Física Elementar Material Didático Equipe de Física: (PCNA Fevereiro de 201) Alexandre Guimarães Rodrigues (Coordenação) Rosana Paula de Oliveira Soares José Benício da Cruz Costa (Orientação) Monitores: Fevereiro 2014 Universidade Federal do Pará Moisés Andrade de Jesus Rodrigo de Souza Batista Anderson Silva Tavares Horácio Lisboa Paulo Henrique Marinho Rodrigues Equipe de Professores Alexandre Guimarães Rodrigues (Coordenação Geral) Matemática: Rosana Paula de Oliveira Soares (Coordenação) Alessandra M. de Souza Lopes Rita de Cássia Carvalho Silva Química: Shirley Cristina Cabral Nascimento (Coordenação) Marlice Cruz Martelli Ana Rosa C.L.M. Duarte Física: Alexandre Guimarães Rodrigues (Coordenação) José Benício da Cruz Costa PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Sumário 1.CIÊNCIAS, GRANDEZAS FÍSICAS, UNIDADES...........................................................3 1.1OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM .........3 1.2 A NATUREZA DA FÍSICA ......................3 3.5 ACELERAÇÃO .................................... 23 3.5.1 ACELERAÇÃO MÉDIA E ACELERAÇÃO INSTANTÂNEA................. 23 3.6 EQUAÇÕES DA CINEMÁTICA PARA ACELERAÇÃO CONSTANTE ................... 23 1.3 GRANDEZAS E DIMENSÕES................3 3.7 APLICAÇÕES DAS EQUAÇÕES DA CINEMÁTICA ............................................ 23 1.4 ANÁLISE DIMENSIONAL .......................3 3.8 CORPOS EM QUEDA LIVRE .............. 24 1.5 CONVERSÃO DE UNIDADES ...............4 3.9 ANÁLISE GRÁFICA DA VELOCIDADE E DA ACELERAÇÃO .................................... 26 1.6 INCERTEZAS E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS.........................................5 1.7 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS BÁSICAS .....................................................6 4. NOÇÕES DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA CINEMÁTICA .......................... 27 4.1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ..... 28 2. ANÁLISE VETORIAL BÁSICA ................8 4.2 COEFICIENTE ANGULAR E INCLINAÇÃO ....................................... 29 2.1OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM .............8 4.3 CONCEITO ......................................... 30 2.2 CONCEITOS BÁSICOS DE VETORES ..8 4.4 NOTAÇÕES ........................................ 31 2.3 ESCALARES E VETORES ....................8 4.5 PROPRIEDADES DA DERIVADA........ 32 2.4 SOMA E SUBTRAÇÃO DE VETORES...9 4.6 APLICAÇÃO NA FÍSICA ..................... 33 2.5 COMPONENTES DE UM VETOR ........ 11 4.7 APLICAÇÃO NA ENGENHARIA ......... 34 2.6 VETORES UNITÁRIOS OU VERSORES ................................................................... 12 4.8 INTEGRAL .......................................... 35 2.7 OPERAÇÕES COM VETORES ........... 14 4.9 OBJETIVO..........................................36 2.8 MULTIPLICAÇÃO DE VETORES ...... 14 4.10 CONCEITODE INTEGRAL ................ 37 2.9 EXERCÍCIOS ....................................... 17 4.11 NOTAÇÃO ......................................... 38 3. CINEMÁTICA EM UMA DIMENSÃO (1D)...20 3.1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ...... 20 4.12 PROPRIEDADES DA INTEGRAL ...... 39 4.13 APLICAÇÃO NA CINEMÁTICA ......... 40 3.2 REFERENCIAIS ................................... 20 3.3 POSIÇÃO E DESLOCAMENTO ........... 20 5. LEIS DE NEWTON ....................................... 41 3.4 VELOCIDADE ESCALAR E VETOR VELOCIDADE ............................................ 21 5.1 1ª. LEI DE NEWTON ........................... 42 5.2 2ª. LEI DE NEWTON ........................... 43 3.4.1 GRANDEZAS ESCALARES E VETORIAIS: .............................................. 21 5.2.1 RELAÇÃO ENTRE FORÇA E ACELERAÇÃO .......................................... 44 3.4.2 VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA...... 21 5.3 3ª LEI DE NEWTON ............................ 45 3.4.3 VELOCIDADE VETORIAL MÉDIA ..... 22 5.4 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE ........... 46 3.4.4 VETOR VELOCIDADE INSTANTÂNEA ................................................................... 22 5.5 EXERCÍCIOS ....................................... 47 3 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 6. APLICAÇÕES DAS LEIS DE NEWTON ...... 48 6.1 OBJETIVO DE APRENDIZAGEM ........ 49 6.2 FORÇA GRAVITACIONAL ................... 50 6.3 FORÇA NORMAL ................................. 51 6.4 ATRITO ................................................ 52 6.5 TENSÃO............................................... 53 6.6 EXERCÍCIOS ....................................... 54 REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS...................67 4 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 1.CIÊNCIAS, GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES. grande parte do mundo, o sistema padrão 1.1 Internacional ou SI. Existem outros sistemas utilizado OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: é como Sistema como CGS e o sistema de Engenharia Britânico VOCÊ APRENDERÁ: (BE). O conceito de física e a sua natureza. As grandezas fundamentais e as unidades UNIDADES usadas pelos físicos para medi-las. Comprimento SI CGS Metro(m) Centímetro BE Pé(ft) (cm) Análise dimensional. Conversão de unidades e como não Massa significativos nos seus cálculos. Quilograma Grama(g) Slugs(sl) Segundo(s) Segundo (kg) perder de vista os algarismos mais conhecido Tempo Segundo(s) Conceitos básicos de trigonometria. (s) 1.2 A NATUREZA DA FÍSICA: RELAÇÕES IMPORTANTES A ciência e a engenharia se baseiam em 1 m = 10 dm = 100 cm = 1000 mm medições e comparações. Assim precisamos de 1 kg = 1000 g regras para estabelecer de que forma as 1 ton = 1000 kg grandezas devem ser medidas e comparadas, e 1 h = 60 min = 3600 s de experimentos para estabelecer as unidades para essas medições e comparações. A física é uma ciência experimental, e assim como a 1 min = 60 s Tabela 1.1 – Relações entre os diversos sistemas de unidades química e a matemática, forma a base de todas as engenharias. Nenhum engenheiro pode projetar uma tela plana de TV, uma nave espacial, um reator ou até mesmo uma ratoeira mais eficiente, sem antes entender os princípios básicos da física. 1.3 GRANDEZAS E DIMENSÕES: 1.4 ANÁLISE DIMENSIONAL: Em física, o termo dimensão é usado para se referir à natureza física de uma grandeza. A preocupação com a dimensionalidade de uma grandeza ou de uma fórmula antecede a questão da unidade usada. Por exemplo, para medir a Os experimentos físicos exigem medidas, e normalmente usamos números para descrever os resultados das medidas. Qualquer número usado para descrever um fenômeno físico denomina-se grandeza física. Por exemplo, duas grandezas físicas para descrever você são o seu peso e a distância entre dois objetos podemos utilizar fita métrica graduada em centímetro, decímetro ou metro. Entretanto, ninguém discute que essa medida deverá ser feita a partir de uma unidade de comprimento. Em outras palavras, a análise dimensional é usada para verificar relações sua altura. Para cientistas e engenheiros, em 5 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR matemáticas quanto à consistência das suas fórmula em questão. Portanto, toda fórmula, dimensões. independentemente do contexto em questão, Na mecânica, parte da Física que envolve a cinemática e a dinâmica, a totalidade dos conceitos básicos dessa área pode ser expressa em termos de uma combinação de dimensões fundamentais. São elas: Comprimento [L], Tempo [T], Massa [M] deve ser dimensionalmente consistente. Caso contrário deve ser reanalisada ou simplesmente descartada. Lembre-se disso ao final das suas resoluções de problemas e exercícios! Para a equação ,temos: [L] =[ ] . [T] [L] = [L] A dimensão em ambos os lados coincidem, logo Exemplo: Considere um carro que parte do repouso e acelera até uma velocidade v em um essa equação está dimensionalmente correta. 1.5 CONVERSÕES DE UNIDADES tempo t. Desejamos calcular a distância x percorrida pelo carro, mas não temos a certeza de se a relação correta é x = .v.t² ou x = .v.t. Podemos verificar as grandezas em ambos os lados da equação para vermos se possuem as mesmas dimensões da seguinte maneira: Na equação , aplicamos as dimensões Uma vez que qualquer grandeza pode ser medida em diferentes unidades é importante saber como converter um resultado expresso em uma unidade(s) para outra(s) unidade(s). A conversão pode envolver uma única unidade, como por exemplo, converter 1km para metros, 1km = 103m. Pode também envolver mais de uma unidade. Por exemplo, converter uma velocidade [L], [T], teremos: dada em km/h para m/s. Neste caso, precisamos expressar quilômetro em metros e hora em [L] = [ ].[T]² [L]= [L].[T] segundos. Em todos os casos de conversão de A dimensão do lado esquerdo da equação não unidades pode-se afirmar que não há nada mais coincide com a dimensão do lado direito. Logo, a envolvido que as operações de multiplicação e relação não está correta, pois não faz sentido divisão. As regras de conversão podem ser trabalharmos com uma fórmula do tipo POSIÇÃO sintetizadas a partir de um cálculo simples = medindo envolvendo regra de três. É necessário que se posição ou velocidade? Daí a necessidade de diga, embora óbvio, que só é possível converter que a dimensão do “lado esquerdo” da fórmula uma seja igual à do “lado direito” e, caso seja sabemos o quanto vale uma unidade de medida composta por mais de uma parcela, essas devem em termos da outra e vice-e-versa. VELOCIDADE. Afinal, estamos unidade para outra unidade quando ter a mesma dimensionalidade entre si e a mesma compatibilidade com a descrição da Façamos o caso da conversão de velocidade de km/hm/s. Sabemos que 1 quilômetro possui 6 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 1000 metros e que 1 hora possui 3600 segundos comprimento no sistema métrico inglês. “ft” é a (60x60s). Logo, 1km/h=1000m/3600s≈0,2778m/s. contração de feet do idioma inglês que quer dizer Sabemos quanto vale 1km/h em m/s. E quanto “pé”. 1 “pé”, ou melhor, 1ft=30,48cm=0,3048m vale 1m/s em termos de km/h? Vamos para a regra de três! 1ft = 0,3048m. A pergunta é: quanto vale 3212ft 1 km/h ------ 0,2778 m/s x Estratégia de raciocínio: expresso em metros? Vale x metros. É o que ------- 1 m/s queremos descobrir. Vamos montar nossa regra A leitura é feita da seguinte forma: 1km/h vale de três! 0,2778m/s. 1m/s (que ainda não sabemos quanto 1 ft ------ 0,3048 m vale em km/h) em termos de km/h vale x (incógnita). Em seguida fazemos 3212 ft ------ x uma multiplicação em diagonal (repare que de um lado A regra de três foi montada corretamente. Agora temos somente uma unidade (km/h) e do outro é só fazer a multiplicação em diagonal e isolar o lado somente a outra unidade (m/s)). Assim fator x. ficamos com 3212ft.0,3048m = x.1ft 1km/h.1m/s = x.0,2778m/s x = 979,0m Para finalizar passamos dividindo o termo que está multiplicando x. Não se esqueça de fazer o corte nas dimensões também! ft do lado esquerdo corta com ft do lado direito da equação e a resposta é dada em metros, conforme desejamos. Portanto, x, que é igual a 1 km/h escrito em termos de unidade de velocidade em m/s vale 1.6 INCERTEZAS E ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS 3,6m/s. As medidas sempre envolvem incertezas. Em A forma de montar uma regra de três é sempre simples. Mas atenção! Fazer uma mudança de unidades não altera a dimensão da grandeza que você está trabalhando! muitos casos, a incerteza de um número não é apresentada explicitamente. Em vez disso, ela é indicada pelo número de dígitos confiáveis, ou algarismos significativos, do valor da medida. Por Exemplo 1: A maior queda d’água do mundo é exemplo, medimos a espessura da capa de um Salto do Anjo na Venezuela, com uma altura total livro e encontramos o valor 2,91mm, esse valor de queda de 3212ft. Expresse esta queda em apresenta três algarismos significativos. Com metros. isto, queremos dizer que os dois primeiros algarismos são corretos, enquanto o terceiro Obs.: ft é o símbolo de uma medida de 7 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR dígito é incerto. O último dígito está na casa dos centésimos, de modo que a incerteza é aproximadamente igual a 0,01mm. entre os raios de sol e o chão é de θ = 50,0º, como mostrado na figura abaixo. Determine a altura do edifício. 1.7 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS BÁSICAS: A trigonometria é uma área da matemática muito aplicada na física, sobretudo nos tipos de problemas tratados pela mecânica. Em especial, três funções trigonométricas básicas são mais utilizadas. São essas: o seno, o cosseno e a tangente de um determinado ângulo. Podemos Figura 1.2- Edifício Alto e suas projeções. definir essas funções a seguir em termos de símbolo que aparecem no triângulo retângulo abaixo: Figura 1.1 - Triângulo Retângulo Estratégia de raciocínio: Desejamos determinar a altura do edifício. Para isso, analisamos as informações contidas no triângulo retângulo sombreado da figura dada. São elas: a altura como comprimento h0 do cateto oposto ao ângulo θ, o comprimento da sombra é o comprimento ha do cateto adjacente ao ângulo θ. Sabemos que a razão entre o comprimento do cateto oposto e o comprimento do cateto adjacente é a tangente do ângulo θ que pode ser usada para se determinar a altura do prédio. Pelo teorema de Pitágoras, determina-se que: Solução: Usamos a função tangente conhecida da seguinte maneira, com θ = 50,0º e ha = 67,2 m: h = comprimento da hipotenusa de um triângulo retângulo Desse modo: h0 = comprimento do cateto oposto ao ângulo θ Assim: ha = comprimento do cateto adjacente ao ângulo θ Em que: ( ( )( )( ) ) O valor de tan 50,0º é determinado usando-se a calculadora. O seno, o cosseno e a tangente são números sem unidades (nem dimensões) porque cada um é a razão entre os comprimentos de dois lados de um triângulo retângulo. Exemplo: Em um dia de sol, um edifício alto faz sombra de 67,2 m de comprimento. O ângulo Exemplo: A profundidade de um lago aumenta gradativamente com um ângulo θ, como indicado na figura abaixo. Por questões de segurança, é necessário se determinar a profundidade do lago em várias distâncias a partir da margem. Para 8 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR fornecer informações a respeito da profundidade, um guarda-vidas rema até uma distância de 14,0 m da margem em direção ao interior do lago e solta uma linha de pesca com um peso. Medindo o comprimento da linha, o guarda-vidas determina a profundidade como sendo igual a 2,25 m. a) Qual o valor de θ? b) Qual seria a profundidade d do lago a uma distância de 22,0 m a partir da margem? Solução: a) Usando a função arco tangente conhecida, chegamos a: ( ) ( ) b) Com θ = 9,13º, a função tangente pode ser usada para profundidade determinarmos desconhecida a a uma distância maior da margem, onde h0 = d e ha = 22,0 m. Conclui-se que: ( )( ) Temos que 3,54 m é maior que 2,25 m, o que já era esperado. Figura 1.3 - Lago e suas projeções. Estratégia de raciocínio: Podemos observar que próximo a margem, os comprimentos dos catetos oposto e adjacente do triângulo retângulo formado na figura do lago são h0 =2,25 m e ha =14,0 m, em relação ao ângulo θ. Após a identificação dessas informações, podemos usar o arco tangente (tan-1) para determinar o ângulo do item (a). Para determinar o item (b), consideramos que os catetos opostos e adjacentes passam a ser os mais afastados da margem onde h0 = d e ha =22,0 m. Assim, com o valor de θ obtido no item (a), a função tangente pode ser usada para encontrar o valor da profundidade desconhecida. Considerando a forma com que a profundidade do lago aumenta com a distância na figura do lago, é de se esperar que a profundidade desconhecida seja maior do que 2,25 m. 9 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 2. ANÁLISE VETORIAL BÁSICA. 