Hospital do Servidor Público Municipal MIELINÓLISE PONTINA CENTRAL EM PACIENTE COM HIPONATREMIA – RELATO DE CASO FLÁVIA MUNHOZ FERREIRA São Paulo 2012 FLÁVIA MUNHOZ FERREIRA MIELINÓLISE PONTINA CENTRAL EM PACIENTE COM HIPONATREMIA – RELATO DE CASO Trabalho de apresentado Conclusão à de Comissão Curso de Residência Médica do Hospital do Servidor Público Municipal, para obter o título de Residência Médica. Área: Clínica Médica Orientadora: Prof. Dra. Ellen Moreira de Moura São Paulo 2012 FICHA CATALOGRÁFICA FERREIRA, Flávia Munhoz Mielinólise Pontina Central Hiponatremia – Relato de Caso. Flávia Ferreira – São Paulo 2012. em Paciente com Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Residência Médica do HSPM-SP, para obter o título de Residência Médica, na área de Clínica Médica. Descritores: 1: Mielinólise Pontina Central. 2: Hiponatremia. 3: Inibidores da Recapitação de Serotonina. 4: Diuréticos. AUTORIZO A DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. ________________________________ Flávia Munhoz Ferreira FLÁVIA MUNHOZ FERREIRA MIELINÓLISE PONTINA CENTRAL EM PACIENTE COM HIPONATREMIA – RELATO DE CASO ________________________________ Dr. Eduardo Benedito Kehde ________________________________ Dr. João Batista dos Santos Júnior ________________________________ Dra. Lucíla Maria Barbosa Bezerra Hospital do Servidor Público Municipal Clínica Médica Dedicatória Ao meu marido Fábio pelo amor, paciência e dedicação que sempre teve por mim. Agradecimentos A todos os profissionais, colegas e pacientes que direta ou indiretamente colaboraram com minha formação. A Deus, por tornar tudo isto possível. RESUMO: A mielinólise pontina central ocorre quando há rápida correção de hiponatremia grave. As manifestações clínicas aparecem cerca de dois a seis dias após a correção inadequada do sódio sérico. Dentre os fatores de risco estão aqueles relacionados à hiponatremia, como o uso de medicações, a exemplo dos inibidores de recaptação de serotonina e diuréticos. Trata-se de um caso de uma paciente do sexo feminino, 57 anos, hipertensa em uso de hidroclorotiazida e em tratamento para síndrome depressiva com fluoxetina e clonazepam, com história de seis dias antes ter recebido diagnóstico, em outro hospital, de infecção do trato urinário e hiponatremia (Na= 102 mEq/L), que foi corrigida para 123 mEq/L em dois dias, recebendo alta com antibiótico, sintomáticos e sódio sérico de 129 mEq/L. Três dias após, procurou nosso serviço com quadro de confusão mental e déficit motor à esquerda. Tomografia de crânio e líquor normais. Evoluiu com tetraparesia, afasia e piora do nível de consciência, além de febre, atribuída a focos urinário e pulmonar. No décimo dia de internação (DI) apresentava melhora da força nos membros, permanecendo afásica. Realizada Ressonância Magnética de crânio, com evidência de imagem hiperdensa em ponte, compatível com MPC. Houve melhora progressiva do quadro, recebendo alta no 22º DI. A relação entre hiponatremia com uso de drogas vem sendo relatada, e a monitorização e o tratamento adequados desse distúrbio são essenciais para a prevenção de MPC. PALAVRAS-CHAVE: mielinólise pontina central, hiponatremia, inibidores da recaptação de serotonina, diuréticos. ABSTRACT: Central pontine myelinolysis occurs when there is a rapid correction of severe hyponatremia. Clinical manifestations appear about two to six days after inadequate correction of serum sodium. Among the risk factors are those related to hyponatremia, such as the use of medications, like the serotonin reuptake inhibitors and diuretics. This is a case of a 57 year-old