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Uso de trilhos ferroviários como solução para fundação profunda de edifício residencial em
Garibaldi / RS
dezembro/2015
Uso de trilhos ferroviários como solução para fundação
profunda de edifício residencial em Garibaldi / RS
Bruno Spader - [email protected]
MBA em Projeto, Execução e Controle de Estruturas e Fundações
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Porto Alegre, RS, 22 de abril de 2015
Resumo
Os trilhos utilizados na confecção de malhas ferroviárias podem ser boas alternativas
como uso de estacas metálicas na execução de fundações profundas de edifícios.
Segundo a norma brasileira da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
NBR 6122:2010 – Projeto e Execução de Fundações, o uso de trilhos ferroviários é
aceito para execução de fundações profundas conforme item C.2 do Anexo C, página
41. A mudança de sua função original não compromete o seu pleno funcionamento
como estaca, e alguns cuidados e ensaios são observados para a eficiencia continua
desse tipo de instrumento.
Dentre algumas vantagens na utilização de trilhos em relação aos perfis normalmente
utlizados (W, I ou H) pode-se destacar a menor custo financeiro entre os dois
investimentos a serem feitos. Por outro lado, se essa prática de fundações for
comparada, por exemplo, com a cravação de estacas pré-moldadas de concreto armado
protendido ou centrifugado, trazem a vantagem de possibilitar cortes ou emendas, o
que diminui consideravelmente as perdas.
Dito isso, busca-se por meio deste trabalho, apresentar o estudo de caso de uma obra
em que o uso de trilhos ferroviários tornou-se a melhor alternativa para a execução das
fundações de um edifício residencial, levando em consideração aspectos financeiros,
topográficos, logísticos e tempo de execução.
Para tanto, são realizados estudos e pesquisas bibliográficas, de forma a trazer
embasamento teórico às decisões tomadas.
O principal objetivo deste trabalho é difundir o uso de trilhos ferroviários como
alternativa para execução de fundações profundas nas mais diversas situações de obra.
Palavras-chave: fundações profundas, estacas metálicas, trilhos ferroviários.
1. Introdução
Na construção de qualquer tipo de obra, principalmente aquelas que requerem
fundações profundas e as que apresentam condições adversas na interação com o solo,
as estacas metálicas constituem-se em excelente solução.
O processo de cravação é fácil, rápido e extremamente eficiente. A logística
também é um aspecto altamente favorável, considerando-se que as peças são leves e tem
comprimentos padrão, facilitando seu armazenamento.
As estacas metálicas podem ter comprimentos consideráveis, adequando-se de
uma maneira geral à variabilidade dos tipos de solo.
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
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As estacas metálicas tem aplicação destacada como elementos de fundação, na
construção de estruturas industriais, edifícios, pontes, portos e viadutos. Também estão
presentes nas estruturas de contenção, tendo inúmeras vantagens, tais como fácil
cravação, alta resistência, versatilidade na formação de paredes de contenção e
integração com elementos construtivos complementares.
2. Estacas metálicas
As estacas metálicas enquadram-se na categoria das estacas de deslocamento,
caracterizadas por sua introdução no terreno através de processo que não promova a
retirada de solo. Produzidas industrialmente, são constituídas por peças de aço laminado
ou soldado tais como perfis de seção I e H, chapas dobradas de seção circular (tubos),
quadrada e retangular, bem como os trilhos, estes geralmente reaproveitados após sua
remoção de linhas férreas, quando perdem sua utilização por desgaste. Tanto os perfis
quanto os trilhos podem ser empregados como estacas em sua forma simples ou como
composição paralela de vários elementos.
Embora seja relativamente elevado o custo das estacas metálicas comparado com
de outros tipos de estaca, em várias situações a utilização das mesmas se torna
economicamente viável, pois podem atender a várias fases de construção da obra além
de permitir uma cravação fácil, provida de baixa vibração, trabalhando bem à flexão e
não tendo maiores problemas quanto à manipulação, transporte, emendas ou cortes.
