"O APRENDIZADO MOTOR NO CONTROLE

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"O APRENDIZADO MOTOR NO CONTROLE NEUROMUSCULAR EM
PACIENTE HIPOTÔNICO COM
SÍNDROME DE WEST"
Rossana de Castro Costa – NOVAFPI
Layse Piauilino de Medeiros – NOVAFAPI
Dorys Miriam Sorares Tabatinga Silva– NOVAFAPI
Adriana Cavalcante Macedo Matos- NOVAFAPI
INTRODUÇÃO
Paralisia cerebral não é uma doença; é, ao contrário, uma categoria de deficiência que
inclui pacientes com um tipo de problema: distúrbios crônicos não progressivos do
movimento ou da postura com inicio precoce prematuro. Os locais anatômicos de
envolvimento, os graus de deficiência motora associada às disfunções e as causas são
heterogênicas, frequentemente está associada com dificuldade neurológica, incluindo o
retardo mental. (TECKLIN, 2002)
A Paralisia Cerebral, é o diagnóstico mais freqüente com que os profissionais se
deparam no seu cotidiano, sendo necessário conhecer suas manifestações clinicas para que a
intervenção fisioterapêutica seja efetiva. (MOURA E SILVA, 2005)
Levitt (2001), caracteriza três aspectos principais no quadro clinico de PC: retardo no
desenvolvimento de novas habilidades esperadas pela idade cronológica da criança;
persistências de comportamentos imaturos em todas as funções incluindo reações reflexas
primitivas; sintomas patológicos das lesões do neurônio motor superior, como a hipertonia,
hipotonia, movimentos involuntários e dificuldade biomecânica.
Segundo Umphred (2003), a PC é composta por um complexo grupo de distúrbios
sensório-motor que afetam o controle da postura e do movimento, dentre elas a hipotonia, que
se caracteriza por alteração no estado de tensão da musculatura estriada esquelética causada
por uma lesão encefálica de etiologia variada.
A Síndrome de West, é um tipo de epilepsia da infância relacionada à idade e
caracterizada por espasmo infantis, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e
eletroencefalograma do tipo hipsarritimico. Acomete crianças entre três a doze meses com
pico de incidência entre três e sete meses de idade. Os espasmos podem envolver vários
músculos, dependendo de serem espasmo em flexão e extensão dos braços ou pernas, em
abdução ou adução, simétricos ou assimétricos, comumente misto. Freqüentemente, abuptos
repetidos que aparecem mais ao despertar ou ao inicio do sono. (NITRINI & BACHESCHI ,
2005)
O autor supracitado, afirma ainda, que um dos sinais clínicos observados na Síndrome
de West é a presença da hipotonia central e a regressão ou não-progressão do distúrbio
neuropsicomotor pode reverter, caso haja sucesso terapêutico.
De acordo com Berta Bobath, a hipotonia é um desafio no âmbito da recuperação
funcional. A experiência clinica sugere que é mais difícil melhorar a hipotonia de origem
central pata permitia facilitação dos movimentos e do controle postural ativo.
Uma criança com hipotonia severa terá pouco ou nenhum controle postural contra a
gravidade, enquanto que a criança com hipotonia leve terá um repertório de posturas contra a
gravidade. O limiar da estimulação é anormalmente alto e tem associado com freqüência, um
estado de alerta reduzido. Muitas crianças são consideradas com falta de motivação por causa
da sua incapacidade de responder a diferentes tipos de estimulação. A persistência da
hipotonia pode ser indicativa de um atraso no desenvolvimento intelectual. (ROTTA et al,
2005)
O tratamento e o prognóstico depende da causa da hipotonia. O tratamento da
hipotonia central frequentemente inclui a fisioterapia, estimulação precoce, o controle das
convulsões,a alimentação adequada.(ROTTA et al, 2005)
Segundo Tecklin (2002), um dos recursos bastante utilizado no tratamento de
pacientes com hipotonia é a bola suíça. Esta é utilizada como equipamento adaptativo, um
acesso necessário e útil para o tratamento da criança com Paralisia Cerebral hipotonica, este
dispositivo pode ser utilizado como apoio postural para crianças sem equilíbrio ajudando nas
habilidades funcionais e na mobilidade. A bola suíça fornece uma variedade de posturas para
trabalhar o controle e ativar a postura, estebelece-se, portanto como um dispositivo segundo o
tratamento da PC.
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a eficácia da intervenção
fisioterapêutica na recuperação do desenvolvimento neuropsicomotor, através de exercícios
com o auxilio da bola suíça estimulando o tônus postural, desenvolvimento cognitivo
estabilidade, em paciente apresentando quadro de Paralisia Cerebral com hipotonia associado
à síndrome de West.
METODOLOGIA
A pesquisa é do tipo estudo de caso, e está sendo realizada no Centro Integrado de
Saúde (CIS) da Faculdade de Saúde e Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí
(NOVAFAPI) na cidade de Teresina-PI ,no período de setembro a novembro de 2006.
O estudo está sendo realizado com paciente ,G. O.C ,10 meses , com hipotonia de
membros superiores, cervical severa e membros inferiores moderada, decorrente de Paralisia
Cerebral associada à Síndrome de West ocorrido após o seu nascimento aos dois meses de
vida, no qual manifestou-se com crises de espasmos súbitos involuntários. Após a primeira
crise o paciente foi submetido à internação hospitalar por 13 dias, realizando o EEG digital.
Aos nove meses foi submetido à intervenção fisioterapêutica, estando há dois meses, com
atendimentos duas vezes por semana, sobre a supervisão da professora Adriana Cavalcante
Macedo Matos.