female patient, in hypertensive use of hydrochlorothiazide and treatment for depressive syndrome with clonazepam and fluoxetine, with a history of six days before she had received ,at another hospital, the diagnosis of urinary tract infection and hyponatremia (Na= 102 mEq / L), which was corrected to 123mEq/L in two days and was discharged with antibiotics, symptoms and serum sodium of 129 mEq / L. Three days later, searching our assistance, the patient presented mental confusion and left motor deficit. The cerebrospinal fluid and brain tomography were normal. The patient developed tetraparesis, aphasia and worsening level of consciousness, besides fever attributed to urinary and pulmonary infections. On the tenth day of hospitalization (HD), she showed an improvement in limb strength, remaining aphasic. Brain magnetic resonance (MRI) showed evidence of hyperdense bridging image, compatible with CPM. There was gradual improvement and was discharged on the 22nd HD. The relationship between hyponatremia with drug has been reported and the monitoring and the appropriate treatment use for this disorder have shown to be essential for the prevention of CPM. KEYWORDS: central pontine myelinolysis, hyponatremia, serotonin reuptake inhibitors, diuretics. SUMÁRIO 1. Introdução -------------------------------------------------------------- 1 2. Relato do caso -------------------------------------------------------- 5 3. Discussão -------------------------------------------------------------- 9 4. Conclusão -------------------------------------------------------------- 12 5. Referências Bibliográficas ----------------------------------------- 13 1. INTRODUÇÃO A mielinólise pontina central (MPC), considerada uma síndrome desmielinizante aguda, ocorre com a rápida correção de um quadro de hiponatremia grave (na maioria dos casos em pacientes com concentração de sódio (Na) sérico menor ou igual a 105 mEq/L). Oscilações abruptas na osmolaridade sérica resultam em desmielinização simétrica da parte central da base da ponte. As lesões pontinas podem estar associadas à mielinólise extrapontina (MEP), a qual pode acometer os pedúnculos cerebrais, núcleo caudado, putâmen, substância branca frontal e temporal, fórnix, cápsula interna e externa, núcleo amigdalóide, corpo geniculado lateral, camadas profundas do córtex cerebral, hipocampo e corpo caloso. A MPC e MEP são reunidas sob o título de síndrome de desmielinização osmótica (SDO) 1,2,3 . Sua patogenia, 1 todavia, não está totalmente elucidada . A evolução destes pacientes é variável, desde a sua recuperação total sem sequelas até o óbito; porém a persistência dos sintomas com limitação da qualidade de vida é frequente. A longo prazo, alguns pacientes apresentaram mudanças de comportamento, alterações cognitivas e distúrbios do movimento. MPC/MEP são enfermidades descritas tanto em crianças como em adultos de todas as idades, cuja incidência é de difícil precisão. Entre os diferentes autores, Wright et al., em 1979, relataram a incidência de 1:300 através da análise de uma série de 3500 necrópsias de adultos, enquanto Sterns et al., relataram a presença de complicações neurológicas em 25% dos 4 pacientes após a correção de estado hiponatrêmico grave . A hiponatremia crônica está associada com a perda da osmolaridade e de água livre das células do sistema nervoso central (SNC), fatores que 1 promovem proteção contra o edema cerebral. Estudos em modelos mostram que a correção abrupta dos níveis séricos de sódio levaria a uma rápida diminuição do volume cerebral com contração das células endoteliais, quebrando