FRATURAS EM 04 PARTES DO ÚMERO PROXIMAL EM PACIENTES DE 60 ANOS DE IDADE – PRÓTESE. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Autor: Marcelo Soares de Vita. Serviços: Hospital Municipal Miguel Couto - Leblon – Rio de Janeiro. Clínica De Vita Ortopedia e Traumatologia - Copacabana – Rio de Janeiro. Um dos primeiros trabalhos sobre artroplastia foi descrito por Neer no J. Bone Joint Surg. [AM] em 1955. Definiu que nas fraturas em 04 partes, o tratamento fechado era insatisfatório e a incidência de NAV (Necrose Avascular) e reabsorção da cabeça era grande. Preferindo tratar estas lesões inicialmente com uma prótese glenoumeral. A vascularização da cabeça umeral foi avaliada por Gerber e colaboradores no J. Bone Joint Surg. [AM] de 1990. Realizaram um estudo anatômico com 29 espécimes de cadáveres frescos e distribuição intraóssea de contraste radiopaco. Controle macroscópico e radiográfico. A principal vascularização da cabeça umeral se dá pelo ramo ascendente anterolateral da circunflexa anterior. A circunflexa posterior vasculariza só a porção posterior da grande tuberosidade e pequena parte posteroinferior da cabeça umeral. A Relação da Necrose Avascular com Fraturas em 04 partes foi relatada por Schai, Imhoff e Preiss no J. Shoulder Elbow Surg. de 1995. Estes autores descreveram um estudo multicêntrico com 93 fraturas analisadas clinicamente (Constant Score) e radiologicamente (Neer). Concluíram que o prognóstico para fraturas em 04 partes foi determinado pelo suprimento vascular e o alto risco de osteonecrose da cabeça umeral. A indicação de prótese obteve um índice no Constante Score de 74 pontos contra 52 da redução aberta. Naranja e Iannotti no J. Am. Acad. Orthop. Surg. em 2000 descreveram que nas fraturas em 04 partes impactadas em valgo, uma limitada redução aberta e mínima fixação interna poderia ser realizada, com um potencial pequeno de NAV. Nos pacientes acima de 60 anos ou com qualidade óssea ruim, existiria um grande risco de perda de redução, após fixação interna. A experiência pessoal do autor consiste em 12 pacientes, 12 ombros, média de idade de 67,3 anos (52 a 90 anos). 09 fraturas em 04 partes, 01 head splitting e 02 seqüelas de tratamento com fixação interna. Follow-up de 24,6 meses. 82,5% dos pacientes não se queixavam de dor ou tinham dor leve e ocasional. 17,5% tinham dor às atividades pesadas. ADM: elevação variou de 160 ْ a 30ْ . Força normal em 05 pacientes, grau IV em 04 e grau III e II em 03 pacientes. Melhores resultados de dor e movimento com o grupo agudo. Falhas do tratamento primário reduzem a possibilidade de bons resultados na artroplastia de revisão. Caso 1: Paciente 70 anos, vítima de queda da escada, apresentando fratura em 04 partes do úmero proximal. Operada após 03 dias do acidente. RX em AP RX em Axilar Ressecção da cabeça Vista superior da cabeça Posicionamento da prótese Individualização das tuberosidades Controle RX per-operatório 01 ano de pós-op – Rot. Interna Elevação Caso 2: Paciente 73 anos, vítima de queda da própria altura, apresentando fratura em 04 partes. Operada 07 dias após a queda. RX em AP RX em Axilar RX em Perfil de Escápula Visualização da fratura Ressecção da cabeça RX pós-op imediato 08 meses de evolução – elevação Reinserção das tuberosidades Rotação Interna Conclusões: ● Várias formas de tratamento para fraturas em 04 partes do úmero proximal tem sido propostas, mas séries diversas na literatura têm mostrado o insucesso das tentativas de fixação dessas fraturas e suas conseqüências desastrosas, como falha de consolidação, consolidação viciosa, NAV e outras. ● Os resultados se funcionalmente restritos, produzem ombro indolor, suficiente para satisfação do paciente. Os resultados nas fraturas tratadas na fase aguda são melhores do que os tratados tardiamente, assim como são piores os resultados nas artroplastias de revisão. ● Técnica cirúrgica adequada e criterioso posicionamento e amarrilha das tuberosidades são fundamentais para um bom funcionamento da prótese. ● A cooperação do paciente e um programa de reabilitação longo e rigoroso são imprescindíveis para resultados melhores a longo prazo. Contatos: Dr. Marcelo Soares de Vita [email protected]