Manual DERMATITE ATÓPICA Guia para Mães Realização: Anderson Matheus Medeiros de Araújo Camila Oliveira Novais Danilo Moreira Aquino Filipe Tamburini Brito Henry Alonso Nery Vaz Kennedy Kessons Carvalho Alves Maria Eduarda Koser Milena Ribeiro Mendes de Assis Rayssa Tayná Alves da Rocha Orientação: Prof.ª Ana Carolina Fortes Braga Brederodes Villa Sumário 1 - O que é dermatite atópica --------------------------------------------------------------- 4 2 - Causas da dermatite atópica ----------------------------------------------------------- 6 3 - Entenda um pouco da marcha atópica -------------------------------------------- 8 4 - Como diagnosticar a dermatite atópica ------------------------------------------- 10 5 - Como funciona a pele na dermatite atópica ---------------------------------------- 13 6 - O que pode desencadear a dermatite atópica ------------------------------------- 16 7 - Manifestações na dermatite atópica ------------------------------------------------- 19 8 - Cuidados gerais na dermatite atópica --------------------------------------------- 21 9 - Tratamento na dermatite atópica --------------------------------------------------- 26 10 - Vivendo com dermatite atópica ------------------------------------------------------ 28 APRESENTAÇÃO A Dermatite Atópica é uma doença crônica e reincidivante com uma prevalência, no Brasil, entre 8,9 e 11,5%, acometendo principalmente a faixa etária pediátrica. Sua fisiopatologia é complexa que inclui comprometimento da barreira cutânea e alterações imunológicas, que se desenvolve ou agrava através da participação dos fatores desencadeantes(dá se destaque aos agentes infecciosos, alergenos alimentares e aeroalérgenos). O seu diagnóstico é primordialmente clínico e o controle da doença é obtido através da adequada hidratação e do controle da inflamação através da utilização de medicamentos. Tendo em vista os anseios de pais, esse manual tem objetivo de orientar a população, incluindo os profissionais das áreas de saúde, em relação ao manejo do paciente com Dermatite Atópica, identificando fatores de risco, fatores desencadeantes, quadro clinico, diagnóstico e tratamento e por vezes esclarecer algumas dúvidas, que por ventura haja sobre o tema. 1 O que é Dermatite Atópica? Dermatite atópica (ou eczema atópico) é um processo inflamatório crônico da pele caracterizado por lesões avermelhadas, que coçam muito e, às vezes, descamam. Geralmente, elas se localizam no rosto das crianças pequenas e nas dobras do joelho e cotovelo das crianças maiores e dos adultos. Inicia-se no primeiro ano de vida, na maioria dos casos, tem uma evolução crônica e cerca de 60% das crianças apresentam redução ou desaparecimento das lesões antes da adolescência. 4 A dermatite atópica pode estar associada a outras atopias, como asma e/ou rinite e, eventualmente urticária. Caracteriza-se pelo curso crônico, com períodos de crise e de acalmia. Os surtos de dermatite atópica manifestam-se isoladamente ou simultaneamente ou intercalando-se com as crises de asma e rinite. Cerca de 30% dos indivíduos com dermatite atópica têm asma ou rinite alérgica e 15% tem surtos de urticária. Sabe-se, também, que alguns fatores de risco funcionam como gatilho das crises. Entre eles destacam-se: substâncias irritantes (poeira domiciliar, conservantes, produtos de limpeza e usados na lavagem das roupas), tecidos de lã e sintéticos, frio intenso, ambientes secos, calor e transpiração, estresse emocional e alguns tipos de alimentos. Chega a afetar aproximadamente 10 a 20 % de crianças e 2% de adultos. Pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, mas geralmente iniciam-se o aparecimento dos sintomas em crianças na faixa etária dos 2 aos 6 anos de idade. Não ocorre predileção de raça, afeta ambos os sexos de forma semelhante Os números de casos de Dermatite Atópica vem aumentando nas últimas décadas devido principalmente a fatores podem que influenciar: exposição à poluição do ar, famílias menores, com menor exposição a infecções, mais animais de estimação, maior idade materna, e uma vasta gama de alimentos. Além de todos esses fatores há evidências de um componente hereditário devido ao acometimento ser recorrente em familiares. 