RAFAEL SANZIO DINIZ LACERDA GOMES Estudo comparativo da Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes - Rubiaceae - do Bioma Amazônia obtida na mata nativa e do cultivo in vitro submetido a diferentes tratamentos de interceptação da radiação solar Belo Horizonte 2007 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. RAFAEL SANZIO DINIZ LACERDA GOMES Estudo comparativo da Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes - Rubiaceae - do Bioma Amazônia obtida na mata nativa e do cultivo in vitro submetido a diferentes tratamentos de interceptação da radiação solar Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação, em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Orientador: Profa. Dra. Ana Maria Dantas Barros. Co-orientador: Profa. Dra. Rose Lisieux Ribeiro Paiva Jácome. Belo Horizonte 2007 G633e Gomes, Rafael Sanzio Diniz Lacerda Estudo comparativo da Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes – Rubiaceae – do Bioma Amazônia obtida na mata nativa e do cultivo in vitro submetido a diferentes tratamentos de interceptação da radiação solar / Rafael Sanzio Diniz Lacerda. – 2009. 101 f. : il. Orientadora Profa. Dra. Ana Maria Dantas Barros Co-Orientadora: Profa. Dra. Rose Lisieux Ribeiro Paiva Jácome Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Farmácia. Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. 1.Psychotria ipecacuanha – Teses. 2. Plantas medicinais Teses. 3. Alcalóides - Teses. 4. Farmacognosia – Teses. I. Barros, Ana Maria Dantas. II. Rose Lisieux Ribeiro Paiva, Jácome. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Farmácia. III. Título. CDD 615.321 AGRADECIMENTOS A Professora Doutora Ana Maria Dantas Barros por seu apoio e inspiração no amadurecimento dos conhecimentos que possibilitaram a conclusão dessa Dissertação. A Professora Doutora Rose Lisieux Ribeiro Paiva Jácome por sua contribuição ao desenvolvimento desse trabalho. Ao Doutor Osmar Alves Lameira, pesquisador da EMBRAPA Amazônia Oriental (CPATU/EMBRAPA), pelo fornecimento das amostras da poaia nativa da Amazônia e ao Professor Doutor José Eduardo Brasil Pereira Pinto, do Laboratório de Cultura de Tecidos e Plantas Medicinais da Universidade Federal de Lavras, pelo tratamento biotecnológico destas plantas utilizadas neste estudo. Ao Professor Doutor Ênio Lacerda Vilaça por sua estimada ajuda nos tratamentos e interpretações dos dados estatísticos desse trabalho. A minha família, pela confiança e motivação nos momentos difíceis. Aos amigos que acompanharam de perto esta jornada. Aos professores e colegas de Curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de nossas vidas. A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização desse trabalho. RESUMO Nos vários recursos naturais presentes na Mata Atlântica estão as espécies medicinais, inclusive algumas ameaçadas de extinção. Dentre estas, destaca-se a Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes, pertencente à família Rubiaceae. Conhecida popularmente como poaia, contém em suas raízes cerca de 2 a 2,7% de alcalóides totais, sendo os mais importantes a emetina, a cefalina e a psicotrina, que conferem a planta suas propriedades terapêuticas. A emetina atua principalmente como expectorante e amebicida, enquanto que a cefalina é responsável pela atividade emética. O objetivo deste estudo foi a comparação dos aspectos morfoanatômicos, farmacoquímicos, validação farmacognóstica/farmacopéica, entre a poaia originária do Bioma Amazônia, e aquelas cultivadas in vitro e submetidas a diferentes tratamentos de interceptação da radiação solar, visando, desta forma, dar suporte a estudos com fins de preservação, cultivo, uso medicinal e ampliar o conhecimento biotecnológico desta espécie. A planta nativa foi coletada em fragmento de mata nativa, no município de Belém, Estado do Pará, na fase vegetativa de desenvolvimento. As plantas cultivadas in vitro e submetidas a diferentes tratamentos foram preparadas na Universidade de Federal de Lavras. No aspecto geral verificou-se que as plantas cultivadas, originadas por processo biotecnológico e submetidas a diferentes tratamentos, apresentaram morfologia semelhante à planta nativa, observada através da descrição morfológica. No entanto, constatou-se um maior número de raízes secundárias. Através da análise estatística realizada, a única diferença observada foi entre os comprimentos de caule, mas apenas entre a espécie nativa e as submetidas aos tratamentos, mas não nas tratadas entre si. As características anatômicas observadas para a raiz, rizomas e grãos de amido da planta nativa confirmam as várias literaturas consultadas. A histolocalização dos alcalóides nas raízes da amostra nativa foi realizada através do teste com o reativo de Dragendorff, na região que circunda o cilindro vascular, sendo positiva. Todas as características anatômicas observadas para a planta nativa também puderam ser observadas nas plantas cultivadas tratadas, não sendo constatada nenhuma diferença marcante. A cromatografia em camada delgada realizada confirma a presença dos alcalóides emetina e cefalina, Rf = 0,24 e 0,13 respectivamente. Os teores de alcalóides não fenólicos apresentaram diferença estatisticamente significativa para a amostra nativa em relação à amostra cultivada tratada. Nas plantas originadas de processos in vitro foram maiores. Os teores de alcalóides fenólicos não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre a amostra nativa e a cultivada tratada. Os teores de alcalóides totais apresentaram diferença estatisticamente significativa entre a amostra nativa em relação aos tratamentos de interceptação da radiação solar. Claramente observa-se que as plantas obtidas por processo biotecnológico apresentaram maiores teores de alcalóides, que a espécie nativa. A planta nativa apresentou teor menor que o especificado pela Farmacopéia em alcalóides totais (1,71%). As plantas cultivadas e tratadas atenderam a estas condições. Os perfis cromatográficos obtidos por cromatografia líquida de alta eficiência confirmaram a presença de emetina nas amostras avaliadas. Palavras-chave: Psychotria ipecacuanha, descrição morfológica, cultivo vegetal in vitro, doseamento de alcalóides ABSTRACT In the various natural resources present in the Atlantic Forest are the medicinal species, including some endangered species. Among these, stands out Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes, belonging in the family Rubiaceae. Popularly known as ipecac, contains in its roots about 2 to 2.7% of total alkaloids, the most important are the emetine, the cephaeline and the psichotrine, giving the plant its therapeutic properties. The emetine acts mainly as an expectorant and amebicide, while the cephaeline is responsible for emetic activity. The objective of this study was to compare the morphological, anatomical and pharmacochemical aspects, pharmacognostic/pharmacopoeia validation between ipecac originating in the Amazon, and those cultivated in vitro and subjected to different treatments of solar radiation interception, in order thus to support studies with the purpose of preservation, cultivation, medicine and increase biotechnology knowledge of this species. The native plant was collected in native forest fragment in the municipality of Belém, state of the Pará, in the vegetative stage of development. The plants grown in vitro and subjected to different treatments were prepared at the Universidade Federal de Lavras. In general appearance it was found that the cultivated plants originating from the biotechnological process and subjected to different treatments, showed morphology similar to native plant, observed by the morphological description. However, there were a greater number of secondary roots. Through statistical analysis, the only difference was observed between the lengths of the stem, but only among native species and subjected to treatment, but not in those treated with one another. The anatomical characteristics observed for the roots, rhizomes and starch grains of native plant confirm the various literature. The histolocalization of alkaloids in the roots of native sample was performed using the test with Dragendorff's reagent, in the region surrounding the vascular cylinder, which is positive. All anatomical characteristics observed for the native plant could be observed in the treated cultivate plants are not observed any significant difference. The thin layer chromatography carried out confirms the presence of alkaloids emetine and cephaeline, Rf = 0.24 and 0.13 respectively. The levels of non-phenolic alkaloids showed statistically significant difference between the native sample and the sample grown treated. In plants from in vitro procedures were higher. The contents of phenolic alkaloids showed no statistically significant difference between the native samples and cultivated treated. The levels of total alkaloids showed a statistically significant difference between the native sample in relation to the processing of interception of solar radiation. Clearly it is observed that the plants obtained by biotechnological process showed larger levels of alkaloids, than the native species. A native plant had less than the level specified by the Pharmacopoeia of total alkaloids (1.71%). Plants grown and treated responded to these conditions. The chromatographic profiles obtained by high performance liquid chromatography confirmed the presence of emetine in the evaluated samples. Key-words: Psychotria ipecacuanha, morphological description, vegetable cultivation in vitro assay of alkaloids LISTA DE FIGURAS 1 Alcalóides isolados de P. ipecacuanha..........................................................................................20 2 Aspectos da P. ipecacuanha coletada na Amazônia....................................................................45 3 Aspecto da P. ipecacuanha, após serem submetidas aos diferentes tratamentos...................49 4 Secção transversal mostrando súber (s), parênquima cortical (pc), floema (f) e xilema (x), (barra = 200µ µm).................................................................................................................................61 5 Detalhe do súber (s) e parênquima cortical (pc), (barra = 20µ µm).................................................61 6 Secção transversal mostrando células com grãos de amido (cga), floema (f) e xilema (x), (barra = 20µ µm)...................................................................................................................................61 7 Detalhe das células com grãos de amido (ga) e ráfides (rf), (barra = 10µ µm)..............................61 8 Grãos de amido simples (ga), trigêmeos (gat) e quadrigêmeos (gaq), (barra = 10µ µm).............62 9 Secção longitudinal da raiz mostrando traqueídes com numerosas pontoações (tp) nas paredes laterais (barra = 20µ µm).......................................................................................................62 10 Secção transversal da raiz mostrando súber (s), colênquima (co) e parênquima cortical (pc), (barra = 20µ µm)........................................................................................................................62 11 Detalhe das estrias de Caspary (es), (barra = 15µ µm)..................................................................62 12 Região medular mostrando células parenquimáticas com numerosas pontoações (p), (barra = 15µ µm).................................................................................................................................63 13 Detalhe do súber (s) e esclereídes (barra = 20µ µm)......................................................................63 14 Controle, (barra = 20µ µm)................................................................................................................65 15 Reativo de Dragendorff mostrando região com alcalóides (a), (barra = 20µ µm)........................65 16 Controle, (barra = 10µ µm)................................................................................................................65 17 Reativo de Dragendorff mostrando detalhe da região com alcalóides (a), (barra = 10µ µm)....65 18 Secção transversal mostrando súber (s) e parênquima cortical (pc), (barra = µm).................68 19 Detalhe do súber (s) e parênquima cortical (pc), (barra = µm)...................................................68 20 Secção transversal mostrando o cilindro vascular, região do floema (f) e xilema (x), (barra = µm).....................................................................................................................................68 21 Detalhe das células com grãos de amido (ga) e ráfides (rf), (barra = 10µ µm)............................68 22 Secção transversal mostrando súber (s), parênquima cortical (pc), tricomas (tr) e parte do cilindro vascular com floema (f) e xilema (x), (barra = µm)...................................................69 23 Secção transversal mostrando súber (s) e parênquima cortical (pc) (barra = µm)..................69 24 Detalhe das estrias de Caspary (es), (barra = µm)......................................................................69 25 Grupos de esclereídes (es), região do floema (f) e do xilema (x) (barra = µm).........................70 26 Região medular do caule mostrando células parenquimáticas com numerosas pontoações (p), (barra = µm).........................................................................................................70 27 Detalhe das pontoações (p) (barra = µm)....................................................................................70 28 Análise em CCD de alcalóides de raízes da espécie P. ipecacuanha, nativa da Amazônia. Revelação: luz ultravioleta (365nm). (Pa: padrão emetina; N: nativa; a - u: amostras 1 a 21)....................................................................................................................................................72 29 Análise em CCD de alcalóides de raízes da espécie P. ipecacuanha, nativa da Amazônia. Revelação: solução clorofórmica de iodo. (Pa: padrão emetina; N: nativa; a - u: Amostras 1 a 21).............................................................................................................................72 30 Cromatogramas obtidos por CLAE do extrato bruto de raízes de P. ipecacuanha. Gradiente com a seguinte fase móvel: água acidificada com ácido hexanosulfônico (pH 2,6) e acetonitrila de 70 a 30% em 30 minutos. O fluxo foi de 1 ml/min., temperatura de 30°C e detecção por UV a 285 nmG40L (amostra 2)..............................................................81 31 Cromatogramas obtidos por CLAE do extrato bruto de raízes de P. ipecacuanha. Gradiente com a seguinte fase móvel: água acidificada com ácido hexanosulfônico (pH 2,6) e acetonitrila de 70 a 30% em 30 minutos. O fluxo foi de 1 ml/min., temperatura de 30°C e detecção por UV a 285 nm. G80E (amostra 17)..........................................................81 32 Cromatogramas obtidos por CLAE do extrato bruto de raízes de P. ipecacuanha. Gradiente com a seguinte fase móvel: água acidificada com ácido hexanosulfônico (pH 2,6) e acetonitrila de 70 a 30% em 30 minutos. O fluxo foi de 1 ml/min., temperatura de 30°C