2.1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM VOCÊ APRENDERÁ: A diferença entre grandezas escalares e vetoriais e como somar e subtrair vetores algebricamente; O que são as componentes de um vetor e como usá-las em cálculo; O que são vetores unitários e como usá- informação para caracterizar grandezas vetoriais pode ser dado com a aplicação de uma força sobre um corpo. De que vale especificar a magnitude da força que é aplicada sobre um corpo sem dizer em que direção e sentido a força é aplicada? Muitos conceitos da física necessitam de uma caracterização vetorial completa para ficar bem definidos. Força é um desses conceitos. Saber caracterizar e manipular vetores é pré-requisito indispensável para a formação de qualquer engenheiro ou profissional da área de exatas. los. 2.2 CONCEITOS BÁSICOS DE VETORES 2.3 ESCALARES E VETORES Não é novidade que a física se vale da linguagem matemática para descrever o mundo natural a nossa volta. Tal linguagem se mostra adequada para representar fenômenos naturais ou produzidos em laboratório e também para descrever inúmeras situações presentes em nosso dia-a-dia. Muitos podem achar a linguagem matemática da qual a física se vale como abstrata, mas é esta “linguagem abstrata” que nos ajuda a entender o que se passa ao nosso redor. Algumas grandezas físicas como o tempo, temperatura, volume e massa podem ser descritas por um único número (incluindo quaisquer unidades) fornecendo o seu módulo. Este tipo de grandeza é chamada grandeza escalar. A grandeza vetorial é uma grandeza descrita por um módulo, uma direção e um sentido, e pode, portanto, ser representada por um vetor. Como exemplo já citado, temos a força para puxar ou empurrar um corpo. Para descrever completamente uma força é preciso fornecer o módulo da força, sua direção e o seu sentido (empurrar e/ou puxar). No caso do movimento de um avião, para descrevê-lo é necessário dizer a velocidade que ele se desloca, a direção (norte, sul, leste, oeste) e o sentido do seu movimento. A representação geométrica de um vetor é dada por uma seta, onde o tamanho da seta representa o módulo do vetor, a direção e o sentido da seta fornecem a direção e o sentido do vetor. Algebricamente, podemos designar um vetor por uma letra com uma pequena seta (para a direita) acima da mesma. Outra opção é colocar a letra que designa o vetor em negrito. Em geral, ao longo deste material didático faremos opção pela segunda escolha (em negrito). Para entendermos melhor os vetores e suas operações observe a representação do vetor deslocamento feita na figura abaixo: Para caracterizar muitos conceitos utilizados na física basta uma única unidade de medida. Como exemplos, citamos: temperatura, massa, tempo. Entretanto, em outros casos precisamos de mais informações para caracterizar uma grandeza física útil para descrever uma situação ou problema de interesse. Por exemplo, ao informar a localização de um determinado lugar a uma pessoa, precisamos não apenas informar o quanto essa pessoa vai andar, mas também para onde se deve ir. Ou seja, devemos informar a rota do percurso. Nem percebemos que estamos lidando com uma grandeza vetorial. Esse exemplo simples (rota de um percurso) de tratamento vetorial torna-se imprescindível para o transporte aéreo. Alguém imagina o voo das aeronaves sem uma determinação precisa de rotas aéreas? Outro exemplo simples para entender a necessidade de haver mais de uma 10 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Trabalharemos com mais detalhes a expressão analítica do módulo do vetor ao longo do capítulo. Figura 2.1 - Representação do deslocamento de um Exemplo Conceitual: Há locais onde a temperatura é de +20ºC em certa época do ano e de -20ºC em outra época. Os sinais de mais e de menos que representam as temperaturas positiva e negativa implicam que a temperatura é uma grandeza vetorial? carro. A flecha neste desenho representa um vetor deslocamento. Os vetores podem ser classificados como: Vetores paralelos - aqueles que possuem a mesma direção e o mesmo sentido possuindo ou não mesmo módulo. Se apresentarem mesmo módulo são iguais. A B Figura 2.2 - Representação de vetores paralelos. Estratégia de raciocínio e solução: Um vetor possui uma direção física associada ele, para o leste ou para o oeste, por exemplo. A pergunta, então, é se tal direção está associada com a temperatura. Em particular, os sinais de mais e de menos que acompanham a temperatura, implicam este tipo de direção e sentido? Em um termômetro, os sinais algébricos simplesmente significam que a temperatura é um número menos ou maior do que zero em uma escala e não tem nada a ver com leste, oeste, ou qualquer outra direção física. A temperatura, então, não é um vetor. Ela é um escalar, e escalares podem, às vezes ser negativos. 2.4 SOMA E SUBTRAÇÃO DE VETORES Vetores negativos - possuem mesmo módulo e direção do vetor positivo dado e sentido contrário a deste vetor. A -A Figura 2.3 - Representação de vetores antiparalelos. Suponha que uma partícula sofra um deslocamento A, seguido de outro deslocamento B. Podemos representar o deslocamento total pela letra R que representa o vetor resultante da soma vetorial ou, simplesmente, vetor soma. A soma é feita desenhando a extremidade de um vetor com o início do outro. Vetores antiparalelos – possuem a mesma direção, mas sentidos contrários, possuindo ou não o mesmo módulo. O módulo de um vetor é representado da seguinte forma: (módulo de A) = |A| = A Como sabemos da matemática, o módulo fornece sempre um resultado numérico positivo. Figura 2.4 - Representação de soma de dois vetores. R=C=A+B Uma propriedade importante da soma de dois vetores é que a ordem em que os vetores são somados não importa. 11 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR R = A+B = B+A (lei comutativa) Podemos também somá-los construindo um paralelogramo Figura 2.8 - Representação de soma de dois vetores antiparalelos. R = A + (-B) IMPORTANTE! “O FATO DE UMA GRANDEZA SER POSITIVA OU NEGATIVA NÃO NECESSARIAMENTE SIGNIFICA QUE A GRANDEZA É UM ESCALAR OU VETOR!” 2.4.1A Soma de Três ou mais Vetores Figura 2.5 - Representação de soma de dois vetores pela regra do paralelogramo. Quando os dois vetores são perpendiculares entre si, podemos somá-los aplicando o teorema de Pitágoras para encontrar o módulo do vetor resultante. Quando existem mais de dois vetores podemos agrupá-los em qualquer ordem para somá-los. Assim, se queremos somar os vetores A, B e C, podemos primeiro somar A e B e depois somar o resultado a C e também podemos somar o primeiro B e C e depois somar o resultado a A. A soma vetorial resultante é a mesma. R = (A + B) + C = (B + C) + A (lei associativa) Figura 2.6 - Representação de soma de dois vetores perpendiculares. √| | | | | | A soma de dois vetores paralelos: 2.4.2A Subtração de Vetores A subtração vetorial é efetuada da mesma foram que a soma vetorial. Se tivermos dois vetores A e B fornecendo um vetor resultante C segundo C = A + B representado na figura (a), podemos escrever esse resultado como A = C – B, que é um exemplo de subtração vetorial. Entretanto, podemos também escrever este resultado como A = C + (-B) e tratá-lo como uma soma vetorial representado na figura 2.9.b. Figura 2.7 - Representação de soma de dois vetores paralelos. R=A+B A soma de dois vetores antiparalelos. A R Figura 2.9.a - Representação de soma vetorial. -B 12 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR IMPORTANTE! Figura 2.9.b - Representação de subtração vetorial. “AS COMPONENTES DE QUALQUER VETOR PODEM SER USADAS NO LUGAR DO PRÓPRIO DO VETOR EM QUALQUER CÁLCULO ONDE FOR CONVENIENTE FAZÊ-LO!” 2.5 COMPONENTES DE UM VETOR 2.5.1 Componentes Vetoriais Qualquer vetor pode ser expresso em termos de suas componentes. Em duas dimensões, as componentes vetoriais de um vetor A são dois vetores perpendiculares Axe Ay, que são chamados de a componente vetorial x e a componente vetorial y, respectivamente e se somam vetorialmente de tal forma que A=Ax+ Ay. Figura 2.10 - Representação de um vetor arbitrário A e suas componentes vetoriais x e y. As componentes x e y somadas transmitem o mesmo significado que o vetor original A. Podemos determinar as componentes de Aa partir do triângulo retângulo mostrado na figura acima da seguinte forma: Ax= A.cosθ e Ay = A.senθ Onde θ é o ângulo que o vetor A faz com o semieixo x positivo e A é o modulo do vetor A. Uma vez que um vetor tenha sido decomposto em relação a um conjunto de eixos, as componentes podem ser usadas no lugar do vetor, assim: A=√ e θ Exemplo: Um vetor deslocamento r possui um módulo r = 175,0 m e uma inclinação de 50,0º, em relação ao eixo dos x como mostrado na figura abaixo. Determine as componentes x e y deste vetor. Figura 2.11 - Representação do vetor deslocamento re suas componentes x e y. Estratégia de raciocínio: De acordo com o nosso conhecimento de trigonometria básica, podemos observar o triângulo retângulo formado pelo vetor r e suas componentes x e y. Isto nos permite aplicar as funções trigonométricas seno e cosseno para determinar as componentes em questão. Solução: A componente y pode ser obtida usando o ângulo de 50,0º e a seguinte relação: | | | | ( )( ) Seguindo o mesmo raciocínio, a componente x pode ser obtida da seguinte maneira: | | 13 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR | | ( )( ) 2.6 VETORES UNITÁRIOS OU VERSORES Outra forma de determinar as componentes é por meio do ângulo α. Observe: Sabemos que: | | ̂ é um vetor unitário adimensional de comprimento 1 que aponta no sentido positivo do eixo dos x. Desse modo: | | ( )( ) | | ( )( ) Outro método de expressar componentes vetoriais consiste em usar vetores unitários. Um vetor unitário também conhecido como versor é um vetor que possui um módulo unitário e é adimensional. Possui a seguinte notação: O valor de 40,0º foi encontrado por meio do conhecimento da soma de ângulos internos de um triângulo que tem que ser igual a 180,0º. Então como são dados os valores de dois ângulos é possível determinar o valor do terceiro, neste exemplo, α. ̂ é um vetor unitário adimensional de comprimento 1 que aponta no sentido positivo do eixo dos y. Representação em duas dimensões: 2.5.2 Componentes Escalares: As componentes escalares de um vetor são definidas como números positivos ou negativos. Seja o vetor A = Ax + Ay. A componente Ax possui um módulo que é igual a Ax e recebe um sinal positivo se Ax apontar no sentido positivo do eixo x e um sinal negativo se apontar no sentido negativo do eixo x. A componente Ay é definida seguindo o mesmo raciocínio. Observação importante: Se o vetor possui dimensão (por exemplo, dimensão de comprimento como é o caso de um vetor deslocamento), as componentes do vetor possuem a mesma dimensão do vetor. A tabela abaixo mostra componentes escalares. um exemplo Componentes vetoriais Componentes escalares Ax= 8 metros na direção Ax= +8 metros do eixo +x Ay= 10 metros na direção Ay= - 10 metros do eixo –y Tabela 2.1 – Comparação entre componentes escalares e vetoriais de Figura 2.12 - Representação do vetor A em termos das componentes Ax e Ay escritas em termos dos versores ̂e .̂ As componentes podem ser escritas como Ax = Ax ̂ e Ay = Ay ̂. O vetor A é, então, escrito como: A =Ax ̂ + Ay ̂. 2.6.1Soma de Vetores e suas Componentes Uma terceira forma de somar vetores é combinar suas componentes eixo por eixo. Considere os vetores A e B e suas respectivas componentes Ax, Ay e Bx, By. A soma é dada por: C = A + BC = Cx + Cy 14 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Cx= soma das componentes de A e B no eixo x = Ax+ Bx Cy = soma das componentes de A e B no eixo y =Ay + By pelo vetor deslocamento B). Determine o módulo, a direção e o sentido do vetor resultante para a soma destes dois deslocamentos. C = Cx + Cy = (Ax+ Bx) + (Ay + By) Observe as figuras a seguir: Figura 2.13 - Representação de vetores A e B fornecendo o vetor resultante C= (C = A + B) e as componentes vetoriais de A e B. Figura 2.14 - Representação de um vetor resultante C em função de suas componentes C = Ax+ Bx+ Ay+ By Figura 2.16 - Representação de vetor A e B somados fornecendo o vetor resultante C. Estratégia-raciocínio: Temos os vetores A e B. A figura dada nos mostra os vetores A e B, Suponhamos que o eixo y coincide com a direção norte. O primeiro passo é decompor cada um dos vetores nos eixos escolhidos para compor o sistema de coordenadas. Com isso achamos as componentes Ax,Bx e Ay,By. Em seguida fazemos a soma para determinar a resultante em cada eixo. Tendo a resultante para cada eixo aplicamos o teorema de Pitágoras para encontrar o eixo e relações da trigonometria para determinar direção e sentido do vetor resultante. Solução: Com as informações dadas na figura, montamos a seguinte tabela: Figura 2.15 - Representação de um vetor C e suas componentes (C = Cx + Cy) formando um triângulo retângulo. Exemplo: Um corredor se desloca 145 m numa direção nordeste, que faz 20º com a direção norte tomado no sentido horário (representado pelo vetor deslocamento A) e depois 105 m em uma direção sudeste fazendo 35,0º com a direção leste também no sentido horário (representado Vetor A Componente x Componente y Ax= (145 m) sen 20,0º = 49,6m Ay= (145 m) cos 20,0º= 136 m B Bx= (105 m) 35,0º= 86,0 m By= -(105 m) sen 35,0º = -60,2 m C Cx= Ax+ Bx= 135,6 m cos Cy= Ay+ By= 76 m Tabela 2.2 – Componente de vetores A terceira linha da tabela fornece as componentes x e y do vetor resultante C: Cx= Ax+ Bxe Cy= Ay+ By. A figura seguinte nos mostra o 15 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR vetor resultante C e suas componentes vetoriais. E aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo retângulo fornecido pela mesma, temos: Figura 2.17 - Representação de um vetor resultante C formando um triângulo retângulo com suas componentes. Desse modo: | | √| | | | √( ) ( ) | | O ângulo θ que C faz com o eixo x é: ( ) ( ) 2.7 OPERAÇÕES COM VETORES Do ponto de vista operacional (algébrico), lidar com vetores significa independente da representação matemática em que o vetor é dado, combiná-los segundo regras de soma e multiplicação. Mais explicitamente, significa: saber como se processa a operação de soma algébrica entre dois ou mais vetores; o que acontece quando se multiplica um vetor por um escalar; e como se dão os dois tipos de produtos envolvendo vetores (veremos a seguir). Significado de somar vetores algebricamente: Suporte operacional à regra do paralelogramo Multiplicar um vetor por um escalar altera a magnitude; não altera a direção; pode alterar o sentido (a depender do sinal do escalar). IMPORTANTE! SE O ESCALAR NÃO FOR ADIMENSIONAL, O RESULTADO DIMENSIONAL DO PRODUTO É ADIMENSÃO DO ESCALAR MULTIPLICADA PELA DIMENSÃO DO VETOR. Fórmulas, cálculos e conceitos fundamentais da física são definidos em termos de produtos de vetores. Porém, o leitor talvez esteja se perguntando por que há dois tipos de multiplicação entre vetores. O que podemos afirmar com segurança é que ambos são bem definidos do ponto de vista matemático e servem a propósitos diferentes, porém igualmente importantes. Em linguagem livre, o produto escalar é uma maneira de dizer o quanto um vetor é “parecido” com o outro. Um produto escalar igual a zero entre dois vetores não nulos nos permite afirmar que esses vetores são ortogonais entre si. Podemos dizer neste caso que “um vetor não tem nada haver com o outro”(você talvez já tenha ouvido alguém dizer que Fulano e Cicrano(a) são ortogonais. Se eles não forem parecidos em nada, do ponto de vista matemático a afirmação faz sentido!). Conforme o nome expressa, o produto da multiplicação escalar entre dois vetores fornece como resultado uma grandeza escalar. O produto vetorial entre vetores pode ser pensado como uma maneira engenhosa de definir um produto entre dois vetores resultando em outro vetor. Veremos que além dessa operação ser correta do ponto de vista matemático é também muito útil para a física. Veremos, tanto no contexto da cinemática quanto no da dinâmica, vetores sendo expressos como resultado de produto vetorial entre dois vetores. 16 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 2.8 MULTIPLICAÇÃO DE VETORES Existem três formas de multiplicar vetores, porém nenhuma será igual à multiplicação algébrica. 2.8.1 Multiplicação de um Vetor por Escalar Podemos multiplicar um vetor arbitrário A por um escalar (número) w. Dessa operação obtemos um vetor resultante R com as seguintes características: | | | || | O módulo do vetor resultante é o módulo que resulta da multiplicação do módulo de A pelo módulo de w. A direção do novo vetor é a mesma. O sentido de R é o mesmo de A se w for positivo e, sentido oposto se w for negativo. Para dividirmos A por w, multiplicamos A Figura 2.18 - Representação da multiplicação de um vetor por um escalar. Podemos escrever a equação que define o produto escalar separando as componentes da seguinte forma: A.B = (| | θ)| | = (cos θ| |)| | A propriedade comutativa se aplica ao produto vetorial, desse modo: A.B = B.A O produto escalar dos vetores A e B escritos em termos de seus vetores unitários assume a forma: A.B = (Ax ̂ + Ay ̂ + Az ̂).(Bx ̂ + By ̂ + Bz ̂) por 1/w. 2.8.2 Multiplicação de um Vetor por um Vetor Existem duas formas de multiplicar um vetor por um vetor: uma forma conhecida como produto escalar que resulta em um escalar, a outra conhecida como produto vetorial que resulta em um vetor. 2.8.3 Produto Escalar A multiplicação de um vetor por outro vetor resultando em um escalar é denominada produto escalar. Dados dois vetores A e B, o produto escalar é escrito como A.B e definido pela equação: A.B = | || |cos θ Onde | |é o módulo do vetor A, | | é o módulo do vetor B e θ é o ângulo formado entre os vetores dados. Observe a figura a seguir: Que pode ser expandida aplicando-se a propriedade distributiva, calculando os produtos escalares das componentes vetoriais do primeiro vetor pelas componentes vetoriais do segundo vetor, resultando em: A.B = AxBx+ AyBy+ AzBz IMPORTANTE! “SE O ÂNGULO θ ENTRE DOIS VETORES É 0º, A COMPONENTE DE UM VETOR EM RELAÇÃO AO OUTRO É MÁXIMA. SE O ÂNGULO É 90º, A COMPONENTE DE UM VETOR EM RELAÇÃO AO OUTRO É NULA. ISSO TUDO TAMBÉM ACONTECE COM O PRODUTO ESCALAR.” Exemplo: Qual é o ânguloθ entre A = 3,0i - 4,0j e B = -2,0i +3,0k? Estratégia de raciocínio: Sabemos que o ângulo entre dois vetores aparece na definição de produto de escalar: A.B = | || |cos θ. 17 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Solução: Sabemos que | | é o módulo do vetor A e que é dado por: | |= √( ) ( ) = 5,0 E que| | é o módulo do vetor B dado por: | |= √( ) ( ) = 3,61 Podemos calcular o produto escalar escrevendo os vetores em termos dos vetores unitários e aplicando a propriedade distributiva: A.B = (3,0i – 4,0j).(-2,0i + 3,0k) A.B = (3,0i – 4,0j + 0,0k).(-2,0i +0,0j + 3,0k) A.B = (3,0i).(–2,0i)+(3,0i).(3,0k)+(-4,0j).