Efeitos do Silicato de cálcio sobre a murcha bacteriana (Ralstonia

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Efeitos do Silicato de cálcio sobre a murcha bacteriana (Ralstonia
solanacearum) do pimentão
Katriany Stefane Goulart1, Maria Carolina Marinho Nicolau2, Gilsilene Maria dos Reis Tonussi3,
Alex Oliveira Botelho4
1
Graduando em Agronomia pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais Campus
Barbacena e-mail: [email protected]
2
Graduando em Agronomia pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais Campus
Barbacena e-mail: [email protected]
3
Graduando em Agronomia pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais Campus
Barbacena e-mail: [email protected]
4
Professor de Ensino Técnico e Tecnológico no Instituto Federal do Sudeste de Minas
Gerais Campus Barbacena e-mail: [email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus
Barbacena
Introdução
A produção de hortaliças se caracteriza como uma importante fonte de renda para
agricultores de porte mediano, sendo a principal atividade desenvolvida em
propriedades que praticam agricultura familiar. Há uma grande variedade de
hortaliças produzidas, sendo que algumas apresentam maior expressividade nos
campos de produção. O pimentão (Capsicum annuum L.) é um exemplo das
hortaliças que predominam os cultivos comerciais. É uma planta solanácea,
considerada perene, porém devido aos manejos aplicados a esta cultura, atualmente
tem sido cultivada de forma anual (FINGER & SILVA, 2005).
Geralmente o seu plantio é instalado em sistema aberto, no entanto, nos últimos
anos a mesma tem se adaptado ao cultivo em sistema protegido. Mesmo com
adoção de técnicas na cultura que promovam resultados positivos em relação a
produtividade e qualidade do produto final, as plantas de pimentão estão vulneráveis
a doenças fitossanitárias ou distúrbios fisiológicos, algumas com alta intensidade,
afetando a qualidade dos frutos e causando perdas consideráveis (EMATER/DF,
2007). O cultivo em campo ainda é dominante nas áreas de produção de pimentão,
e um dos grandes desafios desse sistema é o problema com patógenos. Ressalta-se
que o cultivo protegido não é totalmente isento desse tipo de problema.
Entre as doenças que acarretam grandes perdas na cultura do pimentão está a murcha
bacteriana Ralstonia solanacearum. A infecção da planta ocorre através das raízes por
ferimentos, em poucas horas a bactéria penetra nos espaços celulares e em certa de 2
a 3 dias coloniza os sistemas vasculares da planta. Os sintomas se manifestam na
planta através de murcha, que se iniciam nas folhas mais jovens progredindo até as
mais velhas ocasionando a murcha total da planta resultando em sua morte
(FILGUEIRA, 2003).
Várias pesquisas são realizadas com intuito de avaliar produtos que venham a
controlar essa e outras doenças que são prejudiciais a cultura. Entre esses produtos
está o silício (Si), o mesmo tem se mostrado eficiente em relação a resistências das
plantas quanto aos estresses bióticos e abióticos. Além disso, o Si possui baixo
custo econômico, alta solubilidade, facilidade na aplicação mecanizada e níveis
considerados satisfatórios de magnésio (Mg) e cálcio (Ca) e inexistência de
contaminação dos solos (HASHEMI et al., 2010).
Diante do exposto, faz-se necessárias pesquisas que mostrem os resultados do
silício no controle da murcha bacteriana, para que se tenham dados concretos sobre
a eficiência da aplicação do mesmo.
Palavras-chave: Silício, solanácea, indução de resistência
Categoria/área de pesquisa: Nível Superior (BIC e BIT) / Ciências Agrárias e
Ciências Ambientais.
Objetivo
Testar os efeitos do Silicato de cálcio sobre a incidência da murcha bacteriana do
pimentão; e verificar o efeito do mesmo na produtividade em área infestada pela
bactéria.
Material e métodos
O trabalho foi conduzido no IF Sudeste MG, Campus Barbacena, no período de
agosto de 2015 a fevereiro de 2016, nas instalações do Núcleo de Agricultura – NA
e realizado em uma área já infestada por Ralstonia solanacearum.
Os canteiros foram preparados de maneira convencional com espaçamento de 50cm
entre plantas e 1m entre fileiras. A análise de solo realizada para a área não indicou
necessidade de calagem. Quanto a adubação química, foram realizadas a de plantio
e quatro de cobertura utilizando 6 g de NPK de formulação de 30-0-20.
O sistema de irrigação utilizado foi por aspersão. O experimento foi conduzido
obedecendo ao delineamento estatístico em blocos casualizados, disposto em 5
blocos e 3 tratamentos, onde cada tratamento foi composto por 5 plantas. Foram
eles: T1: 20 g de Silicato de cálcio por planta; T2: 20 g de calcário por planta; T3:
testemunha. Os tratamentos foram aplicados na linha de plantio sem incorporação
no solo.