A cravação das estacas pode ser feita por percussão, prensagem ou vibração. A
escolha do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo, dimensão da estaca,
características do solo, condições de vizinhança, características do projeto e
peculiaridades do local.
2.1. Vantagens no uso de estacas metálicas
- Inexistência de vibração quando se implantam os perfis por meio de percussão ou por
técnicas modernas tais como a perfuração com equipamentos de hélice contínua. Nesse
caso, substituem-se com muita vantagem as gaiolas de armação por uma peça estrutural
de aço, tendo como resultado a consequente diminuição de mão-de-obra e agilização
dos serviços;
- Possibilidade de cravação em solos de difícil transposição, sem o inconveniente do
levantamento de estacas vizinhas já cravadas (como ocorre em estacas pré-moldadas de
concreto e Franki) e sem perdas de estacas quebradas;
- Resistência a esforços elevados de tração, na mesma grandeza de cargas de
compressão, e de flexão; além de trabalharem cargas horizontais e cargas combinadas.
- Possibilita o tratamento para reduzir o efeito do “atrito negativo”;
- Disponibilidade no mercado de grande número de bitolas possibilitando a otimização
entre as cargas atuantes e as cargas resistentes;
- Maior facilidade de manuseio e armazenamento devido ao menor peso e volume das
peças quando comparados com os elementos pré-moldados de concreto;
- Redução das perdas devido à inexistência de quebras (maior limite de plasticidade do
que estacas de concreto);
- Facilidade de emenda (através da solda nos topos) e corte;
- Podem ser reaproveitadas (possibilita utilização em estruturas temporárias);
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- Provocam pequeno deslocamento do solo (perturbação do solo durante a cravação é
pequena).
2.2. Desvantagens
- Alto custo quando comparada às estacas pré-moldadas, estacas Franki e estacas
Strauss;
- Atacável por águas agressivas e solos corrosivos (pântanos, pontos alcalinos, solos
contaminados);
- Para fabricação exige maquinário específico, a distância entre fabricação e destino
pode acarretar custos altos;
3. Estudo de caso
3.1. Descrição da obra e localização
A obra objeto do estudo de caso está situada na Rua Luiz Rogério Casacurta nº
755, na cidade de Garibaldi / Rio Grande do Sul.
Trata-se de um edifício residencial de alto padrão, denominado Edifício Villa
Lobos, com área construída prevista de 5.087,00 m² divididos em 9 pavimentos. Destes,
6 pavimentos destinados a apartamentos e 3 pavimentos destinados as garagens.
Figura 1 – Maquete eletrônica do empreendimento
A obra foi iniciada em dezembro de 2014 e tem previsão de término em
dezembro de 2017. Atualmente, encontra-se em execução os serviços de fundações
diretas (sapatas), fundações profundas (estacas metálicas) e contenções das paredes de
divisa.
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Figura 2 – Sapatas superficiais e cortina de concreto armado para contenção
Figura 3 – Início da cravação de estacas metálicas
3.2. Características do solo
O terreno em que se encontra a obra faz parte da malha urbana da cidade de
Garibaldi, com uso predominantemente residencial, hoteleiro e educacional.
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A região apresenta topografia irregular, porém o lote destinado ao
empreendimento era plano, não havendo necessidade de grandes volumes de
movimentação de terra (aterro e bota-fora) ou detonação de rochas.
O solo da região caracteriza-se por apresentar alterações e formações de rochas
basálticas. A figura 4 mostra um perfil de sondagem do terreno extraído no local.
Figura 4 – Perfil de sondagem de um dos furos executados
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4. Procedimentos metodológicos
4.1. Fundações profundas (estacas metálicas) x fundações superficiais (sapatas)
Inicialmente a construtora tinha planejado a execução de todas as fundações da
obra em sapatas de concreto armado (fundação superficial). Como não há obras de
edifícios de grande porte no entorno do lote, a sondagem foi de suma importância a fim
de caracterizar o solo para execução das fundações.