(-2,0i)+ A direção do vetor resultante C é perpendicular ao plano definido por A e B. O seu sentido pode ser determinado pela Regra da Mão Direita. Superponha as origens de A e B sem mudar suas orientações. Já falamos que a direção do vetor resultante C é perpendicular ao plano definido por A e B. Se C=AxB, a receita para determinar o sentido de C é a seguinte. Vá de A para B pelo menor percurso angular entre os dois vetores. Quatro dedos da sua mão direita fazem o menor percurso angular de A para B e o dedo polegar estendido indica o sentido do vetor resultante. Se fizermos o mesmo percurso angular, mas agora de Bpara A, o sentido do vetor resultante indicado pelo dedo polegar estendido é invertido conforme indicado na figura 2.19. (-4,0j).(3,0k) Em seguida, aplicamos o produto vetorial a cada termo desta última expressão. O ângulo entre os vetores unitários do primeiro termo (i e i) é de 0º e nos demais é de 90º. Assim temos, A.B = (-6,0).(1)+ (9,0).(0) + (8,0).(0) – (12).(0) = 6,0 Substituindo todos os resultados encontrados na equação do produto escalar, obtemos, ( [ 2.8.4 ( )( ) )( ] ) Produto Vetorial A multiplicação de um vetor por outro vetor resultando em um terceiro vetor é denominada produto vetorial. Dados dois vetores A e B, o produto vetorial é escrito como AxB. O módulo do vetor C obtido pelo produto vetorial entre os vetores A e B é dado por C = | || |sen θ, sendo θ o menor ângulo formado entre os vetores dados, uma vez que sen θ e sen (360º – θ) apresentam sinais opostos. O produto AxB é lido como “A vetor B”. Figura 2.19 – Regra da mão direita Isso traz uma importante consequência. Vemos que o produto vetorial entre vetores não é comutativo. Ou seja, AxB≠BxA. Vemos que o sentido do vetor resultante é invertido quando invertemos a ordem do produto (o módulo do vetor resultante é o mesmo para os dois casos). Portanto, AxB=-BxA. Vamos então resumir a toda a informação do produto vetorial entre vetores numa tabela: 18 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 5. O produto escalar pode quantidade negativa? Justifique. Produto Vetorial C=AxB | | | || | Módulo Direção Sentido (função dos módulos dos vetores A e B e do ângulo entre eles) Perpendicular ao plano formado pelos vetores A e B. Convencionado pela regra da mão direita. Quatro dedos vão de A para B pelo menor percurso angular e o dedo polegar indica o sentido do vetor resultante. Tabela 2.3 – Propriedades do vetor C=AxB IMPORTANTE! “SE A E B SÃO PARALELOS OU ANTIPARALELOS, AxB = 0. O MÓDULO DE AxB É MÁXIMO QUANDO A E B SÃO MUTUAMENTE PERPENDICULARES UM AO OUTRO.” 2.9 EXERCÍCIOS: 1. Em 1969, os três astronautas da cápsula Apollo deixaram o Cabo Canaveral, foram à lua e, na volta, desceram no oceano Pacífico. Um almirante cumprimentou-os em cabo Canaveral e seguiu até o oceano Pacífico em um avião que os recolheu. Compare os deslocamentos dos astronautas e do almirante. 2. Um vetor pode ter módulo igual a zero se uma de suas componentes for diferente de zero? 3. É possível que a soma dos módulos de dois vetores seja sempre igual à soma destes dois vetores? 4. Você pode ordenar os acontecimentos no tempo. Por exemplo, o evento b pode proceder ao evento c, porém seguir o evento a, dando a ordenação temporal do evento a, b e c. Consequentemente, existe um sentido para o tempo, distinguindo o passado, o presente e o futuro. Será que o tempo, então, é uma grandeza vetorial? Se não, por quê? ser uma 6. a) Sendo ⃗ ⃗⃗ , podemos concluir daí que os vetores são perpendiculares entre si? b) Se ⃗ ⃗⃗ ⃗ ⃗, segue-se daí que ⃗⃗ ⃗ ? 7. Se ⃗ ⃗⃗ , ⃗ e ⃗⃗ devem ser paralelos entre si? O inverso é verdadeiro? 8. Considere dois deslocamentos, um igual a 3 m e um outro de módulo igual a 4 m. Mostre como os vetores deslocamento podem ser combinados de modo a fornecer um deslocamento resultante de módulo igual a: a) 7 m; b) 1 m; c) 5 m. 9. Uma mulher caminha 250 m na direção de 30º a nordeste e em seguida 175 m diretamente para leste. a) Utilizando métodos gráficos, determine o deslocamento resultante. b) Compare o módulo do deslocamento com a distância que ela caminhou. 10. Uma pessoa caminha do seguinte modo: 3,1 km para o norte, depois 2,4 km para oeste e, finalmente, 5,2 km para o sul. a) Construa o diagrama vetorial que representa este movimento. b) Que distância um pássaro deveria voar, em linha reta, em que direção, de modo a chegar ao mesmo ponto final? 11. Quais são os componentes de um vetor ⃗ localizado no plano xy, se sua direção faz um ângulo de 205º com o eixo x e o seu módulo é igual a 7,3 unidades? 12. Um vetor deslocamento r no plano xy tem um comprimento igual a 15 m e sua direção é mostrada na figura abaixo. Determine os componentes x e y deste vetor. 19 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Mostre que: ⃗ ⃗⃗ 18. Uma força de F1, de módulo igual a 2 N forma um ângulo de 30° com o eixo Ox. Uma força F2, de módulo igual a 6 N forma um ângulo de 80° com o eixo Ox. Calcule: (a) o módulo F da força resultante F; (b) o ângulo formado entre a resultante e o eixo Ox. 19. Um vetor A forma um ângulo com um vetor B. Sabendo que A = 3 e B = 4, calcule o módulo do vetor resultante R (unidades de força em Newton). 13. Determine, utilizando os vetores unitários, a) a soma dos dois vetores ⃗ ̂ ̂ e ⃗⃗ ̂ ̂. B) Quais são o módulo e a direção do vetor ⃗ e ⃗⃗? 20. Um vetor F forma um ângulo com um vetor G. Sabendo que F = 5 e G = 8, calcule: (a) o módulo da resultante R; (b) o ângulo formado entre a resultante e o vetor F. 14. No sistema de coordenadas da figura abaixo, mostre que: ̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ê ̂ ̂ ̂ ̂ ̂ 15. Um vetor a de módulo igual a 10 unidades e outro vetor b de módulo igual a 6 unidades apontam para direções que fazem um ângulo de 60º entre si. a) Determine o produto escalar entre os dois vetores e b) o produto vetorial a x b. a) a) 16. A soma de três vetores é igual a zero, b) c) como nos mostra a figura abaixo. Calcule: a) a x b; b) a x c; c) b x c. d) e) a) 17. Sejam dois vetores representados em termos de suas coordenadas como: ̂ e ⃗⃗ ̂ ⃗ ̂ ̂ ̂ ̂ b) c) d) e) f) g) 2 Gabarito de Vetores 1ª Questão: conceitual 2ª Questão: conceitual 3ª Questão: conceitual 4ª Questão: conceitual 5ª Questão: conceitual 6ª Questão: conceitual 7ª Questão: conceitual 8ª Questão: a) 7m b) 1m c) 5m 9ª Questão: a) 410,98 m b) 425 m 10ª Questão: a) Gráfico b) 3,19 km 11ª Questão: a) Ax= -6,62Bx=-3,09 12ª Questão: a) Rx= 12,99m Ry= 7,50m 13ª Questão: a) A + B = i + 7j b) ƖAƖ= 5 a 36° no sentido anti-horário do eixo “x” positivo, direção nordeste. c) ƖBƖ=5 a 126° no sentido anti-horário do eixo “x” positivo, direção noroeste. 14ª Questão: conceitual 15ª Questão: a) A.B= 30 und. b) AxB= 51,96 na direção: eixo “z”; sentido positivo do eixo “z” 16ª Questão: a) AxB= 12 und. sentido positivo ‘z’. b) AxC= 12 und. no sentido negativo ‘’z’. 17ª Questão: conceitual. 18ª Questão: a) 7,44 N b) 68,32º 19ª Questão: 6,1 N 20ªQuestão: a) 12,58 N b) 18,54 20 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 3 CINEMÁTICA EM UMA DIMENSÃO (1D) Tópicos: 3.1 Objetivos do Capítulo; 3.2 Referenciais; 3.3 Posição e Deslocamento; 3.4 Velocidade Escalar e Vetor Velocidade; 3.5 Aceleração; 3.6 Equações da Cinemática para Aceleração Constante; 3.7 Aplicações das Equações da Cinemática; 3.8 Corpos em Queda Livre; 3.9 Análise Gráfica da Velocidade e da Aceleração; 3.1 OBJETIVOS DO CAPÍTULO: O capítulo tem por objetivo mostrar como ocorre o estudo do movimento, introduzindo os conceitos básicos da cinemática, demonstrando como as equações podem fornecer informações valiosas depois de interpretadas, e quais informações são estas. É intenção do capítulo discutir conceitos importantes no movimento, como posição e deslocamento que são a base para o entendimento de todo o conteúdo subsequente. As análises gráficas presentes neste capítulo tem por objetivo evidenciar o que foi visto nas equações, facilitando a visualização das situações abordadas. 3.2 movendo-se para baixo num movimento retilíneo com velocidade constante. Se o observador que se encontra dentro dele deixar cair um objeto, ele cairá normalmente por ação da força de gravidade normal. Imaginemos agora que num dado instante há um problema com o cabo e o elevador entra em queda livre. Se o observador largar agora o mesmo objeto ele não cairá. A única diferença em relação ao caso anterior é que agora o elevador se move com um movimento uniformemente acelerado (aceleração constante = g). No primeiro caso o referencial associado ao elevador (e ao observador) é referencial inercial (ou galileano, por esta noção ter sido introduzida por Galileu Galilei). No segundo caso o referencial é não inercial. A sua principal característica é que neles aparecerem forças suplementares designadas por forças de inércia. Em outras palavras: “Um referencial é denominado referencial inercial se nele a primeira lei de Newton é válida”. 3.3 POSIÇÃO E DESLOCAMENTO: Localizar um objeto significa determinar sua posição em relação a um referencial. Nos problemas de física, normalmente a origem (ou ponto zero) de um eixo cartesiano ou linear serve como referência. Ex: REFERENCIAIS: Referencial é o padrão tomado como guia para as observações. Por exemplo, imagine que você está no banco de trás de um carro a 60 Km/h. Para o motorista, você está parado, com velocidade igual a 0km/h. Já para alguém que te observa da calçada, você está se locomovendo a 60 Km/h. Assim, tanto o motorista como o observador da calçada são referenciais, o que nos permite dizer que a velocidade é relativa. Os referenciais não são todos equivalentes. Imaginemos que nos encontramos num elevador Figura 3.1- Indicação de Referencial O Deslocamento é um vetor que aponta da posição inicial para a sua posição final e possui um módulo igual à menor distância entre as duas posições. Unidade SI de Deslocamento: Metro. Assim, o deslocamento é a diferença entre x e xo ∆x = x - xo ; 21 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Onde: ∆x – Deslocamento; xo – Posição inicial; x – Posição Final. 3.4 Atenção: Deslocamento e espaço percorrido são diferentes. Grandeza escalar é uma grandeza que é determinada apenas por um valor numérico chamado de módulo. Por exemplo, um carro se move a 100 km / h. Nesse caso, o movimento do carro é tratado como Grandeza Escalar. Não dizemos de que maneira ele está se movimentando. Exemplo1: Suponha que um avião esteja se movendo no sentido Leste-Oeste e que um sinal positivo (+) seja usado para representar o sentido para leste. Então, ∆x = +1000 m representa um deslocamento que aponta para o leste e possui módulo igual a 1000 metros. Já ∆x = - 1000 m é um deslocamento para o oeste, com módulo também igual a 1000 metros. Exemplo2: O mesmo avião do exemplo anterior voa primeiramente 1000 m para o leste, depois retorna a cidade de onde decolou. Neste caso o deslocamento será nulo ∆x = 0 m, porém o espaço percorrido pelo avião será 2000 metros Exercício Resolvido: (Questão – Física, Cutnell & Johnson) Uma baleia nada em direção ao leste por uma distância de 6,9 km, dá meia-volta e vai para o oeste por 1,8 km; finalmente dá meia-volta novamente e se dirige 3,7 km para o leste. (a) Qual a distância total percorrida pela baleia? (b) Qual o módulo, a direção e o sentido do deslocamento da baleia? Raciocínio: A distância percorrida será a soma das distâncias percorridas pela baleia, já o deslocamento será a soma atribuindo sinais de acordo com o sentido: (a) 6,9 km + 1,8 km + 3,7 km = 12,4 km (b) Para o leste será atribuído o sinal positivo, para o oeste será atribuído o sinal negativo. ∆x=+6,9km–1,8km+3,7km=+8,8km 8,8 km para leste. VELOCIDADE ESCALAR E VETOR VELOCIDADE: 3.4.1 Grandezas Escalares e Vetoriais: Já a grandeza vetorial é uma grandeza que, além do módulo, é determinada por uma direção e um sentido. Por exemplo, um carro se move na direção horizontal, da esquerda para direita e a 100 km/h. Nesse caso, o movimento do carro é tratado como uma Grandeza Vetorial, com módulo, direção e sentido. →100km/h Essa seta chamada vetor (→) é o ente usado para determinar as Grandezas Vetoriais. Ele determina a direção (horizontal, vertical ou inclinada), determina o sentido (da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda), e determina o módulo de acordo com o seu comprimento (quanto maior o vetor, maior é o módulo). 3.4.2 Velocidade Escalar Média: A velocidade escalar média é a razão entre o espaço percorrido e o tempo gasto para realizálo. V escalar media= Unidade SI de segundo (m/s). (3.1) Velocidade: Metros por Exemplo1: (Cutnell & Johnson) Que distância um corredor percorre em 1,5h (5400 s) se a sua velocidade escalar média for de 2,22 m/s? 22 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Raciocínio: A velocidade escalar média é a distância total percorrida pelo corredor durante o intervalo de tempo em que corre, ou seja, a distância percorrida total é a velocidade escalar média multiplicada pelo número de segundos que ele corre. Distância = (Velocidade escalar média)x(Tempo transcorrido) = 2,22x5400 = 12000 metros. 3.4.3 Velocidade Vetorial Média: A velocidade vetorial média é a razão entre o vetor deslocamento e o tempo transcorrido (∆t). ̅ ̅ ̅ ̅ (3.2) O vetor velocidade média é um vetor que aponta na mesma direção e no mesmo sentido que o deslocamento. O vetor velocidade de um carro pode apontar apenas em um sentido ou no sentido contrário. Do mesmo modo que o deslocamento, usaremos os sinais de mais e de menos para indicar os dois sentidos possíveis para uma dada direção. 3.4.4 Vetor Velocidade Instantânea Que significa "velocidade num dado instante t? Para ilustrar este conceito, vamos parafrasear uma anedota utilizada por Feynman em seu curso e transcrita no excelente livro texto (NUSSENZVEIG, H. MOYSÉS).Essa anedota é contada na forma de um diálogo fictício entre um estudante representado por E (que estava dirigindo seu carro de forma a não chegar atrasado na aula de física) e o guarda representado por G(que o fez parar, acusando-o de excesso de velocidade) G.: O seu carro estava a 120 km/h, quando o limite de velocidade aqui é de 60 km/h! E.: Como é que eu podia estar a 120 km por hora se só estava dirigindo aqui há cerca de 1 minuto, e não durante uma hora? G.: O que quero dizer é que, se continuasse em frente do jeito que estava, teria percorrido 120 km em uma hora. E.: Se tivesse continuado sempre em frente, eu teria ido bater no prédio da Física! G.: Bem, isso seria verdade se tivesse seguido em frente por uma hora. Mas, se tivesse continuado em frente por 1 minuto, teria percorrido 120 km/60 =2 km, e em 1s teria percorrido 2 km/60 = 33,3 m, e em O,ls teria percorrido 3,33 m, e teria dado perfeitamente para prosseguir durante 0,1 s. E.: Mas o limite de velocidade é de 60 km/h, e não de 1,66m em 0,1s! G.: É a mesma coisa: o que conta é a velocidade instantânea. Em parte, o estudante E. também tem um pouco de razão: é permitido exceder o limite de velocidade em intervalos de tempo extremamente curtos, como nas ultrapassagens. A velocidade de um carro usualmente não sofre nenhuma alteração apreciável em intervalos de tempo < 0,1 s, de modo que não é preciso, neste exemplo, tomar intervalos menores. Se necessário, para calcular a velocidade instantânea com precisão cada vez maior, poderíamos considerar o espaço percorrido em 10-2 s, 10-3 s,... Quanto menor ∆t (e em conseqüência também o ∆x correspondente), mais o valor de ∆xI∆t se aproxima da velocidade instantânea. (NUSSENZVEIG, H. MOYSÉS). Caso o leitor não tenha visto o conceito de derivada, um conselho: Não se preocupe! Retomaremos o estudo do cálculo diferencial e integral no capítulo 5. A velocidade em um dado instante é obtida a partir da velocidade média reduzindo o intervalo de tempo até torná-lo próximo de zero. À medida que diminui, a velocidade média se aproxima de um valor-limite, que é a velocidade instantânea: ( ) v é a taxa com a qual a posição x está variando com o tempo em um dado instante, ou seja, v é a derivada de x em relação a t. A Velocidade escalar instantânea, ou 23 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR simplesmente, velocidade escalar, é o módulo da 3.6 velocidade, ou seja, a velocidade desprovida de ACELERAÇÃO CONSTANTE qualquer indicação de direção. 3.5 ACELERAÇÃO: 3.5.1 Aceleração média e aceleração instantânea: Quando a velocidade de uma partícula varia, dizse que a partícula foi acelerada (ou foi acelerada). Para movimentos ao longo de um eixo, a aceleração média amed em um intervalo de tempo ∆t é: ( Unidade SI de aceleração: segundo ao quadrado (m/s²) EQUAÇÕES DA CINEMÁTICA PARA As equações da cinemática descrevem como o corpo em movimento se comporta em função do tempo, se ele está aumentando sua velocidade (acelerado), se está diminuindo (desacelerado), ou ainda, onde ele se encontrará num determinado tempo x, e até mesmo é possível saber qual a velocidade do corpo em função do deslocamento. Nos casos onde a aceleração é constante, a aceleração instantânea é igual à aceleração média. Então temos na tabela a seguir: ) metros por Onde a partícula tem velocidade v1 no instante t1 e velocidade v2 no instante t2. A aceleração instantânea (ou, simplesmente, aceleração) é dada por: ( ) Figura 3.2 – Fórmulas para aceleração constante. Essas equações são somente para o caso da aceleração constante. Como: ( ) 3.7 APLICAÇÕES DAS EQUAÇÕES DA CINEMÁTICA Então: ( ) Ou seja, a aceleração de uma partícula em qualquer instante é a derivada segunda da posição x(t) em relação ao tempo. A aceleração também é uma grandeza vetorial. Exemplo1: (Cutnell & Johnson) Uma espaçonave está viajando com uma velocidade de +3250 m/s. Subitamente, os retrofoguetes são disparados e a espaçonave começa a reduzir sua velocidade com uma (des)aceleração cujo módulo é igual a 10,0 m/s². Qual a velocidade da espaçonave quando o deslocamento da nave é igual a +215 km, em relação ao ponto no qual os retrofoguetes começaram a atuar? Raciocínio: Como a espaçonave está reduzindo a sua velocidade, o vetor aceleração deve ser contrário ao vetor velocidade. 