e detecção por UV a 285 nm. - Padrão emetina.............................................................82 33 Cromatogramas obtidos por CLAE do extrato bruto de raízes de P. ipecacuanha. Sobreposição das amostras G40L (amostra 2), G80E (amostra 17) e Padrão emetina. Gradiente com a seguinte fase móvel: água acidificada com ácido hexanosulfônico (pH 2,6) e acetonitrila de 70 a 30% em 30 minutos. O fluxo foi de 1 ml/min., temperatura de 30°C e detecção por UV a 285 nm............................................................................................82 LISTA DE TABELAS 1 Cultivo in vitro de P. ipecacuanha: origem do explante, meios de culturas, reguladores de crescimento, resultados e as referências bibliográficas........................................................30 2 Indivíduos da espécie P. ipecacuanha cultivados em casa de vegetação e seus respectivos ambientes.....................................................................................................................35 3 Indivíduos da espécie P. ipecacuanha cultivados em casa de vegetação e seus respectivos tratamentos..................................................................................................................36 4 Comprimentos de folhas, caules, raízes e estípulas e peso das raízes das diversas amostras de P ipecacuanha............................................................................................................51 5 Análise descritiva da média e desvio-padrão das folhas (comprimento e largura), caule (comprimento), raiz (comprimento), estípulas (comprimento) e raízes (peso) de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar.....................................................................................52 6 Análise comparativa das médias dos comprimentos das folhas de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e de três níveis de interceptação da radiação solar.....................................................................................53 7 Análise comparativa das médias das larguras das folhas de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar......................................................................................................54 8 Análise comparativa das médias dos comprimentos dos caules de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar................................................................................................55 9 Análise comparativa das médias dos comprimentos das raízes de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar................................................................................................56 10 Análise comparativa das médias dos comprimentos das estípulas de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar..............................................................................................57 11 Análise comparativa das médias dos pesos das raízes de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar....................................................................................................58 12 Ensaios de pureza para a amostra nativa e os respectivos limites farmacopéicos................71 13 Valores da média e desvio-padrão dos teores de alcalóides fenólicos, não fenólicos e totais (%) nas raízes de P. ipecacuanha.......................................................................................73 14 Análise comparativa das variáveis “aluminete®” 80% e “aluminete®” 40% sob a influência de três níveis de interceptação da radiação solar na concentração de alcalóides não-fenólicos (%) das amostras de P. ipecacuanha...................................................................74 15 Análise comparativa das variáveis “aluminete®” 80% e “aluminete®” 40% sob a influência de três níveis de interceptação da radiação solar na concentração de alcalóides fenólicos (%) das amostras de P. ipecacuanha...........................................................................76 16 Análise comparativa das variáveis “aluminete®” 80% e “aluminete®” 40% sob a influência de três níveis de interceptação da radiação solar na concentração de alcalóides totais (%) das amostras de P. ipecacuanha..............................................................77 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS a alcalóides AM América Central C Colômbia AACT Academia Americana de Toxicologia Clínica AIA ácido indol-3-acético AIB ácido indol-3-butírico ANA ácido naftalenoacético BA 6-benzilaminopurina BAP N-benzil-9-(2-tetraidropiranil)-adenina CCD cromatografia em camada delgada CENARGEN Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia cga células com grãos de amido CLAE cromatografia líquida de alta eficiência cm centímetros cols. colaboradores COPAM Comissão de Política Ambiental CPATU Centro de Pesquisa Agroflorestal do Leste da Amazônia E Escuro EAPCCT Associação Européia dos Centros de Intoxicação e dos Toxicologistas Clínicos EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária es esclereides f floema FAA 70 solução de formaldeído 37%, ácido acético, etanol 70% g grama ga grãos de amido gat grãos de amido trigêmeos gaq grãos de amido quadrigêmeos G40 grupo 40% G80 grupo 80% GA3 ácido giberélico IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística K kinetina L luminosidade larg. largura M molar MG Minas Gerais min. minutos ml mililitros MMA Ministério do Meio Ambiente MS Murashige & Skoog N nenhum nm nanômetros NT nativa P. Psychotria p Pa. PA pc pH pubesc. p/V rf RJ RPM s SR UFLA UV USA WP x 2,4-D µm pontoações padrão Pará parênquima cortical potencial hidrogeniônico pubescente parte por volume ráfides Rio de Janeiro rotações por minuto súber solução reagente Universidade de Federal de Lavras ultravioleta United States of America Wood Plant Liquid xilema ácido 2,4-diclorofenoxiacético micrômetro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................15 1.1 Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes.............................................................17 1.1.1 Aspectos botânicos..........................................................................................17 1.1.2 Aspectos químicos...........................................................................................19 1.1.3 Aspectos farmacológicos.................................................................................22 1.1.4 O extrativismo e comércio................................................................................24 1.1.5 Aspectos ecológicos e cultivo convencional.................................................26 1.1.6 Aspectos biotecnológicos................................................................................27 2 OBJETIVOS.............................................................................................................32 2.1 Objetivos 2.2 3 gerais...................................................................................................32 Objetivos específicos......................................................................................... 32 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................34 3.1 Material vegetal....................................................................................................34 3.1.1 Plantas obtidas da mata nativa........................................................................34 3.1.2 Plantas obtidas pela micropropagação e tratamentos..................................34 3.2 Estudo morfológico.............................................................................................36 3.3 Estudo anatômico................................................................................................37 3.3.1 Caracterização botânica microscópica...........................................................37 3.3.2 Testes Histoquímicos.......................................................................................37 3.4 Ensaios de pureza (Farmacopéia Brasileira 4ª edição)....................................37 3.4.1 Perda por dessecação......................................................................................38 3.4.2 Cinzas totais......................................................................................................38 3.4.3 Cinzas insolúveis..............................................................................................38 3.5 Presença de alcalóides por CCD (Farmacopéia Brasileira 4ª edição)............39 3.6 Doseamento de alcalóides (Farmacopéia Brasileira 4ª edição)......................39 3.6.1 Alcalóides não fenólicos..................................................................................40 3.6.2 3.7 Alcalóides Fenólicos........................................................................................41 Perfil cromatográfico do extrato alcaloídico e identificação da emetina por CLAE............................................................................................................. 41 3.7.1 Preparação do extrato alcaloídico da poaia.................................................. 41 3.7.2 Preparação da solução padrão de emetina....................................................42 3.7.3 Condições cromatográficas............................................................................42 3.8 4 Análise dos dados..............................................................................................42 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................44 4.1 Estudo morfológico............................................................................................44 4.1.1 Descrição macroscópica da planta nativa.....................................................44 4.1.2 Descrição macroscópica da planta cultivada in vitro, submetidas aos diferentes tratamentos.....................................................................................48 4.1.3 Tratamentos estatísticos ................................................................................52 4.2 Estudo anatômico...............................................................................................59 4.2.1 Descrição microscópica da planta nativa......................................................59 4.2.2 Histolocalização dos alcalóides nas raízes da amostra nativa....................64 4.2.3 Descrição microscópica da espécie cultivada in vitro, submetidas aos diferentes tratamentos (G40L, G40E, G40N; G80L, G80E, G80N).................66 4.3 Ensaios de pureza...............................................................................................71 4.4 Presença de alcalóides por CCD (Farmacopéia Brasileira 4ª edição)...........71 4.5 Doseamento de alcalóides (Farmacopéia Brasileira 4ª edição).....................73 4.5.1 4.6 5 Tratamentos estatísticos para os doseamentos de alcalóides não-fenólicos, fenólicos e totais.....................................................................73 Perfil cromatográfico do extrato alcaloídico e identificação da emetina por CLAE.............................................................................................................80 CONCLUSÃO..........................................................................................................83 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................86 ANEXO – Reagentes gerais.....................................................................................97 Apêndice A – Esquema de extração de alcalóides não-fenólicos e fenólicos (Farmacopéia Brasileira, 1996)...............................................................99 Apêndice B – Média e desvio-padrão dos teores de alcalóides (%) das amostras de P. ipecacuanha...........................................................................101 1. INTRODUÇÃO O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), dividem o Brasil em seis biomas: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas (IBGE, 2004). Considerado um dos países de maior biodiversidade do planeta, com cerca de 55 mil espécies nativas Vieira, (1999) distribuiu-as em seis biomas: Amazônia (30.000); Cerrado (10.000); Caatinga (4.000); Mata Atlântica (10.000); Pantanal (10.000) e Floresta Subtropical (3.000). Para o IBGE a floresta subtropical foi considerada como parte da Mata Atlântica. A Mata Atlântica é uma formação florestal distribuída ao longo da costa Brasileira. Originalmente formava uma faixa de mata contínua desde o Estado do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, abrangendo (até o início deste século) cerca de 1.110.182 km2. Ela está distribuída ao longo de uma grande variação latitudinal, ocupando cerca de trinta graus de latitude, desde seu limite norte até o seu limite sul e uma grande variedade altitudinal, ocupando áreas desde o nível do mar podendo chegar até aproximadamente três mil metros de altitude no topo das serras. Esta distribuição geográfica ocasiona uma grande variedade ambiental (clima, relevo, solo, etc.). Por conseqüência, encontramos na Mata Atlântica uma grande variedade de espécies, concentrando neste ecossistema uma parte considerável da biodiversidade da flora e da fauna do Brasil e do mundo (VIEIRA, 1999; IBGE, 2004; BASE DE DADOS TROPICAL, 2005). Hoje a Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, restando menos de 10% da sua cobertura original (VIEIRA, 1999; IBGE, 2004; BASE DE DADOS TROPICAL, 2005). Nos vários recursos naturais presentes na Mata Atlântica estão as espécies medicinais, inclusive algumas ameaçadas de extinção devido a prática extrativista estimulada pelo interesse econômico e o desenvolvimento da agricultura e pecuária (VIEIRA, 1999). Dentre estas, destacamos a Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes, que apesar de seu valor farmacológico e sócio/econômico, observado ao longo da sua história na terapêutica, é observada a cada dia com menor freqüência nos seus locais de ocorrência. Estes fatos estão relacionados à destruição da mata com a diminuição gradativa do habitat natural (SILVA, 2000). 