A região lombar e o método Ehrenfried

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A região lombar e o método Ehrenfried
Patrícia Lacombe
Motivação
Conhecer o método Ehrenfried e estabelecer suas relações com uma única região
torna-se muito dificil. Teríamos que aliar a melhora da dor lombar com um bom
posicionamento dos pés, alinhar membros inferiores, estabelecer um equilibrio
períneo/bacia, sem falar na boa colocação da região dorsal até D1 que possibilita o
tão almejado “ porte de cabeça.”
Este trabalho não tem portanto, a intenção de segmentar mas de mostrar a
importância” de determinadas regiões, no tratamento da dor lombar. Vários
motivos podem alterar as estruturas ideais.
“
Mme Ehrenfried em seu Aide Memoire, chamou-nos atenção para alguns destes
motivos:
-
facilmente encontramos a parede abdominal insuficientemente tonificada
significando que o conteúdo do ventre pesará sobre ela.
A ponta do sacro pode subir = sacro horizontal
A superfície inferior da cavidade pélvica sendo pouco solicitada pode ceder.
Resiste pouco à pressão(sobretudo nas mulheres)
Ela nos deu alguns conselhos:
-
Alternar o trabalho nessas regiões numa mesma sessão
-
Evitar toda pressão abdominal: reter a respiração durante esforço.
-
Tonificar musculatura abdominal
-
Tonificar a parte inferior da cavidade pélvica
-
Relaxar a musculatura posterior do tronco ( lombar)
Partindo destes princípios, delimitei um espaço que chamei de
INTERDIAFRAGMÁTICO , compreendido entre diafragma torácico , pélvico,
vértebras lombares, e transverso abdominal. Estabeleci suas relações provando
sua real importância nos tratamentos das dores lombares.
Critérios de escolha de pacientes:
Os critérios foram:
-
Pessoas de 30 à 60 anos
-
Retificações da coluna lombar ( ângulo L2-S1  23)
-
Hérnia lombar ( RNM)
-
Alterações posturais provenientes do tórax
Postulado
Partindo do princípio que a região lombar sustenta o tórax , se este apresentar
uma “ queda posterior”, logo o diafragma e o psoas tentarão compensar ambos
modulados pelo transverso do abdome.
O períneo tenta resistir as variações de pressão, do abdome como uma rede que
sustenta os órgãos pélvicos.
O bom funcionamento de toda essa musculatura é que acaba sendo responsável
por um bom empilhamento vertebral.
Avaliação
-
Tempo , tipo e intensidade da dor
Padrão respiratório : predominância/ permeabilidade das
narinas(platzer)/respirações por minuto ( contagem)/tempo de
expiração(colar de pérolas)
-
Avaliação do grau de contratura dos músculos quadrado lombar e psoas (
teste palpatório)
Abdominais (provas de função )
Avaliação de músculos que apresentam dor referida na região
lombar:longuíssimo do tórax/ileocostal lombar/multifideos/reto do
abdome/glúteo médio/ileopsoas
-
Critérios para escolha das aulas
Respiração : 3 itens em todas as aulas
“A respiração deve sempre comandar o movimento . O ritmo respiratório que deve
ditar o momento propício para o movimento”. “O trabalho da parte posterior do
diafragma tem uma ação direta sobre o ileopsoas assim como os músculos
lombares profundos , causando um relaxamento imediato na região lombar” (Lily
Ehrenfried)
:
1) Permeabilização das narinas
2) Conscientização e mobilidade torácica :
3) Colar de perolas :
LOMBAR : 1 item de cada ( mobilização, psoas,quadrado lombar , tubo no sacro)
A coluna tem uma importante função de sustentação. Se não houver um
componente muscular que dê suporte com uma distribuição ideal de cargas,
Ela começará a ter excessos de movimentos. As curvaturas se modificarão!
ABDOMINAIS: 2 tipos por sessão
-
grande reto e oblíquos
-
transverso
“ Importante função de sustentação lombar , funcionando como uma cinta ativa” (
Lily Ehrenfried )
Alguns estudos verificaram a contração do músculo mais profundo abdominal, que
é o transverso comparado a outros músculos mais superficiais. Análise de
pacientes que nunca tiveram uma história de dor lombar com exames negativos.O
transverso, no eletro-miógrafo,apresentava uma atividade elétrica anterior aos
demais, O mesmo estudo realizado em pacientes com histórico de dor lombar,
mostrava , que ao pedir o mesmo movimento, a atividade elétrica desse músculo
ocorria junto com o músculo superficial. Se esse músculo demonstrava uma
atividade antecipada, começa-se a hipotetizar que existe uma informação do
sistema nervoso central ligado a esse músculo e a outros, como se fossem
músculos preparatórios do movimento.( Spine.27(4):399-405,February 15, 2002)
+O tratamento objetiva a recuperação da contração conjunta e antecipada da
musculatura do transverso do abdôme,músculos lombares, que agem como uma
cinta interna, e com o diafragma e os músculos do assoalho pélvico.
DIAFRAGMA PÉLVICO: 1 movimento – sempre com PTL ( trabalho conjunto do
períneo / transverso/e colar a lingua no céu da boca)
-
elevador do ânus
-
coccigeo
Mme. Ehrenfried pedia para imaginar “A bacia como um vaso redondo que
derrama seu conteúdo” – Evitar exageros
Ficar atento para realizar esta contração sem o bloqueio respiratório:”barra do
diafragma”.
PTL( funções) – Sustentador profundo do corpo
“Tração” permanente nas estruturas vertebrais
Baixo gasto energético para a musculatura
Respeitar a relação esforço/expiração
Músculos segundo a referência da área de dor :
2 movimentos
-
longuíssimo do tórax – lombar até glúteos
-
íleocostal lombar – lombar, centro do glúteo
-
multifideos – lombar , sacro e fenda glútea
-
reto do abdome – região superior do glúteos e sacro
-
glúteo médio – lombar medial, nádega e sacro
-
iliopsoas – região lombar medial
Resultados
A tabela abaixo mostra que os 14 pacientes avaliados tiveram redução significativa
da dor sendo (0) nenhuma dor e (10) dor máxima. Nos quadros Platzer , Quadrado
lombar e Psoas , vemos marcadas as porcentagens de melhora nos testes supracitados sendo o primeiro feito com auxilio do espelho e os dois últimos com
exames palpatórios. No quadro IRPM notamos duas colunas que demonstram que
com a mudança da qualidade da respiração , o numero de respirações por minuto,
teve um decréscimo significativo. E finalmente, a expiração( medida em segundos
pelo teste do canudinho ), apresentou melhora desde as primeiras sessões ,
chegando a dobrar em muitos casos.
Conclusão
O trabalho foi desenvolvido em apenas 4 aulas ( semanais ) com orientação para a
continuidade dos movimentos respiratórios em casa.
Além dos resultados positivos observados,em relação a dor,ficamos surpresos
principalmente com a mudança da qualidade da respiração.
Foi de suma importância, observar que a –educação- se produziu de uma forma
espetacular e espontânea, levando esses gestos realizados em aulas para o
cotidiano.
Em todos os depoimentos , notamos a diferença da segurança estabelecida no que
diz respeito ao controle da dor.
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