VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INCLUSÃO DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO EM AMBIENTE HOSPITALAR Diener AK1, Massago FT2, Falavinha PC3, Wanderbroocke AC* RESUMO: O presente artigo procurou identificar a visão da equipe de saúde sobre a inclusão da família no processo de tratamento do paciente. Foram encontrados 93 artigos utilizando as palavras-chave hospital, família e equipe. Destes, foram selecionados 47 artigos com conteúdo pertinente ao objetivo desta pesquisa. Os resultados indicaram que: o número de publicações sobre o tema vem crescendo; a maioria das publicações sobre o tema foram realizadas por profissionais da enfermagem; os temas apontam que os profissionais da área de saúde aceitam e valorizam a entrada da família no ambiente hospitalar, apesar das dificuldades levantadas diante da presença da mesma. Conclui-se que a família tem seu lugar na instituição hospitalar, mas a compreensão acerca de seu papel por parte da equipe de saúde ainda não está bem definido. Palavras-chave: Hospital, equipe de saúde, família. 1. INTRODUÇÃO A família é fundamental na vida dos indivíduos, uma vez que é partindo dos laços afetivos e da história de relações entre seus membros que o sujeito se constitui. Entre as inúmeras conceituações de família, Minuchin e Fishman (1990) a definem como um grupo natural que através dos tempos desenvolve padrões de interações que governam o funcionamento de seus membros. Portanto, a noção de família não se restringe aos vínculos de consanguinidade, 1 Psicóloga, Especialista em Psicologia Jurídica (PUC-PR) e especializanda em Psicologia Hospitalar pela Faculdades Pequeno Príncipe. 2 Psicóloga, Especialista em Saúde Mental e Intervenção Psicológica (UEM) e especializanda em Psicologia Hospitalar pela Faculdades Pequeno Príncipe. 3 Psicólogo, Especialista em Saúde Mental, Psicopatologia e Psicanálise (PUC-PR) e especializando em Psicologia Hospitalar pela Faculdades Pequeno Príncipe. * Psicóloga, Doutora em Psicologia (UFSC) e Docente de Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e Faculdades Dom Bosco. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. mas à convivência e trocas afetivas e materiais entre pessoas por meio do processo progressivo das interações recíprocas e regulares, durante um período duradouro o qual confere sentido à vida dos envolvidos. Diante do enfrentamento de uma doença a importância dos laços afetivos torna-se ainda mais evidente, já que questões emocionais podem emergir e a família é quem tem a maior possibilidade de oferecer suporte e apoio ao paciente. Montefusco, Bachion e Nakatani (2008) apontam que a doença desarticula a existência da pessoa doente e pode desencadear muito estresse e ansiedade para a família e demais envolvidos, mas a família pode auxiliar na reorganização reforçando a função protetora neste momento considerado tão difícil. Por esse motivo, a presença de familiares junto aos pacientes hospitalizados tem sido reconhecida por pesquisadores da área da saúde. Molina et al. (2007) afirmam que a presença da família, em especial da mãe, pode favorecer a inter-relação entre criança, família e equipe proporcionando uma melhor adaptação frente a hospitalização e facilitando a aceitação do tratamento. Inaba, Silva e Telles (2005), também valorizam a presença de familiares junto ao paciente: A presença da família é muito importante para aliviar a ansiedade, o desconforto e a insegurança. O profissional de saúde não pode, de maneira alguma, negar o núcleo no qual o paciente vive, e o familiar é muito importante para que se possa entendê-lo e, por esta razão, ajudar na tarefa de reequilibrar e re-harmonizar o doente. (INABA, SILVA e TELLES, 2005, p. 424) Nesse mesmo sentido, Camon (2004) afirma que englobar a família no atendimento hospitalar pode favorecer o paciente no alívio do sofrimento provocado pelo afastamento de seu núcleo familiar. Para este autor: Paciente e família é um binômio indivisível, e como tal deve ser abordado no contexto hospitalar, com o risco de perder-se um aspecto muito importante na intervenção do psicólogo: as implicações emocionais que um processo de hospitalização provoca no núcleo familiar. (CAMON, 2004, p.42) II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. Historicamente, a entrada da família no hospital é recente. Até a década de 60, a permanência de acompanhante em hospital não era permitida. De acordo com Crepaldi e Varella (2000), foi a partir das décadas de 70 e 80 que passou a existir programas de alojamento conjunto e mães acompanhantes visando a humanização hospitalar. Desde então, leis e portarias foram criadas para assegurar a permanência dos familiares no meio hospitalar. Não que esta seja a única razão pela qual a família ganha espaço, mas é por meio destas que, muitas vezes, se fazem valer as regras. Isto se torna evidente quando Squassante e Alvim (2009) descrevem que no caso do cliente adulto hospitalizado, por não lhe ser assegurado por lei a permanência do acompanhante no hospital, esta pode se tornar ainda mais fragilizada. A legislação vigente atualmente no Brasil dispõe do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069 de 13/07/90, artigo 12 (Brasil, 1990), que assegura o direito a presença de um acompanhante durante a hospitalização da criança solicitando, inclusive, que as instituições de saúde proporcionem condições para a permanência em tempo integral, de um dos pais ou responsáveis. Posteriormente foi decretada a Lei 10. 