15 A P. ipecacuanha tem como sinonímia vulgar ipeca, ipecacuanha, ipecacuanha-verdadeira, poaia, poaia-verdadeira, papaconha, raiz-emética entre outros (CORRÊA, 1969; LORENZI & MATOS, 2002). A denominação ipecacuanha vem do indígena ipeckaaguene, que significa “trepadeira que faz vomitar” (ROBBERS et al., 1997; LORENZI & MATOS, 2002). E, Poaia significa “a raiz saudável” (GREGÓRIO, 1980). Esta espécie pertence à família Rubiaceae, um grupo taxonomicamente bem definido que segundo Cronquist (1981) é composta por cerca de 450 gêneros e 6500 espécies, sendo que o gênero Psychotria apresenta 800 espécies, número variável ao longo do tempo. A família apresenta uma ampla distribuição geográfica e concentra-se nas regiões tropicais e subtropicais. A classificação da poaia tem suscitado dúvidas ao longo do tempo. Inicialmente, foi denominada por Brotero (1802) como Callicocca ipecacuanha Brot. (BROTERO, 1802, apud ASSIS & GIULIETTI, 1999, p.205). Posteriormente, foi denominada com diferentes epítetos como Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes, Ipecacuanha officinalis Arruda ex Koster, Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich., Psychotria emetica Vell. e Uragoga ipecacuanha Baill. O nome Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich. tem sido o mais utilizado. Steyermark em 1972 mencionou a dificuldade de separação dos gêneros Cephaelis Sw. e Psychotria L. e considerou que apenas o último deles deveria ser mantido (STEYERMARK, 1972 apud ASSIS & GIULIETTI, 1999, p.208). Esse posicionamento é, também, aceito por outros especialistas (D. R. Simpson, J. Kirkbride & E. Robbrecht, dados não publicados) (ASSIS & GIULIETTI, 1999). Neste trabalho adotou-se, portanto, o nome Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes. É aceito como sinonímia científica os seguintes nomes para esta espécie: Callicocca ipecacuanha Brot., Ipecacuanha officinalis Arruda ex Koster, Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A. Rich., Psychotria emetica Vell., Uragoga ipecacuanha Baill., Cephaelis acuminata Karsten. A grande procura por essa espécie fez com que também fossem comercializadas as falsas poaias, que possuem propriedades semelhantes à verdadeira devido à presença de emetina, embora nestas espécies o teor seja menor. As principais apontadas são: Richardia brasiliensis Gomes (poaia branca) e Richardia rosea St. Hil. (poaia do campo ou rosa), da família Rubiaceae; Hybanthus ipecacuanha Taub., da família Violaceae; Polygala angulata DC. da família 16 Polygalaceae (LORENZI & MATOS, 2002; OLIVEIRA & MARTINS, 1998; EMBRAPA, 2002). 1.1 Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes 1.1.1 Aspectos botânicos 1.1.1.1 Descrição macroscópica A poaia é um subarbusto, de caule fracamente lenhificado, com 30 a 50 cm de altura. Quando atinge esse comprimento o caule vai se inclinando para o solo, formando um falso rizoma que emite ramos aéreos e raízes laterais partindo dos nós, transformando algumas delas em raízes tuberosas, de 15 a 30 cm de comprimento e 0,6 a 1,7 cm de largura, com coloração variando do vermelho-tijolo escuro ao marrom escuro. Externamente, apresenta numerosos anéis rugosos separados entre si por sulcos arredondados contornando completamente a raiz. Superfície lisa em corte transversal, com larga casca espessa, uniformemente densa e muito dura. Rizomas curtos, cilíndricos, de até 2 mm de diâmetro, finamente enrugados no sentido longitudinal, com parênquima medular ocupando aproximadamente 1/6 do diâmetro total. As estípulas são concrescidas em bainha e à primeira vista parecendo uma só. As folhas são simples, inteiras, opostas, ovaladas ou estreito-elípticas, curtamente pecioladas, membranácea, peninervadas. O pecíolo é levemente canaliculado. As flores são brancas, em capítulo terminal, envoltas em brácteas. O fruto é do tipo baga, elipsóides, contendo duas sementes (BARROS, 1942; CORREIA, 1969; FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1996; LAMEIRA, 2002; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2005; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2005). 17 1.1.1.2 Descrição microscópica de caule, raízes e rizomas A raiz consiste em súber formado por três a quatro camadas de células tabulares achatadas, de paredes finas e larga banda parenquimática de feloderme. O parênquima cortical, muito desenvolvido, é constituído por um tecido de células repletas de grãos de amido e de células maiores com rafídeos de oxalato de cálcio. Os grãos de amido são simples ou, mais freqüentemente, compostos de duas a oito unidades; os grãos trigêmeos mostram, muitas vezes, um componente menor e os quadrigêmeos, dois componentes menores. Grãos individuais, ovais, arredondados ou grosseiramente hemisféricos possuem, raramente, mais de 15 µm de diâmetro. O floema é muito reduzido, desprovido de fibras, e constituídos de células mais estreitas, em relação ao xilema. O xilema é denso, consistindo principalmente em traqueídeos estreitos, misturados com proporção menor de vasos, ambos com pontoações simples e areoladas nas paredes laterais. A zona lenhosa não mostra raios medulares distintos; suas células aparecem fibrosas, com poros oblíquos e encerram grãos de amido; as demais partes da zona lenhosa são constituídas, na secção transversal, de elementos muitos uniformes; e finalmente, um parênquima lenhoso. O rizoma apresenta, na seção transversal de um entrenó, várias camadas de casca com paredes finas. O córtex é ligeiramente colenquimatoso; periciclo com grupos de grandes esclereídeos, claramente pontuados, com pequeno anel de floema e largo anel de xilema, circundando parênquima medular composto por células com pontoações areoladas, de paredes finas. Os caules jovens em corte transversal apresentam córtex bem desenvolvido, com cerca de 20 fileiras de células, com endoderme evidente e estrias de Caspary. Na estrutura secundária o xilema apresenta os elementos de vaso com diâmetro praticamente igual ao das fibras e são evidentes camadas de crescimento (OLIVEIRA et al., 1998; FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1996; ASSIS & GIULIETTI, 1999; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2005). 18 1.1.2 Aspectos químicos 1.1.2.1 Composição química A poaia, dependendo da idade de sua raiz, pode conter de 2 a 2,7% de alcalóides totais, sendo os mais importantes a emetina, a cefalina e a psicotrina (Figura 1), que conferem a planta suas propriedades terapêuticas (PARIS & MOYSE, 1971; HASEGAWA, et al., 2002). A emetina atua principalmente como expectorante e amebicida, enquanto que a cefalina é responsável pela atividade emética. De acordo com a farmacopéia americana o conteúdo de emetina e cefalina não deve ser menor do que 90% dos alcalóides totais. (ROBBERS et al., 1997; KLAASSEN, 2006; GARCIA et al., 2005; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2005). Do extrato das raízes e rizomas da ipeca foram isolados vários outros alcalóides como protoemetina, emetamina, 9-demetilprotoemetinol, neocefalina, isocefalina, 7`-O-demetilcefalina, 10-O-demetilcefalina, O-metilpsicotrina e doze glicosídeos monoterpenos-tetraidroisoquinolínicos como 6-O-metilipecosídeo, ácido ipecosídeo, alangisídeo, demetilalangisídeo, neoipecosídeo, 7-O-metil- neoipecosídeo, 7-O-metilipecosídeo, 3,4-desidroneoipecosídeo, trans-cefalosídeo, cis-cefalosídeo, 6-O-metil-trans-cefalosídeo e 6-O-metil-cis-cefalosídeo (Figura 1) (HATFIELD et al., 1981; ITOH et al., 1991; NAGAKURA et al., 1993; ITOH et al., 1994; ITOH et al., 1999). A droga vegetal possui ainda grande quantidade de amido (30 a 40%), além de açúcares redutores, resinas, tanino, ácido málico, cítrico e ácido ipecacuânhico. (LAMEIRA, 2002). 19 (A) (B) H3CO H3CO R1O N H H N H3CO H R1 R2 H H H OCH3 OR3 HN N R4 OR2 (C) (D) H3CO H3CO R1 N NAc R2O H R3 H H H OGlc H N R4O2C OCH3 O OCH3 Figura 1 - Alcalóides isolados de P. ipecacuanha (A) Emetina Cefalina Neocefalina 7’-O-demetilcefalina 10-O-demetilcefalina (B) Psicotrina O-metilpsicotrina Alangicina (C) Emetamina (D) Ipecosídeo 6-O-metilipecosídeo Ácido ipecosídeo Neoipecosídeo 7-O-metilneoipecosídeo R1 R2 R3 R4 CH3 CH3 CH3 CH3 H H H OH H H CH3 CH3 CH3 H CH3 OCH3 OH H OH OH H H OH H CH3 H - - - - - - OH OCH3 OH H H H H H H CH3 H H H OH OH CH3 CH3 H CH3 CH3 20 1.1.2.2 Doseamento de alcalóides A Farmacopéia Brasileira 4ª edição (1996) preconiza o doseamento dos alcalóides totais da ipeca (não fenólicos e fenólicos) por espectrofotometria no visível, enquanto que a Americana (UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2005) e a Britânica (BRITISH PHARMACOPOEIA, 2005) preconizam método volumétrico por titulação indireta. O teor especificado em todas as farmacopéias é de no mínimo 2% de alcalóides totais expressos em emetina. Em 1981 Hatfield e cols. descreveram um método para determinação dos alcalóides da poaia por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Amostras do Panamá foram misturadas com hidróxido de amônio (23%) e extraídas com éter etílico. Uma alíquota foi evaporada até secura e o resíduo redissolvido com diclorometano-metanol (25:1). Como fase móvel foi utilizado um sistema de solventes que consistiu em diclorometano-metanol-hidróxido de amônio (250:10:1). O fluxo do solvente programado foi de 1 a 4 ml/min. em um período de 10 min. com detector ultravioleta (UV) a 280 nm. O conteúdo de emetina variou de 0,42% a 1,60% e o de cefalina de 0,76% a 1,82%. Teshima e cols., (1984) quantificou o conteúdo de emetina e cefalina de amostras da América do Sul e do Japão e obteve uma variação de 0,6 a 1,43% de emetina e 0,72 a 3,33% de cefalina. Amostras de ipeca coletadas em Visconde do Rio Branco (MG) e Itaperuna (RJ), durante um ano, foram analisadas por CLAE. A extração dos alcalóides foi feita utilizando-se uma amostra de raiz seca e pulverizada, misturada sob agitação com NH4OH e extraído com éter etílico. A mistura foi centrifugada e a fase orgânica removida por evaporação até secura. O resíduo obtido foi redissolvido na fase móvel constituída por 0,25 M de acetato de sódio (pH 5) e acetonitrila (9:5), em condições isocráticas. O fluxo foi 0,5 ml/min., com detecção por monitoramento da absorbância a 288 nm. A identificação da emetina foi feita por comparação do seu tempo de retenção com o padrão analisado em idênticas condições. A quantificação foi realizada pelo método do padrão externo, com curva de calibração. O conteúdo de emetina de amostras coletadas em Itaperuna variou de 0,18% à 1,55%, enquanto que o de cefalina de 0,08% à 0,52%. 21 As amostras coletadas em Visconde do Rio Branco apresentaram um conteúdo de emetina que variou de 0,81% à 2,24% e de cefalina de 0,07% à 0,28%. Nesses estudos observou-se que o conteúdo de emetina apresentava significativa variação na planta dependendo do local e época de coleta, de algumas características físicas da raiz, do nível de luminosidade incidente no local não só em relação a população investigada, mas também entre os vários indivíduos de uma mesma população. O conteúdo de cefalina apresentou variação sazonal significativa apenas em relação à “reboleira” amostrada. Nenhum padrão claro de sazonalidade que explicasse as oscilações no teor de emetina ou cefalina observadas durante o período de investigação pôde ser identificado (GARCIA et al., 2001, 2005). Vários outros trabalhos foram publicados, empregando-se esta mesma técnica cromatográfica, com alcalóides de outras espécies como, por exemplo, de folhas de tabaco (Nicotiana attenuata Torrey ex Watson), de raízes de Catharanthus roseus (L.) G. Don, de culturas de células híbridas de Rauvolfia serpentina (L.) Benth. ex Kurz e Rhazya stricta Decne. e de alcalóides tropânicos em cultura de tecidos de Datura innoxia Mill. e Atropa belladonna L.. Em todos estes trabalhos foram utilizadas colunas de fase reversa C18 e gradientes de fase móvel com metanol ou água acidificada com tampão fosfato ou com ácido hexanosulfônico e acetonitrila. O fluxo variou de 1 a 2 ml/min. e a detecção foi monitorada no UV a 210, 254, 320 e 365 nm e por eletrtoforese capilar acoplada com espectrômetro de massa (KEINÄNEN et al., 2001; TIKHOMIROFF & JOLICOEUR, 2002; STÖCKIGT et al., 2002; KURSINSZKI et al., 2005). 1.1.3 Aspectos farmacológicos O xarope de ipeca foi amplamente utilizado em nível hospitalar e domiciliar como emetizante em casos de envenenamento por ingestão e apresentava bom resultado, ou seja, a êmese ocorria em 93 a 100% dos casos (GORDON 1985; BARBOSA et al. 1986; BARTSCHERER, 1997; PARIS, 1999). Se a êmese não ocorresse em vinte ou trinta minutos, administrava-se uma segunda dose, e se ainda 22 não ocorresse procedia-se à lavagem gástrica. Relatos de uso em crianças apontavam para episódios de sonolência em 20% e diarréia em 25% delas. O emprego oficial, conforme a Farmacopéia Brasileira primeira, segunda e terceira edições e a Farmacopéia Americana, era na forma de pó, tintura, extrato fluido e xarope. A posologia recomendada do xarope como vomitivo é de 15 a 30 ml, e como expectorante é de 0,05 a 0,2 g (70 a 100g de poaia/L de xarope) (KLAASSEN, 2006; FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1959, 1977; PARIS, 1999; SILVA, 1929; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2005). O efeito emético é devido a sua ação local irritante sobre o trato entérico e, seu efeito sobre a zona de disparo quimioreceptora na área póstrema do bulbo (KLAASSEN, 2006 ROBBERS et al., 1997; SIMÕES et al., 2003). A dosagem administrada deve ser cuidadosamente controlada, tendo em vista a significativa toxicidade se administrada em doses acima da terapêutica. A superdosagem pode causar cardiomiopatia, fibrilação ventricular e morte (KLAASSEN, 2006; BARTSCHERER, 1997). Atualmente há controvérsias em torno da escolha do xarope de ipeca para indução de êmese no tratamento de intoxicações. Alguns autores afirmam que esta é uma escolha segura e eficaz (GORDON 1985; BARBOSA et al., 1986; PARIS, 1999), enquanto outros questionam sua segurança, sugerindo que outras intervenções, como o carvão ativado, teriam eficácia semelhante, com maior margem de segurança (BOLETIM FARMACOTERAPÊUTICA, 2005). Por isso a Academia Americana de Toxicologia Clínica (AACT) e a Associação Européia dos Centros de Intoxicação e dos Toxicologistas Clínicos (EAPCCT) não recomendam o uso do xarope de ipeca em salas de emergências (KRENZELOK, 2002; BUCARETCHI & BARACAT, 2005). Young & Bivins (1993), comparam a eficácia da lavagem gástrica e da indução da êmese pelo xarope de ipeca no esvaziamento gástrico após ingestão de marcadores radioativos, tendo o xarope maior efetividade. Outros autores relatam o uso do xarope em casos de bulimia, alertando para o risco da toxicidade (BARTSCHERER, 1997). A poaia é ainda utilizada como diaforética e no tratamento de doenças relacionadas ao trato respiratório, como por exemplo, coqueluche, bronquite e asma (KLAASSEN, 2006). Atualmente são encontrados no mercado alguns medicamentos 23 contendo preparações de ipeca, como Cardus Benedictus® - Granado® (anticatarral); Ki-expectorante - Cimed; Gosmil® - Jofadel® (anti-séptica e antitussígena para uso veterinário); Fenergan® - Rhodia Pharma® (expectorante). Outro emprego da poaia é como amebicida, pois a emetina destrói as formas tecidulares da ameba, Entamoeba histolytica, implicada na desinteria amebiana. Contudo, devido à toxicidade que a emetina e o seu derivado semi-sintético, a desidroemetina, apresentam, a terapêutica passou a utilizar o metronidazol, que apresenta atividade carcinogênica (Raether & Hanel, 2003; KLAASSEN, 2006). 