5 2 Qual a causa da Dermatite Atópica? A Dermatite Atópica é uma doença genética, de forte tendência hereditária e que é fortemente influenciada por fatores ambientais e emocionais. Na verdade nem tudo sobre a causa da DA foi totalmente esclarecido, porém, até o momento, acredita-se haver uma interação entre os fatores genéticos e ambientais que culminam com reações imunológicas que vão caracterizar a doença. 6 As alterações imunológicas do atópico fazem com que o organismo dessas pessoas tenha reações inflamatórias, não observadas em pessoas sem a doença, fazendo com que se cocem muito. A ansiedade e estresse também influenciam na doença, causando mais coceira. 7 3 Entenda um pouco da Marcha Atópica As doenças atópicas são provocadas por uma reação alérgica, muitas vezes causadas por agentes presentes no meio comum, como pólem, mofos, pelos de animais, etc. Elas são uma condição genética, ou seja pacientes com essas doenças geralmente possuem outra pessoa na família com o mesmo quadro. 8 As doenças atópicas são a dermatite atópica (DA), a rinite alérgica e a asma. No paciente atópico elas podem acontecer numa sequência, em que uma antecede o aparecimento da outra. O que acontece é que muitas crianças que desenvolvem DA vêm a apresentar também o quadro de asma e rinite alérgica. Essa condição é chamada de “Marcha Atópica”, justamente porque ocorre a progressão dos sinais clínicos. Devido à sequência de sintomas citados acima em que a Dermatite Atópica é o ponto inicial da Marcha Atópica é que o tratamento desse quadro começa com a abordagem da DA para que esta não se agrave. Estudos mostram que evitando o agravamento da DA é possível controlar as doenças que ocorrem posteriormente. As doenças atópicas são a dermatite ató-pica (DA), a rinite alérgica e a asma. No pa-ciente atópico elas podem acontecer numa sequência, em que uma antecede o apa-recimento da outra. O que acontece é que muitas crianças que desenvolvem DA vêm a apresentar também o quadro de asma e rinite alérgica. Essa condição é chamada de Uma característica importante do paciente com atopia é o seu perfil psicológico. Provavelmente por conta do quadro de DA em que ele se encontra logo na infância, tendo que lidar com o incômodo na pele e a coceira intensa, ele pode ser irritável e exigente, necessitando de muito mais carinho e contato físico que as outras crianças. No caso dos adultos, pode ocorrer sentimento de inferioridade. Além disso ele pode ser um indivíduo tenso e agressivo. Portanto, o paciente atópico deve ser diagnosticado e tratado assim que apareçam os primeiros sinais. Isso evitará tanto as manifestações biológicas quanto as psicológicas, trazendo melhora da qualidade de vida tanto para o indivíduo quanto para seus familiares. 9 4 Como diagnosticar a Dermatite Atópica? O diagnóstico da dermatite atópica é centrado nas manifestações clínicas da doença. Embora o quadro clínico seja bem característico, algumas vezes a doença pode se manifestar de maneira atípica, dificultando o diagnóstico. Foram então estabelecidos critérios, divididos em maiores e menores. São necessários três critérios maiores ou mais de três critérios menores para confirmar o diagnóstico. 10 Critérios maiores: P Prurido P Morfologia e distribuição típica das lesões P História pessoal e/ou familiar P Dermatite crônica e recidivante o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o Critérios menores Xerose Hiperlinearidade palmar Início precoce da doença Tendência a infecções cutâneas Queratose pilar Prega infra-orbital de DennieMorgan Tendência à dermatite inespecífica de mãos e pés Pitiríase alba Dermografismo branco Palidez ou eritema facial Queilite Eczema de mamilo Pregas anteriores do pescoço Acentuação perifolicular Escurecimento periorbital Alopécia areata Sinal de Hertogue (rarefação das sombrancelhas) Hiperreatividade