216 (Brasil, 2001) que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. O artigo terceiro descreve: É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais. (Brasil, 2001) Os idosos constituem um grupo etário que também foi contemplado na legislação, com o direito ao acompanhante, por meio do Estatuto do Idoso (Brasil, 2003). No artigo 16 consta: “Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo critério médico”. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. Urizzi et al. (2008) relembra que desde 2004, o Humaniza SUS através da Política Nacional de Humanização (PNH) criou as “Cartilhas da PNH” que incluem o capítulo “Visita aberta e Direito a acompanhante”, visando a humanização da atenção e da gestão no campo da saúde. Os mesmos autores apontam que leis municipais já foram decretadas como no caso de São Paulo, através da Lei 10.689 de 30/11/2000, que em seu artigo primeiro decreta: “é permitida a permanência de um acompanhante junto a pessoa que se encontre internada em unidades de saúde sob responsabilidades do Estado, inclusive nas dependências de tratamento intensivo ou outras equivalentes”. De acordo com Costa e Monticelli (2006) projetos também foram criados no intuito de favorecer e incentivar a participação da família no processo de hospitalização como é o caso do Método Mãe-Canguru (MMC). Segundo descrito, o Ministério da Saúde lançou em 2000 a Norma de Atenção Humanizada ao Recém Nascido de Baixo Peso – Método Mãe-Canguru (MMC), por meio da Portaria nº 693 GM/MS. Furlan, Scochi e Furtado (2003) também discorrem sobre a adoção dessa estratégia: A adoção do Cuidado Mãe-Canguru é estratégia essencial para mudança institucional na busca da atenção à saúde, centrada na humanização da assistência e no princípio da cidadania da família. Mas, a simples implantação do Cuidado Canguru em uma instituição não alcança os objetivos almejados, pois é necessária a capacitação dos profissionais de saúde envolvidos no processo para transformação do modelo assistencial. (FURLAN, SCOCHI E FURTADO, 2003, p. 445) Com base no reconhecimento do papel que a família tem a desempenhar junto ao paciente, Montefusco, Bachion e Nakatani (2008) apontam que as instituições de saúde precisam preocupar-se com o desenvolvimento de suas equipes multiprofissionais, aprofundando os conhecimentos visando potencializar as forças da família como um todo. Isto quer dizer que não basta criar leis e projetos se as pessoas envolvidas não refletirem sobre sua real importância e buscarem conhecimentos para favorecer a prática no cotidiano. Porém, o que se percebe em muitos hospitais II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. até o dia de hoje, é que por mais que existam as determinações, a presença de familiares nem sempre é bem aceita ou estimulada pelos profissionais. A Psicologia Hospitalar vem contribuindo para pensar a importância da família e incentivar a sua participação no processo de tratamento do paciente hospitalizado uma vez que tem a família englobada em seu foco de trabalho. Para esta área de atuação, não só o paciente tem a sua importância, mas também seus familiares e equipe acreditando ser a maneira mais eficaz de atender a demanda advinda de uma condição de doença. De acordo com Romano (1999) há quatro tipos de relações que interessam para o psicólogo hospitalar: a pessoa com a pessoa, paciente com seus grupos (família, equipe), paciente com o processo do adoecer e com a hospitalização e o paciente consigo mesmo. Neste mesmo sentido, Camon (2004) sugere que os serviços de psicologia hospitalar devem atuar em quatro níveis principais: junto ao paciente, junto à família, junto à equipe de saúde e em situações especificas como pré e pós operatório, altas hospitalares, entre outros. Além disso, a Psicologia Hospitalar contribui em muito com as práticas de humanização, dentro de um ambiente médico e de diferentes quadros patológicos, onde as emoções ficam mais intensas e passam a ser consideradas junto do quadro clínico do paciente e da família. A inclusão do psicólogo no contexto hospitalar condiz em ampliar a assistência ao doente e também nas pessoas que estão ao redor dele e possíveis acontecimentos. Vemos que a Psicologia tem conseguido cada vez mais espaço no meio hospitalar e como atua com foco definido, abrangendo paciente, família e equipe a maioria dos profissionais dessa área valorizam a participação da família no processo de tratamento do paciente. No