Análise da Reação Emocional do Paciente Odontopediátrico Após

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Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e
Clínica Integrada
ISSN: 1519-0501
[email protected]
Universidade Federal da Paraíba
Brasil
Ribeiro Pires, Vanessa; Mallanconi Tubel, Márcia Denise; Pinheiro, Sérgio Luiz; Bengtson, Antonio
Lucindo
Análise da Reação Emocional do Paciente Odontopediátrico Após Anestesia Parcial por Meio de
Escala Análoga Visual
Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, vol. 5, núm. 2, maio-agosto, 2005, pp.
127-131
Universidade Federal da Paraíba
Paraíba, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=63750206
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Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
Vanessa Ribeiro PIRES*
Márcia Denise Mallanconi TUBEL**
Sérgio Luiz PINHEIRO***
Antonio Lucindo BENGTSON****
Objetivo: Avaliar através de escala análoga visual, as reações
emocionais do paciente odontopediátrico imediatamente após
anestesia parcial, variando-se a técnica anestésica. Método:
Foram analisadas 60 crianças de ambos os gêneros, entre 6 e
10 anos de idade, que necessitavam aplicação de anestesia
parcial para realização de tratamento odontológico na Clínica
de Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade
Metropolitana de Santos, sendo estas divididas em 3 grupos de
acordo com a anestesia aplicada: GI- anestesia infiltrativa de
dentes anteriores, GII- anestesia infiltrativa de dentes
posteriores, e GIII- anestesia troncular ptérigomandibular. Para
análise psicológica, foi utilizada uma escala análoga visual
composta por 4 figuras com diferentes expressões faciais:
sorrindo, cansado, assustado e chorando. Os resultados foram
submetidos à análise estatística de Mann Whitney.
Resultados: A escolha da figura do sorriso na escala análoga
visual foi estatisticamente predominante (p=0,0495) sobre as
figuras do cansado, assustado e chorando, independente do
tipo de anestesia. Na anestesia infiltrativa anterior o sorriso foi
escolhido por 65% das crianças, chorando 20%, cansado 10%
e assustado 5%; na anestesia infiltrativa posterior 60% das
crianças selecionaram a figura sorriso, 20% assustado, 15%
cansado e 5% chorando; e na ptérigomandibular, o sorriso foi
predominante em 50% dos casos, seguido do assustado (30%),
cansado (15%) e chorando (5%). Conclusão: A reação do
paciente infantil em relação à anestesia foi positiva,
independente do tipo de anestesia utilizada.
Objective: To evaluate through visual analogous scale, the
emotional reactions of the pedodontics patient immediately
after partial anesthesia, varying it anesthetical technique.
Method: The sorts had been analyzed 60 children of both,
between 6 and 10 years of age, that needed application partial
anesthesia for accomplishment of dental treatment in the Clinic
of Graduation of the College of Odontology of the Universidade
Metropolitana de Santos, being these divided in 3 groups in
accordance with the applied anesthesia: GI- infiltration
anesthesia of anteriors tooth, GII- infiltration anesthesia of
posteriors tooth, and GIII- anesthesia Pterygomandibular. For
psychological analysis was used a visual analogous scale
composed for 4 figures with different face expressions: smiling,
tired, scared and crying. The results had been submitted to the
analysis statistics of Mann Whitney. Results: The choice of the
figure of the smile in the visual analogous scale was statistically
predominant (p=0.0495) on the figures of tired, scared and
crying, the independent one of the type of anesthesia. In
infiltration anesthesia of anteriors tooth the smile was chosen
by 65% of children, crying 20%, tired 10% and scared 5%; in
infiltration anesthesia of posteriors tooth 60% of the children
had selected the figure smile, scared 20%, tired 15% and 5%
crying; e in the Pterygomandibular anesthesia, the smile was
predominant in 50% of the cases, followed of the scared one
(30%), tired (15%) and crying (5%). Conclusion: The reaction
of the infantile patient in relation to the anesthesia was positive,
independent of the type of used anesthesia.
Anesthesia, Pedodontics, Child psychology.
* Voluntária da Disciplina de Odontopediatria da Universidade Metropolitana de Santos - UNIMES.
