INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA APÓS O TRANSPLANTE Prof. Dr. José O Medina Pestana Hospital do Rim e Hipertensão – Disciplina de Nefrologia, Universidade Federal de São Paulo FUNÇÃO RETARDADA DO ENXERTO RENAL – DEFINIÇÃO A ausência de função do enxerto imediatamente após o transplante ou a necessidade de diálise na primeira semana após o transplante caracterizam função retardada do enxerto renal. NECROSE TUBULAR AGUDA GRAVE - Histologia Biópsia renal realizada no doador A B A e B: Túbulos dilatados, com revestimento epitelial achatado; notar cilindros granulosos e ausência de alterações inflamatórias ou de fibrose intersticial (HE e PAS respectivamente; 40x). C e D: Detalhe dos túbulos com necrose das células, desnudamento do revestimento epitelial e cilindros granulosos (HE; 200x e 400x, respectivamente). C D Klein R et al. J Bras Nefrol 2010; 32 (1):133 FATORES ISQUÊMICOS IMPLICADOS NA DISFUNÇÃO PRECOCE DO ENXERTO DOADOR Condições Hemodinâmicas • Idade • Causa do óbito • Parada Cardíaca • Hipotensão • Oligúria TRANSPLANTE RIM TIQ TIF < 30 min < 40 horas • Perfusão Inadequada • Temperatura de preservação inadequada • Tempos prolongados • Isquemia quente inicial • Isquemia fria • Anastomose Receptor • Hipersensibilizado • Retransplante • Desidratação • Hemodiálise recente • imunossupressão INCIDÊNCIAS DE DGF RECEPTORES ADULTOS, PEDIÁTRICOS E DE TX SIMULTÂNEO RIM-PÂNCREAS 57% 60% 52% % de pacientes em DGF 50% 40% 30% 30% 22% 20% 10% 0% Tx Duplo (Rim/Pancreas) Tx Pediátrico Tx Doador Falecido Tx com DCE Dados: Banco de dados Hospital do Rim e Hipertensão Doador com critério expandido • Idade > 60 anos • Idade > 50 • História de hipertensão arterial§ • Creatinina > 1,5 mg/dL§ • Acidente vascular cerebral como causa de óbito§ §Risco relativo de perda do enxerto > 1.7 31/10/2002 – OPTN/UNOS PROPORÇÃO DE DOADORES FALECIDOS DE ACORDO COM CRITÉRIOS DE DOAÇÃO ESTABELECIDOS PELO UNOS – HOSPITAL DO RIM E HIPERTENSÃO Critério padrão 100% Critério expandido 7 5 4 4 4 11 16 23 24 21 26 26 31 93 95 96 96 96 89 84 77 76 89 74 74 69 (119) (215) (194) 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% N de transplantes (91) (112) (130) (146) (137) 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Ano do Transplante (248) (229) (298) (480) (682) 2006 2007 2008 2009 2010 Dados: Banco de dados Hospital do Rim e Hipertensão TRANSPONDO LIMITES COM DOADORES FALECIDOS: CREATININA SÉRICA SUPERIOR A 13 mg/dl – DOADOR PADRÃO 37 anos Klein R et al. J Bras Nefrol 2010; 32 (1):133 Cronologia dos Eventos Pós-transplante Renal: Insuficiência Renal Aguda % Fatores de risco para NTA 50 40 30 Risco 95% IC p Creatinina do doador (>1,1 mg/dL) 2,1 1,00 - 4,37 0,050 Idade do doador (>35 anos) 2,2 1,10 - 4,56 0,026 Tempo de isquemia fria (>18h) 3,1 1,51 - 6,41 0,002 Insuficiência Renal Aguda 20 10 1 3 Meses 6 12 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 anos Silva et al. Brazilian J Med Biol Res. 2006, 39: 43-52 SOBREVIDA DO ENXERTO COM VS. SEM NTA (população Hospital do Rim e Hipertensão – 2003 a 2006 ) Sem NTA – 88% Com NTA – 79% Log-rank = 0,004 Dados: Banco de dados Hospital do Rim e Hipertensão Cronologia dos Eventos Pós-transplante Renal: Rejeição Aguda % Insuficiência renal Aguda % Sem Nefropatia cronica 50 Grupo 2 (Sem rejeição aguda) n=654 100 92% 80 77% Grupo 1 (Rejeição Aguda) n=890 60 p<0,001 40 20 0 40 1 2 3 4 Anos após o transplante 5 30 Rejeição Aguda 20 10 1 3 meses 6 12 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 anos Galante et al. Transpl Proc. 2002, 34: 508-13 Diagnóstico Clássico Histológico da Rejeição Aguda Gentilmente cedido pelo Prof. Dr. Luiz Moura – UNIFESP Saitovitch et al. J Bras Nefrol. 1991,13:12-8 Cronologia dos Eventos Pós-transplante Renal : Nefropatia Crônica % 50 Nefropatia Crônica Insuficiência renal aguda 40 30 Dislipidemia Rejeição Aguda 20 Diabetes 10 Infecção Viral e PTLD 1 3 6 months 12 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 years Prof. Dr. David-Neto – HC USP-São Paulo Conclusões • Insuficiência renal aguda pós transplante está relacionada com: • Condições clínicas do doador • Preservação do enxerto • Condições do receptor • Menor incidência em transplantes duplos e em receptores pediátricos • Maior incidência em transplantes doador falecido com rim com critérios expandidos • A sobrevida do enxerto ao final de 1 ano em pacientes que não apresentaram NTA foi 9% superior • Órgãos retirados de doadores com coração parado apresentam probabilidade de 70% de desenvolver NTA Tipos de Doadores com Coração Parado (definido por Maastricht, 1995) Tipo I Indivíduo sem vida, admitido em um hospital, após sofrer trauma ou outra causa que levou à morte. Trazido ao hospital já sem vida Tipo II Indivíduo que tenha sido submetido a manobras de reanimação cardiopulmonar avançadas não-efetivas, evoluindo à morte, independente da origem (meio intra ou extra-hospitalar) Tipo III Paciente que esteja em situação de parada cardíaca esperada, com dano encefálico irrecuperável, porém sem cumprir critérios de morte encefálica e do qual se retiram medidas de suporte vital, com o que se produz a morte Tipo IV Paciente que apresente parada cardíaca durante ou após o processo de diagnóstico de morte encefálica, mas sempre antes de sua chegada ao centro cirúrgico para a extração dos órgãos Transplante de órgãos, 2006, Doador com coração parado:Tempo de isquemia quente Parada Cardíaca RPC Início da perfusão/preservação Diagnóstico da Morte REALIZAÇÃO DO TRANSPLANTE Procedimentos doador com coração parado – massagem cardíaca e oxigenação 30 min 120 min Tempo máximo de isquemia quente aceito Isquemia fria RPC- Reanimação cardiopulmonar Transplante de órgãos, 2006, p104 RIM NORMAL