cutânea (Tipo I) Elevação da IgE sérica Conjuntivites recorrentes Intolerância alimentar Curso influenciado por fatores emocionais Catarata Curso influenciado por fatores ambientais Ceratocone 11 Das características principais, o prurido e as lesões eczematosas crónicas ou recorrentes com forma e distribuição típicas, são essenciais para o diagnóstico. Doentes com DA têm tolerância reduzida ao prurido. Apesar do prurido poder ocorrer ao longo do dia, ele é agravado ao anoitecer e durante a noite. O prurido resulta em: comichão (vontade de coçar), liquenificação e pápulas pruriginosas. A xerose é outra característica dos doentes com DA. Na DA, o distúrbio funcional da barreira cutânea é provavelmente o resultado da reduzida concentração de ceramidas e resulta em secura cutânea e num aumento da perda de água transepidérmica. A xerose contribui para o desenvolvimento de microfissuras epiteliais, as quais permitem a entrada de patógenos cutâneos, irritantes e alergenos. É agravada durante os períodos de baixa humidade, tal como o Inverno. A sua reversão é um dos elementos chave no tratamento da DA. O padrão de distribuição e de reação da pele varia de acordo com a idade do doente e a atividade da doença. Cronicamente as áreas desenvolvidas tornam-se espessas e fibróticas, com o desenvolvimento de nódulos dentro das placas. Em qualquer fase, as lesões podem desenvolver infecções secundárias. Não há nenhum exame específico para diagnosticar definitivamente a dermatite atópica, ou seja: o diagnóstico é clínico e feito pelo médico, através do exame da pele ou durante uma consulta de rotina, em que se consideram o histórico médico e familiar do paciente. Entretanto, a dosagem de IgE específica pode ser útil para avaliar a sensibilização a aeroalérgenos e alimentos. A biópsia de pele não mostra achados peculiares da DA, mas auxilia na exclusão de diagnósticos diferenciais. 12 5 Como funciona a pele na Dermatite Atópica? A pele funciona como uma barreira de nossa proteção e tem um papel fundamental na resposta inflamatória da dermatite atópica. A ativação de células presentes na pele depende, basicamente, da intensidade da agressão pela substância que causará a dermatite, ou seja, quanto mais agressiva para pele for a substância que entra em contato com o doente, maior será a reação inflamatória e mais grave será a dermatite atópica. 13 As alterações da barreira da pele na dermatite atópica são observadas pela presença de pele seca, muito frequente e importante, que constitui uma das razões para diagnóstico e acompanhamento. O grau de hidratação da pele, assim como a perda de água através dela, está relacionado com o nível de dano à barreira da pele e nesses casos os pacientes também devem ser acompanhados pelo médico. O principal sintoma da dermatite atópica é a coceira, com sinal de pele seca e com áreas avermelhadas. Na maioria das vezes isto se dá em reposta a elementos do ambiente que superam a barreira natural imposta pela pele. É uma doença que acontece mais em crianças jovens nos primeiros anos de vida. A pele seca é um achado muito comum, indica alteração na barreira da pele e é um parâmetro para diagnóstico e acompanhamento de um quadro suspeito. No desenvolvimento da Dermatite atópica, o defeito na barreira cutânea está relacionado a redução nos níveis de ceramida e profilagrina (substâncias normalmente presentes na pele), com maior perda de água pela pele que se torna mais sujeita a agressões e inflamações. E o que seria a barreira da pele? A barreira da pele, ou barreira cutânea, é basicamente uma “capa” existente na superfície da pele que separa o meio ambiente do meio interno do nosso organismo. Esta capa está constantemente se reparando e se renovando para manter nosso corpo protegido de estímulos externos causadores de inflamação. Qualquer agressão para esta barreira leva o organismo a uma tentativa de reparação que pode levar dias ou até mesmo horas, dependendo da intensidade da agressão causada pelo estímulo. Qual seria a relação entre a barreira