** Especialista em Odontopediatria pela FO-UNIMES. Profa. Assistente da Disciplina de Odontopediatria da UNIMES.
*** Mestre e Doutor em Odontopediatria pela FOUSP. Prof. Assistente da Disciplina de Odontopediatria da UNIMES.
PIRES et al. - Análise da Reação Emocional do Paciente Odontopediátrico
A criança é um ser em constante evolução tanto
física como psíquica, que recebe influências do meio,
capta vivências e experiências para formação de sua
personalidade e conseqüentemente definição de seus
comportamentos. No que se refere ao comportamento
frente ao tratamento odontológico estas influências,
vivências e experiências são bastante significantes.
Fatores como comportamento dos pais, seus medos e
ansiedades; história médica pregressa; presença de dor
durante tratamento anterior ou por falta de tratamento;
conhecimento do problema odontológico; fatores sócioeconômicos; a conduta do cirurgião dentista e o próprio
procedimento por ele executado são decisivos no
estabelecimento de atitudes do paciente infantil.
Reconhecer os fatores desencadeadores do
comportamento negativo durante o tratamento é o
primeiro passo para conseguir modificá-lo ou contornálo. Portanto, a observação das reações da criança, saber
o que esta pensa e sente em relação ao tratamento
odontológico auxilia na compreensão de seus
comportamentos. No entanto, conseguir estas
informações sem distorções ou induções, na maioria das
vezes, é complicado. Isso porque é bastante complexo
para a criança descrever suas sensações verbalmente e
difícil para o profissional conseguir decifrar as
manifestações psicológicas infantis e interpretá-las.
Segundo Castilhos (1979), a falta de cooperação
de uma criança no consultório está motivada por um
desejo de evitar uma situação dolorosa ou desagradável.
As crianças temem o desconhecido, qualquer
experiência nova e desconhecida para elas provocará
medo, até que se convença de que nenhuma ameaça
existe para sua integridade.
Sandrini, Bonacin e Cristoforo (1998)
salientaram que o aparecimento da resistência ao
tratamento em odontopediatria também pode estar
vinculado aos procedimentos que o dentista utiliza frente
à criança, porém, o interesse demonstrado pelo
profissional para com o paciente e suas necessidades
emocionais, diminui grandemente o aparecimento de
comportamentos indicativos de medo ou ansiedade. No
manejo do paciente infantil, o importante não é somente
o que se faz, é também, de suma importância, o como se
faz. A ausência desta preocupação pelo odontopediatra
pode facilitar o aparecimento de recusa ao tratamento
dentário ou até mesmo a transformação de uma leve
ansiedade em medo persistente.
Ramos-Jorge e
Pordeus (2004) consideram que a medida da ansiedade
infantil atua como um método que o odontopediatra pode
recorrer para prever o possível comportamento da
criança e estando o profissional previamente preparado
ele é capaz de adotar postura favorável, no sentido de
atendimento odontológico.
Ao investigarem os fatores que mais poderiam
influenciar o comportamento da criança em uma primeira
consulta odontológica segundo a opinião de cirurgiões
dentistas de Vitória (ES) e Governador Valadares (MG)
através de questionários, Sanglard, Frauches e Costa
(2001) obtiveram como resultado a ansiedade da mãe
(86,84% e 85,71%, nas respectivas cidades) e a
presença de dor (78,95% e 92,86%) como fatores mais
significativos.
Medo e dor são fenômenos mais
freqüentemente presentes na intervenção
odontopediátrica. Silva et al. (1992) ao questionarem
280 crianças o que sentiam em relação ao tratamento
odontológico, a resposta mais freqüente foi dor (24,75%)
e medo (17,91%), enquanto uma minoria (8,46%) relatou
que se sentiam bem. Mais especificamente, Gonçalves,
Sagretti e Borgesl (1993) em estudo realizado com 100
crianças entre 3 e 13 anos de idade através de
questionário, observaram que mais desagrada na visita
ao dentista a anestesia, seguido da alta rotação,
isolamento absoluto e a luz do refletor.