24 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Dados: ∆x = +215 000 m O deslocamento para o primeiro segmento foi fornecido, para o segundo segmento pode ser determinado sabendo a velocidade inicial para esse segmento. v=? v0 = +3250 m/s t = não fornecido Solução: da concluímos que: Para o primeiro segmento: x = 120 m equação , v=? v0 = 0 m/s t = não fornecido Da equação √ = ( √ temos: √ ) √ = + 2500 m/s = - 2500 m/s 2 Exemplo : Uma motocicleta, partindo do repouso, possui aceleração de +2,6m/s². Após ter percorrido uma distância de 120 m, a motocicleta reduz sua velocidade, com uma aceleração de 1,5 m/s², até que a sua velocidade seja igual a +12 m/s. Qual o deslocamento da motocicleta? ( ) = 25 m/s Agora podemos usar +25 m/s como a velocidade inicial para o segundo segmento. Para o segundo segmento: x=? v = +12 m/s v0 = +25 m/s t = não fornecido Raciocínio: O deslocamento total é a soma dos deslocamentos para o primeiro segmento (acelerado) e o segundo (desacelerado). Da equação temos: ( ) O deslocamento total do motociclista é igual a 120m+160m=280m. 25 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 3.8 CORPOS EM QUEDA LIVRE Se você arremessasse um objeto para cima ou para baixo e pudesse de alguma forma eliminar o efeito de resistência do ar sobre o movimento, observaria que o objeto sofre uma aceleração constante para baixo que independe das características do objeto (como massa, densidade e forma) e, portanto, é igual para todos os objetos. Essa aceleração é conhecida como aceleração em queda livre, representada pela letra g. Uma pena e uma bola de golfe abandonadas no vácuo a partir de uma mesma altura sofrem a mesma aceleração, e por isso caem ao mesmo tempo no chão. Em primeira aproximação, a aceleração em queda livre é constante para qualquer ponto próximo à superfície da Terra e possui valor igual a g = 9,8 m/s².Temos então que todas as equações para a aceleração constante são válidas. Exemplo1: (Halliday) Um jogador de beisebol lança uma bola para cima no eixo y, com velocidade inicial de 12 m/s (a) Quanto tempo a bola leva para atingir a altura máxima? (b) Qual a altura máxima alcançada pela bola em relação ao ponto de lançamento?(c) Quanto tempo a bola leva para atingir um ponto 5,0 m acima do ponto inicial? Raciocínio: (a)Entre o instante em que a bola é lançada e o instante em que volta ao ponto de partida sua aceleração é constante = g. (b) Na altura máxima v = 0 m/s, então: ( ) ( ) (c) ( ) Resolvendo esta equação do segundo grau, obtemos: Existem dois tempos possíveis, pois a bola passa duas vezes pelo ponto y = 5,0 m, uma vez na subida e outra na descida. Como podemos ver no gráfico abaixo da função que descreve o movimento ( ) . Altura vs Tempo 8 7 Altura (m) 6 5 4 3 2 1 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Tempo (s) Gráfico 3.1 – Altura x Tempo 26 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 3.9 ANÁLISE GRÁFICA DA VELOCIDADE E DA ACELERAÇÃO Figura 3.3 - Análise Gráfica Da Velocidade X Tempo Na figura acima o ciclista passa por três fases, na primeira ele está com velocidade positiva, na segunda está em repouso e na terceira está voltando com velocidade negativa. As velocidades médias para os três segmentos são: (1): ̅ (2): ̅ (3): ̅ Gráfico 3.2 – Posição x Tempo O gráfico acima foi desenhado para aceleração constante , levando em consideração a equação . Para 27 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR determinação da velocidade tiramos a tangente em um determinado ponto (ou derivamos). v0= 0 m/s, ( ) . Derivando temos: ( ) ( ) . Velocidade vs Tempo Velocidade (m/s) 35 30 25 20 15 10 5 0 0 2 4 6 Tempo (s) 8 10 Gráfico 3.3 – Velocidade x Tempo Para ( ) temos: ( )( ) . É fácil notar que a velocidade aumenta uniformemente no decorrer do tempo, o que caracteriza uma aceleração constante. 28 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 4 NOÇÕES DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA CINEMÁTICA: Tópicos: 4.1 Objetivos de Aprendizagem; 4.2 Coeficiente Angular e Inclinação; 4.3 Conceito; 4.4 Notações; 4.5 Propriedades da Derivada; 4.6 Aplicação na Física; 4.7 Aplicação na Engenharia; 4.1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM do estudo do movimento visto no ensino médio. Esses assuntos serão revisitados progressivamente de modo a aproveitar todo o entendimento adquirido ao longo deste curso. 4.2 COEFICIENTE ANGULAR INCLINAÇÃO Antes de apresentarmos o conceito geométrico da derivada, é importante abordarmos o coeficiente angular e a inclinação de uma reta. Como sabemos da geometria analítica, Compreender os conceitos da derivada, principalmente no contexto geométrico; Saber derivar funções potência; Conhecer algumas aplicações práticas da derivada na física e na engenharia. equação geral de uma reta é da forma: O entendimento do cálculo diferencial e integral é muito importante para um estudo mais aprofundado da física e da engenharia, já que suas aplicações vão desde o cálculo da velocidade instantânea de um corpo até a minimização de custos de um processo qualquer. O A intenção neste capítulo é inserir o recurso do cálculo diferencial e integral no contexto da cinemática. Para isso forneceremos a definição de derivada sem a preocupação de sermos rigorosos. Apresentaremos as características principais da derivada, principalmente no que diz respeito à importância do seu significado geométrico e da implicação operacional desta operação matemática. A seguir enunciamos algumas propriedades necessárias para a utilização da derivada em nível básico. Em seguida direcionamos o cálculo diferencial para aplicações na física, principalmente para o uso na cinemática unificada ao cálculo diferencial e integral. O aprofundamento da cinemática em uma e duas dimensões foi desenvolvido nos capítulos anteriores deste material. Portanto, espera-se que o leitor esteja mais embasado no assunto, o que lhe dará o suporte necessário ao entendimento da cinemática no contexto do cálculo diferencial e integral, que é uma extensão E Onde é o coeficiente angular e a é o coeficiente linear. conceito matemático intuitivamente como que inclinação conhecemos da reta é determinada pelo ângulo (em sentido anti-horário) que a reta faz com o eixo horizontal orientado da esquerda para a direita (seria o primeiro quadrante do círculo trigonométrico). A figura abaixo, por exemplo, mostra uma reta com inclinação igual a β: Figura 4.1 - Reta com inclinação β A relação entre o coeficiente angular e a inclinação é ( ) Assim, se a reta da figura acima tem coeficiente angular igual a , a relação abaixo é válida: 29 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR ( ) Como a tangente de um ângulo maior que 90º é negativa, retas com tal inclinação (inclinadas para a esquerda) possuem coeficiente angular negativo. A figura abaixo ilustra esse caso, para uma reta (coeficiente angular igual a -2): Figura 4.4 - Reta secante a uma função f(x) Nota: Reta secante a uma curva é uma reta que cruza dois ou mais pontos desta mesma curva. O coeficiente angular da reta secante acima é dada pela fórmula da geometria analítica: Figura 4.2 - Reta y = -2x e sua inclinação Pelas outras propriedades da tangente, podemos ( ( ) ) ( ) criar um esquema geral envolvendo retas com ( ) ( ) coeficiente angular e inclinação diferentes: Agora, aproximando o ponto x+h do ponto x, mantido fixo, a reta vai se aproximando de uma reta tangente em x, ou seja, numa reta que intercepta a função somente neste ponto, além de ser “rente” ao gráfico, como segue abaixo: Figura4.3 - Comparação de inclinação e coeficiente angular de várias retas 4.3 CONCEITO Seja uma função . Traçando uma reta que intercepta dois pontos quaisquer desta função, obtém-se uma reta chamada secante, Figura4.5 - Reta secante se aproximando de uma tangente conforme figura abaixo: Nota: Reta tangente a uma curva é a reta que intercepta essa mesma curva em somente um ponto. Assim: 30 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Cruza o 1 variável da qual a função depende. Isso é 2 ou mais verdadeiramente fundamental! (Acredite) gráfico em quantos É importante ressaltar que a derivada é uma pontos? operação pontual, ou seja, a cada ponto de uma Tipo de Tangente função está associada uma única derivada. Daí Secante podemos tratar a derivada de uma função como reta? sendo uma outra função. Num caso extremo, com h muito pequeno, digamos da ordem de 10-20, pode-se considerar a reta secante praticamente igual a uma tangente. Nessa situação, seus coeficientes angulares (inclinações) serão próximos entre si e praticamente iguais à derivada da função f no 4.4 NOTAÇÕES Em 1695, um matemático alemão chamado Gottfried Wilhelm von Leibniz, considerado um dos fundadores do cálculo moderno, criou a seguinte notação para expressar a derivada: ( ) ponto x, ou seja: . Podemos entender essa notação do seguinte modo. Sobre a função f(x) atua um ( ( ) ) ( ) ( ) objeto matemático (operador) expresso como . O resultado dessa operação matemática sobre a ( ) A notação lim indica que a inclinação da curva função f(x) é escrito então como secante se aproxima cada vez mais da inclinação visto da reta tangente conforme h fica mais próximo de usada para expressar a derivada de uma função zero, f(x) é ou seja, quando os dois pontos anteriormente, outra . Conforme notação bastante ( ). Ou seja, interceptados pela reta secante são praticamente ( ) ( ) ( ) coincidentes. Devido à equação acima conter uma variação em f(x) por uma variação em x, dizse também que a derivada de uma função f em x O estudo do cálculo diferencial e integral ora em é igual à taxa de variação instantânea da curso não objetiva ser definitivo e nem rigoroso a função neste ponto. Essa questão deve ser ponto enfatizada. Pense numa função f qualquer que usualmente em um curso inicial de cálculo. dependa de um parâmetro x arbitrário, ou seja, Entretanto, conforme enfatizamos no início deste uma função f(x). Vamos supor que alguém documento, o cálculo diferencial e integral é um levante a pertinente pergunta: Como a função f recurso muito importante para o estudo da física. varia em termos de x? O recurso matemático Expomos que permitirá responder essa pergunta é a cálculo com derivada que serão úteis para o derivada da função f. Mantenhamos, portanto nosso estudo. de substituir abaixo os algumas conteúdos vistos propriedades do em mente que a derivada nada mais é do que a taxa de variação da função em relação à 31 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 4.5 PROPRIEDADES DA DERIVADA A seguir, f, u e v são funções de x. posição de um objeto em função do tempo pode ser descrita da seguinte forma: 4.5.1 Derivada de uma constante k ( ) O leitor pode estar se perguntando: Por que a Conforme veremos em breve, a velocidade do derivada de uma função constante é igual a zero? objeto é descrita em termos da derivada da Bem, o que caracteriza uma função constante é função x(t) que nesse caso será também uma que independentemente do valor que a variável função potência. assume, o valor da função permanece o mesmo, Muitas vezes precisaremos derivar uma função conforme gráfico abaixo. com mais de um termo. Outras vezes derivaremos uma função multiplicada por um valor constante. Em virtude disso colocamos as regras abaixo. 4.5.3 Soma ou Subtração ( ) ( ) ( ) Figura4.6 - Reta horizontal simbolizando uma função constante Vimos que a derivada nada mais é do que a taxa ( ) ( ) ( ) ( ) A derivada da soma (subtração) é igual à soma (subtração) das derivadas. de variação da função. Para o caso da função constante, a resposta da pergunta “Como varia a 4.5.4 Constante k multiplicando uma função ( função em termos de x?” é simples. A função permanece constante, ou seja, não varia. Portanto a taxa de variação da função em termos de x, ou seja, a derivada, é igual a zero. ( )) ( ) ( ) A derivada obedece, portanto, à propriedade da distributividade para a soma e subtração. Ou seja, para calcular a derivada de uma função com dois ou mais termos, derive cada um dos termos 4.5.2 Derivada de uma função potência em x ( ) , para qualquer n real diferente de zero ( ) e depois some tudo. A regra exposta em 4.5.4 expõe que a derivada de uma função f(x) multiplicada por k é igual a derivada de f(x) vezes k. Ou seja, a constante fica “esperando” para ser Escolhemos fornecer a regra da derivada para a multiplicada pelo resultado da derivada de f(x). função potência, pois uma grande variedade de fórmulas importantes para a física é descrita por Sendo a derivada igual à taxa de variação de esse tipo de função (também conhecida como uma função em termos do parâmetro do qual ela função polinomial). Por exemplo, veremos que no depende, é pergunta de interesse saber o estudo do movimento em uma dimensão que a quanto varia a função em um ponto específico. Para isso procedemos da seguinte 32 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR forma: Derivamos a função e em seguida soma) em soma de potências de x, funções cujas substituímos na derivada da função o ponto derivadas sabemos calcular (propriedade 4.5.3): específico no qual estamos ( interessados. ) ( Trataremos disso no exemplo abaixo. ( ) ( ) ) A expressão ficou uma soma de funções, logo, de acordo com a propriedade 4.5.3, sua derivada Exemplo 4.1 será a soma das derivadas de cada função: Seja f(x) um polinômio tal que ( ) Calcule f’(4). . ( ( ) ) ( ) ( ) Primeiramente, deve-se calcular a derivada de f(x) em termos de x para somente depois ( ) substituir x=4. A derivada f’(x) recai na propriedade 5.5.3 vista há pouco, pois podemos encarar f(x) como: ( ) Onde ( ) ( ) ( ) ( ) , ( ) ( ) ( ( ) e ( ) ) . Logo: ( ) 4.6 APLICAÇÃO NA FÍSICA Como dito anteriormente, uma das várias interpretações da derivada é a taxa de variação de uma função num ponto qualquer de seu domínio. Dos capítulos anteriores, aprendeu-se que a velocidade média de uma partícula é As derivadas de e foram calculadas ( ) ( ) seguindo a propriedade 4.5.2. Como 6 é uma constante, sua derivada é igual a zero, conforme Vamos analisar um gráfico qualquer posição versus tempo para discutir a interpretação gráfica propriedade 4.5.1. Fazendo x=4 na fórmula de f’(x): da velocidade média: ( ) OBS: Um erro que as pessoas geralmente cometem neste tipo de problema é primeiro substituir x=4 em f(x) e depois derivar a expressão, que logicamente daria zero por ser uma constante. O correto é primeiro derivar e depois substituir. Figura 4.7 - Interpretação gráfica da velocidade média O gráfico acima representa a posição de um Exemplo 4.2 Calcule a derivada de ( ) . R: A solução mais segura neste caso é desenvolver a expressão acima (quadrado da objeto em função do tempo. Ressalta-se que o gráfico mostra a posição do objeto ao longo de uma linha, ou seja, é um gráfico posição X tempo 33 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR em uma dimensão (chamaremos como 1D). Do mesmo gráfico, extrai-se informação da velocidade com que o objeto vai da posição x(t1) para a posição x(t2). Em relação ao gráfico acima, o triângulo formado pela variação ( ) ( ), pela variação e pela reta que une o ponto (x(t1),t1) ao ponto (x(t2),t2) é retângulo, logo a tangente do ângulo α mostrada na figura, também chamada de coeficiente angular da reta que liga x(t1) a x(t2), pode ser calculada pela razão entre o cateto oposto e o cateto adjacente: ( ) ( ) Mas essa é exatamente ( expressão ) da velocidade escalar média no percurso x(t1) à x(t2) realizado no intervalo de t1 a t2. Portanto, geometricamente, A reta 1 no gráfico acima é tangente à curva no instante t1, logo, seu coeficiente angular representa a velocidade instantânea em t1. Os ( ) a Figura4.8 - Figura anterior para ∆ts cada vez menores a velocidade média do percurso no intervalo de tempo t1 at2 é o coeficiente angular da reta que liga x(t1) a x(t2). Conforme a diferença de tempo entre t2 e t1 vai diminuindo, a velocidade média do percurso realizado entre esses instantes se aproxima da velocidade instantânea em t1, de modo que ( ) coeficientes angulares das outras retas são velocidades médias em intervalos de tempo cada vez menores a partir de t1. A reta 5, por exemplo, é a que descreve o menor desses intervalos. Logo, a velocidade média referente a esse intervalo deve ser a mais próxima da velocidade escalar instantânea em t1, o que pode ser constatado visualmente pela pouca diferença de inclinação entre essas duas retas. Além disso, se outras retas descrevessem intervalos de tempo menores ainda, a tendência seria que suas inclinações se aproximassem cada vez mais da reta 1 e, portanto, as velocidades médias dos seus intervalos de tempo ficariam cada vez mais ( ) ( ) Ou seja, a velocidade instantânea de uma partícula em um dado instante é igual à derivada da função espaço nesse mesmo instante. Voltando ao gráfico acima, ligamos x(t1) a pontos cada vez mais próximos de t1: próximos da velocidade instantânea em