1.1.4 O extrativismo e comércio A pressão econômica e a coleta descontrolada colocaram a poaia na lista das espécies em ameaça de extinção pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o IBAMA (EMBRAPA, 2002; IBAMA, 2007). Em Minas Gerais ela também consta da Lista das espécies ameaçadas de extinção elaborada pela Comissão de Política Ambiental – COPAM (COPAM, 1997). Várias excursões realizadas na região de Mata Atlântica do entorno do Parque Nacional do Caparaó confirmam esta ameaça, uma vez que alguns botânicos não registraram a presença desta espécie (GRANDI, 1993; LEONI, 1997; LEONI & SOUZA 1999). Para a realização deste trabalho, novas excursões foram realizadas na região pela professora Dra. Ana Maria Dantas Barros e colaboradores, entre os anos de 2003 e 2006, num total de oito expedições, não encontrando a espécie. Este fato acarretou mudanças nos objetivos originais do trabalho, com a troca da espécie de ocorrência da Região Sudeste, para aquela nativa da Região Amazônia. No início do século passado o extrativismo da poaia em várias regiões foi tão significativo, que em 1918, no Estado do Mato Grosso, foi criada uma lei que visava controlar sua coleta, assim como beneficiar os indivíduos que a cultivavam sistematicamente, através de prêmios em dinheiro e abatimentos no valor do imposto de exportação (OLIVEIRA & MARTINS, 1998; BARROS, 1942). Durante a década de 40, houve uma tentativa de regulamentar a colheita (BOTELHO, 1942). A época permitida por lei era de novembro a abril, quando se extraía, por dia, cerca de 24 100 a 1000 g de raízes de uma grande mata, conhecida como “mata da poaia”, que ia das proximidades de Cárceres até a serra de Tapirapoan (BARROS, 1942). Para a colheita da poaia empregava-se o “saracuá”, um instrumento composto basicamente de um cone de ferro oco preso em um cabo de madeira, que era manejado com facilidade pelos “poaieiros”. Nesta coleta predatória, a planta era arrancada do solo intacta, incluindo suas raízes (BARROS, 1942). Alguns municípios mineiros cresceram e se desenvolveram a partir da extração e comércio da poaia, como Visconde do Rio Branco e Muriaé. O extrativismo alcançou seu ápice na década de 40, quando a extração da poaia chegou a 400 toneladas em um ano (ASSIS, 1992; OLIVEIRA & MARTINS, 1998; GARCIA, 2001). A produção nesta época se destinava principalmente à exportação para países como Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, além do consumo interno (LAMEIRA, 2002). Diante desta situação, no editorial da Revista Brasileira de Farmácia, de 1945, foi defendida a importância da proteção da poaia e o seu cultivo. Em 1960 o Brasil chegou a exportar mais ou menos 80 toneladas da raiz principalmente para a Europa (SKORUPA & ASSIS, 1998) e em 1961 sai o decreto nº 264 proibindo a sua exportação (IBAMA, 1996). Em 1969, Rennó defendeu a criação de um programa de proteção às espécies medicinais, alertando em particular, para a coleta depredativa desta espécie. De 1980 a 1993 essa exportação diminuiu substancialmente, nunca excedendo 7,5 toneladas/ano (SKORUPA & ASSIS, 1998). Dados da FIOCRUZ apontam para 6,6 toneladas de raiz de ipeca em 1992 (GARCIA, 1998). Em 1998, a exportação da poaia se encontrava limitada no Brasil devido ao difícil acesso ao material espontâneo nas matas e as questões legais e ambientais, sendo que a demanda mundial girava em torno de 100 toneladas por ano. Parte desta demanda era suprida pela C. acuminata, exportada da Colômbia, Nicarágua e Costa Rica (YOSHIMATSU & SHIMOMURA, 1994; SKORUPA & ASSIS, 1998). Apesar de a poaia constar da lista de plantas proibidas para exportação, informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) apontam que o extrativismo das suas raízes ainda ocorre, principalmente, no Mato Grosso e Rondônia, sendo o mercado externo o principal comprador (EMBRAPA, 2002; LAMEIRA, 2002). A diminuição dos locais de coleta aliado ao alto valor de exportação, cerca de 40 US$ o quilo, estimulou o cultivo dessa espécie, sendo que a Índia e Malásia 25 foram os primeiros países que obtiveram êxito nesse cultivo (YOSHIMATSU & SHIMOMURA, 1994; SKORUPA & ASSIS, 1998). 1.1.5 Aspectos ecológicos e cultivo convencional A poaia é nativa de regiões sombreadas e úmidas de florestas tropicais da América, preferindo solos sílico-argilo-humífero, principalmente quando ricos em ferro. Possui populações remanescentes na América Central (Panamá e Costa Rica), América do Sul (Colômbia, Venezuela, Peru, Equador, Bolívia e Guianas), parte ocidental da Amazônia Brasileira (Mato Grosso, Rondônia e Pará) e ao longo da costa Atlântica Brasileira (principalmente no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco e Bahia). Porém, a área de maior ocorrência no Brasil, atualmente, fica no Estado de Mato Grosso, principalmente no município de Cárceres (BARROS, 1942; ALENCAR & SANTOS, 1980; LAMEIRA, 2002; ROSSI et al., 2005). No Estado de Minas Gerais, originalmente, ocorria na faixa florestal que se estende por todo leste, sudeste e sul do estado (Silva, 2000). A poaia se desenvolve em agregados perenes denominados “reboleiras”, as quais se dispõem de forma circular ou elíptica (ROSSI et al., 2005). Neto & Morais (2003) encontraram esta espécie também no Cerrado de Mato Grosso. Em condições naturais, sua propagação natural envolve um pássaro chamado “poaieiro” (Lipaugus vociferans), também denominado de cricrió ou tropeiro, que se alimenta com os frutos da espécie (SICK, 1993). De acordo com Almeida & Alves (2000) uma outra espécie de ave do mesmo gênero (Lipaugus lanioides), é considerada como consumidora de frutos de duas outras espécies de Psychotria. Eventualmente pode haver propagação vegetativa por fragmentos do caule ou raiz no solo. Para Garcia (2001) o conteúdo de alcalóides no habitat pode variar significativamente nas reboleiras localizadas num único fragmento florestal. Mesmo sob efeitos de condições ambientais similares, os teores de alcalóides variam mesmo assim, indicando que a seleção de genótipos mais produtivos em alcalóides pode ser viável. Os teores podem variar dependendo das condições de sombreamento local onde as reboleiras se desenvolvem, refletindo inclusive nas 26 características morfológicas. A variação de alcalóides não apresenta um padrão claro de sazonalidade (Garcia, 2001). A literatura mostra poucos trabalhos relacionados a esta questão, demonstrando que estes estudos não são conclusivos. Esta espécie é passível de se adequar a um cultivo economicamente viável e nesse aspecto pode ser um modelo para estudos de sistemas economicamente aproveitáveis da biodiversidade. Uma das dificuldades do cultivo convencional devese ao fato da semente perder rapidamente seu poder germinativo, sendo a sua propagação realizada, geralmente, através de estacas obtidas de fragmentos de caules e raízes (PINTO, 1976; YOSHIMATSU & SHIMOMURA, 1994; OLIVEIRA & MARTINS, 1998). A colheita da poaia deve ser feita quando a planta atinge seu pleno desenvolvimento. Em plantas provenientes de cultivo sob sombreamento artificial (sombrite), sugere-se que uma semana antes da colheita, remova-se a cobertura artificial para induzir um aumento do teor de emetina nas raízes (LAMEIRA, 2002). Na última década iniciou-se no Brasil um esforço para preservar a variabilidade genética de plantas medicinais. O Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia - CENARGEN - em colaboração com outros centros de pesquisa da EMBRAPA e algumas universidades têm um programa para estabelecer um banco de germoplasma de espécies medicinais e aromáticas. Em várias expedições realizadas cobrindo alguns estados brasileiros, de 1988 até 1991, a poaia foi encontrada em vários acessos (VIEIRA, 1999). Skorupa & Assis (1998) iniciaram um trabalho de sua manutenção num banco de germoplasma, localizado em Belém (PA), no Centro de Pesquisa Agroflorestal do Leste da Amazônia (CPATU/EMBRAPA). Outras coleções de germoplasma foram estabelecidas na Universidade do Norte Fluminense, provenientes de 10 acessos da Mata Atlântica nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo (VIEIRA, 1999). 1.1.6 Aspectos biotecnológicos O cultivo vegetal in vitro é um processo por meio dos quais fragmentos vegetais, denominadas explantes, são retirados dos organismos, transferidos para 27 serem cultivados sobre um meio de cultura apropriado em condições assépticas. A partir deste cultivo podem ser regeneradas células amorfas (calos), órgãos e brotos, que dependendo do meio e das condições irão regenerar a planta, inicialmente chamada de plântula quando ainda jovem. Essas são cultivadas no laboratório em substrato asséptico, formando plantas inteiras e, posteriormente, levadas à casa-devegetação para aclimatação antes de serem transferidas para o campo definitivamente (AMARAL & SILVA, 2003). Durante o cultivo celular, a cultura se estabelece aleatoriamente, a partir do explante. E, desta forma pode-se obter numerosas fontes celulares, cada uma com um fenótipo particular. Uma das estratégias adotadas para a obtenção de diferentes fenótipos celulares é a combinação de diferentes reguladores de crescimento, os chamados hormônios vegetais. (PERES, 2002; AMARAL & SILVA, 2003). São substâncias orgânicas que, estando presentes em concentrações muito baixas, controlam os processos biológicos das células e tecidos, promovendo crescimento e desenvolvimento normais. Estas substâncias tiveram seu isolamento e caracterização química nos anos 40, propiciando amplo avanço nas técnicas que constituem a biotecnologia atual. São agrupadas em duas classes: auxinas (reguladoras do processo de crescimento celular e citodiferenciação) e citocininas (reguladoras do crescimento celular e outros processos) (MURASHIGE & SKOOG, 1962; FRANÇA, 2003). O tipo e a concentração de auxinas e citocininas, ou a proporção auxina/citocinina pode alterar o crescimento e a formação de substâncias em culturas de células vegetais (Batistine et al., 2002; Reis et al., 2004). Como exemplo de auxinas pode-se citar: ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4D); ácido indol-3-acético (AIA); ácido indol-3-butírico (AIB) ácido naftalenoacético (ANA) entre outros. E, como citocininas: 6-benzilaminopurina (BA); Kinetina (K); Nbenzil-9-(2-tetraidropiranil)-adenina (BAP), entre outros. A variabilidade espontânea que ocorre quando se estabelece um cultivo, também permite esperar uma produção de metabólitos secundários variáveis em qualidade e quantidade. Um cultivo in vitro pode não produzir metabólitos secundários, produzir muito pouco ou em quantidades superiores ao da planta de origem. (ZENK, 1975; DANTAS-BARROS & JACQUIN-DUBREUIL, 1994; VASCONSUELO & BOLAND, 2007). Um dos fatores cruciais na produção e acúmulo destes metabólitos secundários são os reguladores de crescimento. A possibilidade 28 de se aumentar e otimizar o conteúdo de determinados princípios ativos no cultivo in vitro, pode ser alcançado através da seleção, tratos culturais, mantido através de procedimentos adequados, e também através do uso de determinadas substâncias, que estimulam a produção e acúmulo destas substâncias, os chamados elicitores (PLETSCH, 1998; ZHONG, 2002; AMARAL & SILVA, 2003; VASCONSUELO & BOLAND, 2007). Uma estratégia para a produção de compostos ativos é a seleção de clones altamente produtores e sua propagação in vitro. A micropropagação oferece vantagens como a maior rapidez na obtenção de um grande número de mudas e a erradicação das pragas e doenças da cultura, principais responsáveis pela baixa produtividade da planta. A clonagem in vitro é particularmente útil para a conservação de espécies ameaçadas e a propagação daquelas recalcitrantes ou de ciclo de vida longo (PLETSCH, 1998). Vários autores relataram a tentativa do cultivo in vitro da poaia. A formação de brotos, calos e/ou plântulas a partir de explantes de folhas, segmentos internodais, sementes ou de raízes foi conseguida, adicionando-se diversos reguladores de crescimento ao meio de cultura. O meio mais freqüentemente utilizado foi aquele desenvolvido por Murashige & Skoog - MS (1962). Outros meios também foram testados, como os desenvolvidos por Gamborg, por Schenk & Hildebrandt e WP (wood plant liquid). Alguns autores quantificam a produção dos alcalóides emetina e cefalina por calos ou raízes. Para melhor visualização dos resultados obtidos em relação à concentração dos reguladores de crescimento e ao tipo de meio de cultura utilizado, essas informações foram resumidas na Tabela 1. 29 Tabela 1 - Cultivo in vitro de P. ipecacuanha: origem do explante, meios de culturas, reguladores de crescimento, resultados e os respectivos autores Origem do explante Meio de cultura Gamborg Cotilédone Brotos das sementes Schenk & Hildebrandt MS MS Raiz MS (metade da conc.) Segmentos Gamborg internodais Segmentos de folhas MS (líquido) de brotos in vitro Segmentos internodais Segmentos de raízes WP MS MS Folhas Resultados / reguladores de crescimento Formação de calo / AIB (8 mg/l); AIA (4 mg/l); ANA (4 mg/l) Melhor rendimento de alcalóides cefalina (0.93%) e emetina (0.346%) / AIB (8 mg/l); AIA (4 mg/l); ANA (4 mg/l) Formação de brotos / K (8 mg/l); ANA (0,05 mg/l); adenina (200 mg/l) Formação de raízes / AIB (2 mg/l) Produção de emetina e cefalina a partir do calo / AIB; AIA Formação de calo / 2,4-D; ANA Produção de emetina e cefalina a partir de raízes / AIB (0,25 mg/l) Autores Jha et al. (1988) Jha & Jha (1989) Jha et al. (1991) Formação de brotos / BA (0,01 a 0,1 mg/l); K (0,1 mg/l) Formação de raízes adventícias e produção de emetina (0.6 mg) e cefalina (2.4 mg) / AIA (0,01 mg/l) Yoshimatsu & Shimomura (1991) Formação de brotos BA (0,01 a 0,1 mg/l); K (0,1 mg/l) Produção de emetina (0,04 a 0,07%) e cefalina (0,4 a 0,5%)/BA (0,01 a 0,1 mg/l) Formação de plântulas AIB:BAP (4:1mg/l e 2:1mg/l) Formação de calo / 2,4-D (4.0 mg/l); K (0.5 mg/l) Diferenciação do calo em brotos / K (4.5 mg/l); 0.1 mg/l ANA Hidalgo et al. (1992) Rout et al. (1992) MS (líquido - metade da conc.) Produção de raízes e desenvolvimento em plântulas / ANA (0,1 a 1,0 mg/l) Folhas Não informado Produção de cefalina (1%) a partir de calo Veeresham et al. (1994) Folhas MS Segmentos internodais WP Formação de raízes adventícias / ANA (0,5 a 3 mg/l) Formação de brotos adventícios / BA (0,01 a 0,1 mg/l); K (0,1 mg/l) Yoshimatsu & Shimomura (1994) Não informado Schenk and Hildebrandt Formação de calo / ANA 3,0 mg/l Cedeira et al. (1995) 30 TABELA 1 - Cultivo in vitro de P. ipecacuanha: origem do explante, meios de culturas, reguladores de crescimento, resultados e os respectivos autores (continuação) Origem do explante Segmentos internodais Segmentos internodais Folhas Não informado Segmentos internodais Meio de cultura MS Gamborg MS (metade da conc.) MS Resultados / reguladores de crescimento Formação de raízes / AIB; GA3 Formação de brotos Formação de raízes / AIB (4.92 µM) Formação de brotos / BAP (6.66 µM) Formação de calo / K (0,5 mg/l); 2,4-D (4,0 mg/l) Formação de embriões somáticos / K 2,5 MS mg/l; 2,4-D 1,0 mg/l Maturação e germinação de embriões somáticos / com ausência de reguladores Formação de brotos / BAP (1,5mg/l); MS (líquido) GA3 (0,5mg/l) MS Formação de brotos / BAP (1,5 mg/l) Autores Lameira et al. (1994) Costa et al. (2000) Rout et al. (2000 e 2001) Batistine et al. (2002) Reis et al. (2004) 31 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivos gerais O objetivo do presente trabalho foi realizar o estudo quantitativo, experimental (PEREIRA, 1995) da poaia (Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes – Rubiaceae), para comparação de aspectos morfoanatômicos, farmacoquímicos, validação farmacognóstica/farmacopéica, entre plantas da espécie originária da região Amazônica Brasileira, coletadas em fragmento de mata nativa, e aquelas cultivadas in vitro e submetidas a diferentes tratamentos de interceptação da radiação solar, visando, desta forma, dar suporte a estudos com fins de preservação, cultivo, uso medicinal e ampliar o conhecimento biotecnológico desta espécie. 2.2 Objetivos específicos: 2.2.1 Nos indivíduos nativos realizar: - Caracterização botânica: ● Macroscópica (raízes, rizomas e partes aéreas); ● Microscópica (raízes e rizomas). - Ensaios gerais (raízes e rizomas): ● Perda por dessecação; ● Cinzas totais; ● Cinzas insolúveis. - Verificação da presença de alcalóides por cromatografia em camada delgada – CCD (raízes e rizomas); - Doseamento de alcalóides totais (raízes e rizomas). 