cutânea e a dermatite atópica? A dermatite atópica é uma doença crônica, ou seja, tem um longo tempo de evolução, que não possui cura absoluta, geralmente desencadeada por reações alérgicas do doente contra substâncias externas. Estas reações são proporcionadas pela falha da pele enquanto protetora do nosso organismo. A pele seca é um achado muito significativo que sugere alterações na barreira cutânea. Essas alterações incluem, basicamente, redução dos níves de ceramidas, alteração na organização dos 14 lipídeos (gorduras) da pele, e uma resposta exagerada das células de defesa presente na pele (dendítricas). O defeito na barreira da pele presente no indivíduo com dermatite atópica facilita a ação de substâncias irritantes que causam o surgimento de coceira, levando o paciente a ferir a pele no ato de coçá-la. O ferimento piora ainda mais a função de proteção da pele e aumenta o risco de inflamação no local. Além disso, o paciente com dermatite atópica apresenta a pele mais seca e com maior perda de água, o que, por si só, facilita o aparecimento da coceira mesmo na pele sem a lesão aparente, podendo agravar a doença, como já foi dito anteriormente. E a relação entre a pele hidratada e o desenvolvimento da Dermatite Atópica? A perda de água através da pele de um indivíduo normal gira em torno de 15g por hora por m², enquanto que numa pessoa com dermatite atópica essa perda salta para algo em torno de 70g por hora por m2 de superfície corporal. Ou seja, a maior retenção de água na pele funciona como uma proteção para não desenvolver a dermatite atópica. A redução da quantidade de água leva a fissura da pele, que permite a entrada de substâncias nela, incluindo alérgenos e microorganismos. Por este motivo a hidratação da pele sempre é indicada como parte do tratamento e prevenção também. Concluindo... 15 6 O que pode desencadear a Dermatite Atópica? O eczema atópico, ou dermatite atópica (DA), é uma condição clínica comum que afeta mais do que um em cada dez crianças em países desenvolvidos, e sua incidência vem aumentando. Suas causas são diversas, e o desenvolvimento da doença ainda não é totalmente esclarecido, mas sabe-se que existem vários fatores desencadeantes possíveis. 16 A maioria das crianças com dermatite atópica apresentam reações alérgicas a inalantes, como ácaro, poeira, pólen, pelo de animais, tabaco e outros poluentes. Muitos pais relatam que o eczema de seus filhos é pior após o contato com tais alérgenos, que estão presentes em grande número na cama da criança e que além da exacerbação do eczema, pode causar asma. A alergia alimentar e intolerância alimentar também são importantes fatores desencadeantes. Certas substâncias químicas nos alimentos podem provocar um agravamento do eczema, como por exemplo, a tartrazina ou outros corantes. A alergia alimentar depende da idade. A alergia a leite de vaca e ovo, por exemplo, é relativamente transitória, enquanto alergia a moluscos e amendoim tende a continuar ao longo da vida. A retirada do alimento da dieta melhora o quadro clínico, mas não cura a doença. A associação entre a dermatite atópica e alergia alimentar é complexa e não foi completamente elucidada, mas geralmente crianças com eczema atópico mais grave apresentam alergias alimentares (algumas a múltiplos alimentos). Provavelmente menos de 10% das crianças com eczema atópico tem alergia alimentar mediada por IgE com angioedema e urticária. Outro fator importante que desencadeia a dermatite atópica são os irritantes. Roupas e materiais de lã ou tecidos sintéticos, como nylon e acrílicos, em contato direto com a pele, são grandes irritantes. Tecidos de algodão são geralmente bem tolerados. Sabão em excesso e banhos de espuma secam a pele, e muitos produtos perfumados podem causar irritação. Agentes infecciosos também podem desencadear a DA. A pele do paciente com DA é mais suscetível a infecções ou a colonizações por microrganismos. Um fator facilitador dessas infecções é a deficiência de peptídeos antimicrobianos, que são sintetizados na pele e são um componente do sistema imunológico inato necessário ao funcionamento rápido e efetivo na defesa do hospedeiro contra bactérias, fungos e vírus. A bactéria Staphlycoccus aureus e os fungos do gênero Malassezia tem grande destaque. Um outro fator que pode exacerbar a DA é o estresse emocional, sendo considerado um dos fatores mais frequentes. 