Ao exame físico o paciente G.O.C. apresentou-se acianótico, afebril, anictérico, ativo,
reativo, ausculta cardíaca com bulhas normofonéticas em dois tempos, ritmo regular, sem
sopros; ausculta pulmonar com murmúrio vesicular reduzido em ambos os hemitórax com
roncos de transmissão em bases, respiração paradoxal e retração esternal.
Membro superior apresentando hipotonia e mobilidade reduzida (manobra de cachecol
com hipotonia). Força grau 2 na escala de Oxford
Membro inferior apresentando hipotonia moderada com boa mobilidade e força grau 3
na escala de Oxford.
Segundo Galuppi et al (1997), o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa
(GMFCS) para Paralisia Cerebral é baseado no movimento iniciado involuntariamente (auto
iniciado) com ênfase em particular no sentar (controle de tronco) e no andar. Quando
definimos um sistema de classificação com cinco níveis, o critério primário foi que as
distinções da função motora entre os diferentes membros é clinicamente significante. As
diferenças entre os níveis de função motora são baseados em limitações funcionais, na
necessidade de tecnologia assistida, incluindo meios auxiliares para a mobilidade (como
andadores, muletas, bengalas e cadeiras de roda) o foco está em determinar qual nível
representa as habilidades presentes na criança e as limitações nas funções motoras.
De acordo com o GMFCS, paciente apresenta nível 4 com controle de tronco débil,
sem controle cervical. Sem sustentação de tronco e cabeça, rigidez diminuída no tronco e nas
extremidades, habilidade de manter grupos musculares ativados diminuída, ADM aumentada,
dificuldade de equilibrar extensores e flexores cervicais, propriocepção e conscientização
cinestésica diminuída, não apresenta atetose e nem ataxia. Consegue mudanças de decúbito de
pronação para supinação.
O eletroencefalograma mostra Hipsarritmia fragmentada pelo sono compatível com a
Síndrome de West.
Segundo Nitrini & Bacheschi (2005), o ECG do tipo Hipsarritmia é indicativo de
Síndrome de West.
Desta forma a conduta terapêutica teve como embasamento o princípio neuroevolutivo desenvolvido por Berta Bobath onde foram realizados exercícios de tração cervical
e tapping na região paravertebral e crânio parietal para controle da sustentação de cabeça e
tronco, além de exercícios ativos assistidos para estimular mudança de decúbito.
Levit (2001), afirma que o tratamento para o controle da cabeça e tronco deve ser feito
em superfície instável, como rolo de espuma, bola suíça, cunha de espuma ou atravessado no
colo.
O recurso utilizado durante a conduta terapêutica é a Bola Suíça, que tem como
objetivo facilitar trocas posturais ativando tônus postural melhorando a estabilização e
alinhamento cérvico-torácico. Além de restaurar a percepção sensório motora do paciente. O
tratamento constou de atividades na bola através de estimulo do controle látero- lateral,
ântero-posterior, tapping e ativação do sistema vestíbulo somato-sensorial através de
brinquedos.
RESULTADO
Segundo o sistema de classificação da função motora grossa para paralisia cerebral o
paciente G.O.C, apresentou no início do tratamento o nível IV,com hipotonia severa
generalizada sem controle cervical e nem sustentação de tronco,sendo necessário o suporte
para mantê-lo sentado e ajuda no rolar de supino para prono.
Após dois meses de tratamento, o paciente adquiriu melhora no tônus cervical
conseqüentemente no controle neuromuscular do alinhamento corporal, sustentando a cabeça
por 15 segundos e realizando o rolar para pronação com auxílio apenas no final do exercício,
ou seja, realizando o exercício ativo assistido.
Constatou-se melhora da força dos membros inferiores para grau 4 e nos membros
superiores para grau 3 de acordo com a escala de Oxford.
O paciente relatado mostrou-se mais interativo após estímulos áudio-visuais feitos
com brinquedos coloridos e musicais sobre a bola suíça, demonstrando a realização do ato
motor com mais atenção e concentração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme os dados obtidos, a bola suíça é um recurso importante para auxiliar na
conduta terapêutica em pacientes hipotônicos modificando os padrões do tônus postural.
Favorecendo,assim, o alerta sensorial e o equilíbrio, através de mobilizações e estabilização
da coluna cervico-torácico, além de fortalecer membros superiores e inferiores. Facilitando a
atuação em exercícios de cadeia cinética fechada.
Palavras Chave: Síndrome de West, Hipotonia, Bola Suíça.
REFERÊNCIAS
ROWLAND, Lewis P. Merrit: Tratado de Neurologia. 10 ed. Rio de Janeiro:Guanabara
Koogan, 2002.
NITRINI, Ricardo; BACHESCHI, Luis Alberto. A Neurologia que todo médico deve saber.
2 ed. São Paulo:Atheneu, 2005.
TECKLIN, Jan Stephen. Fisioterapia pediátrica. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
MOURA, Elcinete Wentz de. Fisioterapia: aspectos clínicos e práticos da reabilitação. São
Paulo: Artes Médicas ,2005.
ROTTA, Newra Tellechea. OHLWEILER ,Lygia . Rotinas em Neuropadiatria. Porto
Alegre: Artmed,2005
¹ Doutoranda do curso de fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI, e-mail:
[email protected]
² Doutoranda do curso de fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI, e - mail:
[email protected]
³ Doutoranda do curso de fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI
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Fisioterapeuta Especialista em músculo esquelética, Pediátrica e Neonatologia, Professora da
disciplina de Clínica Fisioterapêutica Pediátrica da Faculdade NOVAFAPI , e mail:
[email protected]
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