a barreira hemato-encefálica permitindo desta maneira, a entrada de complementos e substâncias citotóxicas 2,3 . As manifestações clínicas acontecem tipicamente dois a seis dias após a correção inadequada do sódio sérico. Geralmente, são irreversíveis ou apenas parcialmente reversíveis e incluem: paraparesia ou tetraparesia, inicialmente flácida, evoluindo com espasticidade, disartria, disfagia, distúrbios de comportamento, confusão, letargia e até coma. Convulsões podem ser vistas, mas são menos comuns. Descrevem-se ainda distúrbios do movimento, como, ataxia, mutismo, parkinsonismo e distonia 1,2,3,6,7 . Os fatores de risco envolvidos no surgimento da MPC são inúmeros. Alguns distúrbios podem acarretar predisposição para tal complicação, como insuficiência hepática, insuficiência renal crônica, hemodiálise, desnutrição, grandes queimados, infecções bacterianas graves, diabetes mellitus, diabetes insipidus central, entre outros 1,2 . Em relação a drogas, diversas estão intimamente relacionadas com o aparecimento de estados hiponatrêmicos pelo mecanismo de Secreção Inapropriada do Hormônio Anti-Diurético (SIADH). Entre elas, os diuréticos tiazídicos, a desmopressina, os glicocorticoides, e os inibidores de receptação de serotonina, hoje amplamente utilizados no tratamento das síndromes depressivas. Entre estes últimos, podemos citar a Sertralina, a Fluoxetina e o Citalopram, que, se comparados aos tricíclicos Amitripitilina e Nortriptilina, apresentam maior decorrentes da hiponatremia que podem causar 5,8,9 risco de complicações . 2 Em relação ao diagnóstico da MPC, as lesões desmielinizantes cerebrais podem ocasionalmente ser detectadas por Tomografia de Crânio (TC), porém de forma muito mais sensível e específica através de Ressonância Nuclear Magnética (RNM). Um estudo radiológico inicialmente normal num paciente que desenvolve sintomas neurológicos, após rápida correção de hiponatremia, não exclui o diagnóstico de MPC. Além disso, a RNM pode se mostrar negativa quando o quadro neurológico já estiver instalado por mais de quatro semanas 1,2,10 . A realização da RNM do encéfalo é válida, a fim de determinar a extensão do processo desmielinizante. As lesões são simétricas e hipointensas, nas imagens pesadas em T1, poupando tipicamente a região periférica da ponte, e hiperintensas nas imagens pesadas em T2 e FLAIR. Em alguns casos, a RNM pode revelar a lesão típica em “asa de morcego” na base da ponte. As imagens pesadas em difusão são promissoras para o diagnóstico precoce, e podem detectar alterações nas primeiras na primeiras 24 horas do início da tetraplegia 1,2,6,10 . Os achados histopatológicos revelam destruição das bainhas de mielina, com preservação dos axônios e das células nervosas dos 10 núcleos pontinos, sem evidências de inflamação . A identificação de pacientes com quadros de hiponatremia grave bem estabelecida é o primeiro passo no tratamento da mielinólise; entretanto, 2 nenhum tratamento específico foi ainda consolidado . O objetivo do trabalho é relatar um caso de uma paciente com hiponatremia, secundária ao uso de diurético tiazídico e anti-depressivo, que após a correção do distúrbio de sódio apresentou quadro clínico e radiológico de mielinólise pontina central e ressaltar a importância da adequada correção 3 da hiponatremia a fim de se evitar sequelas neurológicas muitas vezes irreversíveis e causadas pelo próprio tratamento. 4 2. RELATO DO CASO Mulher de 57 anos, branca, hipertensa, em uso de Hidroclorotiazida 25mg/dia e em tratamento para depressão com fluoxetina 20mg/dia e clonazepan 1mg/dia. Alguns dias antes da internação a paciente queixava-se de dores abdominais, constipação intestinal e febre não aferida. A família relatava confusão mental e uso abusivo de fluoxetina. Seis dias antes da internação hospitalar a paciente procurou outro serviço onde foi diagnosticada hiponatremia (Na 102mEq/L) e infecção urinária. Após 48 horas de internação apresentava sódio de 123mEq/L. No quarto dia de internação a paciente recebeu alta com ciprofloxacino, sintomáticos e com Na 129mEq/L. Três dias após a alta, sem melhora do quadro e com rebaixamento de nível de consciência a paciente foi levada ao Hospital do Servidor Público Municipal. À admissão, apresentava-se confusa, com déficit motor à esquerda, pouco contactuante, somando 11 pontos na escala de coma de Glasgow. As pupilas eram isocóricas e foto reagentes e os sinais meníngeos estavam ausentes. Ao Exame físico apresentava se corada, hidratada, eupnéica, acianotica, anictérica e febril, PA: 120X80mmHg, FC: 90bpm, Saturação de oxigênio em ar ambiente era 98%. O ritmo cardíaco era regular, com bulhas normofonéticas e sem sopro audível. À ausculta pulmonar, murmúrios vesiculares positivos com roncos difusos. O abdome era globoso, flácido, com ruídos hidroaéreos positivos, algo doloroso a palpação profunda e descompressão brusca negativa. Após a internação foram realizados exames complementares que mostraram hemograma com hemoglobina de 11,6g/dL, hematócrito de 34,6%, leucócitos 11300mm3 com 18% bastonetes e 56% segmentados e 124mil mm 3 5 plaquetas, sódio de 146mEq/L, potássio de 2,9mEq/L, uréia 61mg/dL, creatinina de 0,9mg/dL. Urina com 800 mil leucócitos e 44 mil hemácias. Foi feita a coleta de liquor por punção cervical devido à dificuldade da punção lombar. O líquido era límpido, incolor, sem hemácias ou células neoplásicas, com valores normais de glicose, leucócitos e uréia e pesquisa de bactérias, látex e tinta da china negativa. A tomografia computadorizada de crânio realizada no dia da internação não evidenciou qualquer tipo de alteração. Iniciado ceftriaxone para tratamento de infecção urinária. A Paciente evoluiu, após 4 dias, com déficit motor nos quatro membros, afasia, piora da confusão mental e persistência da febre. Foi diagnosticada uma pneumonia, o antibiótico foi substituído por piperacilina-tazobactam e iniciada hidrocortisona 400mg dia devido a um quadro de broncoespasmo. No décimo dia de internação a paciente permanecia afásica, porém, obedecia a comandos e apresentava melhora da força nos membros superiores e inferiores. No décimo segundo dia de internação a paciente falava, entretanto com disartria. A ressonância magnética feita no décimo segundo dia de internação evidenciou imagem nodular com hipersinal em T2 e em Flair e hipossinal em T1 em topografia do aspecto mediano da ponte, medindo cerca 2,3X 2,0cm e que não apresenta realce significativo após uso de contraste para-magnético (Figura 1). 6 Figura 1- Ressonância Magnética do encéfalo. Setas indicam lesões por mielinólise. A: Imagem axial na sequência FLAIR ao nível da ponte – imagem hiperintensa. B: imagem axial em T1 ao nível da ponte – imagem hipointensa. Exame realizado no Centro Diagnóstico Ghelfond A paciente manteve-se afebril após término de antibiótico e apresentou melhora progressiva da força motora. Recebeu alta no vigésimo segundo dia de internação com déficit de força grau 3, disártrica e ingerindo alimentos pastosos por boca. Após a alta seguiu em acompanhamento no serviço com fisioterapia e fonoaudiologia. RNM de crânio realizada 2 meses após alta não mostrou modificação da lesão (Figura 2). Figura 2 - Ressonância Magnética do encéfalo após 2 meses da alta hospitalar. Setas indicam lesões por mielinólise. A: Imagem axial na sequência FLAIR ao nível da ponte – imagem hiperintensa. B: imagem axial em T1 ao nível da ponte – imagem hipointensa. Exame realizado no Centro Diagnóstico Ghelfond 7 Hoje, após um ano de acompanhamento paciente alimenta-se sem dificuldade, fala normalmente e apresenta discreta dificuldade à deambulação, com leve diminuição de força em membros superior e inferior esquerdos. 8 3. DISCUSSÃO O trabalho relata o caso de uma paciente com hiponatremia grave secundária ao uso de antidepressivo inibidor de receptação de serotonina e diurético tiazídico que, após a rápida correção do sódio desenvolveu quadro clínico e radiológico de mielinólise pontina central. Apesar de tratada apenas com suporte clínico apresentou evolução favorável. Os sintomas que muitas vezes são irreversíveis ou parcialmente reversíveis, no caso relatado, evoluíram com poucas sequelas neurológicas. O uso de drogas que causavam hiponatremia e a correção demasiadamente rápida do sódio sérico foram fatores decisivos para o aparecimento da doença. A concentração de sódio no soro é o principal determinante da osmolalidade sérica. A queda na osmolalidade sérica em pacientes com hiponatremia verdadeira promove o movimento da água no cérebro e, quando aguda e grave, pode levar a edema cerebral e sintomas neurológicos. Em resposta à hiponatremia, o cérebro faz adaptações para diminuir o volume cerebral a valores próximos ao normal e reduzir a probabilidade dessas 11 complicações . Contudo, estes processos adaptativos tornam o cérebro vulnerável a lesões, principalmente quando a hiponatremia crônica é corrigida 2 muito rapidamente . A SDO ocorre principalmente quando há correção excessivamente rápida da hiponatremia grave (sódio menor que 120 mEq/L) presente há mais de dois a três dias, que é o tempo necessário para a adaptação cerebral ocorrer. As manifestações clínicas da SDO são tipicamente adiadas por dois a seis dias após a elevação abrupta da concentração sérica de sódio. Estes sintomas, muitas vezes irreversíveis ou apenas parcialmente reversíveis, 9 incluem disartria, disfagia, paraparesia ou tetraparesia, distúrbios de comportamento, letargia, confusão, desorientação, obnubilação e coma. 1,2,13,14 Convulsões também podem ocorrer, mas são menos comuns . Pacientes com maior risco de lesão cerebral irreversível e incapacitante são aqueles que se apresentam gravemente hiponatrêmicos por pelo menos dois a três dias e nos quais a concentração de sódio no soro é aumentada em mais de 20 mEq/L nas primeiras 24 horas ou o fator de correção está acima de 140 mEq/L. Por outro lado, SDO é rara em pacientes cronicamente hiponatrêmicos cujo aumento da concentração sérica de sódio for menor que 10-12 mEq/L nas primeiras 24 horas e/ou menor que 18 mEq/L nas primeiras 48 horas. No entanto, mesmo com correção parcimoniosa, alguns pacientes ainda desenvolvem sintomas neurológicos de desmielinização osmótica. Por isso, a meta para uma correção segura do sódio é inferior a 10 mEq/L nas 2 primeiras 24 horas . Alguns pacientes com SDO podem recuperar a função após períodos prolongados de lesão neurológica grave 2,15 . No caso apresentado, a paciente sofreu uma correção de sódio sérico de 21 mEq/L em 48 horas (Gráfico 1) e seus sintomas neurológicos iniciaram seis dias após. 10 Gráfico 1- Variação de Sódio Sérico (em mEq/L) ao longo das internações. Seta: Início dos sinais e sintomas da Mielinólise Pontina. Autor: Ferreira, FM. As primeiras manifestações da paciente foram confusão mental