__|__|__|__|__| 1.4. Cor: branca negra parda Cadastro: _______ 1.3. Idade: |__|__| outras 1.5. Estado civil: solteira casada separada viúva 1.6. Naturalidade: _____________________1.7. Procedência: ______________________ 1.8. Religião: católica 1.9. Grau de escolaridade: completo evangélico analfabeto 2 º grau incompleto grau completo outras 1º grau incompleto 2º grau completo 1º grau 3º grau incompleto 3º pós-graduação 1.10. Renda familiar mensal: R$ _________,00 1.11. Encaminhada por: UBS PS Outros ______________________________ 1.12. Motivo do encaminhamento: ____________________________________________ 2. QUEIXA E DURAÇÃO: ________________________________________________________________________ 3. HPMA: _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _________________________________________ 4. ISDA 4.1. Sintomas gerais: ____________________________________________________ 4.2. SNC:______________________________________________________________ 4.3. Olhos, ouvidos, nariz, boca e garganta: __________________________________ 78 4.4. TGI: hábito intestinal: ___/semana; _____________________________________ 4.5. Ap. respiratório: _____________________________________________________ 4.6. Ap. cardiovascular: __________________________________________________ 4.7. TGU: _____________________________________________________________ _________________________________________________________________ 4.7.1. Perda involuntária de urina: Sim Não 4.7.2. Freqüência da perda urinária: menos de uma vez ao mês uma vez ou mais por semana todo dia e/ou noite gotas ou pouco 4.7.3. Quantidade da perda urinária uma vez ou mais ao mês pequena quantidade grande quantidade Não Sim 4.7.4. Perda de urina aos esforços, como tossir, rir, espirrar, carregar peso: 4.7.5. Tipo de esforço: Mínimos esforços Médios esforços Grandes esforços 4.7.6. Perda involuntária de urina associada a forte e repentina vontade de urinar: Sim Não 4.7.7. Tempo da perda urinária de 0 a 5 anos de 5 a 10 anos mais de 10 anos 4.7.8. Já consultou médico pela perda de urina? Sim Não não há 4.7.9. Como você considera o problema da perda urinária? problema um pouco incomodada meio aborrecida muito aborrecida um grande problema 4.7.10. Número de micções durante o dia: até 7 mais de 7 4.7.11. Número de micções durante a noite: nenhuma 1 a 3 mais de 3 4.7.12. Enurese noturna Sim Não 4.7.13. Hematúria Sim Não 4.8. Sist. Endócrino: _____________________________________________________ 4.9. Sist. Osteoarticular: __________________________________________________ 4.10. Outros: ____________________________________________________________ 5. ANTECEDENTES FAMILIARES 5.1. Hipertensão Sim Não 5.2. Diabetes Sim Não 5.3. AVC Sim Não 5.4. Cardiopatia Sim Não 5.5. Osteoporose Sim Não 5.6. Câncer Sim Não 5.7. Câncer de mama Não Sim 5.7.1 a mãe uma irmã mais de uma irmã parente de segundo grau 5.7.2. idade no diagnóstico ________ anos 5.7.3. pré- menopausa pós-menopausa 6. ANTECEDENTES PESSOAIS 6.1. hipertensão Sim Não 6.2. diabetes Sim Não 79 6.3. outras doenças: _______________________________________________________ 6.4. cirurgias _____________________________________________________________ 6.4.1. cirurgias ginecológicas: histerectomia; indicação: _________________________ 6.4.3 correção incontinência urinária; via vaginal via abdominal tempo desde a cirurgia: _____________ anos 6.4.4 exerese de nódulo de mama 6.4.5 outras cirurgias: ____________________________________________________ 6.5. tabagismo: atualmente no passado; _______cigarros/dia; nunca 6.5.4. tempo de tabagismo: _____ anos/meses 6.5.5. parou há _______ anos/meses 6.6. medicamentos em uso: _________________________________________________ 6.7. alergias: _____________________________________________________________ 6.8. uso de drogas: Não Sim maconha outra: _______________________________________ cocaína 6.9. consumo de álcool: Não Sim 6.9.3. quantidade: ___________ 6.9.4. freqüência: _____________ 6.9.5. tempo de uso: ________________________________________ 7. ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS 7.1.Gestações: ____ 7.2. Partos:____ 7.2.1.Partos vaginais ____ 7.2.1.1. episitomia Sim Não 7.2.2. Cesáreas: após contrações de parto sem contrações prévias 7.3. Abortos ___7.3.1 espontâneos provocados 7.3.2 curetagem Sim Não Patologias na gestação: ____________________________________________________ 7.4. Idade no primeiro parto: |__|__| 7.5. Idade no último parto: |__|__| 7.6. Filhos vivos: |__|__| 7.7. Peso do maior RN: _____________ Kg 7.8. Amamentação: Sim Não 7.8.1. Tempo de amamentação: < 1 mês 1-6 meses 7.9 Mastite Sim > 6 meses Não 8. ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS 8.1. Pubarca: |__|__| 8.2. Telarca: |__|__| 8.3. Menarca: |__|__| 8.4. Menopausa: |__|__| 8.4.1 TRH Sim Não 8.4.2 Tempo de uso: ________meses/anos 8.4.3 Tipo de hormônio usado: _______________________________________________ Ciclos Menstruais: 8.5. Intervalo: |__|__| dias 8.6. Duração: |__|__| dias 8.7. Fluxo: normal diminuído aumentado 80 8.8. Dismenorréia: não sim __________ 8.8.1 DUM ___/___/___ Hábito Sexual: 8.9. 1º coito: |__|__| anos 8.10. Atividade sexual: ausente 8.11. Tipo de atividade: vaginal presente oral Freqüência: ____/sem anal 8.12. Número de parceiros: |__|__| 8.13. Número de parceiros no último ano: |__|__| 8.14. Uso de preservativos: freqüente 8.15. Libido: ausente infreqüente nunca presente 8.16. Orgasmo: presente ausente Prevenção de câncer de colo: 8.17. Exame preventivo (Papanicolaou): 8.18. Número de exames na vida toda: |__|__| 8.19. Tempo decorrido do último exame: |__|__| meses/anos 8.20. Resultado do último exame: ____________________________________________ 8.21. Exame anterior alterado: não 8.22. DST: não sim ____________________________ sim -------____________________________________________ Detecção de câncer de mama: 8.23 Mamografia: nunca fez já fez 8.24 Idade no primeiro exame: antes de 35 entre 35-40 entre 40-50 após 50 anos 8.25. Tempo decorrido do último exame: |__|__| meses/anos 8.26. Resultado do último exame: ____________________________________________ 8.27 Auto-exame das mamas: Nunca examinou Examina todos os meses Examina raramente Queixas ginecológicas 8.28 dor mamária . Não Sim 8.29 período do ciclo que apresenta dor nas mamas antes das menstruações no meio do ciclo (entre as menstruações) após as menstruações durante todo o mês não sabe/não lembra 8.30 nódulo mamário: Não Sim ________________________________________ 8.31 Descarga papilar: Não Sim aspecto: ________________________________ 8.32 Tensão pré-menstrual: Sim Não 8.33 Corrimento genital: Não Sim; Coloração: ____________________________ 81 8.33.1. odor : Sim Não 8.34 Prurido genital: Sim Não 8.35 Ardência genital: Sim Não 8.36 Dispareunia: Não Sim 8.37 Secura vaginal: Não 8.36.1 .penetração profundidade Sim 8.38 Dor pélvica: Não Sim 8.39 Sinusorragia: Não Sim Anticoncepção: 8.40. Atual: ________________________ 8.40.1 Tempo de uso: |__|__| anos/meses 8.41. Anterior: ______________________ 8.41. Tempo de uso: |__|__| anos/meses 9. EXAME FÍSICO: 9.1. Estado geral: BEG REG MEG 9.2. Mucosas: coradas descoradas + descoradas++ descoradas +++ 9.3. Hidratação: hidratada desidratada 9.4. Cianose: ausente presente: _______________________________________ 9.5. Febril: não sim 9.6. Icterícia: ausente presente: ______________________________________ 9.7. Pulso:______bpm 9.8. PA: _____/_______ mmHg 9.10. Altura: _________ cm 9.5.1. temperatura: ________________________________ 9.9. Peso: ___________ Kg 9.11 IMC: ________ 9.12. Envergadura: __________ cm 9.13. Ap CV: BRNF em 2 t s/s 9.13.1. alterações: ____________________________ 9.14. Ap. Resp MV (+) em AHT s/ RA 9.14.1. alterações: _____________________ EXAME GINECOLÓGICO: 9.15 Mamas: Inspeção estática:9.15.1. Volume: __________________ 9.15.2. Simetria: Sim Não ________________________________________________________________________ 9.15.3. Forma: ____________________________________________________________ 9.15.4. Abaulamentos: Não Sim _________________________________________ 9.15.5. Retrações: Não Sim _____________________________________________ 9.15.6. Nódulos cutâneos: Não Sim ______________________________________ 9.15.7. Edema: Não Sim _____________ 9.15.8. Ulcerações: Não Sim______ 9.15.9. Eritema: Não Sim _____________ 9.15.10. Mamilo: ___________________ 9.15.11. Aréola: _________________________ 9.15.12. Peau d’orange: Não Sim Inspeção Dinâmica: 9.15.13. Abaulamentos: Não Sim ________________________________________ 82 9.15.14. Retrações: Não Sim ____________________________________________ 9.15.15. Edema: Não Sim ______________________________________________ Palpação: 9.15.16: Tumor: Não Sim 9.15.16.1. Localização: __________________________ 9.15.16.2. Diâmetro: ______________cm 9.15.16.3. Mobilidade: ___________________ 9.15.16.4. Consistência: ________________________ 9.15.17. Expresssão: negativa positiva____________________________________ Linfonodos: 9.15.18. Axilares: Não Sim ________9.15.19 Supraclaviculares: Não Sim 9.15.20. Infraclaviculares: Não Sim Metástases: 9.15.21. Local: ___________________________________________________________ 9.16. Abdomen: 9.16.1. inspeção:__________________________________________________________ 9.16.2. palpação: _________________________________________________________ 9.16.3. percussão:____________________________ 9.16.4. ausculta: ______________ 9.17. Órgãos Genitais: 9.17.1. Vulva: normal atrofia lesões: __________________________________ 9.17.2. Procidência de PVA ausente não atinge o intróito vaginal ao esforço Atinge o intróito vaginal ao esforço Ultrapassa o intróito vaginal ao esforço Ultrapassa o intróito vaginal no repouso 9.17.3. Procidência de PVP discreta moderada acentuada 9.17.4. Perda de urina: sim não 9.17.4.1. posição ginecológica posição ortostática 9.17.4.2. pequena quantidade grande quantidade 9.17.5. Rotura perineal: ausente 1° grau 2° grau 3° grau 9.17.6. Prolapso uterino: ausente 1° grau 2° grau 3° grau 9.17.7. Sensibilidade perineal: _______________________________________________ 9.17.8. Reflexo anal: _______________________________________________________ 9.17.9. Reflexo bulbo-cavernoso: _____________________________________________ 9.17.10. Teste do cotonete: _________________________________________________ 9.17.11. Avaliação funcional do assoalho pélvico: grau 0: ausência de viisualização e palpação de contração grau 1: ausência de visualização, porém à palpação é reconhecível a contração 83 grau 2: visualização débil e palpação de contração fraca grau 3: visualização presente e à palpação, resistência não opositora grau 4: visualização presente e resistência opositora < 5 segundos grau 5: visualização presente e resistência opositora > 5 segundos 9.17.12. Teste de esforço com a bexiga vazia: negativo positivo Exame especular: 9.17.13. Conteúdo vaginal: ______________________________________________________________________ 9.17.14. Rugosidade e coloração:____________________________________________ 9.17.15. Colo uterino: volume: ___________________ posição: ____________________ 9.17.18. OE: __________ ------- aspecto: _____________________________________ 9.17.20. Inspeção Visual com ácido acético: negativa 9.17.21. Teste de Wiff (KOH): negativo positiva, local: ___________ positivo 9.17.22. Teste de Schiller: negativo positivo , local:___________________________ Toque vaginal: 9.17.23. unimanual: vagina: elasticidade normal diminuída colo: 9.17.23.2. posição : ______________________ 9.17.23.3. volume:______________ 9.17.23.34. mobilização: dolorosa indolor 9.17.24. bimanual: utero: 9.17.24.1. posição AVF RVF, móvel RVF, fixa 9.17.24.2. volume: normal aumentado, __________ veze(s) 9.17.24.3. superfície: regular irregular 9.17.24.4. consistência: ____________________________________________ 