17 A maioria dos pacientes e pais de pacientes com dermatite atópica, notam que situações estressantes podem levar ao aumento da vermelhidão e da coceira, resultando na piora da doença. As pessoas com dermatite atópica devem aprender a reconhecer as situações de estresse e evitá-las na medida do possível. Alguns métodos que podem reduzir o estresse podem ser feitos pelo próprio paciente e necessitam de pequena ou nenhuma orientação profissional, como por exemplo: priorizar e organizar o tempo, praticar exercício físico aeróbico, ouvir música, ler e até meditar. Os pais também devem aprender a controlar sua ansiedade, pois é muito comum a criança com dermatite atópica captar o nervosismo dos pais e começar a se coçar mais. Outros métodos para o controle do estresse podem requerer assistência profissional, como por exemplo, uma consulta com um psicólogo. A dermatite atópica é uma condição muito comum, que afeta uma a cada dez crianças. Apesar de muito corriqueiro, as causas do eczema atópico não são bem conhecidas, mas sabese que existem vários fatores que podem contribuir para uma piora do quadro da dermatite. 18 7 Manifestações da Dermatite Atópica A característica mais comum que notamos na dermatite atópica são as lesões inflamadas na pele. Essas lesões são avermelhadas, coçam muito e descamam. Muitas vezes, a coceira começa antes da pele ficar inflamada. A dermatite atópica pode o ocorrer tanto em crianças como em adolescentes/adultos. 19 Nas crianças, até dois anos, existem regiões em que a pele é mais acometida. Geralmente, há lesões na face, tronco e nos cotovelos e joelhos. Na face observamos regiões avermelhadas na bocheche e na testa. A parte do nariz e da boca, quase sempre, é poupada. Nos jovens/adultos, as lesões tem algumas características diferentes. São mais secas e escuras. Percebemos lesões, frequentemente, nas dobras do cotovelo, dobras do joelho e no pescoço. Não podemos esquecer que nos casos mais graves as lesões podem acometer todo o corpo. Fique atento! 20 8 Cuidados Gerais na Dermatite Atópica Os pacientes com dermatite atópica devem tomar uma série de cuidados para evitar o agravamento de seu quadro clinico. Os pilares para que o tratamento seja efetivo são a educação do paciente diante de sua condição, o autocuidado, a hidratação correta da pele,o controle dos fatores desencadeantes e o tratamento medicamentoso. Abaixo estão listadas algumas dúvidas comuns sobre os cuidados gerais com o paciente atópico. 21 O banho do paciente com dermatite atópica deve ser numa temperatura de morna para fria, com duração média de 5 a 10 minutos, sem bucha. Ao secar a pele use movimentos leves, evitando esfregar a toalha no corpo, pois dessa maneira evita-se o ressecamento da pele e um possível agravamento das lesões. Dê preferência as toalhas de algodão, elas são menos irritantes que as de tecido sintético. Dê preferência a sabonetes neutros, sem nenhum tipo de cor ou odor. Os com potencial hidratante são os mais recomendados. Mesmo neutro ele deve ser utilizado o mínimo necessário e em um único banho. Caso você observe que o sabonete esta deixando a pele mais irritada ou seca troque ou suspenda seu uso temporariamente. Se a pele não estiver suja limite o seu uso ás axilas,região genital, mãos e pés. O O banho de água sanitária é uma nova recomendação como uma tentativa de tentar prevenir infecções secundárias por uma bactéria chamada de estafilococos aureus. Durante as exacerbações agudas da dermatite atópica, dilui-se 100 ml de água sanitária de até 6%, em 150 L de água, após 10 minutos de imersão utilizar água corrente para retirar o produto. Essa medida pode ser realizada duas vezes por semana e junto com a mupiricina nasal é uma tentativa de erradicar a bactéria. A hidratação é a medida básica para o tratamento da Dermatite Atópica pois reduz a perda transepidermica de água, objetivando o restabelecimento da barreira cutânea. Deve-se dar preferência aos hidratantes emoli-entes, a base de aveia. 