32 2.2.2 Nos indivíduos obtidos por processo biotecnológico cultivados in vitro, submetidos a diferentes tratamentos de interceptação da radiação solar, realizar: - Caracterização botânica ● Macroscópica (raízes, rizomas e partes aéreas); ● Microscópica (raízes e rizomas). - Verificação da presença de alcalóides por CCD nas raízes e rizomas; - Doseamento de alcalóides não fenólicos e fenólicos nas raízes e rizomas; - Obtenção do perfil cromatográfico do extrato alcaloídico e identificação da emetina por CLAE nas raízes e rizomas. 2.2.3 Estudo comparativo entre a planta nativa e as cultivadas in vitro, e submetidas a diferentes tratamentos de interceptação da radiação solar. 2.2.4 Validação farmacognóstica da planta nativa e daquelas obtidas por processo biotecnológico e submetidas a diferentes tratamentos de interceptação da radiação solar. 33 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Material vegetal 3.1.1 Plantas obtidas da mata nativa: O material botânico estudado é procedente da região Amazônica (Estado do Pará) e foi coletado em fragmento de mata nativa, em áreas da EMBRAPA Amazônia Oriental (CPATU/EMBRAPA), próximo ao Horto Florestal, no município de Belém/Pará. O município está localizado a 1° 27′ 21″ S de latitude e 48° 30′ 14″ W de longitude, com altitude de 10 metros. O material foi coletado na fase vegetativa de desenvolvimento e transferido para o Laboratório de cultura de tecidos da UFLA em Lavras/MG 3.1.2 Plantas obtidas pela micropropagação e tratamentos: O presente estudo foi conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos e Plantas Medicinais da Universidade de Federal de Lavras (UFLA) a partir da multiplicação das plantas obtidas em mata Amazônica nativa e fornecida pela CPATU/EMBRAPA de Belém do Pará. A região de Lavras/MG se encontra a 21°14’S de latitude, 45°00’W de longitude e 918 metros de altitude, na região do sul de Minas Gerais. Na obtenção deste material a planta nativa da Amazônia foi multiplicada através do cultivo in vitro, a partir de fragmentos de segmentos internodais, sobre o meio de cultura: Murashige e Skoog (1962), com o regulador de crescimento BAP, na concentração de 2,0 mg/l de meio. Este processo permitiu a obtenção de plântulas. Estas plântulas foram transferidas para se desenvolverem numa casa-de-vegetação por dois anos, sob dois tipos de ambiente. O primeiro ambiente se caracterizou por 40% de interceptação da radiação solar incidente, por meio de tela refletora comercialmente denominada “aluminete®”. O segundo 34 ambiente se caracterizou por 80% de interceptação da radiação solar incidente, pelo mesmo tipo de tela. As plantas obtidas após estes dois anos de cultivo formaram dois grupos: Grupo 40% (G40) e Grupo 80% (G80). As plantas do G40 e G80 receberam três tipos de tratamento e se dividiram em subgrupos: • O primeiro subgrupo foi submetido a um estresse de luminosidade por dez dias com 0% de interceptação da radiação solar (L). • O segundo subgrupo foi submetido a um estresse por dez dias, com interceptação de 100% da radiação solar (escuro) (E). • O terceiro subgrupo permaneceu sob os respectivos “aluminetes®” até o dia da coleta sem nenhum estresse (N). Os grupos e subgrupos formados estão indicados nas Tabelas 2 e 3. Para os procedimentos das análises realizadas, os subgrupos de cada ambiente foram coletados todos ao mesmo tempo, na fase vegetativa. Tabela 2 - Indivíduos de P. ipecacuanha cultivados em casa de vegetação e seus respectivos ambientes G40 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 G80 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 - 35 TABELA 3 - Indivíduos de P. ipecacuanha cultivados em casa de vegetação e seus respectivos tratamentos Tratamentos 0% de interceptação da radiação solar (por dez dias) 100% de interceptação da radiação solar (por dez dias) Nenhum estresse Subgrupos L E N G40 G80 01 12 02 13 03 14 04 15 05 16 06 17 07 18 08 19 09 20 10 21 11 - Originando as amostras tratadas: G40L, G40E, G40N; G80L, G80E, G80N. 3.2. Estudo morfológico A caracterização botânica macroscópica foi realizada nas partes aéreas, folhas (forma e dimensão), caule (forma e dimensão) e nas raízes (forma, dimensão e peso) de amostras nativas e cultivadas/tratadas de P. ipecacuanha. As observações e medidas foram feitas a olho nu, com dispositivo semelhante a um paquímetro e balança analítica (OHAUS, modelo AS120). Empregou-se material vegetal fresco. 36 3.3 Estudo anatômico 3.3.1 Caracterização botânica microscópica: Foi realizada nas partes aéreas (caule), raízes e rizomas de amostras nativas e cultivadas, ainda frescas. Estas foram fixadas em FAA 70 (JOHANSEN, 1940) e conservadas em álcool 70%. Foram realizadas secções transversais e longitudinais à mão livre e coradas com solução de azul de astra e safranina segundo técnica descrita por Johansen, 1940. As fotomicrografias foram obtidas em microscópio Olympus CX-31, acoplado a uma câmara fotográfica Olympus SC-35. 3.3.2 Testes Histoquímicos: Os testes histoquímicos para detecção de alcalóides foram efetuados na amostra nativa utilizando material fresco. Os cortes obtidos foram submetidos aos seguintes reagentes: ácido tartárico (controle) e reativo de Dragendorff (JOHANSEN, 1940). 3.4 Ensaios de pureza (Farmacopéia Brasileira 4ª edição) Foram realizadas nas raízes de amostras nativas. O material foi submetido à secagem em estufa sob temperatura de 40°C por três dias. 37 3.4.1 Perda por dessecação Pesou-se, com precisão, cerca de 3g da amostra, em cápsula de porcelana seca e previamente tarada. Dessecou-se a amostra em estufa, a 100°C ± 5oC, até massa constante, por um tempo mínimo de 5 horas. Resfriou-se à temperatura ambiente em dessecador. O cálculo da perda foi realizado como a porcentagem da massa inicial, de acordo com a seguinte expressão: % perda ={[(massa inicial da amostra) - (massa final da amostra)] / (massa inicial da amostra)} x 100 3.4.2 Cinzas totais Pesou-se, com precisão, cerca de 3 g do pó da amostra, em cadinho de porcelana previamente calcinado e tarado. Calcinou-se o material em chapa aquecedora e posteriormente incinerou-se em mufla, aumentando gradativamente a temperatura, não ultrapassando 450oC até que todo o carvão tenha sido eliminado totalmente. Resfriou-se em dessecador e pesou-se. Nos casos em que o carvão não foi eliminado totalmente, resfriou-se o cadinho e umedeceu-se o resíduo com 2 ml de água ou solução saturada de amônio. Evaporou-se até secura, em chapa quente e incinerou-se até massa constante, não excedendo 450°C. Calculou-se o teor de cinzas totais, em relação à droga seca, de acordo com a seguinte expressão: % cinzas totais = [(massa do resíduo) / (massa inicial da amostra)] x 100 3.4.3 Cinzas insolúveis Ferveu-se o resíduo obtido na determinação de cinzas totais, durante cinco minutos, com 25 ml de ácido clorídrico 7% (p/V), em cadinho coberto com vidro de relógio. Lavou-se o vidro de relógio com 5 ml de água quente, juntando esta água 38 ao cadinho. Recolheu-se o resíduo insolúvel em ácido sobre papel de filtro isento de cinza lavando-o com água quente até que o filtrado se mostre neutro. Transferiu-se o papel de filtro contendo o resíduo para o cadinho original, secou-se sobre chapa aquecedora e incinerou-se a cerca de 500oC, até massa constante. Calculou-se a porcentagem de cinzas insolúveis em relação à droga seca ao ar, de acordo com a seguinte expressão: % cinzas insolúveis em ácido = [(massa do resíduo)/(massa inicial da amostra de cinzas totais)]x100 3.5 Presença de alcalóides por CCD (Farmacopéia Brasileira 4ª edição) Foram realizadas nas raízes de amostras das plantas nativas e cultivadas, secas em estufa sob temperatura de 40°C por três dias. Empregaram-se placas cromatográficas de sílica-gel GF254 com espessura de 250 µm. A fase móvel foi constituída de mistura de clorofórmio, metanol, hidróxido de amônio (93:6,5:0,5). Solução amostra: pesou-se 0,1 g da amostra pulverizada, adicionar uma gota de hidróxido de amônio e 5 ml de clorofórmio e manteve-se sob agitação vigorosa. Deixou-se repousar por trinta minutos e filtrou-se em seguida. Solução de referência: pesou-se 0,005 g de dicloridrato de emetina padrão e dissolveu-se em 20 ml de metanol. As cromatoplacas foram reveladas sob luz ultravioleta (365 nm) e nebulizadas com solução clorofórmica de iodo a 0,5% (p/V) aquecendo a 60°C por dez minutos. Em seguida nebulizadas com o reativo de Dragendorff SR. 3.6 Doseamento de alcalóides (Farmacopéia Brasileira 4ª edição) Realizou-se nas raízes de amostras das plantas nativas e cultivadas, secas em estufa sob temperatura de 40°C por três dias. O esquema referente a esta extração encontra-se no apêndice 1. 39 3.6.1 Alcalóides não fenólicos Pesou-se exatamente cerca de 1g da droga dessecada (100-105°C), finamente pulverizada (250µm) e transferiu-se para erlenmeyer de 100 ml, previamente seco e tarado. Adicionou-se 20 ml de éter etílico e a mistura foi agitada mecanicamente por cinco minutos. Adicionou-se 5 ml de hidróxido de amônio a 25% SR, e manteve-se a agitação por mais uma hora. O volume original foi completado com éter etílico. Procedeu-se a filtração sob chumaço de algodão e repetiu-se a operação até reação de Mayer negativa. Os filtrados foram reunidos e uma alíquota de 10 ml foi transferida para funil de separação. Extraiu-se com alíquotas de 5 ml de hidróxido de sódio M até reação negativa com reativo de Mayer. Os extratos alcalinos foram reunidos, transferidos para outro funil de separação e agitados com 15 ml de éter etílico. A solução alcalina foi transferida para balão volumétrico de 100 ml e reservada para o doseamento de alcalóides fenólicos. Reuniu-se a solução etérea inicial à solução etérea da última extração e evaporou-se sob temperatura de 50-60°C. O resíduo isento de odor de éter foi dissolvido em 2 ml de etanol e acidificado com 5 ml de ácido clorídrico 0,5 M, sendo posteriormente transferido para balão volumétrico de 100,0 ml, completando o volume com água destilada. Retirouse dessa solução uma alíquota de 5 ml, e em seguida adicionou-se 5 ml de solução tampão de acetato de sódio e 2 ml de solução aquosa de iodo 0,1 M. Essa mistura foi aquecida em banho-maria durante quinze minutos, resfriada e adicionada de 3 ml de solução aquosa de tiossulfato de sódio 0,1 M e 10 ml de etanol. Mediu-se a absorbância dessa solução em cubeta de 1 cm a 437 nm, comparou-se com mistura de 5 ml da solução amostra, retirada antes da adição do tampão e reagentes subseqüentes, com 10 ml de água e 10 ml de etanol. Para solução de referência, dissolveu-se 0,05 g de cloridrato de emetina anidro em 100 ml de água destilada. Retirou-se 1 ml desta solução, adicionou-se 4 ml de água destilada e tratou-se de maneira idêntica à solução amostra, com tampão e reagentes subseqüentes. Mediuse a absorbância em comparação com água destilada. Calculou-se o teor de alcalóides não fenólicos, expressos em emetina, utilizando a expressão: A1 x 176,6/Te (100-α)A2 = % de alcalóides não-fenólicos em emetina, em que A1 = absorvância da solução amostra; A2 = absorvância da solução comparativa; α = 40 perda por secagem da droga em % de massa e Te = tomada de ensaio da droga, se diferente de 1 g. 3.6.2 Alcalóides Fenólicos À solução alcalina armazenada no ensaio anterior adicionou-se 15 ml de ácido clorídrico M e água q.s.p. 100 ml. Com alíquota de 5 ml desta solução realizaram-se os mesmos ensaios utilizados para preparação da solução amostra anterior. Para calcular a porcentagem de alcalóides fenólicos, expressos em emetina empregou-se a mesma expressão anterior, substituindo o valor de A1 anterior pelo obtido no presente ensaio. 3.7 Perfil cromatográfico do extrato alcaloídico e identificação da emetina por CLAE Foi realizado em raízes de duas amostras do material cultivado: G40L (amostra 2) e G80E (amostra 17), secas em estufa sob temperatura de 40°C por três dias. O aparelho utilizado foi um cromatógrafo Shimadzu, série LC – 10 A/VP, com detector Shimadzu UV-VIS SPD 10 A/VP, em coluna de fase reversa C-18. 3.7.1 Preparação do extrato alcaloídico da poaia Pesou-se cerca de 100 a 300 mg do pó da amostra, adicionaram-se gotas de hidróxido de amônio 25% e extraiu-se com mistura de diclorometano e éter etílico (1:1). Concentrou-se o extrato e ressuspendeu-se o resíduo em 1,0 ml de metanol. Colocou-se em aparelho de ultra-som por trinta minutos, centrifugou-se a 10000 41 rotações por minuto (RPM) por 10 minutos e transferiu-se a fração solúvel para frasco apropriado para injeção no cromatógrafo. 3.7.2 Preparação da solução padrão de emetina Pesou-se cerca de 5,0 mg do dicloridrato de emetina (Aléxis USA), adicionaram-se gotas de hidróxido de amônio 25% e extraiu-se com éter etílico. Concentrou-se o extrato e ressuspendeu-se o resíduo em 1,0 ml de metanol. Colocou-se em aparelho de ultra-som por trinta minutos, centrifugou-se a 10000 RPM por 10 minutos e transferiu-se a fração solúvel para frasco apropriado para injeção no cromatógrafo. Concentração: 5 mg/ml. 3.7.3 Condições cromatográficas Foram utilizados uma coluna de fase reversa C18 e gradiente com a seguinte fase móvel: água acidificada com ácido hexanosulfônico e acetonitrila de 70 a 30% em 30 minutos. O fluxo foi de 1 ml/min., temperatura de 30°C e detecção por UV a 285 nm. A identificação da emetina no extrato alcaloídico foi feita por comparação do seu tempo de retenção com o do padrão sob condições idênticas. 3.8 Análise dos dados À medida que a coleta de dados e os doseamentos eram processados, procedeu-se a entrada no banco de dados do programa Epi-Info, versão 6.04b (DEAN et al., 1995). Para a análise das variáveis contínuas foram aplicados os testes paramétricos, “t” de Student e “F” (ANOVA). Obedeceram-se os pressupostos de 42 homogeneidade nas variâncias e normalidade nas curvas padrões. Caso estes pressupostos fossem quebrados, o teste não-paramétrico de Kruskall-Wallis poderia ser utilizado. Na presença de diferença estatisticamente significativa em mais de dois grupos, o teste de comparação múltipla de Newman-Keuls foi aplicado. Em todos os testes, considerou-se o valor de α = 5%, ou seja, p<0,05 para medida de significância estatística (SIEGEL & CASTELLAN, 1988; VIEIRA, 1991). 