síndromes dolorosas regionais

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Conteúdo citado na página 1300 do livro Medicina ambulatorial, 4a edição.
SÍNDROMES DOLOROSAS REGIONAIS
São mostrados a seguir resultados de um estudo descritivo que caracteriza bem estas duas formas de apresentações
clínicas em uma amostra representativa de mulheres portadoras de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
(DORT) atendidas em um ambulatório de Saúde do Trabalhador do Sistema Único de Saúde (SUS) em Porto Alegre.1,2
Os examinadores foram dois médicos do próprio serviço. Todas as pacientes foram acompanhadas em consultas regulares a cada 20 a 30 dias. Tinham idade ⫽ 41,1 ⫾ 9,6 anos,
menos de 8 anos de escolaridade (77,6%); tempo na última
ocupação: média ⫽ 5,6 anos, mediana ⫽ 2,7 anos; 53% eram
trabalhadoras na indústria (metalúrgica, alimentícia e outras)
e 47% em serviços variados (saúde, hotéis e restaurantes,
limpeza, etc.); celetistas (92,6%), em benefício previdenciário (87,1%), sendo 74,1% com CAT. Para 22%, este não era o
primeiro episódio de incapacidade pela condição osteomuscular. Um terço tinha sintomas há menos de seis meses, um
terço entre 6 meses e 2,5 anos e um terço entre 2,5 e 5 anos.
Com base na observação clínica, foram identificados três
grupos de pacientes: 1) em menor número, aquelas apenas
com diagnósticos ortopédicos e sintomas localizados (9 casos); 2) em maior número (54 casos), aquelas com síndrome
miofascial isolada ou sobreposta a uma ou mais condições
ortopédicas específicas, mas sem síndrome de dor regional complexa. A queixa mais comum era a dor regional em
membro superior e pescoço, e perda de força em membro
superior; e 3) aquelas com possível síndrome de dor regional
complexa, com ou sem diagnósticos localizados ou síndrome
miofascial (45 pacientes). Nestas, a dor era mais intensa e
caracteristicamente localizada em um membro superior (mas
não no pescoço). Um achado frequente neste último grupo foram episódios de exacerbação da dor. Os agravamentos ocorriam após a fisioterapia e após esforços moderados
como varrer a casa ou carregar sacolas de supermercado, e
duravam de 2 a 5 dias. A dor “mudava” de caráter. Havia
necessidade de maior quantidade de analgésicos ou analgésicos mais potentes (Tilex). O agravamento acompanhava-se
por dor articular (sobretudo nas articulações interfalângicas
proximais, metacarpofalângicas, punho e região medial do
cotovelo), edema em punho, mão e dedos, choques nos dedos e sensação de “gelar” o braço. Vários destes episódios e
seus sinais e sintomas foram registrados em prontuários. Este
foi o grupo com tempo de acompanhamento médio maior no
serviço: 14 meses versus 9 dos dois outros grupos,1 e o com
maior exigência de força no trabalho.2
A síndrome de dor regional complexa possivelmente
acomete parcela pequena de pacientes com DORT, mas dada
a gravidade dos casos, ela responde por proporção significativa da demanda em serviços que oferecem tratamento continuado para dor crônica osteomuscular.
Referências
1. Azambuja MIR, Tschiedel PSN, Kolinger MDD. Síndrome
Miofascial e Síndrome de Dor Regional Complexa em Pacientes com LER/DORT atendidos em ambulatório de saúde do
trabalhador do SUS: identificação e caracterização clínica dos
casos. Rev Bras Med Trab. 2004;2(3):176-84.
2. Azambuja MIR, Tschiedel PSN, Kollinger MDD, Oliveira
PAB, Mendes JMR, Bassanesi SL. Síndrome Miofascial e
Síndrome de Dor Regional Complexa em uma amostra de
casos de LER/DORT atendidos em um ambulatório de saúde
do trabalhador do SUS (CIAST) em Porto Alegre: fatores de
risco ocupacionais associados às Síndromes de Dor Regional.
Rev Bras Med Trab. 2004;2(4):302-9.
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