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28/03/2016
Tratamento odontológico ao paciente com depressão ­ Local Odonto
Tratamento odontológico ao paciente com
depressão
Por: Vanessa Navarro
A depressão é uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, que produz uma variável
alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, associada a sentimentos
de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a
distúrbios do sono e do apetite. O diagnóstico inicial é realizado por meio de um exame
físico e entrevista, feitos por um médico ou psiquiatra.
De acordo com Rafael Celestino Colombo de Souza, cirurgião­dentista e especialista
em Pacientes com Necessidades Especiais, os critérios atuais utilizados para o
diagnóstico e classificação dos estados depressivos se encontram no “Manual
Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos (DSM­V)”, embora exista uma série de
escalas validadas que podem diagnosticar esta condição. “É sempre importante que
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seja realizado o diagnóstico diferencial desta condição”.
A prevalência de depressão distribui­se de maneira desigual na população. O
especialista enfatiza que a doença é mais comum entre as mulheres (2:1), os mais
jovens, os mais desprivilegiados economicamente e os que vivem sem companheiro/a.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta cerca de
340 milhões de pessoas em todo o mundo, gerando prejuízo funcional e altas taxas de
morbidade e mortalidade. É atualmente a principal causa de incapacitação, ocupando o
quarto lugar entre as 10 principais causas de patologias. No Brasil, de 15 a 25% das
pessoas apresentam ou apresentaram pelo menos um episódio depressivo ao longo da
vida.
Diagnóstico da depressão
Rafael Celestino Colombo de Souza, que atua principalmente nas áreas Diagnóstico
Bucal, Síndromologia e Odontologia Hospitalar, explica que os critérios diagnósticos
para depressão, de acordo com o DSM­V, são:
A. Cinco ou mais dos sintomas seguintes presentes por pelo menos duas semanas e
que representam mudanças no funcionamento prévio do indivíduo; pelo menos um dos
sintomas é: humor deprimido ou perda de interesse ou prazer.
1. Humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias, por observação
subjetiva ou realizada por terceiros.
2. Acentuada diminuição do prazer ou interesse em todas ou quase todas as atividades
na maior parte do dia, quase todos os dias.
3. Perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta ou aumento ou diminuição
de apetite, quase todos os dias.
4. Insônia ou hipersônia quase todos os dias.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias.
6. Fadiga e perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada, quase todos os dias.
8. Capacidade diminuída de pensar ou se concentrar ou indecisão, quase todos os dias.
9. Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida recorrente sem um plano
específico, ou tentativa de suicídio ou plano específico de cometer suicídio.
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
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funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou
outra condição médica.
D. A ocorrência de episódio depressivo maior não é explicada por transtorno
esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno delirante ou outro transtorno especificado ou
não do espectro esquizofrênico e outros transtornos psicóticos.
E. Não houve nenhum episódio de mania ou hipomania anterior.
A depressão no consultório odontológico
O especialista alerta que a primeira coisa que o cirurgião­dentista ou qualquer outro
profissional da saúde deve saber é que o paciente depressivo não fica deprimido por
opção. “Há muito sofrimento nesse estado, trazendo perdas importantes em sua vida.
A falta de interesse generalizada afeta o autocuidado e até mesmo a negligência do
tratamento odontológico necessário. É necessário que o profissional conheça seu
paciente e seus familiares, mantenha contato com médico ou terapeuta que o assiste,
para que assim lance mão de estratégias para o cuidado odontológico”.
A ocorrência de um um sentimento de desprezo ou desinteresse sobre o autocuidado
pode resultar na higiene bucal precária, na deficiência nutricional e na fragilidade física.
Rafael Celestino Colombo de Souza explica que a capacidade reduzida de autocuidado
gera um aumento no índice de placa e o consequente aparecimento de cárie e doença
periodontal. “Muitas vezes, são os familiares e amigos que encaminham o paciente
com depressão ao consultório odontológico, pois a aceitabilidade para o tratamento
odontológico é pequena e difícil de se obter. A autoestima diminuída, a insatisfação e o
desânimo em relação à vida e ao futuro também podem refletir na baixa adesão”.
É necessário levar em consideração que pacientes depressivos podem ter prejuízos
seletivos na memória ou na retenção de conhecimentos, o que pode ser um desafio
para o dentista no momento de informar e educar sobre saúde bucal. “Além disso,
existe uma relação bidirecional entre depressão e doenças crônicas, uma vez que
pessoas com depressão podem apresentar alterações biológicas com potencial de
aumentar os riscos de desenvolver doenças crônicas, como alterações hormonais ou
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imunológicas. Outrora, doentes crônicos podem apresentar limitações em sua vida
diária, que aumentam as chances de terem depressão. Independente da direção em
que caminha, a conjugação de ambas implica pior gerenciamento dos agravos e pior
desfecho. O tratamento realizado com antidepressivos também pode impactar a saúde
bucal”, expõe o especialista em Pacientes com Necessidades Especiais.