43 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Estudo morfológico 4.1.1 Descrição macroscópica da planta nativa Na figura 2 vemos os aspectos da planta nativa coletada na Amazônia. Sabe-se que possíveis variações morfológicas entre as populações vegetais podem ocorrer (ASSIS, 1992; ASSIS & GIULIETTI, 1999; GARCIA, 2001). Na tentativa de se verificar a ocorrência de variações significativas entre a planta nativa e as cultivadas in vitro, submetidas aos diferentes tratamentos foram realizadas análises dos principais caracteres morfológicos, a saber: a) Simetria da folha (comprimento X largura), em centímetros (cm); b) Simetria (comprimento X largura) cm, peso das raízes em gramas (g); c) Comprimento do caule (cm); d) Comprimento das estípulas (cm). Para a realização das medidas tomou-se como base a maior folha, maior raiz e o maior caule da planta. Para a planta nativa observou-se: Folhas: elípticas, oblongas, ápice acuminado, base atenuada; Pecíolos: glabros; Estípulas: raramente persistentes; Caule (parte aérea): cilíndrico, ereto a prostrado; Caule (falso rizoma): curtos, unidos à raiz, cilíndricos, finamente enrugados no sentido longitudinal; Raiz: tortuosa, simples, ramificada, coloração marrom escuro. Externamente, apresentou numerosos anéis rugosos separados entre si por sulcos arredondados contornando completamente a raiz. Superfície lisa em corte transversal, com casca espessa, uniformemente densa e a parte central muito dura. 44 a b Figura 2 - Aspectos da P. ipecacuanha coletada na Amazônia a - parte aérea (folha, estipula, caule b -raízes e caule tipo falso rizoma 45 A comparação dos dados obtidos com àqueles descritos por Assis (1992), Farmacopéia Brasileira 4ª edição (1996), Lameira (2002) e Assis e Giulietti (1999) confirmam a espécie e a descrição morfológica. As dimensões dos caracteres analisados estão relacionadas abaixo: Folhas (comp.): 3,1 - 12,0 cm, (larg.): 1,5 - 6,1 cm; Caule (comp.): 21,5 - 30,0 cm; Raiz (comp.): 1,0 - 16,0 cm; Estípulas (comp.): 0,7 - 1,0 cm. Assis (1992) realizou um extenso estudo comparativo de caracteres morfológicos apresentados por exemplares de P. ipecacuanha que ocorrem na Floresta Amazônica (Rondônia – RO e Mato Grosso – MT), América Central – AM, Colômbia – C e Mata atlântica (Pernambuco – PE, Bahia – BA, Espírito Santo – ES, Minas Gerais – MG, Rio de Janeiro – RJ e São Paulo – SP), usando nove caracteres no seu estudo. Esta análise mostrou que todos os indivíduos, ao longo de toda a distribuição geográfica, não apresentaram diferenças morfológicas significativas para uma separação infra-específica. Mesmo assim, algumas diferenças são observadas principalmente relacionadas à presença de acúmem na folha mais desenvolvida em uma população fora do Brasil e também na pilosidade. No quadro abaixo estão reunidas algumas informações deste trabalho em relação aos caracteres observados, e respectivas medidas, que podem ajudar no entendimento da questão morfológica do presente trabalho. Folhas comp. (cm) Folhas larg. (cm) Caule (cm) Ramo Estípula superior (cm) População RO e MT 2,3 - 16,0 1,7 - 8,0 19 - 61,5 Pubesc. 0,2 - 1,2 População PE, BA, MG, RJ, SP 4,0 - 13,0 1,7 - 7,4 0,0 59,0 Pubesc. 0,2 - 0,7 População exterior Am. Central e Colômbia 3,4 - 18,3 1,1 - 9,4 0,0 56,0 Glabro 0,2 - 1,5 Neste quadro, embora existam indivíduos com caule de 0,0 cm de altura (acaule) a freqüência deste tipo de indivíduo é extremamente baixa. Alem da extensa variação nas dimensões dos caracteres apontados, a autora observou também uma grande variedade com relação às formas das folhas e estípulas, que estão resumidas no quadro seguinte, para cada região estudada respectivamente. 46 AC e C RO e MT PE, BA, ES, MG, RJ, SP Fonte: Assis (1992) 47 Mesmo com a grande variação nas dimensões e formas, para a autora o não reconhecimento de taxa infra-específicos para a P. ipecacuanha foi devido à ausência de variações morfológicas significativas, para um determinado conjunto de populações. Considera que as populações estudadas (brasileiras e estrangeiras) dificilmente estão trocando genes entre si. Portanto, estas populações estão sofrendo um processo de especiação em taxas diferentes, que poderá levar futuramente à formação de novas espécies. Kay (1984) considera que a maioria das descontinuidades morfológicas das plantas simpátricas é conseqüência de polimorfismo genético, enquanto que descontinuidades morfológicas em plantas alopátricas comumente resultam de barreiras ao fluxo gênico. Para o autor uma espécie geneticamente variável só pode ter categorias infra-específicas reconhecidas, se seus padrões de variação mostrarem descontinuidade clara em caracteres morfologicamente observáveis e especialmente que tais subdivisões incluam também diferenças geográficas e/ou ecológicas. E deve ser levado também em consideração às variações crípticas incluindo aspectos citogenéticos, fisiológicos ou bioquímicos. A descrição morfológica da planta nativa do presente estudo não apresentou diferenças acentuadas em relação aos exemplares descritos por Assis (1992). 4.1.2 Descrição macroscópica da planta cultivada in vitro, submetidas aos diferentes tratamentos Na figura 3 são apresentados os aspectos da planta cultivada submetida aos diferentes tratamentos. 48 Figura 3 - Aspecto da P. ipecacuanha, após serem submetidas aos diferentes tratamentos Para as plantas cultivadas submetidas aos diferentes tratamentos observouse: Folhas: elípticas, oblongas, ápice acuminado, base atenuada; Pecíolos glabros; Estípulas: raramente persistente; Caule (parte aérea): cilíndrico, ereto a prostrado; Caule (falso rizoma): curtos, unidos à raiz, cilíndricos, finamente enrugados no sentido longitudinal; Raiz: tortuosa, simples, ramificada, coloração marrom escuro. Externamente, apresentou numerosos anéis rugosos separados entre si por sulcos arredondados contornando completamente a raiz. Superfície lisa em corte transversal, com casca espessa, uniformemente densa e a parte central muito dura. 49 No aspecto geral verificou-se que as plantas cultivadas, originadas por processo biotecnológico e submetidas aos diferentes tratamentos, apresentaram morfologia semelhante à planta nativa, observada através da descrição morfológica. No entanto, constatou-se um maior número de raízes secundárias. Lameira (2002) verificou que em plantas de 3 anos de idade, obtidas pelo processo natural, podem produzir uma raiz primária contendo oito raízes secundárias por planta, pesando de 30 a 40 g. Pela micropropagação, o número de raízes obtidas pode chegar até 15 raízes secundárias por planta. Este aumento do número de raízes já foi também observado em Curcuma longa L. obtida por processo biotecnológico (PERÉT-ALMEIDA, 2006). As dimensões dos caracteres analisados estão relacionadas abaixo: Folhas (comp.): 0,7 – 9,0 cm, (larg.): 0,4 - 4,5; Caule (comp.): 2,5 - 13,5 cm; Raiz (comp.): 6,0 a 20,0 cm; Estípulas (comp.): 0,3 - 1,4 cm. Considerando os limites inferiores e superiores de Assis (1992) para o comprimento das folhas (2,3 - 18,3 cm) observadas nas três regiões estudadas, o valor encontrado neste experimento foi inferior (0,7 cm). O mesmo foi observado com relação à largura, cujo limite é de 1,1 - 9,4 cm, segundo Assis (1992) e o experimental é de 0,4 cm. Todas as medidas e os pesos mensurados para as amostras nativas e aquelas submetidas a diferentes tratamentos estão reunidos na Tabela 4. 50 Tabela 4 - Comprimentos de folhas, caules, raízes e estípulas e peso das raízes das diversas amostras de P ipecacuanha Folhas Raiz Estípulas Raiz compr. Caule Ambientes Tratamentos Amostras compr. compr. compr. peso x (cm) (cm) (cm) (g) largura (cm) a 12,0 x 6,0 30,0 10,0 0,7 1,51 b 4,7 x 2,2 29,0 16,0 0,6 1,35 c 11,9 x 6,1 21,5 6,0 0,5 1,40 Habitat d 10,0 x 5,5 22,2 5,0 0,6 1,30 e 8,4 x 2,5 28,0 3,0 1,0 1,36 f 3,1 x 1,5 26,0 1,0 0,7 1,38 01 8,5 x 4,0 10,4 10,0 1,1 3,70 L 02 8,0 x 4,4 7,5 17,0 1,3 6,10 03 6,0 x 4,0 7,2 18,0 1,0 2,10 04 2,0 x 1,2 7,8 8,0 0,7 0,50 E 05 6,5 x 2,9 8,5 15,0 1,1 6,10 G40 06 7,5 x 3,0 11,5 18,0 1,4 4,80 07 4,7 x 2,4 5,2 8,0 0,5 1,10 08 6,5 x 2,9 9,5 12,0 0,8 2,90 N 09 7,0 x 3,4 5,0 17,0 1,1 4,40 10 5,0 x 2,9 6,0 12,0 1,1 1,80 11 1,0 x 0,5 6,0 6,0 0,3 1,10 12 6,5 x 4,5 8,5 15,0 0,7 3,10 L 13 9,0 x 4,5 9,0 11,0 1,1 1,20 14 4,0 x 1,8 3,9 10,0 0,7 2,50 8,5 12,0 0,9 1,50 15 2,7 x 1,7 E 16 4,4 x 1,9 2,5 8,0 0,6 0,90 G80 17 8,6 x 4,2 13,5 20,0 1,2 6,40 18 2,0 x 1,0 9,0 16,0 0,9 5,90 19 7,0 x 3,7 10,0 20,0 1,1 5,30 N 20 0,7 x 0,4 5,5 10,0 0,4 2,40 21 2,5 x 1,2 8,2 17,0 0,8 1,80 51 4.1.3 Tratamentos estatísticos As médias e medidas dos desvios padrões estão indicadas na Tabela 5. Tabela 5 - Análise descritiva da média e desvio-padrão das folhas (comprimento e largura), caule (comprimento), raiz (comprimento), estípulas (comprimento) e raízes (peso) de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar Ambientes Habitat G40 G80 Tratamentos Número Folhas Folhas Caule Raiz Estípulas compr. largura compr. compr. compr. de amostras (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) Raiz peso (g) - 06 8,350 3,967 26,117 6,833 ±3,729 ±2,116 ±3,567 ±5,419 1,383 ±0,071 0,683 ±0,172 L 03 7,500 4,133 8,367 15,000 ±1,323 ±0,231 ±1,767 ±4,359 3,967 ±2,013 1,133 ±0,153 E 03 5,333 2,367 9,117 13,667 ±2,930 ±1,012 ±1,711 ±5,132 3,800 ±2,931 1,067 ±0,351 N 05 4,840 2,420 6,340 11,000 ±2,357 ±1,130 ±1,824 ±4,242 2,260 ±1,405 0,760 ±0,358 L 03 6,500 3,600 7,133 12,000 ±2,500 ±1,559 ±2,811 ±2,646 2,267 ±0,971 0,833 ±0,231 E 03 5,233 2,600 8,167 13,333 ±3,037 ±1,389 ±5,501 ±6,110 2,933 ±3,017 0,900 ±0,300 N 04 3,050 1,575 8,175 15,750 ±2,740 ±1,457 ±1,929 ±4,193 3,850 ±2,050 0,800 ±0,294 52 Na Tabela 6 estão indicados os resultados da análise estatística para os comprimentos das folhas (cm) de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. Não há diferença estatisticamente significativa entre o comprimento das folhas, seja em relação à nativa, seja entre aquelas submetidas aos tratamentos. Tabela 6 - Análise comparativa das médias dos comprimentos das folhas de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e de três níveis de interceptação da radiação solar Ambientes Tratamentos Número de amostras Habitat - 06 8,350 ±3,729 L 03 7,500 ±1,323 E 03 5,333 ±2,930 N 05 4,840 ±2,357 L 03 6,500 ±2,500 E 03 5,233 ±3,037 N 04 3,050 ±2,740 G40 G80 Folhas compr. (cm) Teste “t”/F p 1,710 0,1702 53 Na Tabela 7 estão indicados os resultados da análise estatística para as larguras das folhas (cm) de nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. Não há diferença estatisticamente significativa entre a largura das folhas, seja em relação à nativa, ou seja, entre os tratamentos e entre si. Tabela 7 - Análise comparativa das médias das larguras das folhas de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. Ambientes Tratamentos Número de amostras Habitat - 06 3,967 ±2,116 L 03 4,133 ±0,231 E 03 2,367 ±1,012 N 05 2,420 ±1,130 L 03 3,600 ±1,559 E 03 2,600 ±1,389 N 04 1,575 ±1,457 G40 G80 Folhas larg. (cm) Teste “t”/F p 1,64 0,1881 54 Na Tabela 8 estão indicados os resultados da análise estatística para os comprimentos dos caules (cm) de amostras nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. A espécie nativa apresentou maior comprimento para caule em relação aos grupos tratados. E as tratadas entre si não apresentaram diferença. Tabela 8 - Análise comparativa das médias dos comprimentos dos caules de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar Ambientes Tratamentos Número de amostras Habitat - (1) 06 26,117 ±3,567 L (2) 03 8,367 ±1,767 E (3) 03 9,117 ±1,711 N (4) 05 6,340 ±1,824 L (5) 03 7,133 ±2,811 E (6) 03 8,167 ±5,501 N (7) 04 8,175 ±1,929 G40 G80 Caule comp. (cm) Teste “t”/F p 30,28 <0,001 Teste de Comparação Múltipla de Newman-Keuls: 1 > 4, 5, 6, 7, 2 e 3. 55 Na Tabela 9 estão indicados os resultados da análise estatística para os comprimentos das raízes (cm) de amostras nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativa entre os comprimentos das raízes, seja em relação à nativa, seja entre os tratamentos ou entre si. Tabela 9 - Análise comparativa das médias dos comprimentos das raízes de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar Ambientes Tratamentos Número de amostras Habitat - 06 6,833 ±5,419 L 03 15,000 ±4,359 E 03 13,667 ±5,132 N 05 11,000 ±4,242 L 03 12,000 ±2,646 E 03 13,333 ±6,110 N 04 15,750 ±4,193 G40 G80 Raízes comp. (cm) Teste “t”/F p 1,94 0,1243 56 Na Tabela 10 estão indicados os resultados da análise estatística para os comprimentos das estípulas (cm) de amostras nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. Não ocorreram diferenças estatisticamente significativa entre os comprimentos das estípulas, seja em relação à nativa, seja entre os tratamentos ou entre si. Tabela 10 - Análise comparativa das médias dos comprimentos das estípulas de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar Ambientes Tratamentos Número de amostras Habitat - 06 1,383 ±0,071 L 03 3,967 ±2,013 E 03 3,800 ±2,931 N 05 2,260 ±1,405 L 03 2,267 ±0,971 E 03 2,933 ±3,017 N 04 3,850 ±2,050 G40 G80 Estípula comp. (cm) Teste “t”/F p 1,30 0,3001 57 Na Tabela 11 estão indicados os resultados da análise estatística para os pesos das raízes (g) de amostras nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. Em relação ao peso seco das raízes e rizomas, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Não foram verificados na literatura estudos semelhantes ao presente trabalho e, impossibilitando, portanto, uma discussão mais ampla sobre o peso seco das raízes e rizomas e os diferentes métodos de tratamento. Tabela 11 - Análise comparativa das médias dos pesos das raízes de amostras de P ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar Ambientes Tratamentos Número de amostras Habitat - 06 L 03 E 03 N 05 L 03 E 03 N 04 G40 G80 Raiz Peso (g) 0,683 ±0,172 1,133 ±0,153 1,067 ±0,351 0,760 ±0,358 0,833 ±0,231 0,900 ±0,300 0,800 ±0,294 Teste “t”/F P 1,35 0,2818 Através da análise estatística realizada, a única diferença observada foi entre os comprimentos de caule, mas apenas entre a planta nativa e as submetidas aos tratamentos, mas não nas tratadas entre si. Esta diferença morfológica em apenas um parâmetro pode ser explicada a princípio pelo vigor da planta, que segundo Assis (1992) pode influenciar na variação do comprimento da parte aérea, dos entrenós, diâmetro das raízes, comprimento e largura das folhas. 58 Pelo estudo de Assis (1992) observa-se uma extensa variedade com relação às formas das folhas, e uma grande variação nas dimensões dos caracteres apontados, o que leva a admitir mudanças nestes caracteres, sem maiores conseqüências fisiológicas ou bioquímicas. No entanto, os processos fisiológicos das plantas estão sujeitos à interferência dos fatores ambientais. Nas plantas medicinais, o ambiente, além de interferir no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, ainda é um fator determinante da composição química do vegetal, podendo limitar a presença ou concentração da mesma (MELO et al., 2003). Dentre os fatores ambientais a radiação solar e diferentes espectros de radiação exercem uma grande influência nas plantas devido a sua interferência nos processos fisiológicos e bioquímicos. No entanto, se faz necessário avaliar a extensão destas interferências, através do aprofundamento do estudo pela avaliação anatômica e da composição e variação química neste processo. 4.2 Estudo anatômico Visando contribuir para um maior conhecimento da P. ipecacuanha foram feitos estudos anatômicos da raiz e caule (falso rizoma) com o intuito de verificar as semelhanças e/ou diferenças anatômicas observadas em amostras nativas e cultivadas por processo biotecnológico, submetidas a diferentes tratamentos, e suas relações aos parâmetros farmacopêicos e literatura. 