Após recebido o laudo de sondagem, notou-se que na localização de algumas
sapatas a profundidade da camada de solo com resistência ideal era demasiadamente
profunda, inviabilizando a procedimento de fundações superficiais, já que o perigo de
desabamento das paredes laterais do solo seria alto, podendo colocar em risco a
segurança de seus empregados.
Dentre as soluções apresentadas para fundações profundas, duas delas eram
viáveis: a execução de estacas tipo RAIZ e a execução de estacas tipo METÁLICAS
com o uso de trilhos ferroviários provenientes de reaproveitamento.
Para escolha do melhor método de execução, foram observados fatores
importantes como: tempo de execução, material empregado, nível de ruído, quantidade
de operários e principalmente o custo adicional, já que a execução de fundações
profundas não estava prevista no orçamento inicial da obra. A escolha pela execução
das estacas metálicas teve como base dois fatores primordiais. O primeiro foi a
facilidade na execução das mesmas, que não necessita de concreto na obra e não
necessita de corte e dobra de ferragem, tornando a obra mais rápida e limpa. O segundo
e principal fator foi a diferença de valores entre os dois métodos. A execução de estacas
metálicas apresentou um orçamento com custo de 46% inferior ao orçamento para
execução de estacas tipo Raiz.
4.2. Execução de estacas metálicas na obra em questão
4.2.1. Projeto
Após a assinatura do contrato com a empresa responsável pela execução das
estacas metálicas, a próxima etapa seria a elaboração do projeto já que as quantidades
de estacas e comprimento das mesmas seriam necessários para a compra dos trilhos
ferroviários.
A própria empresa elaborou o projeto de estaqueamento, que deve conter
principalmente as informações sobre: seções e quantidades de estacas por bloco,
inclinações das estacas, condições de “nega”, profundidades de cravação e
dimensionamento dos blocos de coroamento.
De posse do projeto de estaqueamento, foi possível orçar e adquirir os trilhos
ferroviários nas bitolas TR-45 (45kg/ml) e TR-68 (68 kg/ml), programar sua entrega, e
agendar o início da cravação com a empresa responsável.
4.2.2. Cravação
As estacas metálicas podem ser cravadas por prensagem, vibração, ou até
mesmo por percussão. Quando se tem um terreno resistente, pode ser feito um furo
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prévio para facilitar a entrada da estaca no solo, quando esse furo é profundo, pode ser
utilizada lama estabilizante.
Na obra, objeto do estudo de caso, a cravação foi feita pelo método da
percussão. Neste método, utilizam-se pilões de queda livre. Para o amortecimento dos
golpes do pilão e a uniformização das tensões, instala-se no topo da estaca um capacete
dotado de “cepo” e “coxim”.
Figura 5 – Equipamento de cravação dotado de pilão de queda livre
Para cravação dos trilhos metálicos, foi necessária a elaboração de um
cronograma logístico de obra, uma vez que, o equipamento de cravação é extremamente
pesado e deve-se evitar o seu deslocamento dentro do canteiro.
A cravação inicia-se com o correto posicionamento do trilho em pé e aprumado
sobre piquetes de madeira, que tem como finalidade a correta locação das estacas no
canteiro da obra conforme projeto de fundações. Essa locação é feita com a presença do
topógrafo e equipamento de estação total na obra.
Após definida a posição correta, inicia-se a cravação por percussão.
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O equipamento de cravação será dimensionado de forma que consiga levar a
estaca a encontrar uma resistência de ponta a sua penetração, oferecida pelo solo,
indicando a presença de camada suficientemente resistente para seu apoio, mas sem
acarretar danos ao trilho.
Alguns controles devem ser observados durante a cravação das estacas:
 O comprimento real ou fuste (comprimento total menos arrasamento);
 O tipo e comprimento do prolongamento;
 As quantidades e os tipos das emendas;
 O desvio da cravação ou desaprumo;
 A “nega” da cravação e da recravação, na hipótese dessa ocorrência;
 O deslocamento e levantamento das estacas vizinhas;
 Eventuais anormalidades observadas durante a cravação.