É preciso frisar que os antidepressivos comumente utilizados no tratamento de
depressão podem causar danos à saúde bucal do paciente. “Os psicofármacos são
medicações amplamente utilizadas no tratamento do paciente com depressão, e o seu
consumo tem crescido nos últimos anos. A primeira classe de antidepressivos
apresentavam diversos efeitos colaterais ao usuário, porém isso diminuiu com o
surgimento de medicamentos novos e mais elaborados”, enfatiza o cirurgião­dentista,
que também é especialista em Implantodontia e Reabilitação Oral, mestre em
Diagnóstico Bucal/Semiologia e doutor em Ciências Odontológicas com concentração
em Odontopediatria.
Em relação à saúde bucal, muitos antidepressivos têm como efeito colateral a redução
do fluxo salivar, devido aos efeitos anticolinérgicos. A hipossalivação nestes pacientes
pode incrementar a incidência de cáries, infecções e fissuras nos cantos dos lábios.
“Outro ponto importante e que devemos considerar é a interação medicamentosa
entre os psicofármacos e medicamentos utilizados na clínica odontológica, como os
anestésicos. O uso de anestésicos locais com vasoconstritores simpatomiméticos,
entre eles a adrenalina, a noradrenalina e a fenilefrina, podem potencializar os efeitos
colaterais dos antidepressivos, principalmente tricíclicos e inibidores da MAO, sobre o
sistema cardiovascular”, previne o cirurgião­dentista. “Os antidepressivos tricíclicos
também agregam, como seus efeitos colaterais, a visão turva, taquicardia e
palpitação, em função das suas ações antimuscarínicas; fraqueza, sedação, aumento
do apetite e fadiga, por bloqueio dos receptores histaminérgicos H1; e ainda
hipotensão ortostática, por impedirem receptores adrenérgicos α1. O uso dos ISRS
pode alterar a coagulação do paciente, com aumento no tempo de sangramento, pois
há uma maior concentração de serotonina na fenda sináptica e uma menor
concentração disponível às plaquetas que a armazenam”, completa.
Atendimento humanizado
A promoção da assistência humanizada e especializada a esses pacientes pode ser a
chave para o sucesso do atendimento odontológico.
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A conduta e a abordagem de pacientes com depressão são muito delicadas,
principalmente quando emoções muito intensas, como a tristeza, melancolia,
frustração e raiva, são expressadas. “Como profissional da área da saúde, é importante
lembrar que isso faz parte de uma condição, não devendo ser relacionado a uma
opinião pessoal. É preciso ter cuidado para não tentar convencer a pessoa deprimida
que aquilo que ela sente não existe”, adverte Rafael Celestino Colombo de Souza.
Para o especialista, um tratamento humanizado aumenta a adesão do paciente ao
tratamento. A busca por essa prática deve ser constante, e o aprendizado é obtido a
cada experiência. “Receba o paciente na sala de espera, mostre empatia, fale o seu
nome, seja um bom ouvido e, quando na dúvida sobre o que fazer ou dizer, pergunte
sempre: ‘como posso ajudar?’”.
Ainda neste contexto, é importante enfatizar que este cuidado deve ser estendido à
equipe multidisciplinar, que tem um papel fundamental no cuidado contínuo desta
condição.
Cuidando do paciente com depressão O cirurgião­dentista Rafael Celestino Colombo de Souza apresenta algumas dicas
valiosas para um atendimento eficiente e eficaz junto ao paciente com depressão.
Quando identificar sinais de depressão ou diante do autorrelato do paciente, realize
contato com algum familiar e/ou médico.
Considere o momento oportuno do tratamento em razão do estado do paciente.
Reserve uma parte do tempo da consulta para ouvir o que o paciente pode relatar
sobre sua situação no momento.
Anote medicamentos de uso contínuo no prontuário e verifique as possíveis
interações medicamentosas e efeitos colaterais.
A comunicação com o paciente deve ser realizada por via oral e escrita, com cópia
anexada ao prontuário.
Crie estratégias para o atendimento clínico, como dar prioridade para as
necessidades que o paciente apontar, isso pode aumentar a autoestima e o bem­
estar, favorecendo a adesão ao tratamento.
Considere a saúde emocional e psicológica diante da escuta sensível dos seus
sintomas, ou seja, sinais e sintomas não condizentes com a situação clínica.
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