4.2.1 Descrição microscópica da planta nativa A raiz, em secção transversal, possui o súber com três a quatro camadas de células tabulares, achatadas, de paredes finas (Figuras 4, 5 e 10). O parênquima 59 cortical possui várias camadas de células, com numerosos grãos de amido e algumas com ráfides de oxalato de cálcio (Figuras 5, 6 e 7). Os grãos de amido são simples ou, mais freqüentemente de três (trigêmeos) ou mais unidades, apresentando um diâmetro de 5 micrômetros quando isolados e de 10 a 15 micrômetros quando associados (Figura 8). O cilindro vascular é constituído de floema reduzido, desprovido de fibras, e xilema denso, na região central da raiz, composto por fileiras radiais de vasos (Figura 6). Em secção longitudinal da raiz observam-se traqueídes com numerosas pontoações nas paredes laterais (Figura 9). As características observadas para a raiz, rizomas e grãos de amido da planta nativa confirmam as várias literaturas consultadas (METCALF & CHALK, 1950; OLIVEIRA et al., 1998; ASSIS & GIULIETTI, 1999; FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1996). O caule jovem (falso rizoma) em secção transversal apresenta um súber estratificado com fileiras de células tabulares, colênquima com várias camadas de células e parênquima cortical com espaços intercelulares (Figura 10). O cilindro vascular constituído pelo xilema e floema é circundado por uma endoderme com estrias de Caspary (Figura 11). O caule (falso rizoma) com crescimento secundário apresenta um súber desenvolvido, colênquima reduzido e periciclo com grupos de esclereídes (Figura 13). O cilindro vascular apresenta-se com um floema estreito e um xilema desenvolvido. Na região central, observa-se a medula com células parenquimáticas com numerosas pontoações (Figura 12). Segundo Alencar & Santos (1980), as observações anatômicas de C. ipecacuanha revelam características de espécies típicas de locais sombreados. 60 4 6 5 7 Figuras 4 a 7 - Raiz de Psychotria ipecacuanha. 4. secção transversal mostrando súber (s), parênquima cortical (pc), floema (f) e xilema (x), (barra = 200µ µm). 5. detalhe do súber (s) e parênquima cortical (pc), (barra = 20µ µm). 6. secção transversal mostrando células com grãos de amido (cga), floema (f) e xilema (x), (barra = 20µ µm). 7. detalhe das células com grãos de amido (ga) e ráfides (rf), (barra = 10µ µm). 61 8 9 10 11 Figuras 8 a 11 - Psychotria ipecacuanha. 8. grãos de amido simples (ga), trigêmeos (gat) e quadrigêmeos (gaq), (barra = 10µ µm). 9. secção longitudinal da raiz mostrando traqueídes com numerosas pontoações (tp) nas paredes laterais (barra = 20µ µm). 10. secção transversal da raiz mostrando súber (s), colênquima (co) e parênquima cortical (pc), (barra = 20µ µm). 11. detalhe das estrias de Caspary (es), (barra = 15µ µm). 62 12 13 Figuras 12 e 13 - Secção transversal do caule (falso rizoma) de Psychotria ipecacuanha. 12. região medular mostrando células parenquimáticas com numerosas pontoações (p), (barra = 15µ µm). 13. detalhe do súber (s) e esclereides (es) (barra = 20µ µm). 63 4.2.2 Histolocalização dos alcalóides nas raízes da amostra nativa A presença de alcalóides foi detectada através do teste com o reativo de Dragendorff, na região que circunda o cilindro vascular, pela coloração marronavermelhada (Figuras 15 e 17). O teste foi confirmado através do controle que foi submetido à extração de alcalóides com ácido tartárico e resultou em reação negativa ao teste com o reativo de Dragendorff (Figuras 14 e 16). A coloração preta no parênquima cortical da raiz corresponde à reação do amido com o iodeto de potássio presente no reativo de Dragendorff (Figuras 14, 15, 16 e 17). A histolocalização de alcalóides foi realizada também por Garcia (2001), na raiz primária da P. ipecacuanha, indicando sua presença principalmente na região do xilema. Este autor também constatou a presença de alcalóides em todas as células da região cortical, na região periférica das células. Neste presente estudo este fato não foi constatado, muito embora a reação concomitante do reativo de Dragendorff com o amido, devido à presença de iodo, resultou em uma coloração fortemente escura, que poderia estar mascarando os resultados observados. 64 15 14 16 17 Figuras 14 a 17 - Testes histoquímicos na raiz em secção transversal de Psychotria ipecacuanha. 14. controle, (barra = 20µ µm). 15. reativo de Dragendorff mostrando região com alcalóides (a), (barra = 20µ µm). 16. controle, (barra = 10µ µm). 17. reativo de Dragendorff mostrando detalhe da região com alcalóides (a), (barra = 10µ µm). 65 4.2.3 Descrição microscópica da planta cultivada in vitro, submetida aos diferentes tratamentos (G40L, G40E, G40N; G80L, G80E, G80N) Um dos pilares da anatomia aplicada ao cultivo in vitro é a comparação com um padrão in vivo. A anatomia pode auxiliar na compreensão dos vários fenômenos relacionados ao corpo vegetal, dentre os quais as respostas ao cultivo in vitro. Nas técnicas de cultivo in vitro, o estabelecimento de células, tecidos ou órgãos vegetais sobre condições controladas tem como conseqüência a interrupção do controle hormonal a que estas células estão submetidas. As células vegetais, sendo expostas a uma nova condição ambiental, podem expressar um potencial morfogênico que não se expressaria in vivo. As condições de cultivo podem tanto permitir a continuidade de um padrão de desenvolvimento, quanto promover a desdiferenciação e a neomorfogênese vegetal, e estas serem detalhadas pelo emprego de técnicas de análise anatômica (RODRIGUES et al., 2004). As características anatômicas observadas estão relacionadas a seguir. A raiz em secção transversal apresenta um súber com três a quatro camadas de células tabulares, achatadas e de paredes finas (Figuras 18 e 19). O parênquima cortical possui várias camadas de células, com numerosos grãos de amido e algumas com ráfides de oxalato de cálcio (Figuras 20 e 21). O caule apresenta um súber estratificado com várias fileiras de células tabulares e alguns tricomas (Figuras 22 e 23). O colênquima é mostrado com várias camadas de células e o parênquima cortical com espaços intercelulares (Figura 23). Os feixes vasculares, constituídos pelo xilema e floema são circundados por uma endoderme com estrias de Caspary (Figura 24). O caule apresenta periciclo com grupos de esclereídes (Figura 25). Os feixes vasculares apresentam-se com uma camada de floema estreita e um xilema desenvolvido. Na região central, temos a medula com células parenquimáticas com numerosas pontoações (Figuras 26 e 27). Todas as características anatômicas observadas para a planta nativa também puderam ser observadas nas plantas cultivadas tratadas. Nenhuma diferença marcante nas características microscópicas das plantas submetidas aos diferentes tratamentos pôde ser constatada, em relação à planta nativa. 66 A histolocalização de alcalóides não foi realizada nestas amostras, já que a presença destes compostos foi confirmada através de processos químicos. 67 18 19 20 21 Figuras 18 a 21 - Raiz de P. ipecacuanha. 18. secção transversal mostrando súber (s) e parênquima cortical (pc), (barra = µm). 19. detalhe do súber (s) e parênquima cortical (pc), (barra = µm). 20. secção transversal mostrando o cilindro vascular, região do floema (f) e xilema (x), (barra = µm). 21. detalhe das células com grãos de amido (ga) e ráfides (rf), (barra = 10µ µm). 68 22 23 24 Figuras 22 - 24 - Caule de P. ipecacuanha. 22. secção transversal mostrando súber (s), parênquima cortical (pc), tricomas (tr) e parte do cilindro vascular com floema (f) e xilema (x), (barra = µm). 23. secção transversal mostrando súber (s) e parênquima cortical (pc) (barra = µm). 24. detalhe das estrias de Caspary (es), (barra = µm). 69 25 26 27 Figuras 25 a 27 - Secção transversal do caule de P. ipecacuanha. 25. grupos de esclereídes (es), região do floema (f) e do xilema (x) (barra = µm) 26. região medular do caule mostrando células parenquimáticas com numerosas pontoações (p), (barra = µm). 27. detalhe das pontoações (p) (barra = µm). 70 4.3 Ensaios de pureza Os ensaios de pureza foram realizados na amostra nativa com o objetivo de verificar se a amostra apresentava os parâmetros farmacopêicos exigidos e estão descritos na Tabela 12. Nenhum trabalho foi realizado para esta espécie, com o intuito de estabelecer estes parâmetros, sendo, portanto estes dados novos para a literatura. Estes ensaios auxiliam na identificação de uma droga vegetal. Tabela 12 - Ensaios de pureza para a amostra nativa e os respectivos limites farmacopéicos Ensaios de pureza Perda por dessecação Cinzas totais Cinzas insolúveis Valores encontrados (%) 9,18 2,65 0,5 Limites farmacopêicos (%) -6 3 4.4 Presença de alcalóides por CCD (Farmacopéia Brasileira 4ª edição) Sob luz ultravioleta (365 nm) foram observadas manchas azuis fluorescentes, correspondentes a emetina e a cefalina (Figura 28). Após nebulizar a cromatoplaca com solução clorofórmica de iodo a 0,5% (p/V) foram observadas manchas de coloração amarelo e pardo correspondentes à emetina e à cefalina, respectivamente, sob luz visível (Figura 29). Estas mesmas manchas apresentaramse, sob luz ultravioleta (365 nm) com coloração amarela intensa e azul fluorescente, respectivamente. 71 Pa NT a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u Figura 28 - Análise em CCD de alcalóides de raízes da P. ipecacuanha, nativa da Amazônia. Revelação: luz ultravioleta (365nm). (Pa: padrão emetina; NT: nativa; a - u: amostras 1 a 21). Pa NT a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u Figura 29 - Análise em CCD de alcalóides de raízes da P. ipecacuanha, nativa da Amazônia. Revelação: solução clorofórmica de iodo. (Pa: padrão emetina; NT: nativa; a - u: amostras 1 a 21). 72 4.5 Doseamento de alcalóides (Farmacopéia Brasileira 4ª edição) A dosagem dos alcalóides não fenólicos, incluindo particularmente a emetina, realiza-se graças à possibilidade de eliminar os fenólicos sob a forma de combinações solúveis em água, com bases fortes (hidróxidos de potássio, sódio, cálcio e bário), mas não com a amônia. Pode considerar-se a diferença entre os alcalóides totais e os não fenólicos como sendo o conteúdo de cefalina, dada a sua riqueza relativa no grupo doa alcalóides fenólicos (COSTA, 1986). 4.5.1 Tratamentos estatísticos para os doseamentos de alcalóides nãofenólicos, fenólicos e totais. Os resultados do cálculo da média e o desvio-padrão para o doseamento de alcalóides fenólicos e não fenólicos nas raízes nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar estão na Tabela 13. Tabela 13 - Valores da média e desvio-padrão dos teores de alcalóides fenólicos, não fenólicos e totais (%) nas raízes de P. ipecacuanha Ambientes Tratamentos Habitat _ Teor de alcalóides (%) Fenólicos Não fenólicos Totais 0,0643 ± 0,0188 1,3743 ± 0,2866 1,7086 ± 0,1141 L 0,3995 ± 0,4226 2,6520 ±0,3529 3,0500 ± 0,0700 E 0,4238 ± 0,1218 2,2156 ± 0,1446 2,6400 ± 0,0608 N 0,3184 ± 0,1683 2,0123 ± 0,2110 2,3320 ± 0,1215 L 0,5378 ± 0,1060 2,9223 ± 0,2341 3,4600 ± 0,1652 E 0,4316 ±0,2654 2,6847 ± 0,2163 3,1167 ± 0,0493 N 0,2998 ± 0,1657 1,6666 ± 0,2180 1,9675 ± 0,1323 G40 G80 73 Na Tabela 14 estão indicados os resultados da análise estatística para o doseamento de alcalóides não fenólicos nas amostras nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e interceptação da radiação solar. As médias e desvios-padrões dos teores de alcalóides estão no apêndice 2. Os teores de alcalóides não fenólicos apresentaram diferença estatisticamente significativa (p<0,001) entre a amostra nativa em relação aos tratamentos de interceptação da radiação solar. Tabela 14 - Análise comparativa das variáveis “aluminete®” 80% e “aluminete®” 40% sob a influência de três níveis de interceptação da radiação solar na concentração de alcalóides nãofenólicos (%) das amostras de P. ipecacuanha Ambientes Tratamentos Número de amostras Habitat - (1) 03 1,3743 ± 0,2866 L1 (2) 03 2,6520 ±0,3529 E1 (3) 03 2,2156 ± 0,1446 N1 (4) 05 2,0123 ± 0,2110 L2 (5) 03 2,9223 ± 0,2341 E2 (6) 03 2,6847 ± 0,2163 N2 (7) 04 1,6666 ± 0,2180 G40 G80 Teor de alcalóides (%) Não-Fenólicos “t”/F p 16,52 <0,001 Teste de Comparação Múltipla de Newman-Keuls: 5, 6 e 2 > 3 > 4 > 7 e 1. Os teores de alcalóides não fenólicos foram iguais e maiores nas seguintes amostras: G80L2 (2,9223%), G80E2 (2,6847%) e G40L1 (2,6520%). E em G40E1 (2,2156%) foi maior que G40N1 (2,0123%), que por sua vez, foi maior que G80N2 (1,6666%) e que a nativa (1,3743%). 74 Esquematicamente, poderíamos resumir a situação: G80 L2 = G80 E2 = G40 L1 > G40 E1 > G40 N1 > G80 N2 = nativa A presença de alcalóides não-fenólicos representa bem a presença de emetina. Hatfield e cols. (1981), em amostras do Panamá, avaliaram o conteúdo de emetina, que variou de 0,42% a 1,60%. Sahu & Mahato, (1982) analisaram por CLAE raízes de poaia cultivadas na Índia e encontraram 1,28% de emetina. Martins (2000) quantificou por CLAE os alcalóides da poaia (região sudeste em floresta estacional decidual), encontrando concentrações médias de 1,41% para a emetina. Os teores em alcalóides não fenólicos na amostra nativa foram próximos aos valores observados na literatura. No entanto, nas plantas originadas de processos in vitro foram maiores. Com relação ao G40: - o estresse de luminosidade é favorável à produção de alcalóides não fenólicos; - a interceptação de 100% de radiação solar embora menos eficaz, é também favorável; É interessante observar que a condição G40L1 favorece igualmente aos outros tratamentos. Com relação ao G80: - tanto o estresse de luminosidade (0% de interceptação), quanto a interceptação de 100% são igualmente favoráveis; G40N1 e G80N2 e nativa: - condição onde se observou os menores teores; A interceptação da radiação solar (0% e 100%) é favorável à presença de alcalóides não-fenólicos. 75 Na Tabela 15 estão indicados os resultados da análise estatística para o doseamento de alcalóides fenólicos em amostras de P. ipecacuanha nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. Os teores de alcalóides fenólicos não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre a amostra nativa em relação aos tratamentos de interceptação da radiação solar. Tabela 15 - Análise comparativa das variáveis “aluminete®” 80% e “aluminete®” 40% sob a influência de três níveis de interceptação da radiação solar na concentração de alcalóides fenólicos (%) das amostras de P. ipecacuanha Ambientes Tratamentos Número de amostras Habitat - 03 0,0643 ± 0,0188 L1 03 0,3995 ± 0,4226 E1 03 0,4238 ± 0,1218 N1 05 0,3184 ± 0,1683 L2 03 0,5378 ± 0,1060 E2 03 0,4316 ±0,2654 N2 04 0,2998 ± 0,1657 G40 G80 Os teores de alcalóides Teor de alcalóides (%) Fenólicos fenólicos não “t”/F p 1,16 0,3736 apresentaram diferença estatisticamente significativa para todas as amostras: nativa (0,0643%), G40L1 (0,3995%), G40E1 (0,4238%), G40N1 (0,3184%), G80L2 (0,5378%), G80E2 (0,4316%) e G80N2 (0,2998%). A presença de alcalóides fenólicos representa bem a presença de cefalina. Hatfield e cols. (1981) avaliaram em amostras do Panamá, o conteúdo de cefalina, que variou de 0,76% a 1,82%. Sahu & Mahato, (1982) analisaram por CLAE raízes de poaia cultivadas na Índia e encontraram 0,53% de cefalina. Martins (2000) quantificou por CLAE os alcalóides da poaia (região sudeste em floresta estacional decidual), encontrando concentrações médias de 0,32% (cefalina). 