22 Em casos mais graves, onde a pele é excessivamente ressecada pode se usar os petrolados associados a óleos. O creme deve ser branco e não possuir nenhum tipo de fragrância, preservativo ou álcool. A aplicação deve ser realizada logo após o banho, cerca de até três minutos após o mesmo.A pele deve necessariamente estar úmida ainda. A aplicação deve ocorrer pelo menos duas vezes ao dia,uma após o banho e outra antes de dormir. Lembre-se hidratar a pele corretamente é medida básica para o tratamento da pele do paciente com Dermatite atópica. É comprovado que o aumento da camada gordurosa da epiderme, utilizando os emolientes de forma correta, tem influencia direta no prurido e na redução de contaminação bacteriana secundária. Mas cuidado, não use hidratantes a base de ureia ou de lactato de amônio pois eles tem propriedades irritativas e podem até agravar o quadro. Dê preferência a vestiários leves e frescos, evitando o atrito deles com a pele e portanto o ressecamento da mesma. As roupas em contato direto com a pele devem ser de algodão 100% ou o mais próximo deste valor possível, principalmente as roupas intimas. Evite roupas de tecido sintético, assim como lã ou fibras. Ao lavar as roupas,sejam elas: pessoais, de banho ou de cama, use sabão neutro de glicerina, evitando sabão em pó, amaciante ou alvejante. Caso a lavagem seja feita em maquina de lavar use preferencialmente sabão liquido com pH neutro, pois amaciantes e sabões residuais na roupa funcionam como irritantes, o que pode agravar a dermatite atópica. Roupas novas devem ser lavadas previamente ao uso para reduzir a concentração de matéria irritante que por ventura esteja agregadas a ela. Não esqueça de retirar a etiqueta pois ela também pode funcionar como irritante ao paciente atópico. Sabe-se que o cloro da piscina, assim como o sol da praia funcionam como agravantes do ressecamento da pele, portanto o individuo com dermatite atópica deve tomar alguns cuidados para se divertir. 23 Os banhos de piscina não devem ser muito demorados. É importantíssimo o uso de um filtro solar(branco e cremoso), antes de nadar mesmo em piscinas cobertas, pois o protetor protegerá parcialmente sua pele da ação irritativa do cloro. Logo após sair da retire pis- a água com cloro com um banho rápido e reaplique o filtro ou creme hidratante. Não deixe a pele secar ao ar livre sem creme. No caso da praia, ela pode até melhorar a pele do paciente atópico, desde que ele use filtro solar e hidrate bem a pele. A prática de exercícios leves ou moderados não está contraindicada, entretanto nas crises evite atividades físicas, principalmente as que provocam sudorese excessiva pois o suor pode funcionar como um agente irritante resultando em uma sensação de “pinicação” e aumentando a coceira. Esportes como natação e hidroginástica devem ser avaliados de acordo com o caso mas é de extrema importância que o paciente tome os cuidados necessários como retirar o cloro no banho após sair da piscina, hidratar a pele e usar filtro solar. Assim como o frio extremo ou temperaturas elevadas demais. O organismo do atópico não tolera bem tais alterações pois em temperaturas muito elevadas há um aumento da transpiração que aumenta a “coceira” e no frio abaixa umidade do ar contribui para o ressecamento da pele e dessa fora, piora da dermatite atópica. Devem ser evitadas o que chamamos de substâncias irritantes,como por exemplo, produtos químicos em geral,tais como detergentes, cosméticos perfumados e coloridos, produtos de limpeza da casa e gasolina, roupas de lã ou fibras sintéticas, poeiras e fumaças de cigarro. O quarto ou o ambiente em que o paciente passe a maior parte do tempo, deve ser arejado, desprovido de muitos moveis, cortinas, carpetes e bichos de pelúcia. 