entanto, os profissionais da psicologia não trabalham sozinhos e são inseridos em uma equipe multiprofissional que devem interagir, buscando a completude no atendimento hospitalar. Desta maneira, sentiu-se a necessidade de buscar quais os aspectos da relação profissional e família tem sido foco de estudos na atualidade, uma vez que se entende que as publicações nessa área podem ser II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. um indicativo do interesse ou mesmo das dificuldades enfrentadas pelos profissionais no cotidiano da assistência hospitalar. Com base no que foi exposto, o presente artigo tem como objetivo levantar a visão da equipe de saúde sobre da inclusão da família no processo de tratamento do paciente. Para tanto, buscou-se informações pertinentes em artigos científicos que retratam a realidade brasileira. 2. MÉTODO A metodologia adotada para este estudo foi a revisão de literatura, visando analisar de forma crítica as publicações já existentes sobre o tema escolhido (conceitos, resultados, discussões, conclusões). Entende-se que a revisão das publicações possibilitam acesso a informações sobre a situação atual do tema, aspectos já trabalhados, opiniões sobre a problemática e discutir com maior precisão a questão envolvida. No período de dezembro de 2010 e janeiro de 2011 foram levantados 93 artigos, sem restrição de data, utilizando como critério as palavras: equipe, hospital e família. A base de dados utilizada foi o site Scielo, pois reúne as principais publicações científicas brasileiras correspondendo a realidade a ser pesquisada neste artigo. Os 93 artigos foram divididos em três grupos, onde cada autor ficou responsável por analisar um grupo e apontar quais artigos correspondiam ao objetivo desta pesquisa. Os artigos foram lidos na íntegra para uma análise mais precisa. Os critérios de inclusão utilizados foram os temas: percepção da equipe sobre a família e/ou paciente, comunicação e relacionamento entre estes grupos. Foram excluídos os artigos que não abordavam, direta ou indiretamente a visão e a relação da equipe com a família. Ao final, foram selecionados 47 artigos. As categorias analisadas foram: ano de publicação, natureza e metodologia da pesquisa, participantes, especialidade médica, gestão da instituição, temas de investigação e formação dos autores da pesquisa. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. Vale destacar que alguns artigos não continham dados referentes a todas as categorias que se visava pesquisar. Nos casos em que o pesquisador encontrou dificuldade em reconhecer os dados pertinentes a uma ou mais categorias, os demais pesquisadores realizaram a leitura do artigo para a busca de consenso e os dados que não foram passíveis de análise foram inseridos no quesito não consta. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com o objetivo traçado pelos autores deste artigo e através da metodologia já apresentada, foi possível observar características importantes no que diz respeito ao relacionamento família e equipe no ambiente hospitalar durante o processo de tratamento. Com relação a categoria ano de publicação vemos que, os artigos selecionados, foram publicados entre os anos de 1997 e 2010. GRÁFICO 1 – ANO DE PUBLICAÇÃO DOS ARTIGOS REFERENTES A VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO. Pode-se observar no gráfico que o número de publicações ou produções escritas vem aumentando a cada ano, principalmente nos últimos cinco anos. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. Este aumento pode ter sido motivado pelo crescente interesse dos profissionais em aperfeiçoamento e busca por novas formas de trabalho favorecendo a relação paciente, equipe e família. Além disso, com o desenvolvimento da tecnologia, publicações eletrônicas passaram a ser possíveis e aceitas no meio acadêmico. No entanto, a análise destes dados mostram que, ainda assim, a quantidade de publicações é pequena frente ao grande número de profissionais que atuam na área da saúde. No que diz respeito a categoria formação profissional dos autores dos artigos pesquisados, percebe-se que houve interesse por parte de profissionais de diferentes formações como: fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros, médicos, assistentes sociais, entre outros, para produzirem artigos científicos. GRÁFICO 2 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS AUTORES DOS ARTIGOS REFERENTES A VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO. O processo de levantamento de dados e análise dos artigos incluídos na pesquisa mostra que diversas áreas, como a medicina, enfermagem, psicologia, serviço social tem desenvolvido pesquisas científicas sobre o tema abordado. Vê-se também que há trabalhos sendo realizados em equipe multiprofissional, o que demonstra a necessidade da união dos conhecimentos já que na instituição todos estão interligados. No entanto, percebe-se um maior número de publicações na área da enfermagem totalizando 64%. Isto pode ocorrer pelo fato de que, dentro da II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. realidade hospitalar, esta área ainda é soberana em número de profissionais envolvidos e consequentemente, no tempo dispensado à assistência aos pacientes. Portanto, pode-se pensar que pelo fato de essa categoria profissional se deparar constantemente com questões relacionadas ao emocional do paciente e familiares, demonstram interesse no aprofundamento de questões que fazem interface com o desempenho de funções técnicas. Esta prática pode contribuir com o trabalho de outros profissionais, mas, não exime os demais da necessidade de também desenvolver estudos sobre suas áreas específicas favorecendo a troca de conhecimentos multidisciplinares e promovendo a melhora no atendimento global do paciente e família. É possível perceber neste gráfico que a Psicologia, apesar de ter incutido em seu trabalho hospitalar as questões referentes ao relacionamento paciente, equipe e família, o número de publicações ainda é baixo, apenas, 11%, o que representa 5 artigos entre os 47 pesquisados. Fica evidente a necessidade de o profissional psicólogo desenvolver-se no campo da pesquisa trazendo para o cenário científico conhecimentos que podem contribuir, e muito, no desenvolvimento da prática profissional no âmbito hospitalar. Sobre a categoria instituição vemos, no gráfico a seguir, uma predominância das publicações desenvolvidas por profissionais que atuam em hospitais, 87%, totalizando 41 produções, conforme mostra o gráfico abaixo. Em 9% dos artigos, o ambiente estudado foi o ambulatório e em 4% não informaram a localidade do estudo. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. GRÁFICO 3 – TIPO DE INSTITUIÇÃO DOS AUTORES DAS PUBLICAÇÕES DOS ARTIGOS REFERENTES A VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO. Esse dado pode ser justificado pelo fato de o hospital representar o local onde as experiências e vivências da relação equipe e família ficam mais acentuadas por se estenderem temporalmente, diferente das relações estabelecidas em contatos ambulatoriais. Para Quirino, Collet e Neves (2010) o ambiente hospitalar e a hospitalização são vistos como uma situação extremamente perturbadora na vida de qualquer ser humano, e reflete nos relacionamentos entre os próprios familiares e deles com a equipe. Quanto ao tipo de gestão envolvida nos trabalhos pesquisados, percebese que o maior número de publicações emerge dos hospitais públicos, 70% no total. Os hospitais privados somam apenas 9% e 21% dos artigos não especificaram o tipo de gestão. Gestão 10; 21% Pública Privada 4; 9% Não consta 33; 70% GRÁFICO 4 – TIPO DE GESTÃO DOS AUTORES DAS PUBLICAÇÕES DOS ARTIGOS REFERENTES A VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO. Entende-se que as instituições públicas têm demonstrado maior interesse no desenvolvimento de trabalhos científicos e isto pode ocorrer pelo próprio incentivo e pela cultura dessas instituições. O fato de estarem ligadas a universidades e centros de ensino também pode contribuir para este aumento. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. O gráfico abaixo apresenta a porcentagem dos artigos publicados quanto a categoria participantes. Participantes 5; 16% Acompanhantes e 1; 3% familiares Equipe 16; 52% Pacientes Família e equipe 9; 29% GRÁFICO 5 – PARTICIPANTES ENVOLVIDOS NAS PESQUISAS SELECIONADAS REFERENTE A VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO. Quanto aos participantes das pesquisas selecionadas para este estudo 52% envolvia acompanhantes e familiares; 29% a equipe, 16% a equipe e família e 3% pacientes. As palavras-chave da pesquisa contemplavam, além do hospital mencionado acima, a família e equipe. Vemos que a incidência maior está nos estudos referente a acompanhantes e familiares, o que mostra que há uma preocupação no envolvimento destes no ambiente hospitalar. Relacionando o gráfico 1 – ano de publicação com o gráfico 5 – participantes envolvidos, percebe-se que a intensificação das pesquisas relacionadas a acompanhantes e familiares, coincidem e podem ter sido estimuladas através da validação de leis brasileiras como Estatuto do Idoso (Brasil, 2003) a Política Nacional de Humanização (Brasil, 2004), o já existente Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990), dentre outras que enfatizam a necessidade de incluir o familiar na assistência ao paciente. Estas leis propõem que as instituições busquem adequação para viabilizar a participação dos familiares e acompanhantes entendendo que esta pode favorecer no processo de tratamento e no bem estar do paciente. Apesar II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. disso, ainda hoje, principalmente em Unidades de Terapia Intensiva, encontramos hospitais que dificultam esta entrada. Garantir esse acesso torna-se um desafio para as instituições que assistem pacientes graves, uma vez que a implementação de intervenções junto a familiares de pacientes internados em UTI não é