76 Na Tabela 16 estão indicados os resultados da análise estatística para o doseamento de alcalóides totais nas amostras nativas e cultivadas sob a influência de ambientes (G40 e G80) e três níveis de interceptação da radiação solar. Os teores de alcalóides totais apresentaram diferença estatisticamente significativa entre a amostra nativa em relação aos tratamentos de interceptação da radiação solar. Tabela 16 - Análise comparativa das variáveis “aluminete®” 80% e “aluminete®” 40% sob a influência de três níveis de interceptação da radiação solar na concentração de alcalóides totais (%) das amostras de P. ipecacuanha Ambientes Tratamentos G80 Totais - (1) 03 1,7086 ± 0,1141 L1 (2) 03 3,0500 ± 0,0700 E1 (3) 03 2,6400 ± 0,0608 N1 (4) 05 2,3320 ± 0,1215 L2 (5) 03 3,4600 ± 0,1652 E2 (6) 03 3,1167 ± 0,0493 N2 (7) 04 1,9675 ± 0,1323 Habitat G40 Teor de alcalóides (%) Número de amostras “t”/F p 95,16 <0,001 Teste de Comparação Múltipla de Newman-Keuls: 5 > 6 e 2 > 3 > 4 > 7 > 1 Os teores de alcalóides totais foram iguais e maiores nas seguintes amostras: G80L2 (3,4600%) e G80E2 (3,1167%). E em G40L1 (3,0500 %) foi maior que G40E1 (2,6400%), que foi maior que G40N1 (2,3320 %), que por sua vez, foi maior que G80N2 (1,9675%) e este maior que a nativa (1,7086 %). Esquematicamente, poderíamos resumir a situação: G80 L2 > G80 E2 = G40 L1 > G40 E1 > G40 N1 > G80 N2 > nativa 77 Em relação ao G40: − estresse de luminosidade (0% de interceptação da radiação solar) mais favorável que 100% de interceptação Em relação ao G80: − estresse luminoso (0%) é mais favorável que estresse de interceptação total (100%). G40N1 e G40N2 e nativa: − condição onde se observou os menores teores. A interceptação da radiação solar (0% e 100%) é favorável a presença de alcalóides totais. Observa-se claramente que as plantas obtidas por processo biotecnológico apresentarem maiores teores de alcalóides, que a planta nativa. É importante salientar que as plântulas iniciais originárias partiram da planta nativa da Amazônia. A planta nativa apresentou teor menor que o especificado pela Farmacopéia em alcalóides totais (1,71%). As plantas cultivadas e tratadas atenderam a estas condições. A radiação, dentre outros fatores do ambiente, desempenha um papel relevante no controle dos processos associados ao acúmulo de biomassa e é um dos fatores responsáveis pela produção vegetal. Os níveis de luz podem influenciar a translocação de assimilados dos órgãos fotossintéticos de diferentes maneiras. As espécies respondem diferentemente aos níveis de luminosidade. Maior ou menor plasticidade adaptativa das espécies às diferentes condições de radiação solar depende do ajuste de seu aparelho fotossintético, de modo a garantir maior eficiência na conversão de energia radiante em carboidratos e, conseqüentemente, maior crescimento (MELO et al., 2003). Segundo Engel & Poggiani (1991) a eficiência fotossintética está ligada ao teor de clorofila das plantas, afetando o crescimento e influenciando a adaptabilidade das mesmas aos diversos ambientes. Sob o efeito da luminosidade, a clorofila é constantemente sintetizada e destruída pelo processo de foto-oxidação, sendo sua velocidade de decomposição diretamente proporcional à elevada intensidade luminosa prejudicando o processo de assimilação de carbono e em conseqüência os processos fisiológicos relacionados (MELO et al., 2003). 78 Nas plantas medicinais, o ambiente, além de interferir no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, ainda é um fator determinante da composição química do vegetal, podendo limitar a presença ou concentração da mesma (MELO et al., 2003). Dentre os fatores ambientais a radiação exerce uma grande influência nas plantas devido a sua importância nos processos fisiológicos e biossíntese. As plantas superiores respondem de maneira específica aos estímulos luminosos em relação a alguns eventos bioquímicos, fisiológicos e anatômicos, embora possa estar relacionada também aos fatores genéticos e ecológicos (BROW JÚNIOR, 1988). Melo e cols. (2003) tentaram verificar o que ocorre no interior de um ambiente criado, com relação a mudanças em diferentes aspectos climáticos, de ambiente protegido, quanto a radiação total incidente em diferentes níveis de interceptação de luz, associado ao potencial fotossintético. Esses autores utilizaram espécies de Mikania, conhecida como Guaco. Os ambientes foram controlados por meio de tela refletora “aluminete®” (40% e 80%) e 0% de interceptação da radiação solar. Estas plantas são consideradas como de “sombra”. No experimento os autores observaram que a fotossíntese não sofreu considerável influência entre os tratamentos sombreados e a pleno sol. No entanto, o vigor vegetativo das plantas cultivadas sob sombra era superior àquelas cultivadas em pleno sol. Essas observações já foram relatadas por outros autores (PONS & PEARCY, 1994). No trabalho de Melo e cols. (2003) foi medida a radiação global recebida nos diferentes ambientes, sendo verificado que as plantas a pleno sol receberam maior incidência de radiação solar, seguida das plantas sob “aluminete®” 40% e 80% respectivamente. E, quando se compara o valor de umidade relativa do ar nos ambientes sob “aluminete®” 40% com o ambiente sob “aluminete®” 80%, foi verificado que o primeiro é maior em relação ao último. A poaia é conhecida por ser planta de “sombra”. O clima de um fragmento de mata favorável para o desenvolvimento da poaia deve ser quente e úmido no verão, com abundância de precipitação pluviométrica, em torno de 1500 mm, intercalado com período seco e quente, recebendo algumas ondas de frio, podendo chegar a cinco graus, segundo Barros (1942). Mostra-se neste caso a necessidade de correlação ambiental complexa entre os aspectos de luminosidade e umidade. 79 Neste estudo, o “aluminete®” 80% mostrou ser favorável à produção e síntese dos principais alcalóides, os não fenólicos, bem como de alcalóides totais, confirmando desta forma, os resultados já observados na literatura com relação à plantas de sombra. No entanto, sob “aluminete®” 40%, em alguns tratamentos foi observado também situação favorável. Este fato pode estar associado às observações constatadas no experimento de Melo e cols. (2003), onde as melhores condições de umidade foram observadas sob o “aluminete®” 40%, e não sob o “aluminete®” 80%. Vale salientar que resultados diferentes foram observados no comportamento de Bauhinia Forficata Link. (ATORCH, 1999), nos aspectos abordados mostrando que outros estudos se fazem necessários para responder e controlar favoravelmente cada espécie à sua necessidade e conseguir o melhor desempenho da mesma. 4.6 Perfil cromatográfico do extrato alcaloídico e identificação da emetina por CLAE Empregou-se esta metodologia para confirmar a presença de emetina, o principal alcalóide presente, bem como a comparação entre os perfis cromatográficos das amostras. Os perfis obtidos estão nas Figuras 30, 31, 32 e 33. A quantidade de material disponível esteve limitada, às duas amostras possíveis de serem trabalhadas foram: G40L (amostra 2) e G80E (amostra 17). As demais, submetidas aos mesmos tratamentos não estavam disponíveis em quantidades suficientes. Nos cromatogramas das Figuras 30 e 31, observa-se um pico majoritário, aparentemente comum nas duas amostras com tempo médio de retenção de 11,2 e outros que não puderam ser identificados. Nas amostras G40L(2) e G80E(17) observam-se tempos de retenção próximos para a emetina, de 8,5 e 8,3 respectivamente (Figura 30 e 31). A figura 32 apresenta o perfil cromatográfico para a emetina padrão, com tempo de retenção de 8,5 semelhante àqueles dos extratos. Na figura 33 os perfis cromatográficos estão superpostos, para facilitar a identificação da emetina nos extratos. 80 30 31 Figura 30 a 31 - Cromatogramas obtidos por CLAE do extrato bruto de raízes de P. ipecacuanha. 30. G40L (amostra 2) 31. G80E (amostra 17). Gradiente com a seguinte fase móvel: água acidificada com ácido hexanosulfônico (pH 2,6) e acetonitrila de 70 a 30% em 30 minutos. O fluxo foi de 1 ml/min., temperatura de 30°C e detecção por UV a 285 nm. 81 32 33 Figura 32 a 33 - Cromatogramas obtidos por CLAE do extrato bruto de raízes de P. ipecacuanha. 32 - Padrão emetina; 33 - Sobreposição das amostras G40L (amostra 2), G80E (amostra 17) e Padrão emetina. Gradiente com a seguinte fase móvel: água acidificada com ácido hexanosulfônico (pH 2,6) e acetonitrila de 70 a 30% em 30 minutos. O fluxo foi de 1 ml/min., temperatura de 30°C e detecção por UV a 285 nm. 82 5 CONCLUSÃO Nas condições em que este trabalho foi conduzido pode-se concluir que: (1) No estudo morfológico Não houve diferença estatisticamente significativa entre o comprimento e largura das folhas, entre os comprimentos de raízes, comprimentos de estípulas, peso das raízes e rizomas, seja em relação à planta obtida da mata nativa, seja entre as submetidas aos tratamentos, ou entre ambas. Existe diferença estatisticamente significativa entre os comprimentos do caule, entre a planta nativa e as submetidas aos tratamentos. Ocorreu um maior número de raízes secundárias nas amostras tratadas em relação à planta nativa. A única diferença significativa observada foi entre os comprimentos de caule, mas apenas entre a planta nativa e as submetidas aos tratamentos, mas não nas tratadas entre si. (2) No estudo anatômico Não ocorreram diferenças nas características anatômicas de raiz, rizomas e grãos de amido entre a planta nativa e as submetidas aos tratamentos. 83 (3) Ensaios de pureza Os valores encontrados nos ensaios de pureza para a nativa foram: perda por dessecação: 9,18%; cinzas totais: 2,65%; cinzas insolúveis: 0,5%. (4) CCD A presença dos alcalóides emetina e cefalina, Rf = 0,24 e Rf = 0,13 respectivamente, da poaia, foi detectada através da CCD. (5) Doseamento de alcalóides não-fenólicos Os teores de alcalóides não-fenólicos apresentaram diferença estatisticamente significativa entre a amostra nativa e as submetidas aos tratamentos. Os teores em alcalóides não-fenólicos na amostra nativa foram menores do que nas amostras tratadas. As melhores condições para produzir alcalóides não-fenólicos são: G80L2 = G80E2 = G40L1. A interceptação da radiação solar (0% e 100%) é favorável a presença destes alcalóides, tanto na condição G40 ou G80. (6) Doseamento de alcalóides fenólicos Os teores observados não foram alterados através dos tratamentos empregados. (7) Doseamento de alcalóides totais O teor de alcalóides totais apresentou diferença estatisticamente significativa entre a amostra nativa e as submetidas aos tratamentos. O teor em alcalóides totais na amostra nativa foi menor do que nas amostras tratadas. 84 As melhores condições para produzir alcalóides totais são: G80L2 superior às G80E2 = G40L1. A interceptação da radiação solar (0% e 100%) foi favorável a presença destes alcalóides. O estresse luminoso (0% de interceptação solar) foi mais favorável do que 100% de interceptação. (8) Processo biotecnológico Observou-se que as plantas obtidas por processo biotecnológico apresentam maiores teores em alcalóides não-fenólicos e totais do que a planta nativa. (9) CLAE O perfil cromatográfico por CLAE confirmou a presença de emetina nas amostras G40L(2) e G80E(17). 85 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADDOR, A. A.; Considerações acerca da poaia. Boletim do Ministério da Agricultura (Rio de Janeiro), v.34, n.5, p.1-28, 1945, apud ASSIS, M. C.; GIULIETTI, A. M. Diferenciação morfológica e anatômica em populações de “ipecacuanha” - Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes. (Rubiaceae). Revista Brasileira de botânica, v.22, n.2, p.205-216, 1999. ALENCAR, B. M. C. M.; SANTOS, A. V. P. Contribuição ao conhecimento da anatomia foliar de Ipeca (Cephaelis ipecacuanha Rich.). Ciência e Cultura, v.32, n.7, p. 868-872, 1980. ALMEIDA, E. M.; ALVES, M. A. S. Fenologia de Psychotria nuda e P. brasiliensis (Rubiaceae) em uma área de floresta atlântica no sudeste do Brasil. 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(II) Reagente para histoquímica: Solução estoque ...............................................................25 ml Ácido acético ....................................................................18 ml Água destilada q.s.p. ....................................................... 100 ml (III) Controle: Ácido tartárico 5% em etanol 95% (3 dias) - lavar - Submeter ao reativo de Dragendorff (JOHANSEN, 1940). 97 Reagentes utilizados em CCD e doseamento - Reagente de Dragendorff SR (Farmacopéia Brasileira 4ª edição, 1996) Solução A: dissolver 17 g de subnitrato de bismuto e 200 g de ácido tartárico em 800 ml de água. Solução B: dissolver 160 g de iodeto de potássio em 400 ml de água. Solução estoque: solução A + B. Solução para nebulização: 50 ml da solução estoque + 500 ml de água + 100g de ácido tartárico. - Reagente de Mayer SR (Farmacopéia Brasileira 4ª edição, 1996) 1,35 g de cloreto de mercúrio + 60 ml de água e, separadamente, 7 g de iodeto de potássio em 20 ml de água. Misturar as duas soluções, agitar, filtrar e completar a 100 ml com água. - Tampão acetato de sódio 40 g de acetato de sódio + água q.s.p. 100 ml. Adicionar 1,8 ml de ácido acético e filtrar. 98 APÊNDICE A – Esquema de extração de alcalóides não-fenólicos e fenólicos (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1996) Material vegetal 1 g Erlenmeyer 100 ml tarado 20 ml de éter etílico Agitação 5 min. 5 ml NH4OH 25% SR Agitação 1 hora Completar com éter Filtrar em algodão Filtrado 1 Filtrados reunidos Repetir a operação até Mayer - Alíquota de 10 ml Funil de separação 5 ml NaOH Repetir a operação até Mayer - Extratos alcalinos reunidos Solução etérea inicial Solução etérea Funil de separação 15 ml de éter etílico Descartar Soluções etéreas reunidas Solução alcalina Solução etérea Evaporar 50-60°C 2 ml de etanol 5 ml de HCl 0,5 M Balão vol. 100 ml Balão (100 ml) - reservar para doseamento de alcalóides não fenólicos Completar com água Solução aquosa Alíquota de 5 ml Alíquota de 5 ml 5 ml tampão acetato de sódio 10 ml etanol 2 ml de iodo 0,1 M 10 ml água Aquecer b.m. 15 min. Resfriar BRANCO 3 ml Na2S2O3 10 ml etanol ABSORVÂNCIA Alcalóides fenólicos 99 Solução alcalina reservada 15 ml de HCl Água q.s.p. 100 ml Solução ácida Alíquota de 5 ml Alíquota de 5 ml 5 ml tampão acetato de sódio 10 ml etanol 2 ml de iodo 0,1 M Aquecer b.m. 15 min. resfriar 3 ml Na2S2O3 10 ml etanol 10 ml água ABSORVÂNCIA BRANCO Alcalóides não fenólicos 100 APÊNDICE B – Média e desvio-padrão dos teores de alcalóides (%) das amostras de P. ipecacuanha Ambientes Tratamentos Habitat L E G40 N L G80 E N Amostras Nativa (3 amostras) 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Teor de alcalóides (%) Fenólicos Não fenólicos Totais 0,0643 ± 0,0194 1,6442 ± 0,0841 1,71 0,8874 ± 0,1608 0,1494 ± 0,0166 0,1618 ± 0,0242 0,4200 ± 0,0524 0,3039 ± 0,1204 0,5474 ± 0,0153 0,3263 ± 0,0397 0,5405 ± 0,0021 0,2163 ± 0,0294 0,4049 ± 0,0192 0,1039 ± 0,0201 0,4261 ± 0,0382 0,5503± 0,0210 0,6370 ± 0,0898 0,6001 ± 0,0236 0,5691 ± 0,1466 0,1257 ± 0,0011 0,4747 ± 0,0083 0,0941 ± 0,0713 0,3822 ± 0,0139 0,2480 ± 0,0560 3,13 3,02 3,00 2,71 2,61 2,60 2,24 2,42 2,20 2,31 2,49 3,47 3,62 3,29 3,15 3,14 3,06 1,97 2,07 2,05 1,78 2,2449 ± 0,0069 2,8700 ± 0,0459 2,8412 ± 0,0633 2,2908 ± 0,0432 2,3070 ± 0,0095 2,0489 ± 0,0310 1,9098 ± 0,1708 1,8812 ± 0,1404 1,9845 ± 0,2256 1,9026 ± 0,1363 2,3832 ± 0,0984 3,0481 ± 0,0418 3,0667 ± 0,0042 2,6522 ± 0,0890 2,5517 ± 0,0112 2,5681 ± 0,0299 2,9343 ± 0,2152 1,4930 ± 0,0979 1,9750 ± 0,0658 1,6634 ± 0,0851 1,5351 ± 0,1867 101 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo