Betabloqueador e Prevenção da Fibrilação Atrial na

Propaganda
Betabloqueador e Prevenção da Fibrilação Atrial na Revascularização Miocárdica
Autor: Carlos Gun
Tese de Doutorado, defendida em São Paulo, 1998
Instituição: Faculdade de Medicina – Universidade de São Paulo (USP)
Orientador: Naim Sauaia
Correspondência:
Carlos Gun – Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia –
Av. Dr. Dante Pazzanese, 500 – CEP: 04012-909 – Ibirapuera – São Paulo, SP
Resumo
Foram selecionados aleatoriamente, num ensaio clínico, 500 pacientes submetidos a revascularização miocárdica
isolada, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, durante o período de dois anos, para se avaliar a eficácia do
betabloqueador na profilaxia da fibrilação atrial, no período de pós-operatório imediato até a alta hospitalar. Os
pacientes que apresentassem antecedentes de: doença pulmonar obstrutiva crônica grave, diabete melito tipo I,
insuficiência vascular periférica com passado de cirurgia vascular para sua correção; sinais clínicos evidentes de
insuficiência cardíaca congestiva e fração de ejeção menor que 40% não eram selecionados para o estudo. Os
pacientes foram sorteados para dois grupos: grupo I, que receberam a medicação, e o grupo II, de controle. A
medicação utilizada foi o cloridrato de propranolol, administrado na dose de 20 mg, a cada oito horas, após doze
horas da admissão na Unidade de pós-operatório de cirurgia cardíaca. A observação do ritmo cardíaco foi realizada
através de osciloscópio na unidade de terapia intensiva (UTI) por 44 horas e na enfermaria, através de exame
clínico diário e/ou queixas clínicas com constatação ou não da fibrilação atrial, através de registro
eletrocardiográfico. Dividiu-se o período de observação em duas fases: a) as primeiras 44 horas, na UTI; b) na
enfermaria, até a alta hospitalar. Ao se comparar os dois grupos de pacientes, verificou-se tratarem de duas
amostras homogêneas em relação às características demográficas (sexo e idade), antecedentes, medicação prévia e
informações de cirurgia. Em relação à incidência da fibrilação atrial, verificou-se: na fase A, 16 pacientes no grupo
sorteado para betabloqueador e 19 no grupo controle, sem haver diferença significativa entre os grupos (p  0,726).
Na fase B, 20 pacientes do grupo I e 40 no grupo controle desenvolveram fibrilação atrial (p  0,005). Ao se
analisar em conjunto (fase A + B), observou-se arritmia em 58 pacientes do grupo controle e em 33 no grupo que
utilizava betabloqueador (p  0,005). Isso demonstra uma redução de 43% da incidência de fibrilação atrial em
quem recebeu a droga. Com o objetivo de avaliar o efeito do betabloqueador na incidência da fibrilação atrial
controlando a influência de fatores de confusão (idade, sexo, antecedentes), usou-se a análise multivariada e
regressão logística. Observou-se que idade, uso de betabloqueador e presença de angina instável são “preditores”
independentes da incidência de fibrilação atrial. Analisou-se, também, a influência do uso prévio de betabloqueador
no aparecimento da fibrilação atrial nos pacientes selecionados para grupo controle. Nesse grupo, a interrupção do
betabloqueador não provocou maior incidência da arritmia (P1,000). Ao se analisar a ocorrência de efeitos
adversos, como: hipotensão arterial, bradicardia, broncoespasmo e insuficiência cardíaca congestiva, não foi
observada diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, tanto na fase A como na B. A permanência
hospitalar foi de 9,74 dias para os que apresentaram fibrilação atrial e 9,88 naqueles sem arritmia, sem diferença
estatisticamente significativa entre os grupos.
Conclui-se que propanolol utilizado de modo profilático em pacientes submetidos a revascularização miocárdica
isolada reduz a incidência de fibrilação atrial.
Beta-Adreno Receptor Blocker and Prevention of Atrial Fibrillation After Coronary
Artery Bypass Surgery
Summary
This study investigated the efficacy of oral administration of propranolol, a beta-adrenoreceptor blocker, started 12
hours after isolated coronary artery bypass grafting (CABG), in reducing the incidence of postoperative atrial
fibrillation. Five hundred patients, at the Dante Pazzanese Institute of Cardiology during a period of two years, were
randomly assigned to receive a one-week course of either a placebo or 20 mg of propranolol every 8 hours. Patients
with the following contraindications to taking -adreno receptor-blocking agents were not eligible for inclusion: 1)
diabetes mellitus requiring insulin therapy, 2) severe chronic obstructive pulmonary disease, 3) clinical signs of
congestive heart failure, 4) global ventricular ejection fraction less than forty percent, 5) severe peripheral vascular
insufficiency. Continuous oscilloscopic monitoring of cardiac rhythm was initiated postoperatively and continued for a
minimum of 44 hours after admission in postoperative cardiac unit. The monitoring continued until the day of
discharge, with one twelve-lead ECGs done routinely at the third postoperative day, and as necessary after ward in the
infirmary according with patients clinical signs and symptoms. Patients were randomly assigned to one of two groups:
in Group I, propranolol was instituted; in Group II, the control group, no prophylactic propranolol was given
postoperatively. Thirty-three out of 250 patients (13%) in the propranolol treated Group I developed a postoperative
atrial fibrillation, whereas fifty-eight (23%) in the control group did so. This difference was statistically significant (p =
0,005). Multivariate logistic regression analysis (odds ratio,  95% CI, p valve) was used to identify the independent
predictors of postoperative atrial fibrillation. This analysis identified, age, betablocker use, and unstable angina to be
independent correlated factors on atrial fibrillation. In this study, the interruption of betablockers in the control group,
did not increase the incidence of atrial fibrillation. The adverse effects including, hypotension, bradichardia, cardiac
heart failure, bronchospasm, were not different in both groups. The overall mean hospital length of stay was 9.78 days.
The length of stay was 9.74 days in patients who developed atrial fibrillation, in comparison with 9.88 days who did
not develop atrial fibrillation (p > 0,05).
We recommend that patients without a contraindication to -adrenoreceptor
blockers have a protective effect against the development of atrial fibrillation.
We recommend that patients without a contraindication to -blocker therapy
be so treated in the perioperative period to minimize the probability of
developing atrial fibrillation after coronary artery bypass grafting.
Download