t1. Dessa forma, fica evidente a ideia de que a velocidade média vai se aproximando da velocidade instantânea conforme o intervalo de tempo vai diminuindo. O conceito de velocidade instantânea é um pouco diferente de velocidade média. Enquanto a velocidade média está relacionada ao quanto um corpo deslocou em um intervalo de tempo ∆t, a velocidade instantânea diz respeito à velocidade 34 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR alcançada em um instante t durante o percurso. Em uma viagem de carro, o velocímetro fornece o Vamos colocar a diferença conceitual da seguinte módulo da velocidade do automóvel em todo e forma. Se você quiser saber precisamente a qualquer instante. Esse equipamento fornece, velocidade no exato instante t, digamos t = 4s, portanto, a velocidade instantânea do automóvel. então você precisará derivar a função x(t) e Para encontrar o módulo da velocidade média substituir t = 4s no resultado da derivada. Se um no percurso determine a localização do ponto de objeto estiver em uma posição x1 em um instante partida e do ponto de chegada do percurso por t = t1, ou sejax(t1) = x1, e num instante posterior t2 meio de um GPS e com esse aparelho determine (ou seja, t2> t1) estiver na posição x2, então a a distância em linha reta entre esses dois velocidade média do objeto nesse percurso pontos (ou seja, o deslocamento). Divida o realizado num tempo finito (ou seja, num módulo do deslocamento pelo tempo gasto entre intervalo de tempo ∆t que não tende para zero) é a partida e a chegada. O resultado dessa razão é dado simplesmente pela razão do deslocamento o módulo da velocidade média no trajeto. Para (mudança de posição) pelo intervalo de tempo saber qual a velocidade escalar média do em questão (relembrando que, sendo velocidade trajeto precisamos da distância percorrida entre média um vetor sua caracterização completa os pontos de partida e o ponto de chegada do depende, além do módulo da determinação de trajeto. Essa informação pode ser obtida pela direção e sentido de realização do movimento). leitura Embora não seja a intenção deste material definir (quilometragem no ponto final subtraída da rigorosamente a operação de diferenciação é quilometragem no ponto inicial). A velocidade necessário ressaltar que não é qualquer razão escalar média é dada pela razão entre distância entre duas grandezas que pode ser caracterizada percorrida e o tempo gasto no trajeto. (Nota: O como derivada. A derivada é definida em termos deslocamento entre dois pontos não depende do de um tipo especial de razão obtida a partir de caminho tomado para se chegar de um ponto a um processo de limite em que o intervalo de outro. O mesmo não vale, é claro, para a variação do parâmetro da função tende para distância percorrida no trajeto). do hodômetro no painel do carro zero. Vejamos então como ficam todos esses conceitos num exemplo prático. ESQUEMA INFORMATIVO: → Derivada da posição em função do → Velocidade instantânea ( ) tempo Velocidade média → Razão do deslocamento pelo → tempo gasto Velocidade média escalar → Razão da distância percorrida pelo → tempo gasto 35 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Perguntas de verificação de aprendizagem: dimensão (ou seja, o movimento ocorrendo ao Pergunta 4.1 longo de uma linha) a posição do objeto é dada A velocidade instantânea pode ser positiva ou por negativa? ( ) Pergunta 4.2 Reprisando, de acordo com a situação inicial No movimento retilíneo uniforme, a velocidade (“largar” a bolinha) e com as nossas escolhas de instantânea é igual à velocidade média? tempo e posição iniciais definidas para medir a posição da bolinha em queda livre vertical, temos Exemplo 4.3 (soltando um objeto no ar: uma que x0=0 e v0=0. Tomando como valor bolinha em queda livre) aproximado da aceleração da gravidade 10m/s2 A experiência consiste em largar uma bolinha no passamos a ter a posição da bolinha em função ar e determinar a posição da mesma em função do tempo a expressão: ( ) do tempo em uma “régua” vertical que coincide com a trajetória vertical descrita pela bolinha. O gráfico xxt tem, portanto, a forma de uma Mediremos o tempo de queda a partir do instante parábola, conforme figura abaixo: em que soltamos a bola. Ou seja, esse é o instante t = 0s. Designaremos a posição da bolinha em um instante qualquer em função da variável x, ou seja, a posição em função do tempo é uma função x(t). Mediremos a posição da bolinha a partir do ponto em que foi solta. Ou seja, x(t = t0) = x0 = 0m. “Soltar” significa dizer que a bolinha possui velocidade nula no instante do lançamento (ou seja, v(t = t0) = v0 = 0m/s). É fato indiscutível que nesse caso a bolinha Figura 4.9 - Gráfico espaço versus tempo de uma bola em queda livre simplesmente cai em trajetória vertical (nesse sentido dizemos que o movimento é Vamos supor que o leitor esteja familiarizado com a equação que fornece a posição de um corpo em função do tempo submetido à ação de uma constante, ? Retomamos aqui a discussão da seção 3.4.4. unidimensional). aceleração Qual a velocidade instantânea para como é o caso da aceleração da gravidade que atua em Com centro no instante , calcularemos a velocidade média para três intervalos de tempo a partir de instantes anteriores e para instantes posteriores, tomando, respectivamente, ... todos nós (caso não esteja, não se preocupe. Afinal, estamos aqui para isso!). Em uma 36 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR ( ) ( ) ( ) } ( ) ( ) ( Exemplo 4.4 ( ) Em uma viagem de carro, Joãozinho precisou percorrer um trajeto de 200 km. Como dirigir um ) carro é cansativo, Joãozinho de vez em quando } ( ) parou o carro para abastecer, almoçar, esticar as pernas etc. Além disso, a estrada era muito ( ) ( ( ) esburacada, fazendo com que o nosso amigo ) } ( ) constantemente freasse. Chegando ao seu destino, Joãozinho constatou que sua viagem Pelos valores acima, a velocidade média se aproxima cada vez mais de 10 m/s, o que sugere demorou 4 horas. Calcule a velocidade média e analise a velocidade instantânea nessa viagem. R: Para calcular a velocidade escalar média, que: basta dividir a distância percorrida pelo intervalo Esse valor poderia ser encontrado derivando x(t): ( ) ( ) ( ) de tempo necessário para percorrê-la. Assim: ( ) Como queremos a velocidade no instante igual a 1 s, substituímos t da fórmula acima por 1: Pelo enunciado da questão, pode-se afirmar que ( ) a velocidade instantânea nessa viagem variou Outra maneira de encontrar esse valor seria bastante durante as freadas para atravessar os considerando o caso limite da sequência quando buracos, . Com efeito, ( ) ( ( ) que podemos considerá-la constante e igual a zero nas paradas para almoço ( ) ( ( sendo ( ) ) e abastecimento, já que nesse meio tempo o ) carro estava estacionado. ) Uma interpretação interessante da velocidade ( ) escalar média encontrada de 50 km/h é que Joãozinho levaria as mesmas 4 horas para completar a viagem se dirigisse a uma velocidade Note, quando quociente , também , mas o tende a um valor finito igual a 10 m/s neste exemplo. Além disso, o exemplo nos mostra que, conforme ∆t diminui (foi de 1 para 0,1 e depois para 0,01), a velocidade média nesse mesmo ∆t se aproxima cada vez mais da velocidade instantânea, conforme pode ser visto que ( ) constante de 50 km/h, o que seria possível somente se a estrada fosse um “tapete”, se não fosse necessário abastecer nem almoçar, etc. Caso a viagem tenha sido feita num único “retão” plano, o módulo do deslocamento entre os pontos inicial e final coincide com a distância percorrida. Nessa situação teríamos a coincidência entre o módulo da velocidade média e a velocidade escalar média. 37 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Uma pergunta pertinente para quem estuda o não depende do caminho tomado para ir de um movimento em um caso qualquer é: Como ponto a outro). descrever a variação de velocidade de um corpo? Agora basta aplicar a fórmula: ( ) Podemos dizer sem medo de estarmos errados ( ) que se há variação de velocidade de um objeto, esse objeto está acelerado, ou seja, está submetido a uma aceleração não nula. Por variação na velocidade queremos dizer que pode ser tanto no módulo quanto na direção do vetor velocidade. Analogamente à aceleração instantânea definida é velocidade, como a a derivada da função velocidade v(t): ( ) ( b) Calculando primeiro a derivada de x(t), que neste caso é a função espaço: ( ) ( ) ) ( ) Substituindo t=3: c) A aceleração é a derivada da velocidade. Logo, derivando a expressão encontrada em (b): ( ) ( ) ( ) ( ) A aceleração, portanto, pode também ser vista Quando o comando se referiu ao mesmo como uma taxa de variação da velocidade. instante, quer dizer que t é novamente igual a 3: ( ) No próximo exemplo exploraremos a relação entre a função horária da posição e os conceitos de velocidade e aceleração instantâneas. OBS: Sempre prestar atenção na unidade, já que nessa questão o espaço foi dado em centímetros ao invés de metros. Exemplo 4.5 Uma partícula move-se ao longo do eixo x de acordo com a equação ( ) Exemplo 4.6 , sendo x em centímetros e t em segundos. Calcule: a) A velocidade média da partícula no intervalo [0 s, 3 s] do movimento; b) A velocidade instantânea da partícula em ; c) A aceleração nesse mesmo instante. Considere uma bola de basquete em queda livre e velocidade inicial nula, conforme figura abaixo: R: a) Precisa-se primeiro calcular a posição da partícula nos instantes t=0 s e t=3 s: ( ) ( ) Como vimos, a velocidade média depende tão Figura4.10 - Bola de basquete em queda livre somente da posição inicial, da posição final e do A equação horária desse movimento é dada por intervalo de tempo considerado (mais uma vez, , onde so e vo são a posição e a 38 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR velocidade iniciais, respectivamente. Como o eixo vertical está orientado para cima, so= 2 m, que é a altura de onde a bola foi largada. Por estar em queda livre, a bola é acelerada apenas pela gravidade, que é orientada para baixo e portanto de valor negativo e igual a aproximadamente 10m/s2. Logo a equação final é ( ) . O gráfico da posição em função do tempo para esse movimento é: 4.7 APLICAÇÃO NA ENGENHARIA A derivada é uma ferramenta muito poderosa que nos diz se uma função é crescente ou não em um determinado ponto. Isso é possível analisando-se o sinal da derivada da função neste ponto, conforme a regra abaixo: As f’(xo)>0: A função f é crescente em x=xo; f’(xo)<0: A função f é decrescente em x=xo; f’(xo)=0: x=xo é um ponto crítico de f. duas primeiras afirmações podem ser constatadas pela figura a seguir: Figura 4. 12 - Derivada indicando se f é crescente ou decrescente Figura 4.11 - Gráfico posição versus tempo do movimento da bola de basquete De outra forma, percebe-se que uma função é Pelo gráfico acima, o que você pode dizer sobre a velocidade dessa partícula com o tempo? crescente em xo se a reta tangente à função em R: Já que a velocidade é a derivada da função espaço, a rapidez com que a bola cai a cada instante pode ser verificada pela inclinação da curva espaço versus tempo acima. A inclinação cada vez maior dessa curva indica que a bola cai a velocidades crescentes conforme o tempo avança, evidenciando assim que o movimento é de fato acelerado. Entretanto, esse aumento da velocidade é interrompido quando a bola colide com o solo, momento em que a velocidade vai a zero quase que instantaneamente. eixo x para o caso decrescente. xo está “subindo”, e “mergulhando” em direção ao Para o caso de f’(xo)=0, como já visto, diz-se que xo é um ponto crítico de f. Um ponto crítico é basicamente um ponto cuja derivada é nula ou não existe. Intuitivamente, os pontos que anulam a derivada são ditos máximos ou mínimos locais de uma função, já que a reta tangente a eles é horizontal e portanto tem coeficiente angular igual a zero, conforme figura abaixo: OBS: Considerou-se nessa análise que a bola não ficou “quicando” após colidir com o chão. 39 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR definida pela derivada da função espaço, ou seja, ( ) ( ) ; A aceleração de um objeto em um instante qualquer é chamada de aceleração instantânea e definida pela derivada da função velocidade ou pela derivada de segunda ordem da função espaço, ou seja, Figura4.13 - Na figura acima, c é máximo local e d é mínimo local (f’(c)=f’(d)=0) ( ) ( ) ( ) ; f’(xo)>0 indica que f é crescente em xo; f’(xo)<0 indica que f é decrescente em xo; f’(xo)=0 indica que f é máximo ou mínimo local em xo. Um ponto de máximo local pode ser definido como o “cume da montanha”, ou seja, é um ponto cuja imagem (f(c)) é maior que as imagens dos pontos imediatamente à esquerda e à direita de c (c-0,00001 e c+0,00001, por exemplo). Explicação análoga vale para o mínimo local (“vale da montanha”). O estudo dos máximos e mínimos de uma função é uma das aplicações mais importantes da derivada para um engenheiro, o qual usa essa ferramenta, entre outras finalidades, para minimizar o custo de seus projetos. Termos importantes Coeficiente angular; Reta tangente; Reta secante; Taxa de variação instantânea; Interpretação geométrica da derivada; Velocidades média e instantânea; Acelerações média e instantânea. Resumo: A derivada de uma função f em xo é igual ao coeficiente angular da reta tangente à f neste ponto; A velocidade de um objeto em um instante qualquer é chamada de velocidade instantânea e 40 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 4.8 INTEGRAL Como a curva da figura acima não pertence às figuras clássicas, como quadrado, triângulo e Tópicos: círculo, não são possíveis calcular sua área com 4.9 Objetivos; 4.10 Conceito de Integral; 4.11 Notação; 4.12 Propriedades da Integral; 4.13 Aplicação na Cinemática; fórmulas “prontas” da geometria. Bom, mas existe uma figura geométrica cuja área é bem conhecida na geometria: o retângulo. Sua área pode ser calculada pelo produto da base com a altura. Numa tentativa de calcular a área da figura acima, poderíamos desenhar vários 4.9 OBJETIVOS Entender o conceito intuitivo de integral; Compreender que a integral é o processo inverso da derivada; Saber integrar funções potência; Saber aplicar a integral em problemas de cinemática. A integral é um recurso matemático inverso ao da derivada, ou seja, ao invés de achar a derivada de uma função, calcula-se a função cuja derivada resulta na função original. Assim, diz-se que g é a integral de f se ; em outras palavras, g é a função cuja derivada resulta em f. Daí, pode-se ver que a integral e a derivada estão fortemente ligadas. retângulos cujas alturas são determinadas pela própria figura, como segue: Figura 4.15 - Curva da figura aproximada grosseiramente por retângulos 4.10 CONCEITO DE INTEGRAL O conceito de integral está bastante relacionado Como se vê, a aproximação não é perfeita, pois à noção de áreas. Os povos gregos se outros há um excesso de área (último), mas, perguntavam na Antiguidade: “como calcular a quanto área de uma figura qualquer, como a mostrada retângulos, mais próxima a soma de suas áreas abaixo”? vai ficar em relação à área A desejada, como na em alguns retângulos existe falta (segundo) e em menores forem as bases desses figura abaixo. Figura 4.14 - Curva qualquer Figura 4.16 - Aproximação melhorada com o uso de retângulos mais finos 41 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Essa é a ideia da integral, onde a área de uma figura qualquer é aproximada pela soma das áreas de incontáveis retângulos de espessura praticamente nula. Daí pode-se considerar a integral um processo de soma de pequeníssimas 5.9.3 Soma ou Subtração ( ) ( ) ∫ ( ) ∫ ( ) ( ) ∫ ( ) ( ) A integral da soma (subtração) é igual à soma (subtração) das integrais. parcelas, que seriam as áreas de cada retângulo, até chegar ao total esperado (área A da figura 5.9.4 Constante multiplicando uma função 4.14). ( ) ∫ Como estimar a área de uma figura qualquer, propriedades da integral são análogas às da usando a ideia de integral? derivada. 