apenas responsabilidade individual da equipe. A gerência dessas mudanças deve ser assumida pelos gestores das instituições públicas ou privadas. (URIZZI et al. 2008, p. 374) Embora ainda haja resistência, Crepaldi e Varella (2000) descrevem que nos últimos anos passou a existir uma preocupação da equipe em conhecer a família, entender qual representação tem sobre saúde e doença, e como poderiam intensificar sua participação no processo de tratamento. Isto mostra que a equipe está buscando recursos práticos de intervenções e de conhecimento para auxiliá-los no trabalho. Da mesma forma, Molina et al (2007) discorrem: (...) os profissionais se sensibilizam com o sofrimento alheio, mostram-se mais solidários e humanos, tentam compreender a situação vivencial da criança e da família, tornam-se empáticos e, a partir da compreensão da dimensão do sofrimento, buscam maneiras de amenizar a tristeza e a angústia de ambos, planejam intervenções práticas para ajudar os pais e outros familiares a compreenderem o processo doloroso da internação. (MOLINA et al, 2007, p.440 e 441) Outro dado importante é que 16% dos artigos contemplam como participantes da pesquisa a família e equipe conjuntamente, o que pode significar que as equipes têm se preocupado com as relações estabelecidas entre os profissionais e os familiares. Sobre este assunto, Gaiva e Scochi (2005), complementam que a visão de cooperação e parceria na assistência à criança hospitalizada ainda está em processo de construção. Para estes autores, compartilhar saberes, poderes e espaços é uma tarefa complexa e exige uma atitude cordial e centrada de ambas as partes sendo pautada de muito respeito, diálogo e empatia. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. No que diz respeito a categoria metodologia, vemos que 85% são pesquisas empíricas e 85% se utilizam da análise qualitativa. Método Natureza da Pesquisa 5; 11% 2; 4% 6; 15% Empírica Qualitativo Teórico - Revisão 40; 85% Teórico - Relato 34; 85% Quali-Quantitativo GRÁFICO 6 – METODOLOGIA UTILIZADA NAS PESQUISAS SELECIONADAS REFERENTE A VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO. Os dados sobre a natureza da pesquisa revelam a forte tendência a realização de estudos empíricos (85%), o que pode demonstrar a busca dos pesquisadores por aprofundar o conhecimento ou buscar novos dados acerca da temática. Em seguida, os relatos de experiência (11%), indicam que proporcionalmente ainda é incipiente a prática de compartilhar a experiência adquirida em periódicos científicos, o que poderia auxiliar sobremaneira o desenvolvimento da área. Apenas 4% dos artigos foram dedicados à revisão teórica sobre o tema, talvez por ainda haver um número relativamente pequeno de produções. Entre os estudos empíricos, verificou-se que na grande maioria (85%) eram estudos qualitativos, que buscaram a subjetividade por meio da interrelação entre pesquisador e participantes, denotando a tendência nas ciências humanas a privilegiar essa forma de fazer pesquisa. Os demais estudos empregaram metodologia quali-quantitativa (15%), ao expressarem de forma numérica as categorias obtidas a partir do relato dos participantes. O gráfico seguinte apresenta em números e porcentagem os artigos publicados pela categoria especialidades médicas. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. 1; 2% 2; 4% 1; 2% 3; 6% 2; 4% Especialidades Médicas Medicina Intensivista Neonatologia Ortopedia Pediatria Cuidados Paliativos Clínica Cirúrgico Oncologia Não consta Psiquiatria Geriatria Geral 16; 32% 3; 6% 4; 8% 3; 6% 3; 6% 2; 4% 10; 20% GRÁFICO 7 – ESPECIALIDADES ENVOLVIDAS NAS PESQUISAS SELECIONADAS REFERENTE A VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO. Neste gráfico, pode-se observar que a medicina intensivista abarca a maior parte das publicações envolvidas neste artigo, contabilizando 32%. A busca por maior conhecimento e aprofundamento sobre as relações estabelecidas entre paciente, equipe e família pode decorrer do fato de esta especialidade ser bastante específica e crítica por tratar de pacientes graves com possibilidade de morte iminente. O estresse da criança é inevitável durante o período de internação na UTI, visto que vários são os fatores causadores deste distúrbio, entre os quais o medo, a dor, os longos períodos de vigília, a mudança do ambiente e a ausência da família. Os resultados encontrados mostram que os profissionais têm conhecimento do estresse e do sofrimento que a criança vivencia diante da internação. A ansiedade, a angústia e o sofrimento dos pais “mexem” com alguns profissionais, que apresentam dificuldades em lidar com situações dolorosas quando são portadores de más notícias. (MOLINA et al, 2007, p. 440) Apesar disso, percebe-se que por mais que se tenha conhecimento acerca dos sentimentos despertados pela internação em unidade de terapia II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. intensiva, ainda assim, vemos que há uma dificuldade em aceitar a permanência do