DEMORA EM INVESTIMENTOS EMPERRA PROJETOS NO VALE DO SILÍCIO BRASILEIRO Silvio Ribas Do Correio Braziliense A maioria dos projetos privados de beneficiamento do quartzo extraído em Cristalina (GO) - onde estão localizadas as jazidas de silício com grau de pureza superior a 99,99%, a maior do mundo - está empacada por causa das indefinições em torno da legislação mineral. Enquanto o Congresso Nacional não vota o texto final do marco regulatório da mineração, encaminhado pelo governo no ano passado, os projetos que criam unidades de empresas de alta tecnologia permanecem no papel, adiando a exploração das vantagens do município goiano candidato a ser o Vale do Silício brasileiro. O leque de possibilidades de agregação de valor aos cristais da cidade já é conhecido há muito tempo. Mas só recentemente multinacionais começaram a sondar oportunidades de negócios, como lâmpadas de LED, filtros especiais e, sobretudo, painéis solares. "Todas essas intenções de investir dependem basicamente do marco regulatório para se converterem em projetos", explica Simony Côrtes, consultora de mineradoras locais. O prefeito de Cristalina, Luiz Carlos Attié, vai mais longe e aposta na vinda dessas empresas para mudar o perfil da cidade, cuja produção no campo movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão ao ano, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A ideia é manter a condição de maior Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do país, mas agregando um ramo totalmente novo baseado no fornecimento de componentes usados pelas indústrias de materiais elétricos e eletrônicos. "Curiosamente, o abastecimento de energia elétrica, a nossa mais grave deficiência para dar sustentação a um parque industrial e aos pivôs das lavouras, poderia ser sanado com o uso da energia solar produzida na própria cidade e usando painéis fotovoltaicos fabricados aqui", observa Attié. O empresário Eduardo Fernandes, dono de uma das maiores mineradoras de Cristalina, também apontou o disparate do silício encontrado em sua propriedade não ser convertido em placas geradoras de eletricidade. "Se o custo de produção e de instalação de estações autogeradoras fosse baixo, ficaríamos independentes de geradores a diesel, que também poluem muito o meio ambiente", ilustra.