e déficit motor à esquerda. Dias depois, com a piora do quadro, ela estava afásica e seu déficit motor evoluiu para tetraplegia. Porém, apesar de confusa apresentava resposta a comando verbal e em nenhum momento precisou de suporte ventilatório invasivo. A recuperação do quadro neurológico foi satisfatória, ocorrendo primeiro retorno do déficit motor e em seguida da fala. Os suportes clínico, fisioterápico e fonoaudiológico foram essenciais à sua recuperação. Enfatizamos que a terapia de suporte agressiva deve ser fornecida a todos os pacientes principalmente aos que eram funcionais antes do início da MPC. Alguns trabalhos relataram melhora do quadro neurológico com plasmaférese, esteróides, gamaglobulinas e hormônio de liberação da 2 tireotropina porém os resultados são ainda conflitantes . 11 4. CONCLUSÃO A mielinólise pontina central é uma doença que se caracteriza por uma evolução grave e, muitas vezes, fatal. A recuperação pode ser espontânea e progressiva, e, em alguns casos, sem sequelas neurológicas. Em vista das consequências geralmente graves e permanentes da MPC, a prevenção é essencial. A monitorização cuidadosa da concentração de sódio no soro é de extrema importância para se evitar uma correção demasiadamente rápida em pacientes com risco aumentado para esta doença. 12 5. BIBLIOGRAFIA 1. BRITO, A.B., VASCONCELOS, M.M., CRUZ JÚNIOR, L.C., OLIVEIRA, M.E., AZEVEDO, A.R., ROCHA, L.G., et al. Central Pontine and extrapontine myelinolysis: report of a case with a tragic outcome. J Pediatr. Vol 82, 157-160, Rio de Janeiro, 2006. 2. STERS, H.R. Osmotic demyelination syndrome and overly rapid correction of hyponatremia. Disponível em: <http://www.uptodate.com>.Acesso em: 17 abril 2012. 3. BURTON, D.R. Manifestations os hyponatremia and hypernatremia. Disponível em:<http://www.uptodate.com>.Acesso em: 17 abril 2012 4. GERMINIANI, F.M.B., RORIZ, M., et al . Mielinólise pontina central e extrapontina em paciente alcoolista sem distúrbios hidro-eletrolíticos. Arq Neuropsiquiatr. Vol 60,1030-1033, 2002. 5. WILKINSON, T.J. et al. Incidence and risk factors for hyponatremia following treatment with fluoxetine or paroxetine people. J Clinical Pharmacology. Vol 47, 211-217, 1999. 6. TWARDOWSCHY,CA, BERTOLUCCI,CB,GRACIA,CM. Pontine and extrapontine osmotoc myelinolysis after the syndrome of inappropriate secretion of antidiuretic hormone (SIAD) associated with fluoxetine. Arq Neuropsiquiatr. Vol 65,858-864,2007. 7. AGUIAR AC, et al. Mielinólise pontina e extra-pontina associada a shoshin beribéri em paciente etilista. Arq neuropsiquiar. Vol 62,733-736,2004. 8. STERS, H.R. Causes of hyponatremia. Disponível em: <http://www.uptodate.com>. Acesso em: 17 abril 2012. 13 9. STERNS,HR, EMMETT, M, FORMAN,PJ. Evaluation of patient with hiponatremia. Disponível em: <http://www.uptodate.com>. Acesso em: 17 abril 2012. 10. WEST, W., GILBERT, D.T., WILKS, R.J. Central Myelinolysis in a pacient with hiponatremia. West Indian Med J, Vol 54(4), 382, 2007. 11. GENTILE, J.K.A., HADDAD, M.M.C.B., SIMM, J.A., MOREIRA, M.P. Hiponatremia: conduta na emergência. Revista Bras Clin Med. Vol 8(2), 159164,2010. 12. Schettino G, Cardoso LF, Mattar Jr. J, et al. Paciente crítico: diagnóstico e tratamento. 1ª ed. São Paulo: Manole; 2006. p.458-460. 13. Azevedo LCP. Medicina intensiva baseada em evidências. 1ª ed. São Paulo: Atheneu; 2009. p. 373-374. 14. Martins HS. Emergências clínicas: abordagem prática. 4ª ed. São Paulo: Manole; 2009. p. 918-919. 15. CECIL, Tratado de Medicina Interna. 22.ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2004. P.785. cap. CXII. V.1. 14