4.2.3. Emendas de estacas
Concluída a cravação de um perfil, caso necessário, outro será emendado, para
que o serviço prossiga, até que seja encontrada a cota adequada de apoio.
Para a cravação de estacas com trilhos ferroviários, usualmente são adquiridos
elementos com oito metros de comprimento. Essa medida padrão é devido ao
equipamento de cravação, que tem capacidade de cravação de estacas até oito metros.
Em terrenos que possuem a camada rochosa abaixo de oito metros de profundidade, a
solução é a “emenda” dos trilhos, ou seja, a união entre dois trilhos através da solda de
uma “tala” entre eles.
Na obra em questão, de acordo com a sondagem executada, a camada rochosa a
ser atingida pelos trilhos ferroviários normalmente estava a profundidades acima de oito
metros, necessitando de emendas para a correta cravação e resistência da estaca.
As emendas dos trilhos são feitas através de talas. Os comprimentos do cordão
de solda e sua espessura devem ser tais que garantam, na seção soldada, a mesma
resistência do trilho.
As talas são previamente soldadas no elemento superior (quando o mesmo ainda
não foi içado). Após esse procedimento, esse elemento dotado das talas é içado e
posicionado sobre o trilho já cravado. A seguir encaixa-se o topo do perfil no capacete e
alinha-se o elemento superior com o inferior. Após essa operação apoia-se o pilão sobre
o capacete, verifica-se o alinhamento, ou o prumo, no caso de estacas verticais e
ajustam-se as talas, se necessário, com auxilio de martelo e marreta. Logo em seguida
realiza-se a solda.
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Figura 6 – Emenda típica de perfis trabalhando como estacas comprimidas
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Figura 7 – União de trilhos com talas na obra estudada
4.2.4. Reforços
Como vimos, no tópico anterior, diversas estacas necessitaram de uma “emenda”
para atingir a profundidade necessária, porém, devido a topografia extremamente
irregular da camada rochosa no terreno, em algumas estacas foi necessário adotar uma
solução contrária ao alongamento das estacas.
Em diversas estacas do terreno, a rocha basáltica estava a alturas mais elevadas,
fazendo com que a cravação das estavas não ultrapassasse quatro metros de
profundidade. De acordo com o calculista das estacas metálicas, quando a estaca não
atinge profundidades ideias de cravação é necessário a execução de “reforços”. Estes
reforços tem como objetivo complementar a resistência e garantir que o bloco de
coroamento não sofra nenhum recalque diferencial ou rompimento por esforços de
tombamento devido aos momentos fletores ou arrancamento (tração).
Estes “reforços” são calculados após a cravação da primeira estaca do bloco. O
operador repassa a informação ao calculista sobre a profundidade atingida, e o mesmo,
deve refazer o projeto de cravação, informando a quantidade e localização dos reforços
e detalhamento da nova armadura do bloco de coroamento.
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Na obra em questão, diversos blocos de estacas que inicialmente possuíam 4 ou
5 estacas, necessitaram de reforços, passando a um total de 8 ou 9 estacas, aumentando
o custo de cravação (mão-de-obra) e de material (novos trilhos ferroviários, concreto e
ferragem). No projeto inicial de estaqueamento era previsto a cravação de 58 estacas
metálicas, sendo 33 estacas duplas de trilho TR-45 e 25 estacas simples de tr-68. No
decorrer da cravação, devido a necessidade de reforços, terminou-se a obra com um
total de 74 estacas cravadas.
4.2.5. Controle de cravação (Nega)
No caso de estacas cravadas à percussão (Alonso, 1991), costuma-se fazer o
controle da capacidade de carga, durante a cravação, pela “nega”. A nega é uma medida
tradicional, embora, hoje em dia, outros procedimentos de controle da capacidade de
carga estejam, também, fazendo parte dos procedimentos rotineiros de obra. A “nega”
corresponde à penetração permanente da estaca, quando sobre a mesma se aplica um
golpe de pilão. Em geral é obtida como um décimo de penetração para os últimos dez
golpes.
