A SOBEP na prevenção de acidentes na infância Todos os anos, milhares de crianças e adolescentes morrem em decorrência de acidentes. Por representarem uma das cinco principais causas de mortalidade no mundo, tais eventos caracterizam um problema de saúde pública.1-3 Além dos custos sociais, econômicos e emocionais, os acidentes na infância são também responsáveis por traumatismos não fatais, que além de exercerem grande impacto em longo prazo, repercutem na família e na sociedade e penalizam crianças e adolescentes em plena fase de crescimento e desenvolvimento.4 Segundo o World Report on Child Injury Prevention1, os acidentes ou injúrias não intencionais representam a principal causa de morte em menores de 19 anos. Anualmente são estimados em 950.000 o número de óbitos e em mais de 9,2 milhões os atendimentos de crianças e adolescentes em serviços de emergência para o manejo de ferimentos não fatais. Constata-se ainda que os índices de mortalidade são 3,4 vezes maiores em países de baixa renda.1,3,5 A Organização Mundial da Saúde define acidente como algo que resultou ou poderia ter resultado em uma lesão. Embora o termo tenha uma conotação de imprevisibilidade, levando a crer que seja incontrolável ou não prevenível, os acidentes podem ser caracterizados quanto à causa, origem e determinantes epidemiológicos como qualquer doença e, portanto, podem ser evitados e controlados.1,3,5 Segundo o Ministério da Saúde, acidente refere-se a um evento não intencional e evitável, causador de lesões físicas e emocionais, ocorrido no ambiente doméstico ou social (trabalho, escola, esporte e lazer), englobando quedas, afogamentos, sufocação, acidentes de trânsito, intoxicação, queimaduras, choques elétricos, acidentes com armas de fogo ou armas brancas, entre outros.6 No ano de 2012, 3.142 crianças de zero a nove anos morreram e mais de 75 mil meninos e meninas foram hospitalizados em decorrência de acidentes no Brasil. Estima-se que a cada morte, outras quatro crianças fiquem com lesões permanentes, resultando em prejuízos emocionais, sociais e financeiros, com gastos de aproximadamente R$ 70 milhões na rede do Sistema Único de Saúde. Os danos oriundos da morte de uma criança para a família, para a sociedade e para o governo são incalculáveis.2 Estudos da organização não governamental Safe Kids Worldwide apontam que 90% dos acidentes podem ser evitados por meio de medidas como mudança de comportamento, adequação, criação e fiscalização de leis, desenvolvimento e popularização de equipamentos de segurança e desenvolvimento de políticas públicas de prevenção que sejam eficazes.2 A redução da morbimortalidade por acidentes na infância requer a atuação compartilhada entre famílias, profissionais de saúde e educação, e demais entidades responsáveis pelo cuidado de crianças e adolescentes, com especial atenção às condições geradoras e aos fatores de risco.7-8 Como entidade cuja missão é proteger a criança, a SOBEP apoia a causa e considera fundamental o envolvimento de todos os segmentos da sociedade na implementação de ações efetivas para prevenção desses eventos e para a promoção do crescimento e desenvolvimento saudável e feliz! 1. World Health Organization. World report on child injury prevention/ edited by Margie Peden [et al]. WHO Press, 2008. Acesso em 28 set 2016. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43851/1/9789241563574_eng.pdf 2. Rede Nacional Primeira Infância. Plano Nacional da Primeira Infância - Projeto Observatório Nacional da Primeira Infância. Mapeamento da Ação Finalística Evitando Acidentes na Primeira Infância. 2014. Acesso em 28 de set 2016. Disponível em: http://primeirainfancia.org.br/wp-content/uploads/2015/01/RELATORIO-DEMAPEAMENTO-EVITANDO-ACIDENTES-versao-4-solteiras.pdf 3. Harada MJCS. Injúrias físicas não intencionais na infância e adolescência. In: Harada MJCS, Pedreira MLG, Viana DL. Promoção da saúde. São Caetano do Sul: Yendis Editora, 2012. p. 237-261. 4. Martins CBG. Acidentes na infância e adolescência: uma revisão bibliográfica. Rev Bras Enferm 2006; 59(3):344-8. 5. Centers for Disease Control and Prevention. CDC childhood injury report. Acesso em 28 de set 2016. Disponível em: http://www.cdc.gov/safechild/child_injury_data.html 6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 272 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, nº 33) 7. Martins CBG. Acidentes e violências na infância e adolescência: fatores de risco e de proteção Rev Bras Enferm 2013; 66(4):578-84. 8. Childers K. Problemas de saúde para bebês e crianças na pré escola. Hockenberry MJ. Wong Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. p.433-71.