familiar nestas unidades. Apesar de todas as vantagens discutidas na literatura acerca dos benéficos da presença dos pais na UTIN e da legislação pertinente, a liberação das visitas não é um consenso em nossa realidade e os pais ainda são submetidos a horários pré-estabelecidos na rotina hospitalar para ter acesso ao filho internado. Como se pode ver, a instituição estabelece as normas administrativas, considerando exclusivamente a necessidade da instituição, em detrimento das necessidades dos bebês e famílias. (GAIVA E SCOCHI, 2005, p. 445) Outro dado importante a ser considerado é que 20% dos artigos publicados decorrem de unidades pediátricas e não se pode negar a influência do Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990) que determina a necessidade de acompanhamento integral da criança e adolescente durante o processo de tratamento. Esta condição pode ter estimulado o crescimento do interesse na busca de conhecimentos sobre a importância da família no ambiente pediátrico. Sobre este assunto, Molina et al (2007) afirma que dividir o espaço com a família pode gerar medo e ansiedade e alterar a dinâmica do ambiente e do trabalho a ser desenvolvido. Além disso, por ser a pediatria uma unidade que contempla a infância, pode desencadear confusão de papéis a serem desempenhados pela família e equipe. Squassante e Alvim (2009) afirmam que, muitas vezes, a equipe de enfermagem assume uma posição monopolizadora ou simplesmente transferem suas obrigações à família não se organizando para integrar o familiar numa assistência planejada e compartilhada. Gaiva e Scochi (2005) apontam que para muitos profissionais a família é representada como agentes controladores e fiscalizadores que podem tumultuar o ambiente prejudicando a assistência. Das demais especialidades apresentadas nas pesquisas, vemos que o índice de trabalhos publicados nestas áreas ainda é pequeno. Se considerarmos as leis existentes no que tange ao acompanhamento familiar, percebe-se que estas não contemplam o adulto especificamente o que confirma a influência da lei no interesse pelo estudo das relações paciente, II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. família e equipe. No entanto, vemos que a gerontologia, pautada pelo Estatuto do Idoso (Brasil, 2003), apresenta apenas 2% de trabalhos envolvendo a temática o que comprova que não somente a legislação, mas o genuíno interesse pelo assunto é que se transforma em conhecimento. Os artigos selecionados também foram analisados quanto ao tema de investigação, representados no gráfico abaixo. Temas de investigação Relação equipe-família 10; 21% Cuidados com o paciente 19; 41% 2; 4% Percepção da equipe sobre a família e família sobre a equipe Família no hospital 2; 4% Método Mãe-Canguru 2; 4% Perfil sócio econômico e familiar 4; 8% Acompanhamento a pacientes 4; 8% 5; 10% Outros GRÁFICO 8 – TEMAS DE INVESTIGAÇÃO DAS PESQUISAS SELECIONADAS REFERENTE A VISÃO DA EQUIPE SOBRE A INSERÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO. A maior parte dos artigos versou sobre a relação e comunicação entre equipe-família, 41%. A palavra relação remete a convivência e interação entre indivíduos. Não há interação entre pessoas sem que haja comunicação, seja esta verbal ou não verbal. No relato dos artigos percebeu-se a dificuldade que as equipes apresentam no que diz respeito a interação com as famílias. Luz et al (2009), apontou que para os técnicos de enfermagem as famílias representam uma sobrecarga em seu trabalho e os fazem se sentir desprotegidos. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. Os familiares se assustam com os procedimentos que devemos fazer, eles os acham muito agressivos, temos de explicar e acalmar a cada procedimento. A regra é eles saírem do quarto, mas nem sempre eles o fazem (DSC1). (LUZ et al, 2009, p. 308) Os mesmos autores referem que os erros na comunicação podem gerar conflitos. Entretanto, foi possível levantar que em nenhum estudo, os profissionais da área de saúde negaram os benefícios que a família traz ao paciente. Os profissionais apontam que as restrições estão ligadas a falta de suporte institucional e falta de valorização da instituição para com os profissionais. Para sanar este problema, estes artigos trazem as diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH) como uma possibilidade de solução, trabalhos voltados aos profissionais da área da saúde, trabalhos interdisciplinares e adequação do ambiente (família, paciente e equipe). Para que a mudança ocorra é necessário à articulação da gestão institucional e do setor, visando oferecer condições de trabalho, recursos humanos, espaço físico e formação profissional para o acolhimento desse familiar e a possibilidade de uma assistência mais humanizada contemplando as diretrizes da PNH. (URIZZI et al 2008, p. 374). Araújo et al (2009), afirmam que uma comunicação adequada (com informações objetivas, esclarecedoras e orientadas) é um cuidado que viabiliza um trabalho mais humanizado. Cinco estudos (10%) estavam relacionados ao tema “cuidado com o paciente”. Correlacionando com o gráfico 5, no qual foram apresentados os participantes, este remete a problemática já citada anteriormente: a família fazendo parte da unidade tratamento, sendo vista enquanto sujeito a ser cuidado ou como cuidadora do paciente. Ainda citando Araújo et al (2009), os autores apontam que a família que se sente acolhida pela equipe de saúde e com boa compreensão do quadro clínico de seu familiar contribui para o tratamento do paciente. De acordo com Silveira et al (2005): II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. É preciso valorizar a presença da família no cuidado prestado, principalmente quando ela vivencia a internação de um familiar na UTI. Mesmo a família encontrando-se em um estado de fragilidade emocional ou de crise, continua ocupando um papel de destaque para o paciente, contribuindo para que se sinta protegido, mais seguro, amado e significativo para o seu grupo familiar, tais sentimentos, na maioria das vezes, o estimulam a lutar pela vida. (SILVEIRA et al, 2005, p. 127) Aqui podemos citar dois temas parecidos mas com conotações diferentes: o cuidar do paciente e o acompanhar o paciente. A palavra cuidado remete a zelo, sendo este físico (técnico) e/ou emocional. Já o acompanhamento ao paciente não remete a assistência técnica prestada ao sujeito mas sim, ao suporte emocional a ele oferecido. Este ponto se correlaciona com os temas “percepção da equipe sobre a família e da família sobre a equipe”, 8% e “família no hospital”, 8%. Estes são conteúdos que permearam indiretamente os demais artigos analisados, mas que foram tema central para alguns estudos. De acordo com Collet et al (2004, p.429), as equipes multiprofissionais apontaram a mudança em sua conduta a partir da entrada da família no ambiente hospitalar. Dentre as modificações citadas, salientamos: interferências da família durante os procedimentos como venopunção; a presença de objetos que são trazidos em excesso para a unidade e que tornam o ambiente visualmente desagradável; a presença de conflitos na convivência com a família que exige paciência e tolerância por parte dos profissionais, pois questionam ou ficam solicitando atenção; a não colaboração com a limpeza do setor nem da unidade da criança. (COLLET et al, 2004, p.429) Os profissionais deixam de atender somente o paciente para também cuidar do familiar. Referem que esta conduta acaba prejudicando a qualidade do trabalho desenvolvido junto ao paciente, seja pelo menor tempo investido no cliente ou estresse causado pelo familiar. Para Monticelli e Boehs (2007), as equipes tratam os familiares de acordo como estes tratam o paciente e como interferem na rotina de trabalho do II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. profissional (positiva ou negativamente). Com isto, suas crenças e hábitos familiares são “julgados” por estes profissionais. Tanto no olhar da equipe da unidade pediátrica como no alojamento, as crenças e práticas da família são, de forma geral, consideradas irrelevantes e são feitas tentativas de correção . (…) A equipe de profissionais da unidade pediátrica olha o jeito do familiar acompanhante classificando-o em diferentes tipos, e a partir daí passa a desenvolver cuidados específicos e a decidir se reforça as normas de comportamento ou se as afrouxa. (MONTICELLI e BOEHS, 2007, p.7) Em contrapartida, Monticelli e Boehs (2007), informam que os familiares categorizam os profissionais por “boazinhas”, profissionais que escutam e dialogam, ou “nem tanto”, não dialogam com os familiares. Neste mesmo sentido, Inaba, Silva e Telles (2005), apresenta relatos da família queixando-se que o relacionamento da equipe com eles é técnico e não humanizado. Falando de “família no hospital”, Monticelli e Boehs (2007) apontam para as redes de solidariedade, ou família de dentro (do hospital), que se formam dentro do ambiente hospitalar. Estes familiares trocam experiências, informações sobre regras do hospital (e como burlá-las), perfil da equipe, ajudam nos cuidados dos pacientes de outros leitos, conselhos de como ajudar os pacientes nos momentos de procedimentos. A força desta família de dentro é sutil, não declarada; às vezes bem aceita pela equipe, às vezes rejeitada por tornar-se um complô que pode estimular e dar força para quem está chegando e para quem ainda não tem experiência. Esta família de dentro exerce pressão velada pelos direitos dos familiares, tornando a vida menos árdua neste espaço instituído. (MONTICELLI e BOEHS, 2007, p.6) Dois artigos (4%) trataram do Método Mãe Canguru e outros dois abordaram o perfil sócio-econômico e familiar. Na categoria “outros” (21%) foram reunidos 10 artigos com problemáticas diversificadas que caracterizaram tema central para cada um dos demais artigos, a saber: humanização, grupos psicoeducativo; papel social da mulher; Psicologia Hospitalar; visão Sistêmica; grupo de apoio; atendimento a