Para a obra citada, a “nega” foi definida pelo calculista. Devido ao fato de o
terreno possuir uma camada de basalto sã a profundidades variáveis entre quatro e doze
metros, o calculista definiu como controle da capacidade de carga, uma “nega” de 0
mm, ou seja, após o término da cravação, o operador responsável deveria executar o
controle de carga através de uma sequencia de 20 golpes de pilão obtendo uma “nega”
de 0 mm. Se, após os 20 golpes de pilão, o deslocamento verificado fosse de 0 mm,
poderia então parar a cravação da estaca e partir para a cravação da próxima.
4.2.6. Ligação dos trilhos ferroviários ao bloco de coroamento
A ligação da estaca metálica ao bloco de coroamento deve ser feita de modo que
as cargas resistidas pelo bloco sejam transmitidas adequadamente e com a garantia de
continuidade às estacas.
A ligação mais eficiente e recomendada pela NBR 6122/1996, consiste em
embutir 20 cm da estaca no bloco de coroamento, acima da armadura principal do
bloco.
No caso específico estudado, com o uso de trilhos ferroviários para cravação, a
prática mais difundida para o preparo das “cabeças” é a solda de um pedaço (em torno
de 25 cm) de trilho TR-68 na ponta da estaca. Esta preparação tem como finalidade, a
melhor distribuição das cargas recebidas pela armadura do bloco de coroamento para as
estacas.
Na hipótese da existência de esforço de tração na estaca, será soldada, na sua
parte que penetra no bloco, uma armadura adequada para ancoragem do mesmo.
Abaixo a figura mostra a solda da “cabeça” na estaca já cravada.
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Figura 8 – Arrasamento e preparação das “cabeças” das estacas
4.2.7. Blocos de coroamento
Depois de cravadas as estacas necessárias, feitas as emendas necessárias, os
reforços previsto, o corte e preparação das “cabeças”, é necessária a confecção do bloco
de coroamento.
O bloco de coroamento tem como função a união das estacas cravadas, a fim de,
distribuir uniformemente as cargas recebidas do pilar, evitando recalques diferenciais
devido à carga proveniente dos pilares e tombamentos devidos aos momentos fletores.
Para a confecção dos blocos de coroamento, o projetista de fundações repassa a
empresa executante, uma planta com o detalhamento da ferragem a ser elaborada. Após
confeccionada a ferragem, a mesma é posicionada juntos as “cabeças” da estacas. Nesta
etapa do processo deve-se amarrar a “espera” do pilar que nascerá e posteriormente
procede-se a concretagem de todo o bloco.
A NBR 6122/1996 não estipula espaçamento entre estacas. Entretanto, no item
7.7.2. dessa Norma exige-se que a carga admissível de um grupo de estacas não seja
superior ao de uma sapata de mesmo contorno que o do grupo, e assente a uma
profundidade acima da ponta das estacas igual a 1/3 do comprimento de penetração na
camada suporte.
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Figura 9 – Montagem da armadura do bloco de coroamento
Figura 10 – Ferragem do bloco de coroamento concluída
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Figura 11 – Concretagem do bloco de coroamento
Figura 12 – Bloco de coroamento concretado
A concretagem do bloco de coroamento é a última etapa do processo de
estaqueamento metálico com o uso de trilhos ferroviários. Na obra estudada, foram
concretados no total 13 blocos de coroamento, que juntos, somaram 74 estacas
metálicas (duplas e simples) de trilhos TR-45 e trilhos TR-68.
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4.2.8. Corrosão
De acordo com Pannoni (2006), as estacas metálicas dispensam tratamento
anticorrosivo na grande maioria das situações encontradas; é um fato bem estabelecido
que a velocidade de corrosão de metais enterrados em solos secos é, de modo geral,
desconsiderada.