24 Alguns estudos indicam que a redução dos á-caros podem melhorar os sintomas da derma-tite atópica. Portanto é importante que se reti-rem carpetes, tapetes e cortinas do quarto do atópico. Além de recomendável o uso de protetores de colchões e de travesseiros. O papel do alimento na dermatite atópica ainda é controverso. Quando comparado a um paciente sem atopia o paciente atopico tem maior chance de ter alergia alimentar, sendo mais frequente em crianças com menos de 2 anos de idade e nos casos mais extensos e graves. Alguns alimentos podem exacerbar o quadro clinico da dermatite atópica e é importante que o médico seja capaz de identifica-los e, na maioria das vezes prescrever uma dieta restritiva de tais alimentos. Os principais alimentos envolvidos são os leites de vaca e de cabra, ovos, peixes, crustáceos, milho e amendoim. A retirada do alimento contribui para a melhora do quadro clinico mas não leva a cura da doença. 25 9 Tratamento da Dermatíte Atópica O tratamento com os corticóides geralmente é feito na forma tópica, em forma de cremes e pomadas, pois as formas orais desses medicamentos habitualmente não são usadas na Dermatite Atópica devido aos grandes efeitos colaterais que eles causam (quando retirados, a volta da doença costuma ser pior). Os corticoides tópicos são utilizados nas lesões ativas, ou seja, 26 na pele vermelha, descamativa e com coceira. Tem uma potência variada, que deve ser definida pelo médico de acordo com a gravidade das lesões e os seus possíveis efeitos colaterais, desde desde corticoides de baixa potência como a Hidrocortisona 1% até os de alta potência como a Betametasona, utilizada em áreas delimitadas, em pacientes de mais idade (a partir de préescolares), sempre por tempo bem definido. Os anti-histamínicos orais são utilizados na Dermatite Atópica como uma forma de diminuir a coceira, mas o seu uso ainda é controverso nessa doença e o principal efeito que se busca com eles é o sedativo. Nunca se deve utilizar um anti-histamínico por conta própria que esteja associado a um corticóide oral e não utilizar anti-histamínicos tópicos. Os nomes comerciais dos vários anti-histamínicos são: Polaramine, Agasten, Fenergan, Hidroxizine, Claritin, Loralerg, Loremix, Teldane, Zyrtec, Zetir e outros; Somente os médicos têm conhecimento técnico suficiente para indicar esse ou aquele anti-histamínico para cada criança específica portadora de dermatite atópica. 27 10 Vivendo com Dermatite Atópica A vida comum da criança fica limitada em uma série de ativi-dades devido às restrições necessárias para que os devidos cuida-dos com a pele possam ser adotados, o que pode dificultar a for-mação de vínculos com outras crianças, que é fundamental para o seu bom desenvolvimento. Pode haver restrições a esportes, como a natação, restrições dietéticas. A criança pode sentir-se diferente e pouco atraente o que pode 28 levar ao aparecimento de problemas quanto a autoimagem e a autoconfiança. Ocorre ainda associação da Dermatite Atópica com mudança rápida e sem causa de humor ou estado de ânimo, inteligência superior à média, hiperatividade e agressividade reprimida. Alguns estudos apontam que quando a criança está livre das lesões, tem comportamento normal. Ainda destaca-se a influências das emoções em relação à Dermatite Atópica. Situações de estresse vivida por paciente atópicos podem desencadear aumento de coceiras e deixar as crianças mais susceptíveis a doenças, por diminuição da imunidade. 29 Referências: • A psicologia da Dermatite atópica. Dermatologia. Acesso em: 09 de março de 2016. Disponível em: <http://www.dermatologia.net/cat-a-pele/psicobiologiada-dermatite-atopica/> • Aada.org.br [homepage on the internet]. Dermatite atópica. Material educativo. Associação de apoio à dermatite atópica. São Paulo. [acesso 09 mar 16] Disponível em: www.aada.org.br • Aad.org [homepage on the internet] American Academy of Dermatology. Atopic dermatitis. [acesso 09 mar 16]. 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