crianças e famílias vítimas de violência; II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. mudança na dinâmica familiar; família dentro de UTI´s; sentimentos presentes na hospitalização do paciente e familiar. O número total de temas (48) excede ao número de artigos analisados (47) pois o artigo desenvolvido por Monticelli e Boehs, 2007, refere sobre a “percepção da família sobre a equipe, equipe sobre família” e aborda o tema “família no hospital”. Diante do exposto, dos artigos estudados, vemos que ainda há muito a ser trabalhado no que tange a inserção da família no ambiente hospitalar. Além dos aspectos relacionamento paciente, equipe e família vemos, também, que a família adentra ao hospital com suas próprias necessidades. As famílias dos pacientes necessitam também de cuidados e não devem ser vistas como um auxílio ‘técnico’ ao trabalho da enfermagem, mas como indivíduos a serem cuidados também pela enfermagem. Para que a família cumpra o seu papel de dar suporte à situação vivenciada pelo paciente, também precisa de suporte nas suas necessidades físicas e emocionais, como uma conversa esclarecedora, uma cadeira extra para que o familiar possa ficar tocando seu ente querido, um cafezinho num momento mais crítico. (INABA, SILVA E TELLES, 2005 p. 425) Além disso, Cunha e Zagonel (2008) afirmam que as relações intersubjetivas de cada um são influenciadas pelo histórico de vida dos envolvidos e dependem de como conseguem se expressar. (CUNHA e ZAGONEL, 2008, p. 413) “Auxiliar a pessoa a reorganizar sua existência ao passar pela experiência de doença é papel da equipe de saúde, por meio da percepção, presença, compromisso, solidariedade e, principalmente, de interações humanas”. Neste momento, a Psicologia Hospitalar entra como uma área importante pois é de sua responsabilidade, também, o trabalho na articulação das relações estabelecidas entre paciente, equipe e família visando o bem estar de todos os envolvidos. Entretanto, vale ressaltar que no estudo realizado, que o objeto de pesquisa apareceu somente uma vez o tema Psicologia Hospitalar que demonstra a necessidade de uma atuação mais ativa no meio científico. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desta forma, pode-se entender com este trabalho que a família tem espaço dentro da instituição hospitalar seja influenciada pelas leis existentes ou pela própria aceitação institucional, a entrada da família é garantida apesar das rígidas normas e regras existentes. Entretanto, ainda há muito que percorrer no que diz respeito a compreensão a cerca do seu real papel no processo de tratamento do paciente. Verifica-se que a equipe ainda demonstra resistência frente a sua presença apresentando desconforto, medo e a sensação de estarem sendo avaliados em seu trabalho. Por este motivo, muitas vezes, se impõem de forma dominadora ou agem renegando suas responsabilidades transferindo estas para os familiares e acompanhantes. Percebe-se a necessidade de se trabalhar sobre estas relações visando ampliar a compreensão acerca da representação da família e a importância da mesma no cuidado com o paciente se preocupando também com sua singularidade. Acredita-se que com este conhecimento apreendido pelos profissionais da saúde seja possível melhorar as relações, reduzir resistências criando um clima de cooperação favorecendo a todos os envolvidos. Neste momento a Psicologia Hospitalar se coloca importante pois, também, é dela a responsabilidade de atuar sobre estas relações paciente, equipe e família, intermediando em situações conflituosas com sensibilidade, senso crítico e manejo técnico adequado favorecendo a participação efetiva da família no cuidado com o paciente. Por fim, conclui-se incluindo a percepção de que a psicologia precisa colocar-se mais ativa em produções cientificas pois, embora apresente efetiva atuação, pouco se encontra descrita e fundamentada mostrando-se apática no meio científico e prejudicando, inclusive a possibilidade de trocas entre os profissionais da área e outras correlacionadas. II Congresso de Humanização I Jornada Interdisciplinar de Humanização Curitiba, 08 a 10 de agosto de 2011. Para futuros trabalhos, sugere-se uma ampliação na utilização de bases de dados pesquisados, incluindo livros e artigos internacionais objetivando conhecer outras visões e realidades. 5. REFERÊNCIAS Araújo, Y. B; Collet, N; Moura, F. M, Nóbrega, R. D. Conhecimento da família acerca da condição crônica na infância. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2009 jul-set; 18(3): 498-505. BRASIL. Lei 8.069 de 13 de Julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm. Acesado em 13 abr. 2011. BRASIL. Lei 10.216 de 06 de Abril de 2001. Dispõe sobre a proteção das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10216.htm. Acessado em: 13 abr. 2011. BRASIL. Lei 10.741 de 1 de Outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do idoso e dá outras providências. 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