Entretanto, a favor da segurança, a NBR 6122 exige que nas estacas metálicas
enterradas seja descontada uma espessura de 1,5 mm de toda a superfície em contato
com o solo, resultando em uma área útil menor que a teórica do perfil.
5. Possíveis patologias em estacas metálicas
Nas estacas metálicas os problemas que podem ocorrer são:
- Problemas de soldagem entre elementos, como uso de eletrodo inapropriado, cordão
sem o comprimento necessário ou técnica de soldagem inadequada, provocando a
quebra na cravação ou problema de transmissão de cargas à estaca abaixo da solda.
- Emenda de estacas cravadas com problemas de dimensionamento, resultando
resistência insuficiente para cravação ou solicitações de projeto, especialmente tração
ou momento.
- Elementos muito esbeltos podem desviar da verticalidade durante a cravação,
resultando em comprimentos surpreendentes, muito maiores do que os previstos, em
algumas situações não atingindo a nega especificada.
- Elementos esbeltos em solos moles, que apresentam problemas de estabilidade e
flambam em casos especiais.
- Presença de obstruções e/ou excesso de energia de cravação, ou problemas de
excentricidade do choque do martelo na estaca, provocando danos estruturais no
elemento de fundação sendo executado. Tal situação pode induzir falsa nega, quebra
não constatada da estaca ou limitação inadequada de comprimento, casos em que a
carga transmitida pela estaca é inferior à de projeto.
6. Conclusão
Neste artigo, destaca-se a importância da utilização de estacas metálicas nos
processos de construção civil, em especial no estudo de uma obra especifica na cidade
de Garibaldi / RS.
As estacas metálicas do tipo trilhos ferroviários são uma boa solução, desde que
tenha-se espaço físico na obra, para movimentação e operação dos equipamentos.
A grande capacidade de carga dos trilhos ferroviários, aliado a rapidez de
execução e preço de mercado, acabam sendo umas das suas melhores características,
sendo utilizadas desde obras de pequeno porte até obras de extrema complexidade.
Neste estudo de caso, podemos afirmar que a execução de fundações profundas
com o uso de trilhos ferroviários provenientes de descarte é uma ótima solução para
obras residenciais de grande porte, podendo ser usado em larga escala e a nível
nacional.
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7. Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2007
ASSOCIAÇÃ BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES. Manual de
especificações de produtos e procedimentos ABEF. São Paulo, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e
execução de Fundações. Rio de Janeiro, 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12131: Estacas –
Prova de carga estática – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2005.
GONÇALVES, S. “Estudo do comportamento à compreensão de estacas metálicas
curtas em solo sedimentar”. Dissertação de Mestrado, PPGEC/UFSM, Santa Maria,
2008.
DE LIMA, A. “Fundações em estacas metálicas para obras residenciais”. Dissertação de
graduação, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2006.
GERDAU. Coletânea do uso de aço – estacas metálicas. 5ª edição. 2011.
RUSSI, D. “Estudo de comportamento de solos através de ensaios de placas de
diferentes diâmetros”. Dissertação de Mestrado, PPGEC/UFSM, Santa Maria, 2006.
LEONHARDT, Fritz. Construções de concreto, vol.5. Editora Interciência Ltda., Rio de
Janeiro, 1983.
VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: Fundações Profundas. Rio de Janeiro:
COPPE/UFRJ, 2002. v. 2, 472p.
VELLOSO, D. A. Carga admissível e carga característica de fundações por estaca.
Solos e Rochas, v. 24, n. 2, p. 19-32, 2001.
PANNONI, F. D. Durabilidade de estacas metálicas cravadas no solo. Gerdau
Açominas. In: COBRANSEG, XIII, 2006, Curitiba.
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8. Anexos
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Figura 2 – Tabela utilizada para dimensionamento das estacas com uso de trilhos
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Figura 3 – Detalhamento de bloco de coroamento
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Figura 4 – Método construtivo de cravação fornecido pela empresa contratada
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015
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