4.11 NOTAÇÃO A integral de uma função f(x) é denotada por Exemplo 4.7 se assemelha a um S Dada a função ∫ ( ) colocar algumas propriedades da integral. As essas ( ) duas últimas , calcule sua integral. estendido, de soma. Tal qual fizemos em relação à derivada, vamos ver, ) Como , onde pode ( Pergunta 4.3 ∫ ( ) se ∫ ( ) ) ∫( Pela propriedade 5.11.3, a integral da diferença é a diferença das integrais, logo: propriedades de distributividade da soma e da ∫ ( ) multiplicação de uma integral por uma constante ∫ ∫ são mantidas na integração, tal como na Já que a primeira parcela é a integral de uma operação de diferenciação. constante, a mesma é calculada pela propriedade 4.11.1; pela regra 4.11.4, o número 5, que é uma 4.12 PROPRIEDADES DA INTEGRAL Assim como na seção derivadas, f, u e v são constante, “sai” da integral multiplicando. Então: ∫ ( ) funções de x. c é uma constante arbitrária que ∫ aparece no processo de integração. A integral que restou é resolvida pela propriedade 5.9.1 4.11.2, substituindo n por 1 (lembre-se que Integral de uma constante k ∫ ( x = x1): ) ∫ ( ) 5.9.2 Integral de uma função potência em , para qualquer n ≠ -1 x∫ ( ) OBS: Se n = -1, sua integral será dada por ( ) ∫ , ou seja: ∫ ∫ ( ) A constante c, como já dito, é uma constante que sempre aparece no processo de integração. Para ( ) ( ) descobrir seu valor, deve-se saber de antemão o valor de ∫ ( ) para algum valor de x. Por 42 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR exemplo, se fosse informado que ∫ ( ) é igual Embora possa parecer estranho obter o espaço a 2 para x=-4, bastaria substituir x=-4 na percorrido a partir de um gráfico da velocidade expressão em função do tempo, fizemos isso sem perceber e igualá-la a 2. quando resolvíamos problemas de cinemática no 4.13 APLICAÇÃO NA CINEMÁTICA A derivada foi usada para obter a velocidade ensino médio. instantânea a partir do espaço e a aceleração Exemplo 4.8 (movimento retilíneo uniforme - instantânea a partir da velocidade instantânea. Já MRU) que a integral é o processo inverso da derivada, Vamos supor que um corpo esteja percorrendo como dito no início do capítulo, era de se esperar um movimento retilíneo uniforme. Como sua que a integral fosse usada para calcular a velocidade não muda conforme o tempo passa variação de espaço em função da velocidade (aceleração nula), seu gráfico v versus t será uma instantânea e a velocidade instantânea a partir da reta horizontal, como segue: aceleração instantânea. Essa suposição, felizmente, é verdadeira, da qual vêm as equações: ∫ ( ∫ ( ) ) Ora, se a integral de uma grandeza é igual à área Figura4.18 - Gráfico velocidade versus tempo do MRU do gráfico dessa mesma grandeza, então se nos velocidade Destacando no gráfico um instante qualquer t1 e instantânea em relação ao tempo (v x t), sua área sombreando a área no intervalo de tempo 0→t1, entre dois instantes t1 e t2 será igual à variação de temos: for apresentado um gráfico da espaço ocorrida entre esses mesmos instantes. A figura abaixo exemplifica melhor essa ideia: Figura4.17 - A variação no espaço é igual à área do Figura 4.19 - Gráfico anterior com área sombreada no gráfico v x t intervalo de 0 a t1 43 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR A área sombreada do gráfico acima resultou num Separando um intervalo e de 0 até um instante retângulo, cuja área é: qualquer t1 e destacando no gráfico: Conforme já explicado, pela ideia da integral, a área do gráfico v versus t é igual à variação da posição, logo: ( ) ( ) ( ) Isolando s(t1): ( ) Que é justamente a equação horária do Figura 4.21 - Gráfico anterior com área sombreada do intervalo de 0 a t1 movimento uniforme aprendida no ensino médio. Assim, usou-se a ideia gráfica da integral para chegar à equação de um movimento bem A figura resultante foi um trapézio, cuja área é ( conhecido. ) ( ( ) ) Exemplo4.9 (movimento retilíneo uniformemente variado – MRUV) Assim como no exemplo anterior, a área desse Vamos aplicar a mesma ideia do exemplo trapézio será igual à variação da posição ocorrida anterior ao movimento retilíneo uniformemente no intervalo 0→t1: ( ( ) variado. ) ( ) ( ) ( ) Suponha que um corpo percorre um MRUV. Sua equação da velocidade em função do tempo é ( ) Substituindo v(t1) pela fórmula (5.19): ( ) ( ) ( ) Essa pode ser vista como a equação de uma reta, onde seus coeficientes linear e angular são vo e a, respectivamente. Assim: ( ) Que é exatamente a equação horária do MRUV. Mais uma vez fica demonstrada a possibilidade de usar a ideia gráfica da integral para chegar às equações de um movimento. OBS: Assim como foi feito no MRUV e MRU, a Figura 4.20 - Gráfico velocidade versus tempo do MRUV ideia gráfica da integral poderia ser usada para chegar à equação horária de qualquer tipo de movimento, seja ele de aceleração variável ou não. 44 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR O mesmo raciocínio vale para a velocidade 1ª maneira (sem integral) instantânea. Por ser a integral da aceleração no Como a velocidade é uma reta em 0 < t < 30 e tempo, pode ser calculada também como a área em 30 < t < 50, o móvel na verdade percorreu um do gráfico aceleração versus tempo (a x t): MRUV em cada um desses intervalos de tempo. Aplicando a equação horária da velocidade para 0 < t < 30: A equação do espaço fornece: Como o objeto partiu da origem, . Pelo gráfico fornecido, vê-se também que vo = 0: Figura 4.22 - A variação na velocidade é igual à área do gráfico a x t No intervalo de 30 < t < 50, aplicam-se novamente as equações do MRUV: Exemplo 4.10 A figura representa o gráfico velocidade x tempo do movimento retilíneo de um móvel. ( ) ( ) Nas equações do movimento, o tempo t na , daí o aparecimento de t – 30. verdade é Como geralmente o instante inicial é 0, o termo to frequentemente é omitido nas equações, levando o aluno a aplicar as equações erradamente. Tomando esse mesmo cuidado na equação do espaço, tem-se: ( ( ) Figura4.23 - Gráfico v x t do exemplo em questão a) Qual o deslocamento total desse móvel? A área do gráfico velocidade x tempo é igual ao deslocamento. Logo o que se pede é a área do triângulo acima: ( ) ( ) ) Desenvolvendo os parênteses, vê-se que a equação acima é idêntica à encontrada pela primeira maneira, com integral. Daí: b) Esboce o gráfico posição x tempo correspondente, supondo que o móvel partiu da origem. { ( ) ( ) 45 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Plotando o gráfico: ∫ ( ) { ) ∫( ( ) { A questão nos informa que o móvel partiu da origem, logo ( ) : ( ) Substituindo t = 30 na primeira equação, vem que ( Figura 4.24 - Gráfico s x t do móvel ) . Como t = 30 também atende à segunda equação: ( ) OBS: Pelo gráfico, vê-se que o objeto mudou de aceleração instantaneamente no instante t = 30 s, daí termos analisado o movimento como dois Assim: MRUVs, de acelerações diferentes. ( ) { 2ª maneira (com integral) O gráfico da velocidade pode ser visto como dois o que resulta no mesmo gráfico obtido na 1ª segmentos de reta diferentes, um no intervalo 0 < maneira. t < 30 e outro para 30 < t < 50. Achando as equações dessas retas: { O diagrama abaixo ilustra a relação entre os conceitos cinemáticos (posição, velocidade e aceleração) e os cálculos diferencial e integral: Como a variação no espaço é igual à integral da velocidade no tempo: Figura 4.25 - Diagrama relacionando espaço, velocidade e aceleração através da derivada e da integral O valor de f(x) no exemplo 4.7 foi proposital, porque o mesmo pode ser encarado como uma equação de velocidade do movimento MRUV, na forma . Pelas equações “prontas” da cinemática, a relação do espaço com o tempo é do tipo , exatamente a equação obtida com o uso da integral. A integral, portanto, vale para qualquer tipo de movimento, seja ele MRU, MRUV ou de 46 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR aceleração variável, enquanto que as fórmulas do parágrafo anterior só valem se a aceleração for constante, ou seja, se não variar com o tempo. Termos importantes Área; Soma de pequenas parcelas. Resumo A integral é o processo inverso da derivada; A integral é o limite de um somatório de parcelas infinitesimais. A variação de espaço é a integral da velocidade instantânea, que por sua vez é a integral da aceleração; A variação de espaço é igual à área do gráfico v x t; A variação de velocidade é igual à área do gráfico a x t. 47 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 5 LEIS DE NEWTON: Tópicos: 5.1 Objetivos do Capítulo; 5.2 Primeira Lei de Newton; 5.3 Segunda Lei de Newton; 5.4 Terceira Lei de Newton; 5.5 Diagrama de corpo livre; 5.6 Exercícios. 5.1 OBJETIVOS DO CAPÍTULO: Uma pergunta interessante para iniciar este tópico seria: O que é mecânica do ponto de vista da Física? Podemos dizer que a mecânica é uma área da física que trata as questões de movimento dos corpos levando em conta, de uma maneira geral, as causas do movimento. Nesse sentido, a mecânica inclui a cinemática e a dinâmica. A mecânica estuda também situações de equilíbrio dos corpos (estático e dinâmico) e, portanto, podemos dizer que a estática também está compreendida nessa importante área da física. Acrescenta-se também que se o corpo ou sistema físico se movimenta de maneira acelerada, a descrição desse tipo de movimento também é objeto de estudo da mecânica. Uma outra maneira de descrever a mecânica é por meio da influência que corpos exercem nas interações entre si via forças (sejam forças de contato ou de qualquer outra natureza). Vemos que não temos pouca coisa pela frente: Interações entre corpos; estudos de situações de equilíbrio e de movimento acelerado, entre outras tantas coisas. Do ponto de vista de formação profissional, a mecânica é imprescindível para o engenheiro, qualquer que seja a sua área. Do ponto de vista de percepção e entendimento do mundo ao nosso redor é tão importante quanto o aspecto formativo. Convidamos então você para ir adiante ao fascinante estudo da mecânica! Neste contexto, estudaremos a Dinâmica: que é a parte da Mecânica que estuda os movimentos e as causas que os produzem ou os modificam. Costumamos construir o arcabouço da mecânica a partir do enunciado das Leis de Newton. Seguiremos esse caminho, mas faremos uma observação. As Leis de Newton formam um conjunto consistente para descrever uma imensa variedade de situações e fenômenos que vemos ao nosso redor. É nosso dever entender ao máximo o que significa cada uma dessas leis. É também muito importante entender as relações que cada uma das leis possui entre si, ou seja, não devemos apenas pensar em cada uma das leis separadamente. 5.2 1ª LEI DE NEWTON (PRINCÍPIO DA INÉRCIA) A primeira lei de Newton afirma que se a força resultante, atuante sobre um corpo é nula, então o corpo que estiver em repouso, permanecerá em repouso ou se estiver em movimento com velocidade constante, ele continuará nesse mesmo movimento. Em outras palavras, essa propriedade da matéria de resistir a qualquer variação em sua velocidade recebe o nome de inércia. Para entender melhor a 1 lei de Newton, veremos o seguinte exemplo: Quando um cavalo para diante de um obstáculo, o cavaleiro é “atirado” para a frente por inércia, por ter a tendência de prosseguir com a mesma velocidade (figura 6.0) Figura 5.0. Por inércia, o cavaleiro tende a prosseguir com sua velocidade. Porém tão importante quanto o entendimento das leis é enxergar em que situações essas leis são válidas e em que situações não são válidas. Somos levados para o estudo de referencial. Aqui avisamos ao leitor que o estudo de referencial é algo bem sutil e procuraremos ser 48 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR tão “light” quanto possível. Basicamente precisamos entender o que é um referencial inercial e o que é um referencial não-inercial. Do ponto de vista físico e matemático são não equivalentes, portanto não devem ser confundidos. Vamos colocar a questão de duas maneiras simples e complementares. A primeira é que um referencial que está sofrendo uma aceleração é não-inercial. A outra é a seguinte. Só é válida a aplicação direta das leis de Newton em referenciais inerciais. Se um observador está em um referencial acelerado ele sentirá o efeito de força(s) que ele não conseguirá descrever no próprio referencial. O efeito dessa(s) força(s) é real (quem nunca foi “espremido” contra a parede de um ônibus fazendo uma curva?). Mas o observador não conseguirá descrever essa(s) força(s) do ponto de vista do próprio referencial. Por esse motivo essa força(s) é(são) chamada(s) de força(s) fictícia(s). O que o leitor precisa mesmo ter em mente é o seguinte: I. Um acelerado. referencial inercial não está II. A aplicação e entendimento das leis de Newton conforme estudaremos nesse material são válidos para referenciais inerciais. E agora leitor? Será que você realmente entendeu algo mais sobre as leis de Newton, ou ainda está um pouco abstrato? Vamos fazer alguns testes de verificação de conhecimento? 5.2.1 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1- Uma partícula A está livre da ação de forças, enquanto que outra partícula B está sujeita a duas forças de mesma intensidade, mesma direção e sentidos contrários. partículas É correto estão, dizer que exclusivamente, as em repouso? Solução: Não, pois de acordo com o princípio da inércia, as partículas ou estão em repouso ou realizam movimento uniforme. 2- Um ponto material(corpo de dimensões desprezíveis) está em repouso em relação a um referencial inercial. É necessária a aplicação de uma força para tirá-lo do estado de repouso? Solução: Sim, pois a força, quando não equilibrada, produz no ponto material variação de velocidade. Já sabemos o que tira um corpo do repouso ou de um estado de movimento retilíneo uniforme é um ente externo que chamaremos de força. A definição dada para esta grandeza servirá como um “molde”. Conforme estudaremos, esse “molde” se mostrará adequado para vários tipos de força que atuam sobre o corpo. Não é necessário que um corpo esteja em contato direto com outro para sofrer influência de força. Este é o caso da força gravitacional. Ainda não definimos força, mas podemos antecipar algumas características. O efeito de diversas forças atuando sobre um corpo se dá através de soma vetorial, ou seja, força se comporta como um vetor. Portanto, se você ainda estava em dúvida sobre a necessidade de aprender a trabalhar com vetor, aqui a dúvida se desfaz. Em problemas de mecânica, só entendemos (e em muitos casos, só resolvemos) os problemas se tratamos as forças pelo o que elas são. Entes vetoriais! Vamos enunciar o Princípio da Superposição de Forças. Se n forças de diferentes origens atuam sobre a mesma partícula, o resultado da aplicação de ⃗ é a todas essas forças, representado por ∑ soma vetorial de todas as forças, conhecido como força resultante que atua sobre a partícula. Obs: Para n=2 esse resultado é a própria regra do paralelogramo. Na verdade, sendo a força um vetor podemos somá-la na ordem que bem entendermos para chegar ao resultado final. 49 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Geometricamente isso quer dizer que podemos somar as forças duas a duas em qualquer ordem utilizando a regra do paralelogramo, figura 6.1, até envolver todas as forças e com isso chegamos ao resultado final. 5.3 2ª LEI DE NEWTON A propriedade inercial de um corpo é caracterizada pela sua massa. A aceleração de um corpo submetido à ação de um conjunto de forças é diretamente proporcional à soma vetorial das forças que atuam sobre o corpo (força resultante) e inversamente proporcionais à massa do corpo. ⃗⃗ 5.3.1 RELAÇÃO ACELERAÇÃO ⃗⃗ ENTRE FORÇA E I. Uma força resultante que atua sobre um corpo faz com que o corpo acelere na mesma direção da força. II. Se o módulo da força resultante for constante a aceleração produzida sobre o corpo também será. III. Quanto maior a força resultante aplicada sobre o corpo maior a aceleração produzida. IV. Corpos de massas distintas adquirem acelerações distintas quando submetidos à mesma força resultante. V. Quanto mais massivo for o corpo menor a aceleração produzida para uma mesma força resultante. Figura 5.1 - Adição de vetores. 50 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 5.2.2 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 5.4 3ª LEI DE NEWTON Na figura a seguir, representamos as forças que agem nos blocos (todos com massa igual a 2,0 kg). Determine, em cada caso, o módulo da aceleração que esses blocos adquirem. Das três leis de Newton, a 3ª Lei talvez seja a mais conhecida pelos estudantes e pelo grande público, embora com alguns equívocos, em geral. Nesse sentido é importante termos claro o que é e o que não é a 3ª Lei de Newton. Uma das maneiras menos formais e talvez mais poéticas de se enunciar essa lei seria: “É impossível tocar sem ser tocado”. Com isso queremos dizer que o ato de tocar traz uma consequência intrínseca. Você toca em algo ou em alguém e necessariamente é tocado de volta que ocorre com o contato físico. Outra maneira interessante de colocar a 3ª Lei: “Forças acontecem aos pares!”, uma vez que é impossível haver uma ação sem reação. Já sabemos que a reação não é nem mais intensa e nem menos intensa que a ação. Outro ponto importantíssimo: A ação se dá num corpo e a reação se dá em outro corpo. Se você estiver analisando um par de forças atuando sobre o mesmo corpo pode afirmar com certeza que não é um par de ação e reação. Vamos agora estabelecer de forma mais precisa a terceira lei por meio de alguns enunciados equivalentes. ENUNCIADOS “Quando um corpo A exerce uma força sobre um corpo B (uma ‘ação’), então o corpo B exerce uma força sobre o corpo A (uma ‘reação’). Essas duas forças possuem mesmo módulo e mesma direção, porém são orientadas em sentidos contrários. Essas duas forças atuam em corpos diferentes.” “Quando dois corpos interagem, as forças que cada força exerce sobre o outro são sempre iguais em módulo e possuem sentidos contrários.” 