Realizou, durante o ciclo da cultura, quatro capinas manuais, para eliminar ervas
daninhas e tutoramento para sustentação das plantas. Durante o período
experimental, realizou-se duas colheitas com intuito de avaliar a produtividade por
tratamento, obtendo o peso médio dos frutos e seis avaliações de incidência da
doença através da identificação dos sintomas característicos.
Foram avaliadas as variáveis: Incidência da doença e produtividade. Os dados
coletados foram processados, analisados estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5%
de probabilidade, utilizando o software SISVAR.
Resultados e discussão
Em relação à incidência os resultados obtidos não apresentaram diferença
estatística entre si, ou seja, não houve controle da doença em nenhum dos
tratamentos. Ressalta-se que a doença esperada para o controle com silicato de
cálcio não se manifestou, no entanto houve o aparecimento de outra patologia, a
podridão mole (Pectobacterium carotovorum). O gráfico 1 apresenta a análise dos
resultados.
INCIDÊNCIA DE PODRIDÃO MOLE
1,200
INCIDÊNCIA
1,000
0,800
0,600
T1 - Silicato de Cálcio
0,400
T2 - Calcário
T3 - Testemunha
0,200
0,000
15 DIAS 30 DIAS 45 DIAS 60 DIAS 75 DIAS 90 DIAS
AVALIAÇÃO (DAT)
Dannon e Wydra (2004) ao analisar a influência do silício sob a forma de solução
nutritiva, observaram uma queda considerável nos sinais da murcha bacteriana.
Mesmo o silício não apresentando um controle efetivo sobre a podridão mole no
pimentão, esses resultados mostram que ele tem potencial no controle dessas
patogenicidades sendo necessárias mais pesquisas para comprovar este fato.
Quanto à produção houve diferença significativa entre os tratamentos aplicados. Nas
duas avaliações de produtividade o tratamento 1 apresentou as menores médias de
produção, enquanto o tratamento 2 apresentou a maior média em relação a
testemunha, como mostra o gráfico a seguir:
PRODUTIVIDADE
0,800
0,700
0,6932 c
0,6524 a
0,6648 c
0,674 b
0,63 b
0,600
0,4616 a
0,500
T1 - Silicato de Cálcio
0,400
T2 - Calcario
0,300
T3 - Testemunha
0,200
0,100
0,000
117 DIAS
147 DIAS
Silva et. al (2013) analisando a influência do silício na nutrição do morangueiro
verificaram que houve um aumento considerável na produtividade, sendo que a
aplicação via solo foi a mais eficiente. Isso mostra o potencial do mesmo em relação
a adubação e nutrição de plantas. Diante disso, tem-se necessidade de novos
estudos sobre o emprego do silício na adubação das solanáceas, com o objetivo de
se obter mais dados em relação a produtividade dessas plantas.
Conclusão
As adubações com silício não contribuíram para o controle da incidência da doença
manifestada em campo. O tratamento com silício não contribuiu para o aumento da
produtividade do pimentão.
Referências bibliográficas
DANNON, E.; WYDRA, K. Interaction between silicon amendment, bacterial wilt
development and phenotype of Ralstonia solanacearum in tomato genotypes.
Physiological and Molecular Plant Pathology, London, v. 64, n. 5, p. 233-243,
2004.
EMATER/DF Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito
Federal. Vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
SEAPA. 2007.
FILGUEIRA, F. A. R. Solanáceas: agrotecnologia moderna na produção de
tomate, batata, pimentão, berinjela e jiló. Viçosa: Editora UFLA, 2003. 332p.
FINGER, F. L.; SILVA, D. J. H.; Cultura do pimentão e pimentas. Olericultura:
teoria e prática. 1ª edição. Viçosa: Paulo C. R. Fontes, 2005. Cap.27.
HASHEMI, A.; ABDOLZADEH, A.; SADEGHIPOUR, H. R. Beneficial effects of silicon
nutrition in alleviating salinity stress in hydroponically grown canola, Brassica napus
L., plants. Soil Science and Plant Nutrition, Tokyo, v.56, p. 244-253, 2010.
SILVA, M. L. S. et al. Influência do silício na produção e na qualidade de frutos do
morangueiro. Semina: Ciências Agrárias, v. 34, n. 6Supl1, p. 3411-3424, 2013.
Agradecimentos e apoio financeiro
IFSUDESTEMG pelo apoio financeiro;
Ao orientador Professor Alex ;
A todos que direta ou indiretamente ajudaram na realização deste trabalho.
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