Segundo Singh, Moraes e Bovi Ambrosano
(2000) que avaliaram medo, ansiedade e controle
relacionados ao tratamento odontológico através de
questionário, crianças com experiência anterior de
anestesia no tratamento odontológico revelaram-se
mais temerosas do que as crianças que tinham feito
tratamento sem anestesia. Roulet e Guedes-Pinto
(1997) salientam que primeiro passo para a execução de
boa técnica anestésica consiste no uso de um préanestésico. Os anestésicos tópicos, quando bem
utilizados, contribuem para minimizar ou até suprimir a
dor, decorrente da puntura da agulha. Além da ação
farmacológica, o anestésico tópico tem uma ação
psicológica que deve ser percebida e valorizada pelo
profissional como um recurso a mais para o sucesso da
anestesia, permitindo assim que o paciente se sinta
protegido contra a dor.
Inúmeros são os trabalhos que tratam da
relação entre a psicologia e tratamento odontológico
(SINGH, MORAES E BOVI AMBROSANO, 2000;
K L AT C H O I A N , 1 9 9 8 ; C A S T I L H O S , 1 9 7 9 ;
GONÇALVES, SAGRETTI E BORGES, 1993),
entretanto poucos são os que procuram se inteirar ao
que a criança pensa e percebe em relação ao tratamento
odontopediátrico, até porque nem sempre o profissional
consegue interpretar corretamente a sintomatologia
psicológica do paciente, além do que a descrição verbal
de sensações pela criança torna-se difícil e é um dado
muito subjetivo. A dor, além de ser uma experiência
subjetiva única, contém também um componente de
comunicação, expressa uma mensagem que pede ajuda
PIRES et al. - Análise da Reação Emocional do Paciente Odontopediátrico
dor, no caso das crianças, nem sempre é captado ou bem
interpretado por adultos, mesmo aqueles que lidam
profissionalmente com crianças, como dentistas,
enfermeiros e médicos, como é salientado por Klatchoian
(2000).
Para auxiliar nesta interpretação têm sido
propostas diversas intervenções através das técnicas
projetivas, que determinam uma leitura psicológica eficaz
de uma situação vivida e suas conseqüências na
personalidade infantil.
E m 1 9 7 9 , Ve n h a m e G a u l i n - K r e m e r
desenvolveram um teste denominado VPT para
avaliação da ansiedade odontológica, que consiste no
uso de um conjunto de oito pares de figuras que
expressam várias reações e diante dela as crianças são
estimuladas a escolher a figura que mais reflete sua
emoção.
Maunuksela (1987) propôs a utilização de uma
escala análoga visual composta por cinco figuras que
expressam diferentes sensações, sendo apresentada a
criança para que a mesma indique a figura que mais se
aproxima da sua sensação naquele momento, podendo
ser facilmente usada em crianças com mais de 5 anos.
Sandrini, Bonacin e Cristoforo (1998) utilizaram
em seu estudo as técnicas de representação psíquica da
expressão gráfica e da auto-imagem pela argila, nas
quais a criança manifesta suas reações emocionais do
momento e suas atividades afetivas em determinadas
situações como o tratamento dentário. Ramos-Jorge em
2000, buscando uma maior confiabilidade e validade do
teste VPT fez modificações quantos aos desenhos
incluindo gêneros e raças na figuras para maior
identificação da criança participante de pesquisa, bem
como na disposição das figuras e na maior proporção da
face em relação ao corpo e cabelo, para melhor
visualização das expressões.
Baseada na escala proposta por Maunuksela
(1987), Motta e Bussadori em 2002 sugeriram uma
formada por quatro figuras representando: sorriso,
cansaço, susto e choro. As figuras escolhidas para a
composição desta escala foram dentes para direcionar a
relação sentida com a atuação do dentista. O dente
chorando seria uma analogia com experiência
desagradável, desconfortável e dolorosa; a figura do
assustado representa medo, ansiedade; cansaço uma
situação sem dor; e por fim a expressão de alegria traduz
uma sensação agradável.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar
através do uso de uma escala análoga visual, as reações
emocionais de crianças entre 6 e 10 anos de idade após
aplicação de anestesia parcial, pacientes da Clínica de
Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da
Universidade Metropolitana de Santos.
O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da UNIMES com protocolo n. 17/ 03.