51 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 1) Qual o primeiro recurso? R: Seria desenhar uma figura, um esboço da situação que será estudada, contendo o objeto ou sistema físico que será estudado e a representação geométrica (vetores indicados por setas) de todas as forças que atuam sobre o corpo. No primeiro passo, você deve entender e responder por meio desse recurso gráfico a Figura 6.2 O homem puxa a pedra (ação), e a pedra exerce uma força (reação) sobre o homem. seguinte pergunta: O que eu estou estudando? ** A terceira lei nada afirma sobre o efeito causado em cada um dos corpos que interagem entre si via par de forças ação e reação. responder Em linguagem de físico, dizemos que ao a essa pergunta você está delimitando o objeto de estudo. Muitas vezes, para poupar tempo, representamos o objeto estudado por um ponto e colocamos sobre o mesmo a representação geométrica de todas as 5.5 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE O que é um diagrama de corpo livre? Podemos encarar como um procedimento padrão para resolver diversos problemas de mecânica. Vamos tentar sistematizá-lo através de perguntas e respostas. forças que atuam sobre o objeto. Figura 6.3 - A figura acima representa: a) um esboço da situação a ser estudada. b) as forças atuantes no corpo A. c) a força atuante no corpo B. 2) Qual o próximo passo? R: Após representar todas as forças que atuam representação das forças que atuam sobre o sobre o objeto é necessário escolher um sistema atuam sobre o objeto. As componentes já de coordenadas para decompor as forças (se implicam em uma escolha de sistema de todas as forças estiverem contidas em uma única coordenadas específica. direção, ou seja, se o problema objeto com as componentes das forças que for unidimensional, basta estabelecer o sentido positivo do eixo). Obs: Não se deve confundir a 52 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Figura 6.4 - A figura acima representa forças atuando em um determinado corpo, levando em consideração a escolha de um eixo coordenado. O objeto, em análise, pode ser representado como um corpo pontual, de acordo com (d), (e) e (f). 3) Após escolher o sistema de coordenadas que usaremos para decompor as forças, prosseguimos na resolução do problema encontrando a força resultante para cada eixo do sistema de coordenadas. Para isso fazemos a somatória de forças para cada eixo, ou seja, encontramos as componentes do vetor força resultante. Em geral, podemos afirmar que problemas de dinâmica necessitam de procedimentos de soma vetorial. Observação 1: Se for um problema de estática, temos que a força resultante sobre o sistema é nula. Nesse caso vamos trabalhar com um sistema de equações em que cada componente da força resultante é igual a zero. Observação 2: Ao longo da resolução dos problemas vamos ganhando experiência na escolha de eixos coordenados de modo a simplificar a resolução do problema. 4) Tendo as componentes do vetor força resultante, temos todos os elementos para prosseguir até o final da resolução do problema. 5) Após chegar ao final da resolução do problema, você como engenheiro, vai analisar a validade da solução encontrada. Para isso, faça uma análise dimensional da resposta; análise situações limites¸ e veja se o a resposta fornece resultado fisicamente aceitáveis ou se fornece resultados absurdos. Diagrama de corpo livre é uma representação (esboço ou figura) do problema a ser estudado em que você define o objeto (corpo ou sistema físico) que você vai estudar. Nessa figura você representa todas as forças que atuam sobre o corpo. Atenção! Você deve colocar no diagrama as forças que atuam sobre o corpo, e não as forças que o corpo exerce sobre a sua vizinhança. 5.6 EXERCÍCIOS 1 – Uma espaçonave, longe da influência de qualquer estrela ou planeta, está se movendo em alta velocidade sob o empuxo de foguetes, quando um defeito nos motores faz a espaçonave parar. A espaçonave irá: a) Parar imediatamente, jogando todos os ocupantes a frente do veículo. b) Começar a desacelerar, eventualmente atingindo o repouso. c) Continuar se movendo com velocidade constante por um período, mas depois de um tempo, começa a desacelerar. d) Continua se movendo na mesma velocidade. Uma vez que entendemos o passo a passo do diagrama de corpo livre, podemos resumi-lo. 53 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 2 – Uma criança está brincando com uma bola em uma superfície nivelada. Ela dá um empurrão à bola para colocá-la em movimento. Então, a bola rola uma pequena distância até parar. A bola reduz a velocidade e páraporque: a) A criança parou de empurrá-la. b) A velocidade é proporcional a força. c) Deve ter existido alguma força sobre a bola, oposta ao sentido do movimento. d) A força resultante sobre a bola é nula, então ela quer permanecer em repouso. 3 – Dois objetos com massas M e m (M > m), estão sobre uma superfície sem atrito. Uma força F acelera o objeto menor com uma aceleração a. Se a mesma força é aplicada ao objeto maior, então ela irá: a) Mover-se com uma aceleração maior. b) Mover-se com a mesma aceleração. c) Mover-se com uma aceleração menor. d) Não existem informações suficientes para que as duas forças possam ser comparadas. 6 – Um objeto está livre para se mover sobre uma mesa, com exceção da força de atrito constante, f, que se opõe ao movimento do objeto quando ele se move. Uma aceleração de 2,0 m/s² é observada quando uma força de 10,0 N é usada para puxar o objeto. Uma aceleração de 6,0 m/s² é observada quando uma força de 20 N é usado para puxar o objeto. (A) Qual é o valor da força de atrito f? (a) 1,0 N. 10,0N. (B) (b) 3,33 N. (c) 5,0 N. (d) Qual é a massa do objeto? (a) 0,4 Kg. 5,0 Kg. (b) 2,5 Kg. (c) 3,33 Kg. (d) d) Mover-se somente se a força F for maior do que algum valor mínimo. 4 – Uma determinada força F impõe ao objeto m1 uma aceleração de 12,0m/s². A mesma força impõe ao objeto m2 uma aceleração de 3,3 m/s². Qual é a aceleração que esta força impõe a um objeto Cuja massa é (a) a diferença entre m1 e m2 e (b) a soma de m1 e m2. 5 – Uma pedra repousa sobre uma superfície nivelada. A intensidade da força sobre a superfície, exercida pela pedra, é Fsp, e a intensidade da força sobre a pedra, exercida pela superfície, é Fps. Se estas duas forças forem comparadas, observa-se que: a) Fsp>Fps. b) Fsp = Fps. c) Fsp<Fps. 54 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR APLICAÇÕES DAS LEIS DE NEWTON São muitas as situações a serem analisadas cobrindo aplicações das leis de Newton. Na maioria dos casos trataremos situações em que a interação entre os corpos se dá via contato físico efetivo do ponto de vista macroscópico. Mas é muito importante que se diga que corpos podem exercer influência uns sobre outros mesmo estando separados espacialmente. A Terra atrai objetos próximos a sua superfície. Essa atração diminui em função da distância que o objeto está do centro do planeta. A gravidade na superfície do planeta depende de alguns fatores, em especial: da distância do ponto estudado ao centro do planeta e da composição de matéria (densidade) no interior do planeta e da latitude do ponto que está sendo estudado. Para essa etapa do curso vamos fazer a aproximação que o valor da gravidade para pontos próximos à superfície da Terra é uniforme e constante (igual a 9,8m/s2). 6.1 FORÇA GRAVITACIONAL Convencionaremos nesse tópico: que a força gravitacional como a força gerada pela atração da Terra com um segundo corpo. De acordo com a notação habitual as grandezas vetoriais serão escritas em negrito e os eixos coordenados x e y, serão, em geral, representados de acordo com a figura 7.1: Figura 7.1 – Eixo X e Y Analisaremos o movimento de um corpo em queda livre, de acordo com a equação resultante Sabemos que corpos massivos atraem-se mutuamente. Embora seja a força de menor intensidade é a força gravitacional a responsável por “modelar” nosso universo físico em nível macroscópico (forma dos planetas, sistemas solares, galáxias, etc.). da 2ª lei de Newton ,aplicada ao eixo y: ( ) Chamando a força gravitacional de Fg e a força de resistência do ar de FAr, temos a situação da figura 2 : A respeito de interações entre corpos via contato direto ou por meio de agentes físicos destacaremos situações envolvendo resistência ao movimento (atrito) e mediação de forças via cordas, fios, cabos, etc. 6.2 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM: O objetivo desse capítulo é aplicar as leis de Newton a algumas situações para análise de algumas situações muito utilizadas no estudo básico da mecânica newtoniana. Serão abordadas os seguintes tipos de forças: FORÇA GRAVITACIONAL FORÇA NORMAL ATRITO TRAÇÃO Figura 7.2 – Força gravitacional FAr-Fg=m(-ay) Desconsiderando a resistência do ar teremos: Nesse caso a aceleração do movimento é conhecida como aceleração da gravidade(g) 55 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR Sendo a única força atuando sobre o corpo a força gravitacional é a própria força resultante Fr. onde a é a aceleração à qual esta sujeito o sistema. 6.3 FORÇA NORMAL A força normal é definida como a força que é produzida pelo contato com uma superfície e é perpendicular à mesma, como mostra a figura 3: Figura 7.3 – Força Normal A força normal existe sempre que há contato entre o corpo e a superfície de apoio, independentemente de essa superfície ser ou não horizontal. A direção da força é sempre perpendicular à superficie de apoio. Designaremos essa força por N. Exercício 3: A força normal é igual à força peso,em uma situação qualquer?Cite um caso em que isso ocorra e outro que não ocorra,caso haja. Exercício 4:Ache a normal que é causada pelo bloco na figura 7.4, sabendo que:g=10m/s²;m=2kg; a inclinação do plano onde o bloco está é de 60° 6.4 ATRITO O Atrito é a força que sempre oferece resistência ao movimento, devido ao contato entre corpos, superficies e/ou entre corpo e superfície (o atrito também ocorre quando um objeto se desloca em relação a um fuido viscoso). O Atrito ocorre na direção em que o movimento ocorre, ou tende a ocorrer. É importante dizer que a força de atrito sempre se opõe ao movimento ou à tendencia deste. Temos a situação em que o atrito impede que ocorra movimento entre as superfícies que estão em contato. Esta é a situação conhecida como atrito estático. Temos também a situação em que ocorre deslizamento e/ou arraste entre as superfícies em contato. Nesse caso dizemos que há atrito cinético. Representaremos a força de atrito estático como Fest e a força de atrito cinético como Fcin. A expressão que conhecemos para a força de atrito decorre de observação e experiências. Não há dedução de fórmula por princípios teóricos. Propriedade 1: O atrito ocorre no contato entre duas superfícies em contato sem lubrificação (a lubrificação sempre de modo a diminuir o atrito). Propriedade 2: Se há uma força aplicada F sobre um corpo que está em contato com uma superfície e não ocorre movimento (figura 7.4) a força de atrito estático contrabalança à força aplicada. Propriedade 3: A magnitude da força Fest não é constante, mas varia de um valor 0 até um valor máximo dado por |Fest-max|=µest|N|. A constante µest conhecida como coeficiente de atrito estático. Propriedade 4: Como pode-se comprovar pela experiência a força de atrito cinética é menor que a força de atrito estática máxima, ou seja, Fcin<Fest-max. Em linguagem matemática podemos expressar as propriedades nas seguintes fórmulas: Fest-max= µestN; 0<Fest≤µestN; Fcin=µcinN; µest>µcin 56 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR A figura abaixo ilustra as três sentenças as quais acabamos de tratar. Figura 7.5 – Objeto submetido a uma força externa em contato com uma superfície com atrito. Nota-se que a Força de atrito aumenta à medida que a força externa aumenta, até que se chega a um limite,a partir daí o bloco entra em movimento com a força de atrito aproximadamente constante. Obs.: Em geral consideramos a força de atrito cinético constante, mas ele sofre certa variação, dependendo da velocidade relativa entre as superfícies em contato. Paraque essas caracteristicas atribuidas às cordas sejam válidas, temos que admitir algumas hipóteses: 6.5 TENSÃO Para os estudos de Física 1 tensão é a força exercida numa corda,cabo ou fio. Para efeito de resolução de problemas chamaremos a força exercida através de uma corda como tensão outras vezes como tração. No caso desse tipo de aplicação a troca de termos não produz nenhum prejuizo. De maneira bastante breve, vamos enumerar as caracteristicas da transmissão de forças via corda. I. Para os casos que analisaremos, e que normalmente são utilizados em cursos básicos de física 1, as cordas serão ideais o que implica: suas massas são desprezíveis; e as cordas são inextensíveis; Se houver polia como nos casos (b) e (c) da figura acima, desprezaremos a sua massa e também perdaspor atrito. A tensão sempre ocorre ao longo da corda. II. A corda sempre puxa o objeto (não é possível empurrar um objeto com uma corda). III. A tensão sempre possui o mesmo valor em módulo ao longo da corda. 57 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 6.6 EXERCÍCIOS 7.6.1 Perguntas conceituais 1. Pode um corpo permanecer em equilíbrio quando somente uma força atua sobre ele? Explique. se você puxar bruscamente, o fio se rompe. Explique isso usando as Leis de Newton para o movimento. 2. Uma bola lançada verticalmente de baixo para cima possui velocidade nula em seu ponto mais elevado. A bola está em equilíbrio nesse ponto? Por que sim ou porque não? 10. Um engradeado grande é suspenso pela extremidade de uma corda vertical. A tensão na corda é maior quando ele está parado, ou quando ele sobe ou desce com velocidade constante? Quando o engradeado se move na vertical, a tensão na corda é maior quando o engradeado está sendo acelerado ou quando a velocidade diminui? Explique usando as Leis de Newton. 3. Quando um carro para repentinamente os passageiros tendem a se mover para frente em relação aos seus assentos. Quando um carro faz uma curva abrupta para um lado os passageiros tendem a escorregar para um lado do carro. Por quê? 11. Um cavalo puxa uma carroça. Uma vez que a carroça puxa o cavalo para trás com uma força igual e contrária à força exercida pelo cavalo sobre a carroça, por que a carroça não permanece em equilíbrio, independentemente da força que o cavalo imprime na carroça? 4. Algumas pessoas dizem que , quando um carro para repentinamente, os passageiros são empurrados para frente por uma ‘força de inércia’ (ou ‘força de momento linear’). O que existe de errado nessa explicação? 5. Na Grécia Antiga, alguns pensavam que o ‘estado natural’ de um objeto fosse o repouso, de modo que os objetos buscariam o seu estado natural ficando em repouso quando soltos. Explique por que essa visão pode muito bem parecer plausível no mundo atual. 6. A aceleração de um corpo em queda livre é medida no interior de um elevador subindo com velocidade constante de 9,8 m/s. Que resultado é obtido? 7. Por que o chute em uma rocha grande pode machucar mais o seu pé do que o chute em uma rocha pequena? A rocha grande deve sempre machucar mais? Explique (inércia) 8. Por que motivo de segurança um carro é projetado para sofrer esmagamento na frente e na traseira? Por que não para colisões laterais e capotagens? 9. Quando um peso grande é suspenso por um fio no limite de sua elasticidade, puxando-se o fio suavemente o peso pode ser levantado; porém, 12. Um caminhão grande e um automóvel compacto colidem frontalmente. Durante a colisão , o caminhão exerce uma força F(tc) sobre o automóvel e o automóvel exerce uma força F(ct) sobre o caminhão. As forças exercidas entre eles possuem o mesmo módulo? Sua resposta depende do valor das velocidades com que eles colidem? Explique. 13. Em um cabo-de-guerra duas pessoas puxam as extremidades de uma corda em sentidos opostos. Pela terceira Lei de Newton, a força que A exerce em B tem módulo igual à força que B exerce em A.O que determina quem é o vencedor? (Dica desenhe um diagrama de corpo livre para cada pessoa) 14. Por que você é empurrado para frente quando seu carro para de repente? Por que você é pressionado para trás quando seu carro acelera rapidamente? Na sua explicação, faça referência à lei mais apropriada dentre as três leis de Newton. 58 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 15. Uma casinha para alimentar pássaros possui grande massa e está pendurada em um galho de árvore, como mostrado no desenho.Um fio preso ao fundo da casinha foi deixado solto e fica balançando. Uma criança fica curiosa com o fio balançando e puxa o fio tentando ver o que existe dentro da casinha. O fio que fica balançando foi cortado do mesmo carretel do que prende a casinha ao galho. É mais provável que o fio entre a casinha e o galho arrebente com um puxão contínuo e lento, ou com um puxão repentino para baixo. Apresente seu raciocínio. 16. A força externa resultante que age sobre um objeto é nula. É possível que o objeto esteja viajando com uma velocidade que não seja nula? Se a resposta é sim, diga se há condições que devam ser impostas ao módulo, direção e sentido do vetor velocidade. Se a sua resposta for não, forneça uma explicação para ela 17. Quando um objeto está se movendo para baixo (a) com uma aceleração constante de 9,8 m/s² e (b) com uma velocidade constante de 9,8 m/s, há uma força resultante sendo aplicada ao objeto? Explique. 18. Uma mala de 10 kg é colocada sobre uma balança, dentro de um elevador. O elevador está acelerando para cima ou para baixo quando a leitura na balança é (a) 75N (b)120N? Justifique suas respostas. 19. Uma pilha de livros cujo peso real é de 165N é colocada em cima de uma balança, dentro de elevador. A leitura da balança é de 165N. Explique. 20. Suponha que você está dentro de um elevador que está subindo com velocidade constante. Uma balança dentro do elevador mostra seu peso igual a 600N..(a)A balança registra um valor maior , menor ou igual ao seu peso durante o tempo em que o elevador diminui de velocidade para alcançar o repouso? (b) Qual a leitura quando o elevador está parado? (c) Como o valor registrado na balança se compara aos 600N durante o tempo em que o elevador ganha novamente velocidade ao voltar para baixo? Forneça seu raciocínio em cada um dos casos. 