9.17.24.5. dor: presente ausente 9.17.24.6. regiões anexiais _________________________________________________ 9.17.24.7. fundos de saco: livres alteração: ________________________________ 9.17.25. outros achados: ___________________________________________________ _______________________________________________________________________ 9.18. DIAGNÓSTICO (S) _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ __________________________________________ 9.19. EXAMES SOLICITADOS _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ __________________________________________ 84 9.20. CONDUTA _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ __________________________________________ EXAMINADOR(ES): _______________________________________________________ Preceptor:__________________________________ 85 DISCIPLINA DE GINECOLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ FICHA DE PRÉ-OPERATÓRIO – AMBULATÓRIO DE GINECOLOGIA – SAÚDE DA MULHER DATA: ____/____/____ 10. IDENTIFICAÇÃO 10.1. Nome: __________________________________________ Cadastro: _______ 10.2. Data de Nascimento: |__|__|__|__|__|__| 10.3. Idade: |__|__| 10.4. Ambulatório de Origem: _______________________________ 10.5. Data da primeira consulta no ambulatório: |__|__|__|__|__|__| 2. DIAGNÓSTICO 2.1 Diagnóstico principal: ________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.2 Diagnósticos secundários: ____________________________________________ __________________________________________________________________ 2.3 Patologias concomitantes: ____________________________________________ __________________________________________________________________ 2.4 Cirurgias prévias: ___________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.5 Medicamentos em uso: _______________________________________________ __________________________________________________________________ 2.6 Ciclos menstruais: última menstruação em: _______________________________ 2.7 Antecedentes Obstétricos: G____P___ PN ____PC____ AE _____AP ____ Último parto: __________ 3. RESULTADOS DE EXAMES 3.1 Colpocitologia oncológica: Data: |__|__|__|__|__|__ 3.2 Colposcopia: Data: |__|__|__|__|__|__ __________________________________________________________________ 3.3 Mamografia: Data: |__|__|__|__|__|__ 3.4 Ultrassonografia: Data: |__|__|__|__|__|__ __________________________________________________________________ 3.5 Avaliação Urodinâmica: Capacidade vesical:____________ml Data: |__|__|__|__|__|__ Resíduo pós-miccional:__________ml PPE _____________cmH2O 86 Hiperatividade detrusora |__| SIM |__| NÃO Estudo miccional: ___________________________________________________ 3.6 Biópsias prévias: Data |__|__|__|__|__|__ Resultado: ____________________________________ 4. EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS: DATA: |__|__|__|__|__|__ Hb:_____ Ht: _______ Leucócitos: ____________ Plaquetas: ___________ Urina I: ____________ Urocultura: ____________ Uréia: ________ Creatinina: ________ Sódio: ____________ Potássio: __________ ECG: ______________________________ Raio X tórax: _____________________________________________________________ Outros exames: ___________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Liberação clínica: data |__|__|__|__|__|__ Responsável: ___________________________ 5. PLANEJAMENTO CIRÚRGICO: 5.1 Cirurgia proposta: _____________________________________________________ ________________________________________________________________________ 5.2 Professor responsável pela indicação: ___________________________________ Data da indicação: |__|__|__|__|__|__ 6. OBSERVAÇÕES _____________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ 7. RESPONSÁVEIS PELA INTERNAÇÃO: R1_________________________________ R2 _________________________________ Interno (s) _________________________ |__| ano ________________________ |__|ano Data e hora da internação: |__|__|__|__|__|__ Hora ___: ____ 87