Foram avaliadas 60 crianças de ambos os
gêneros, pertencentes à faixa etária de 6 a 10 anos da
Clínica de Graduação da Universidade Metropolitana de
Santos, selecionados de acordo com a necessidade de
aplicação de técnica anestésica parcial para a
realização do tratamento odontológico planejado, com
autorização prévia de seus pais ou responsáveis legais,
através do termo de consentimento livre e esclarecido.
Foram aplicadas três diferentes técnicas
parciais de anestesia: infiltrativa para dentes anteriores,
infiltrativa para dentes posteriores e ptérigomandibular,
padronizando-se o uso de anestésico tópico por 3
minutos, tracionamento dos lábios para punção da
agulha nas técnicas infiltrativas e injeção lenta da
solução anestésica para as três técnicas utilizadas.
Para análise das reações emocionais foi
aplicado teste baseado na escala análoga visual, na qual
a própria criança relata suas sensações. A escala
escolhida foi a modificada de Motta e Bussadori (2002)
que é composta por quatro figuras com diferentes
expressões faciais (sorrindo, cansado, assustado e
chorando) simbolizando as possíveis reações da criança
(Figura 1).
FIGURA 1. Escala análoga visual proposta por Motta e
Bussadori (2002).
Logo após a realização de técnica anestésica, a
escala foi apresentada a cada criança por uma única
examinadora indagando de maneira clara: “Mostra para
mim, como você está se sentindo agora, depois da
anestesia: sorrindo, cansada, assustada ou chorando!”.
Solicitando que a criança indicasse a figura que mais se
aproximasse da sua sensação naquele momento.
Os resultados obtidos foram transformados em
porcentagens e submetidos à análise estatística através
do teste Mann Whitney.
PIRES et al. - Análise da Reação Emocional do Paciente Odontopediátrico
A escolha da figura do sorriso na escala análoga
visual foi estatisticamente predominante (p=0,0495)
sobre as figuras do cansado, assustado e chorando,
independente do tipo de anestesia utilizada (Tabela 1).
Tabela 1. Reações de 60 avaliações psicológicas após
anestesia parcial
%
REAÇÕES
N
Sorriso
35a
58,3
b
Cansado
8
Assustado
11b
18,3
Chorando
6b
10,0
13,3
Letras iguais (p>0,05), letras diferentes (p<0,05)
Na anestesia infiltrativa anterior o sorriso foi
escolhido por 65% das crianças, chorando 20%, cansado
10% e assustado 5%; na anestesia infiltrativa posterior
60% das crianças selecionaram a figura sorriso, 20%
assustado, 15% cansado e 5% chorando; e na ptérigomandibular, o sorriso foi predominante em 50% dos
casos, seguido do assustado (30%), cansado (15%) e
chorando (5%) (Tabela 2).
Tabela 2. Reações emocionais (em porcentagens) após
aplicação das técnicas de anestesia infiltrativa anterior,
infiltrativa posterior e pterigomandibular.
Técnica
Reação Emocional
Sorriso
Cansado
Assustado
Chorando
Infiltrativa Anterior
65
10
5
20
Infiltrativa Posterior
60
15
20
5
Pterigomandibular
50
15
30
5
Apesar da literatura mostrar o medo e a aversão
das crianças em relação à anestesia e que poderia
sugerir uma reação negativa frente a este procedimento
(GONÇALVES; SAGRETTI; BORGES, 1993; SINGH;
MORAES; BOVI AMBROSANO, 2000; SILVA et al.1992),
os resultados obtidos neste trabalho demonstram o
contrário. O número de reações positivas como sorriso e
cansado foram superiores as reações negativas,
assustado e chorando; o que entra em concordância com
às conclusões de Sandrini, Bonacin e Cristoforo (1998)
atendimento odontológico são positivas e não deixam
marcas evidentes no psicológico infantil.
O medo está sem dúvida freqüentemente
presente e pode influenciar nas intervenções
odontológicas. Tais medos podem se apresentar nas
formas objetivas e subjetivas. O medo objetivo pode
ainda ser subdividido em direto, adquirido após um
trauma odontológico; e indireto, de caráter associativo,
quando a criança sofre um trauma durante atendimento
médico, por exemplo, e associa a situação. O medo
subjetivo é aquele sugerido á criança, que recebe
informações de uma sociedade que apesar do grande
progresso da odontologia ainda a vê como a
especialidade que provoca dor, medo e desconforto
(CASTILHOS, 1979).