21. Um peso está pendurado em um anel no meio de uma corda, como ilustrado no desenho. A pessoa que está puxando a extremidade direita da corda conseguirá fazer a corda perfeitamente horizontal? Explique sua resposta em termos das forças que agem sobre o anel. (problema de equilíbrio-estática) 22. De acordo com a terceira lei de Newton, quando você empurra um objeto, o objeto empurra você de volta com uma força na mesma direção, em sentido contrário e de mesmo módulo. Se o objeto for um engradeado de massa grande em repouso no chão, provavelmente não se moverá. Algumas pessoas pensam que a razão pela qual o engradeado não se move é porque as duas forças empurrando em sentidos opostos se anulam. Explique por que esta lógica é falha e por que o engradeado não se move (entendimento da 3ª Lei e força de atrito) 7.6.2 Problemas: 23.Se um corpo-padrão de 1kg tem uma aceleração de 2,00 m/s² a 20,0° com o semieixo positivo, quais são (a) a componente x e (b) a componente y da força resultante a que o corpo está submetido e (c) qual é a força resultante em termos dos vetores unitários? (trabalhando vetores no contexto de força) 59 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 24. .Duas forças horizontais agem sobre um bloco de madeira de 2 kg que pode deslizar sem atrito na bancada de uma cozinha, situada em um plano xy. Uma das forças é F1=3i+4j.Determine a aceleração do bloco em termos dos vetores unitários se a outra é: (a) F=-3i+(-4)j; (b) F=3i+4j; (c) F=3i+(-4)j.(obs.: todas as forças são dadas em Newtons) (trabalhando vetores no contexto de força) 25. Um objeto de 2 kg está sujeito a três forças, que lhe imprimem uma aceleração(dada em m/s²) a=-8i+6j. Se duas das três forças(dadas em Newtons) são F=30i+16j ; G=-12i+8j. Determine a terceira força. (trabalhando vetores no contexto de força) 26. Em um cabo-de-guerra bidimensional, Alex, Charles e Betty puxam horizontalmente um pneu de automóvel nas orientações mostradas na vista superior da figura abaixo. Apesar dos esforços da trinca, o pneu permanece no mesmo lugar. Alex puxa com a força Fa de módulo 220N e Charles puxa com uma força Fc de módulo 170N. Observe que a orientação de Fc não é dada. Qual é o módulo da força Fb exercida por Betty? 27. Um salame de 11 kg está pendurado por uma corda em uma balança de mola, que está presa ao teto por outra corda conforme mostrado na figura (a) abaixo. Qual é a leitura da balança, cuja escala está em unidades de peso?(b) Na figura (b) abaixo o salame está suspenso por uma corda por uma roldana e está presa a uma balança de mola. A extremidade oposta da balança está presa a uma parede por outra corda. Qual é a leitura da balança? (c) Na figura (c) abaixo a parede foi substituída por um segundo salame de 11 kg e o sistema está em repouso. Qual é a leitura da balança? 28. A figura abaixo mostra um arranjo no qual quatro discos estão suspensos por uma corda. A corda mais comprida, do alto, passa por uma polia sem atrito e exerce uma força de 98N sobre a parede à qual está presa. As tensões nas cordas mais curtas são T1=58,8N T2=49N T3=9,8N. Quais as massas (a) do disco A, (b) do disco B, (c) do disco C e (d) do disco D? 29. Uma força horizontal constante Fa empurra um pacote dos correios de 2kg sobre um piso sem atrito onde um sistema de coordenadas xy foi desenhado. A figura abaixo mostra as componentes x e y da velocidade do pacote em função do tempo. Qual o módulo e a orientação de Fa? 30. Um “veleiro solar” é uma nave espacial com uma grande vela que é empurrada pela luz do sol. Embora o empurrão seja fraco em circunstâncias normais, ele pode ser suficiente para afastar a nave do sol em uma viagem gratuita, mas muito lenta. Suponha que a nave tenha uma massa de 900kg e receba um empurrão de 20N. Calcule a aceleração resultante, a distância que a nave percorre a 60 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR partir do repouso em um dia e a velocidade no final do dia. 31. A tensão para a qual a linha de pescar arrebenta é chamada de resistência da linha. Qual a resistência mínima necessária para que a linha faça parar um salmão de 85N de peso em 11cm se o peixe está se deslocando a 2,8 m/s? 32. Um trenó foguete de 500kg pode ser acelerado por uma força constante do repouso até 1600km/h em 1,8s. Qual o módulo da força? 33. Uma caixa com uma massa de 5kg sobe uma rampa sem atrito que faz um ângulo α com a horizontal. A figura abaixo mostra em função do tempo a componente da velocidade da caixa ao longo de um eixo orientado para cima ao longo da rampa. Qual o módulo da força normal que a rampa exerce sobre a caixa? 36. Dois blocos estão em contato com uma mesa sem atrito. Uma força horizontal é aplicada ao bloco maior como mostra a figura abaixo. (a) Se m1=2,3kg, m2=1,2 kg e F=3,2N determine o módulo da força entre os dois blocos. (b) Mostre que se uma força de mesmo módulo de F for aplicada ao bloco menor, no sentido oposto, o módulo da força entre os dois blocos é de 2,1N.(c)Explique a razão da diferença. 37. A figura abaixo mostra dois blocos ligados por uma corda (de massa desprezível) que passa por uma polia sem atrito(também de massa desprezível).O conjunto é conhecido como máquina de Atwood. Um bloco de massa m1=1,3kg; o outro tem massa m2=2,8kg. Quais são (a) o módulo da aceleração dos blocos e (b) a tensão n corda? 34. Na figura abaixo, um bloco de massa m = 5 kg é puxado ao longo de um piso horizontal sem atrito por uma corda que exerce uma força F de módulo 12 N e ângulo θ=25° com a horizontal. (a) Qual é o módulo da aceleração do bloco? (b) O módulo da força é aumentado lentamente. Qual é o seu valor imediatamente antes de o bloco perder contato com o piso?(c) Qual é o módulo da aceleração do bloco na situação do item (b)? 35. Na figura abaixo, três blocos conectados são puxados para a direita sobre uma mesa horizontal sem atrito por uma força de módulo T3=65 N. Se m1=12kg , m2=24kg e m3=31kg, calcule (a) o módulo da aceleração do sistema, (b) a tensão e T1(c) a tensão T2. 38. Um bloco de massa M é puxado ao longo de uma superfície horizontal sem atrito por uma corda de massa m, como mostra a figura abaixo. Uma força horizontal F age sobre uma das extremidades da corda. (a) Mostre que a corda deve ficar frouxa, mesmo que imperceptivelmente. Supondo que a curvatura da corda seja desprezível, determine (b) a aceleração da corda e do bloco, (c) a força da corda sobre o bloco e (d) a tensão na corda no seu ponto médio. 61 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR corda de massa desprezível a uma caixa de dinheiro lavado(m=2kg) situada sobre um plano sem atrito de ângulo β=60°.A polia não tem atrito e tem massa desprezível. Calcule a tensão da corda. 39. Um homem de 85 kg desce de uma altura de 10m em relação ao solo segurando em uma corda que passa por uma roldana sem atrito e está presa na outra extremidade a um saco de areia de 65 kg. Com que velocidade o homem atinge o solo se ele partiu do repouso? 40. A figura abaixo mostra três blocos ligados por cordas que passam por polias sem atrito. O bloco B está sobre uma mesa sem atrito. As massas são ma=6 kg, mb8kg e mc=10kg. Quando os blocos são liberados qual a tensão na corda da direita? 41. figura abaixo mostra um homem sentado em uma cadeira presa a uma corda de massa desprezível, que passa por uma roldana de massa e atrito desprezíveis e desce de volta às mãos do homem. A massa total do homem e da cadeira é de 95kg.Qual o módulo da força com que o homem deve puxar a corda para que a cadeira suba (a) com velocidade constante e (b) com uma aceleração para cima de 1,3 m/s²? 43. Duas forças Fa e Fb são aplicadas a um objeto cuja massa é de 8kg. A maior força é Fa . Quando ambas as forças apontam para o leste o objeto adquire aceleração de 0,5 m/s². Entretanto, quando Fa aponta para leste e Fb aponta para oeste a aceleração do bloco é de 0,4 m/s² para o leste. Determine o módulo das forças. 44. Apenas duas forças agem sobre um objeto de m=3kg, como no desenho. Determine o módulo e a aceleração (em relação ao eixo x) da aceleração do objeto. 45. Um alpinista, durante a travessia entre dois penhascos, faz uma pausa para descansar. Ele pesa 535N. Como mostrado no desenho, ele está mais próximo do penhasco da esquerda do que do penhasco da direita, isto faz com que a tração no trecho à esquerda da alpinista seja diferente da tração no trecho à sua direita. Determine as trações na corda à esquerda e à direita da alpinista. 42.A figura abaixo mostra uma caixa de dinheiro sujo(m=3 kg) sobre um plano inclinado sem atrito de ângulo α=30°.A caixa está ligada por uma 62 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 46. O peso do bloco no desenho é igual a 88,9N.O coeficiente de atrito estático entre o bloco e a parede vertical é de 0,560. (a) Qual a força mínima F necessária para impedir que o bloco deslize para baixo da parede? (Dica:A força de atrito estático exercida sobre o bloco está dirigida para cima, paralela à parede). 47. A velocidade de um trenó duplo está aumentando porque ele possui uma aceleração de 2,4 m/s².Em certo instante de tempo, as forças de resistência ao movimento, incluindo atrito cinético e resistência do ar, totalizam 450N.A massa do trenó com piloto e copiloto é de 270kg.(a) Qual o módulo da força que impulsiona o trenó para frente? (b) Qual o módulo da força resultante que age sobre o trenó? 48. No desenho, o peso do bloco sobre a mesa é de 422N e o bloco pendurado tem peso de 185N. Ignorando todos os efeitos de atrito e supondo que a roldana não possui massa, determine: (a) a aceleração dos dois blocos e (b) a tração no cabo. 51. Um bloco de 4,1 kg é empurrado sobre o piso pela aplicação de uma força horizontal constante de módulo 40N. A figura abaixo mostra a velocidade do bloco v em função do tempo t quando o bloco se desloca sobre o piso ao longo de um eixo x. A escala vertical do gráfico é definida por vs=5 m/s. Qual é o coeficiente de atrito cinético entre o bloco e o piso? 52. O coeficiente de atrito estático entre o Teflon e os ovos mexidos é cerca de 0,04. Qual é o menor ângulo horizontal que faz com que os ovos deslizem no fundo da frigideira revestida com Teflon? 53. O bloco B da figura abaixo pesa 711N. O coeficiente de atrito estático entre o bloco e a mesa é de 0,25;o ângulo α é de 30°. Determine o peso máximo de A para que o sistema permaneça em repouso. 49. O piso de um vagão de trem está carregado de caixas soltas, cujo coeficiente de atrito estático com o piso é 0,25.Se o trem está se movendo inicialmente com uma velocidade de 48 km/h, qual é a menor distância na qual o trem pode ser parado com aceleração constante sem que as caixas deslizem? 50. Um bloco de 3,5kg é empurrado ao longo de um piso horizontal por uma força F de módulo 15N que faz um ângulo de 40°com a horizontal (figura abaixo). O coeficiente de atrito cinético entre o bloco e o piso é 0,25. Calcule (a) o módulo da força de atrito que o piso exerce sobre o bloco e (b) o módulo da aceleração do bloco. 54. Os três blocos da figura abaixo são liberados a partir do repouso. Aceleram com um módulo de 0,500 m/s². O bloco 1 tem massa M, o bloco 2 tem massa 2M e o bloco três tem massa 2M. Qual o coeficiente de atrito cinético entre o bloco 2 e a mesa? 63 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 55. O bloco A da figura abaixo Pesa 102N, e o bloco B pesa 32N. Os coeficientes de atrito entre o bloco A e a rampa são µs=0,56 e µk=0,25.O ângulo de inclinação da rampa com a horizontal é de 40°. Suponha que o eixo x é paralelo à rampa, com o sentido positivo para cima. Em termos de vetores unitários, qual é a aceleração de A se A está inicialmente (a) em repouso, (b) subindo a rampa e (c) descendo a rampa? 56. Qual o menor raio de uma curva sem compensação(plana) que permite um ciclista a 29km/h faça a curva sem derrapar se o coeficiente de atrito estático* entre os pneus e a pista é de 0,32? 59. Um avião está voando em uma circunferência horizontal com uma velocidade de 480 km/h(figura abaixo). Se as asas estão inclinadas formando 40° com a horizontal, qual é o raio da circunferência? Suponha que a força necessária para manter esse avião na trajetória resulte inteiramente de uma “sustentação aerodinâmica” perpendicular à superfície das asas. 60. Um disco de metal de massa m=1,5 kg descreve uma circunferência de raio r = 20cm sobre uma mesa sem atrito, enquanto permanece ligado a um cilindro de massa M=2,5 kg, pendurado por um fio que passa no centro da mesa(figura abaixo). Que velocidade do disco mantém o cilindro em repouso? 57. Durante uma corrida de trenós nas Olimpíadas de Inverno, a equipe jamaicana fez uma curva de 7,6m de raio com uma velocidade de 96,6 km/h.Qual foi a sua aceleração em unidades de g? 58. Na figura abaixo, um carro passa com velocidade constante por uma elevação circular e por uma depressão circular de mesmo raio. No alto da elevação a força exercida sobre o motorista pelo assento do carro é zero. A massa do motorista é de 70 kg. Qual é a força normal exercida pelo motorista no banco quando ele passa pelo fundo do vale? 61. As curvas das rodovias costumam ser compensadas( inclinadas) para evitar que os carros derrapem. Quando a estrada está seca a força de atrito entre os pneus e o piso pode ser suficiente para evitar derrapagens. Quando a pista está molhada o coeficiente de atrito diminui e a compensação se torna essencial. A figura abaixo mostra um carro que se move com velocidade escalar constante de 20 m/s em uma pista circular compensada de raio 190 m. Se a 64 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR força de atrito é desprezível, qual o menor ângulo de inclinação para o qual o carro não derrapa? GABARITO DE DINÂMICA 1ª Questão: conceitual 2ª Questão: conceitual 3ª Questão: conceitual 4ª Questão: conceitual 5ª Questão: conceitual 6ª Questão: conceitual 7ª Questão: conceitual 62. Um bloco de massa m1 = 3,70 kg sobre um plano sem atrito inclinado, de ângulo θ = 30,0º, está preso por uma corda de massa desprezível, que passa por uma polia de massa e atrito desprezíveis, a um outro bloco de massa m2 = 2,30 kg. Quais são (a) o módulo da aceleração de cada bloco, (b) a orientação da aceleração do bloco que está pendurado e (c) a tensão da corda? 8ª Questão: conceitual 9ª Questão: conceitual 10ª Questão: conceitual 11ª Questão: conceitual 12ª Questão: conceitual 13ª Questão: conceitual 14ª Questão: conceitual 15ª Questão: conceitual 16ª Questão: conceitual 17ª Questão: conceitual 63. A figura abaixo mostra uma caixa de massa m2 = 1,0 kg sobre um plano inclinado sem atrito de ângulo θ= 30º. Ela está ligada por uma corda de massa desprezível a uma caixa de massa m1 = 3,0 kg sobre uma superfície horizontal sem atrito. A polia não tem atrito e sua massa é desprezível. (a) Se o módulo da força horizontal ⃗ é 2,3 N, qual é a tensão da corda? (b) Qual é o maior valor que o módulo de ⃗ pode ter sem que a corda fique frouxa? 18ª Questão: conceitual 19ª Questão: conceitual 20ª Questão: conceitual 21ª Questão: conceitual 22ª Questão: conceitual 23ª Questão: a) 1,88 N b) 0,68 N 24ª Questão: a) 0 b) 4j m/s² c) 3i m/s² 25ª Questão: a) H=-34i – 12j 26ª Questão: a) 241,65N 65 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR 27ª Questão: a) 107,91N 107,91N b) 107,91N c) 49 ª Questão: 36,26 m 50 ª Questão: a) 10,98 Nb) 0,146 m/s² 28ª Questão: a) 4Kg b) 1Kg c) 4Kg d) 1Kg 51 ª Questão: 0,536 29ª Questão: a) 11,66N a 59,04° no sentido horário do eixo “x” positivo. 30ª Questão: a) 0,0222m/s² b) 8,3x10³m 1,92x10³m/s c) 52 ª Questão: 2,29 ° 53ª Questão: 102,63 N 54ª Questão: 0,37 31ª Questão: 308N 55ª Questão: a) 0 m/s2 b) -3,88 m/s2c) -1 m/s2 32ª Questão: 1,23x105N 56ª Questão: 20,72 metros 33ª Questão: 47,37 N 34ª Questão: a) 2,18 m/s2 m/s2 b) 116 N c) 21 35ª Questão: a) 0,97 m/s2 34,92 N b) 11,64 N c) 36ª Questão: a) 1,097 N conceitual b) 2,1 N c) 37ª Questão: a) 3,6 m/s2 b) 17,42 N 57ª Questão: a)9,67.g 58ª Questão: 1372 N 38ª Questão: a)conceitual b) F/M+m c)MF/M+m d) (2M+m)F/2(M+m) 59ª Questão: R= 2822,1 metros 60ª Questão: 12º 61 ª Questão: a) a= 0,735 m/s2b) A aceleração do bloco é para baixo; c) T= 20,85 N 62 ª Questão: T= 3,1 N e F= 15 N 39ª Questão: 5,1 m/s 40ª Questão: 82 N 41ª Questão: a) 466 N b) 527 N 42ª Questão: 16 N 43ª Questão: Fa = 3,6 N ;Fb = 0,4 N 44 ª Questão: a = 24,037 m/s²e θ = 56,3 ° obs. Acredito que a questão queria saber a direção da aceleração, no caso, representação vetorial módulo e fase. 45 ª Questão: T1 = 845,35 N e T2 = 918,57 N 46 ª Questão: 158,75 N 47 ª Questão: a) 1098 N b) 648 N 48 ª Questão: a) 2,98 m/s² b) 128,32 N 66 PCNA-FÍSICA ELEMENTAR REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HALLIDAY, D.; RESNICK, R., Física. v. 1, 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC Ltda, 1992. WALKER, J. Fundamentos de FísicaHlalliday-Resnick. Volume 1 8ª. Edição. Rio de Janeiro: LTC Ltda, 1993. CUTNELL. J. D; JOHSON, K. W. Física. Volume 1. Sexta Edição. Ed. LTC. YOUNG. H. D; FREEDMAN. Física 1Sears &Zemansky. Mecânica. 12ª. Edição. Ed. Pearson. NUSSENZVEIG, H.M., Curso de Física Básica, v. 1, São Paulo: Edgar Blücher LTDA, 1987. HEWITT, P. G. Física Conceitual. trad. Trieste Freire Ricci e Maria Helena Gravina. 9ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. FEYNMAN, R.P., LEIGHTON, R.B., SANDS, M., Lectures on Physics. v. 1, New York: Addison-Wesley Publishing Company, 1963. DOCA, R. H.; BISCUOLA, G. 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