Deve-se ter em vista sempre o grau de
desenvolvimento e maturidade da criança para a
compreensão do procedimento e aceitação das
manobras propostas. Na faixa etária dos seis aos dez
anos de idade, que se seguiu nesta pesquisa, a base dos
medos está em enfrentar novas situações, medo de
rejeição e críticas; o preparo psicológico, portanto, se faz
ainda mais importante (KLATCHOIAN, 1998).
Os cuidados para se realizar uma anestesia
adequada não somente quanto à técnica aplicada, mas
também a preparação psicológica do paciente, reduz a
dor e o trauma que possam ocorrer e tem como
conseqüência uma reação infantil favorável ao
tratamento. Um dos fatores que contribuem para o êxito
deste procedimento é a utilização de um pré-anestésico
devido a sua ação tanto farmacológica como psicológica
(ROULET; GUEDES-PINTO, 1997). Para sua
efetividade, cuidados como a secagem da mucosa antes
da aplicação e o contato por no mínimo 3 minutos são
indispensáveis e, por isso, foram seguidos em todas
aplicações realizadas durante a pesquisa. Além disso,
tracionamento dos lábios e injeção lenta do líquido
anestésico são importantes para controle da dor e
também procurou executá-los.
A avaliação da reação infantil através da escala
análoga visual elimina a dificuldade que a criança possa
apresentar em expressar-se verbalmente, e também a
dificuldade existente por parte do profissional em
interpretar as reações psicológicas infantis; uma vez que
a própria criança relata sua sensação naquele momento
pela associação de figuras. O teste VPT desenvolvido
por Venham e Gaulin-Kremer (1979) e modificado por
Ramos-Jorge (2000) é o método de avaliação de
ansiedade odontológica mais utilizada e aceita nas
pesquisas científicas em crianças de idade pré-escolar,
como nossa amostragem tratava-se de crianças entre de
6 e 10 anos de idade fizemos opção pela escala
modificada de Motta e Bussodori (2002).
PIRES et al. - Análise da Reação Emocional do Paciente Odontopediátrico
apresentado-se significativamente superior
independentemente da técnica anestésica utilizada
(Tabela 1), pôde-se notar um dado relevante. A anestesia
infiltrativa em dentes anteriores foi a que apresentou
maior número de reação negativa, o choro, com 20% das
crianças relatando esta condição emocional. O que
talvez possa ser explicado pelas características
anatômicas da região, principalmente anterior superior,
onde as sensações durante e após a anestesia podem
ser consideradas desagradáveis ou desconfortáveis.
No decorrer da pesquisa observou-se que
algumas crianças choravam durante aplicação da
anestesia, no entanto, na avaliação psicológica,
apontavam uma reação positiva como cansado e até
sorriso. Se levarmos em consideração que a criança,
principalmente as de menor idade, têm dificuldade em
controlar suas sensações, o choro seria então, sua
primeira reação frente a dor e desconforto, mesmo que
estes sejam moderados, em decorrência por exemplo,
da puntura da agulha ou injeção do líquido anestésico.
Assim, passada esta sensação sua reação não será
necessariamente negativa. Exemplo disso foi o
comentário de uma das crianças após ser avaliada: “Eu
estava assim (apontando o dente cansado) porque doeu
um pouquinho, mas agora estou assim (apontando o
dente sorrindo)”.
1) As reações emocionais das crianças frente à
anestesia parcial foram satisfatórias, com predomínio do
sorriso na escala análoga visual;
2) As diferentes técnicas anestésicas utilizadas
(infiltrativa anterior, posterior e ptérigomandibular) não
influenciaram no comportamento infantil;
3) Apesar de não significante a técnica de anestesia
infiltrativa anterior foi a que mais trouxe reação
emocional negativa do tipo choro.
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Correspondência:
Vanessa Ribeiro Pires
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KLATCHOIAN, D. A. O comportamento da criança como
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Cubatão - SP
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